17.12.08

Imprensa Piracicabana não dá notícia sobre a multa de Barjas (obs:não irei me calar)

Recentemente, em virtude do meu último artigo publicado aqui no blog e no jornal A Tribuna, recebi informações de que alguém da Prefeitura de Piracicaba estava querendo me processar por causa desse artigo. Não sei o que viram no artigo para poder entrar com um processo, por isso consultei um amigo que é advogado e professor de história para saber sobre o que a Constituição Brasileira diz sobre a liberdade de expressão. Reproduzo alguns trechos do e-mail que ele mandou:
"Diz o inciso IV do artigo 5º da Constituição: "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato." É um direito fundamental individual, básico em qualquer regime democrático." "Diz ainda o artigo 220 da Constituição, no capítulo sobre a "Comunicação Social": "A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição."
Se alguém da prefeitura não gostou do meu artigo que use o direito de resposta ou publique um outro artigo rebatendo minhas idéias. Ora, até a secretaria da educação do estado de São Paulo respondeu um outro artigo meu no próprio jornal!. Esse tipo de atitude que a prefeitura quis tomar é autoritário e demonstra que opiniões divergentes dos próprios cidadãos, como eu, que questionem a atual administração não podem ser publicadas. Só querem elogios e "baba-ovos" na seção de cartas de leitores. No Jornal de Piracicaba, quando leitores reclamam da prefeitura, já quase no outro dia tem algum secretário rebatendo as críticas para dizer que não há nada de errado na cidade e que tudo está perfeito, mas ainda ai é melhor do que processar alguém por ter opinião diferente.
Minha indignação aumenta ao ver que boa parte da imprensa aqui da cidade é barjista e muitas vezes não publica nada sobre o prefeito. Um exemplo disso é a reportagem que eu vi em um jornal televisivo à noite sobre uma ação da AGU (Advocacia-Geral da União) para recuperar cerca de R$ 200 milhões desviados por corrupção. Os reponsáveis por essa corrupção são vários políticos e altos servidores públicos e dentre os quais a reportagem destacou ninguém menos que o prefeito de Piracicaba Barjas Negri. O prefeito, segundo a AGU, junto com mais 10 acusados serão multados em mais de R$ 300 mil por desvio de pouco mais de R$ 165 mil em um convênio feito com uma Associação Beneficente Cristã (ABC) quando Barjas era ministro da saúde. Essa reportagem eu vi essa semana e foi veiculada em cadeia nacional, mas parece que por aqui algumas redações não assistem telejornais ou têm memórias seletivas para assuntos envolvendo o prefeito. Esse convênio foi investigado durante a operação da policia federal chamada Operação Sanguessuga. Alguém lembra? Aqui em Piracicaba acho que não, pois quando a IstoÉ saiu trazendo a reportagem sobre os empresários Vedoin que relatavam a suposta relação de Barjas com esquemas de liberação de emendas e ligação com o empresário (já falecido) Abel Pereira, a revista, que é publicada nacionalmente, surpreendetemente sumiu das bancas da cidade com exceção de apenas uma que tinha alguns poucos exemplares, mas o resto não tinha. Até hoje essa edição da IstoÉ é peça rara aqui na cidade. Abaixo está o link dde uma das reportagens da revista:
http://www.terra.com.br/istoe/1932/brasil/1932_abel_nao_se_explica.htm
Agora, porque essa notícia sobre a multa do prefeito ainda não ganhou sequer uma linha dos jornais da cidade? Não há interesse público na matéria?
Quem quiser ler a reportagem sobre isso está nesse endereço:
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/12/08/agu_quer_recuperar_cerca_de_200_milhoes_desviados_por_corrupcao-586891429.asp
Se alguém quiser me processar pelo que eu escrevi aqui, então sugiro que entre com ação primeiro contra a revista IstoÉ e as organizações Globo. Aliás, a reportagem da Globo procurou o prefeito e este não foi encontrado e a mídia local parece não querer que a população piracicabana saiba disso.
Não entendo essa intenção da prefeitura em querer me calar, pois o prefeito foi reeleito com mais de 80% dos votos válidos, sua popularidade é alta, têm uma imprensa pouco questionadora e bastante bajuladora, têm a Câmara de Vereadores quase inteira (exceção de 1 vereador apenas) do seu lado e ainda quer que ninguém se manifeste contrariamente suas ações ou que as questione? O que um artigo simples de um cidadão mal empregado, mal pago e sem vínculos políticos, como eu, pode causar? Será que tentarão impor a ditadura do pensamento único, onde se você não aderir ao barjismo você será excluído? Espero que não.
A consolidação da democracia ainda engatinha aqui no Brasil e muitos acham que temas como liberdade de expressão são suprimidos apenas nos rincões do país, mas aqui no estado mais desenvolvido também acontece isso. Meu colega de blog Paulo Corrêa (http://www.pautalivri.blogger.com.br/) está sendo processado pelo prefeito de Limeira e isso caracteriza cada vez mais uma tentativa dos poderosos em calar a verdadeira opinião pública. Hoje até as propostas curriculares das escolas estaduais orientam os professores a estimular o pensamento crítico dos alunos, mas parece que aqui no interior do estado, isso só pode se não entrar na política local.
PS: Agradeço à todos aqueles que me apoiaram a ficar firme nessa tentativa de intimidação da prefeitura contra mim. Agradeço também aos frequentadores dos outros blogs que se manifestaram aqui e também os blogueiros que me responderam e se colocaram a disposição de ajudar caso houvesse a ação, como o Renato Rovai da revista Fórum, Eduardo Guimarães do blog Cidadania, Paulo Corrêa e Humberto Capellari. Obrigado à todos.◦
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19.11.08

Em Piracicaba, o Barjismo domina

Faz tempo que não escrevo aqui no blog e deixei a poeira das eleições municipais abaixar para fazer algum comentário. Aqui em Piracicaba o resultado já era esperado para prefeito, mas a eleição da Câmara dos Vereadores me deixou apreensivo com o futuro cenário político da cidade. Durante esse primeiro mandato a tropa barjista se fortaleceu e arrasou o que sobrou da "oposição" e se já estava ruim ficou pior. Nas propagandas do TSE na televisão dizia que a Câmara dos Vereadores de uma cidade têm como um dos objetivos fiscalizar as ações da prefeitura. Se nesse primeiro mandato, Barjas Negri aprovou o que quis, agora com uma Câmara quase 100% governista ( 15 governistas contra 1 de "oposição") não precisará de nenhum esforço para fazer o que bem entende. Alguns dos motivos que levou a Câmara a esse cenário foi o esfacelamento do PT da cidade como força política, pois nem José Machado que foi prefeito duas vezes não deu as caras por aqui. Outra foi a adesão da maioria dos partidos à campanha de Barjas que contaram com a máquina de propaganda, a qual dava a impressão que todos os candidatos a vereador estavam apoiando o prefeito. Barjas com sua alta popularidade parecia com o Lula em alguns lugares do Nordeste, onde todos os candidatos queriam aparecer na foto ao seu lado para poder angariar votos. É curioso atentar ao fato de que alguns aqui quando escrevem sobre os eleitores que elegeram e reelegeram Lula com ampla maioria, rasgam críticas de cunho até racista para explicar o fenômeno. Mesmo quando citada a alta popularidade do presidente a explicação é sempre a "ignorância" do povo e que esse é iludido com obras, que no caso federal é sempre eleitoreira, e com as bolsas. Aqui a alta popularidade de Barjas é atribuída ao pragmatismo, a inteligência, a determinação do prefeito e a maioria dos eleitores que deram mais um mandato à ele o fizeram porque todos são inteligentes e muito bem informados e que sentiram que todas as obras feitas na cidade eram necessárias.
A prefeitura se gaba de suas obras (que aqui não são eleitoreiras), mas segue um modelo de urbanização que está levando as cidades brasileiras ao colapso. Aqui, casas populares são construídas em lugares muito distantes, bairros públicos conseguem virar condomínios fechados, grandes empreendimentos de luxo são prontamente atendidos com obras de melhorias nos seus entornos e ainda garantem mais lucros conseguindo trocas de áreas institucionais por outros terrenos e construção de ponte. Melhoria da saúde, transporte público e saneamento básico podem sempre ficar para o ano que vem, pois todo mundo têm plano de saúde particular, carro e não dá a mínima para onde vai o lixo desde que não fique na porta da sua casa.
Outro dado ruim é o baixo índice de renovação dos vereadores, pois é um absurdo um candidato ficar se reelegendo durante anos e faz disso apenas uma carreira profissional. Há certos candidatos que ocupavam cargos administrativos na prefeitura que passaram 4 anos fazendo propaganda deles mesmos e conseguiram uma vaga para "fiscalizar" a administração municipal da qual fez parte.
O único trabalho que o prefeito terá de fazer agora é garantir as "trocas de favores" daqueles que o apoiaram e que foram eleitos. É a típica barganha da política brasileira, que embora alguns achem que aqui é diferente, mas não é. Caminhamos para um reinado tucano e direitista de mais oito anos pelo menos, onde a corrupção (outra coisa que muitos acham que não existe aqui) poderá intensificar-se e ficará oculta, pois com essa Câmara Barjista, ausência de oposição e a maior parte da imprensa chapa-branca nada chegará aos nossos olhos e ouvidos.
Obs: Esse artigo foi publicado no jornal A Tribuna de Piracicaba e está disponível também nesse endereço: http://www.tribunatp.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=329
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3.9.08

Dia do Biólogo

Hoje é o Dia Nacional do Biólogo e foi em um 3 de setembro no ano de 1979 que foi sancionada a Lei 6.684. Essa lei regulamentou a profissão de Biólogo e criou o Conselho Federal de Biologia (CFBio). Geralmente, o biólogo é identificado como alguém que gosta de animais e plantas ou que fica o dia todo em um laboratório de genética, mas não é só isso. A biologia é uma parte da ciência que congrega uma rede de assuntos amplos e complexos que são estudados. Por isso, os profissionais das Ciências Biológicas atuam em várias áreas como meio ambiente, saúde, agricultura, educação, entre outras.A biologia também possui uma interdisciplinaridade que faz com que o profissional, principalmente da educação, tenha conhecimento de outras matérias como química, matemática, física e até geografia. Infelizmente, a área da educação para o biólogo não é atraente e geralmente os estudantes escolhem como última opção ser professor de ensino médio ainda mais no setor público. É pouco atraente, pois além do baixo salário, há poucas aulas no ensino médio – somente duas aulas por semana – e também o estresse cotidiano que os professores suportam.Os biólogos que atuam nas outras áreas sofrem concorrência direta e às vezes injusta de outras profissões. Muitas vagas em empresas e no setor público que poderiam ser estritamente para os biólogos são oferecidas para biomédicos, agrônomos, engenheiros ambientais, químicos e outros. Não se trata aqui de ranço com alguma dessas profissões, mas é uma reclamação recorrente de muitos biólogos que são impedidos de disputar vagas que estariam plenamente aptos para exercerem.A pesquisa parece ser geralmente o objetivo da maioria dos iniciantes da graduação de ciências biológicas, mas ainda é para poucos, pois a dedicação tem que ser exclusiva e as bolsas de estudo ainda são insuficientes e de baixo valor. O governo federal concedeu um reajuste pífio, pois há mais de 10 anos o valor das bolsas de iniciação científica estava praticamente congelado. Já que estou falando do Dia do Biólogo, não poderia deixar de mencionar a minha formação que foi feita na Unimep. Infelizmente, essa passa por uma crise financeira e vejo com muita tristeza uma instituição do nível da Unimep perder alunos para universidades de “fundo de quintal” que fazem da educação apenas um negócio. Sempre fiz muitas críticas à universidade, mas reconheço o esforço de muitos coordenadores, professores e alunos que fizeram a Unimep alcançar o patamar de uma das melhores do Brasil. No país, o ensino superior é ainda para poucos e a maioria das vagas é oferecida por instituições particulares de ensino e muitas se tornaram apenas máquinas de diploma, suprindo uma demanda crescente que o governo não atende. Bolsas como o ProUni são importantes, mas em vez de destinar dinheiro somente às universidades particulares, deveria ampliar as vagas nas públicas.Recentemente, o CFBio rejeitou diploma de alunos de cursos à distância em Biologia, o que eu considerei uma decisão acertada. Acho que cursos superiores como Biologia, Agronomia e Farmácia, por exemplo, têm nas suas grades curriculares muitas matérias práticas que não podem ser substituídas por tele-aulas com monitores técnicos. Nas aulas teóricas, o contato com o professor é essencial e também valoriza esse profissional que se dedica à vida acadêmica. Ensino à distância deveria ser muito bem elaborado para determinadas áreas e não liberalizar geral fazendo com que muitos acreditem e gastem dinheiro em cursos com qualidade duvidosa e sem o respaldo de seus conselhos como ocorreu com o de Biologia.Enfim, parabéns a todos os biólogos, os quais merecem o reconhecimento da sociedade sobre os avanços tecnológico-científicos e do conhecimento que essa mesma usufrui.
OBS: Esse texto foi publicado no jornal A Tribuna - Piracicaba e está disponível no site:
http://www.tribunatp.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=207
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25.8.08

Mais uma ponte desnecessária em Piracicaba

A administração Barjas Negri (PSDB) aqui em Piracicaba faz a cabeça da classe média e deixa contente o setor imobiliário e da construção civil com as inúmeras obras pela cidade, quase todas relacionadas ao trânsito. Algumas necessárias, mas outras parecem piada, como é o caso de mais uma ponte que está sendo construída na Avenida Vollet Sachs entre o terminal do Piracicamirim e o clube Cristóvão Colombo. Como mostra a foto abaixo (retirada do Google), essa ponte será erguida no meio de outras duas pontes já existentes e que distanciam uma da outra aproximadamente 100 metros. Será que uma ponte ali é tão necessária assim?Qualquer pessoa que passar por ali verá a inutilidade da obra, pois quem está indo do lado direito da avenida pode retornar para o outro lado tanto pela Ponte 2 (como mostra a foto acima) quanto pela Ponte 1(foto acima) que fica um pouco a frente. O tráfego do lado esquerdo pode retornar ao outro lado tanto pela Ponte 1 quanto pela rotatória que há poucos metros depois da Ponte 2. Não dá pra entender o porquê de se construir uma ponte no meio de outras duas.
O pior é que essa obra consumirá do dinheiro dos contribuintes piracicabanos quase meio milhão de reais, ou exatos R$ 458.843,27 como diz a placa de mais uma "obra social". Aqui até instalação de poste em ruas desabitadas têm placas como "obra social". As datas de início e término da obra também foram bem pensadas, pois compreende exatamente o período eleitoral. Barjas se reelegerá no 1º turno e pra iniciar a segunda fase de sua administração já irá inaugurar mais uma ponte para satisfazer os olhos dos barjistas. Como não há oposição, pois essa aderiu ao barjismo, a câmara de vereadores piracicabana não segue o seu propósito de fiscalizar o prefeito e sua administração. A câmara é mais uma casa de barganhas onde o apoio dado ao prefeito é para atender interesses privados e partidários, mas não públicos.

Como sou teimoso e ainda pensando do porquê dessa "magnífica" ponte, eu percebi que do lado esquerdo da avenida e bem próximo a nova ponte está sendo anunciado a construção de um clube e condomínio, que está nessa foto acima. Será que é mais uma ponte para atender os anseios de mais uma minoria? Será que é pra ter acesso direto à avenida Vollet Sachs sem ter que pegar a rotatória que quase sempre está congestionada? Digo isso, pois há um outro condomínio de luxo que será construído na estrada do bongue, onde a prefeitura prontamente atendeu aos pedidos dos empresários responsáveis pelo empreendimento, duplicando a estrada. E através de um projeto de lei votado e aprovado pelos vereadores (vendidos), a prefeitura cederá um terreno, que por lei seria municipal, em troca de uma ponte no local. A ponte será no meio de outras duas também, mas que ficam um pouco mais distantes e será orçada em 2 milhões de reais. Já os terrenos que a prefeitura cedeu "gentilmente" em troca dessa ponte, vão valer muito mais que isso. Alguns especulam que o valor chegue a 9 milhões de reais. Se isso for verdade o grupo empresarial lucrará com essa "boa vontade" da prefeitura no mínimo 7 milhões. O secretário da prefeitura alegou que a ponte vai beneficiar o trânsito e a população local, mas quem conhece sabe que ali o trânsito é muito menos intenso que outros locais da cidade. A verdade é que a prefeitura duplicou a estrada do bongue para satisfazer o conforto dos novos moradores do condomínio e a nova ponte também é para eles não terem o "trabalho" de andar alguns metros a mais e pegar as pontes já construídas. Agora têm mais essa ponte sendo construída com dinheiro público bem do lado de outro condomínio que será erguido. Será coincidência?

Nessa foto, aparece o "carimbo" da campanha de Barjas Negri para sua reeleição do lado onde será a ponte. Será mais uma coincidência? A nova ponte, pelo visto, não têm uma explicação plausível e em vez de fazer essa que será para carros, a prefeitura deveria construir, ao longo desse trecho, mais pontes para pedestres, pois dessas têm poucas. Mais uma "obra social" inútil e cara.


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12.8.08

Minha Tréplica ao artigo da Secretaria de Educação

Agora a minha tréplica foi publicada hoje (12/08/08) no jornal A Tribuna Piracicabana. Agradeço mais uma vez ao Érich pelo espaço no jornal. Confiram:
Tréplica do educador paulista
A política praticada do PSDB há 14 anos evidencia o descompromisso com a qualidadeA Secretaria da Educação do Estado de São Paulo respondeu o meu artigo publicado nesse jornal no dia 25 de julho de 2008. Aproveitando o embalo dos debates das eleições faço aqui a minha tréplica. O pessoal da secretaria vive em outro mundo e parece nunca ter pisado em uma sala de aula ao afirmar que não há precariedade nas escolas e baixos salários. Acho que qualquer professor do estado que leu isso deu risada.O que se constata em muitas escolas é a falta de laboratórios, pois os que têm estão praticamente sucateados; salas sem ventilador ou com os equipamentos quebrados; salas lotadas com 40 alunos ou mais; às vezes falta giz e apagador; muitos materiais e até xerox das provas é o professor quem paga, além de inúmeros outros problemas que qualquer pessoa que visite meia dúzia de escolas estaduais evidenciará. As escolas bem conservadas geralmente têm que fazer de tudo para arrecadar dinheiro com alunos, pais e comunidades, realizando rifas e festas, pois geralmente empregam esse dinheiro pra consertar banheiros ou pintar a própria escola. Isso a secretaria parece não enxergar e muito menos a secretária Maria Helena e o governador José Serra, que só pensa naquilo... as eleições de 2010. A violência não é só física, mas também é psicológica e moral e sintomas como depressão e estresse atingem 46% dos educadores. Baixos salários não existem? A secretaria quer iludir os leitores dizendo que o salário médio do professor é de “R$ 1.840, o sétimo melhor do país”. Mesmo se fosse esse salário não é suficiente e ser o sétimo melhor do país sendo o estado que mais arrecada imposto e mais rico, não é motivo de orgulho. É só observar os holerites de qualquer professor com carga completa e verá que atinge pouco mais que R$ 1.500, pois ainda têm os descontos. O suposto aumento foi de apenas 5,41%, porque incorporou gratificação de R$ 80 que já era paga, ou seja, vai mudar de lugar no contracheque. Isso ainda que a inflação desde o último reajuste foi de 13,6%. Com isso é que se valoriza o professor? Com um salário desses alguém consegue viver em uma cidade como São Paulo, por exemplo? Com esse salário será que dá para pagar transporte, alimentação e materiais como livros específicos de cada área? E quem tem família?A política salarial praticada pelo PSDB há 14 anos evidencia o descompromisso com a qualidade do ensino e o desrespeito com aqueles que estão no dia-a-dia tentando, como podem, educar milhões de pessoas que serão o futuro do estado e do país.Sobre o 1º lugar de 5ª a 8ª séries no Ideb (Indicador de Desenvolvimento da Educação Básica), o que a secretaria deixou de explicar é que as notas do Brasil todo aumentaram, mas mesmo assim as notas são baixas. Segundo esse indicador, o estado paulista está junto com o catarinense com nota de 4,3 e houve uma melhora de apenas 0,1 ponto nessas séries. Já no ensino médio, São Paulo é o 6º do ranking. Por que a secretaria não usou os seus próprios dados do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo)? Nesse índice aparece a real situação do estado, onde de 0 a 10 a média do ensino médio foi de 1,4. No ciclo de 1º a 4 ª séries, 55% não chegam a 3,23 e entre estabelecimentos de 5ª a 8ª, 50% estão abaixo de 2,54. Dados oficiais de 2007 ainda mostram que 71% dos alunos que concluem o ensino médio têm dificuldades até para lidar com conceitos elementares, como subtração. O governo estadual coloca esses dados como culpa dos professores, mas se esquece do seu papel fundamental que é dar condições decentes de trabalho e remuneração digna.Acho que as “três mil propostas” enviadas por professores não deram muito certo, isso ainda que a rede conte com mais de 200 mil docentes. As propostas curriculares foram muito criticadas e contém inúmeros erros. Por exemplo, no caso da Biologia, a genética não está na grade curricular do 3º ano do ensino médio e foi transferida para o 2º ano. Outro exemplo é a grade de Ciências do ensino fundamental que foi toda misturada, fazendo com que matérias de séries anteriores tenham que ser dadas novamente. Não só os docentes reclamaram, mas também alunos que acharam absurdo aprender o que já foi aprendido. O tempo para aplicar as atividades propostas no caderno do professor é insuficiente, além de essas atividades estarem fora da realidade escolar. Portanto, a secretaria deveria ouvir mais as críticas para tentar melhorar essas novas propostas e parar de tapar o sol com a peneira com relação aos salários.
Obs: Esse texto está no site do jornal: http://www.tribunatp.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=167
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Secretaria Estadual de Educação de SP responde meu artigo

A secretaria de educação no dia 27/07/08 respondeu no jornal A Tribuna Piracicabana ao meu artigo publicado no mesmo, dia 25/07/08. Vejam as barbaridades que eles escreveram!!
"Esclarecimento da Secretaria de Estado da Educação"
" A Guia Curricular assegura que o conhecimento seja passado ao alunoA respeito de artigo publicado na sexta-feira, 25 de julho, "A situação dos professores estaduais paulistas", a Secretaria de Estado da Educação esclarece que, diferentemente do afirmado, não há situação de “precariedade da maioria das escolas” tampouco “baixos salários”. A Secretaria não “começou mal” lançando as propostas curriculares. A Guia Curricular assegura que o conhecimento seja passado ao aluno com continuidade. Veio ao encontro de anseios dos próprios educadores que, devido ao absenteísmo de professores em algumas escolas, viam o conteúdo programático prejudicado. O projeto não foi “mal elaborado” e diferentemente do afirmado contou, sim, com a participação de professores. A Secretaria recebeu mais de três mil propostas de professores, muitas delas incorporadas no projeto. Não há “atestado de incompetência”. Há preocupação com a continuidade do conteúdo. Outro erro: São Paulo está entre os líderes no ranking nacional de aprendizado. Segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 2007, produzido pelo governo federal, São Paulo está em 1º lugar (5ª a 8ª série) entre as redes estaduais brasileiras.Não é verdade que São Paulo pague um dos piores salários do Brasil. Muito longe disso. Segundo estudo do Ministério da Educação, o professor da rede estadual paulista tem salário médio de R$ 1840, o sétimo melhor do país. Vale lembrar que este resultado é obtido de maneira diferente de alguns Estados que estão à frente de São Paulo, que ainda recebem auxílio do governo federal para este fim ou têm uma folha de aposentados extremamente menor que a paulista. O governo do Estado investe R$ 13,8 bilhões na Educação, com 80% deste gasto na folha de pagamento. O Governo do Estado definiu reajuste de até 12,2% no salário-base dos profissionais da rede estadual de Educação, a ser pago já em agosto. Diferentemente do afirmado, o aumento definido é para servidores da ativa e também para aposentados. Nunca a Secretaria de Estado da Educação mentiu sobre salários. O aumento é, sim, de até 12% do salário-base, já que houve aumento de 5% em cima da incorporação de gratificação. A incorporação é pedido dos próprios professores e é prova da valorização do professor, porque todos os aumentos que virão incidirão sobre o salário base. A “ilusão” do bônus, como diz o autor do texto, não existe. A Secretaria acredita na política de valorização do professor. A incorporação da gratificação beneficia ainda os aposentados. Esta pasta tem trabalhado pensando nos dois grupos: professores da ativa e aposentados.Não há situação de violência generalizada nas escolas. Os números caem ano a ano, e os casos são pontuais. Sobre as críticas sobre aprovação em concurso longe de casa, é justamente por isso que o decreto 53.037 prevê a regionalização dos concursos. Os professores vão poder prestar para a região em que querem trabalhar. Sobre as afirmações a favor da paralisação, a pasta acredita que, embora legítimas e de direito do trabalhador, a interrupção da jornada de trabalho dos professores acaba gerando enorme prejuízo aos alunos e, portanto, a pasta defende a importância de negociação constante com os sindicatos da categoria como uma ferramenta democrática mais eficiente.Este texto da Secretaria de Estado da Educação é em resposta ao artigo ‘A situação dos professores estaduais paulistas’, de José Humberto Venturini, professor de Biologia na rede de ensino, publicado na sexta-feira, 25, em A Tribuna Piracicabana."
Quem quiser ver está no site: http://www.tribunatp.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=146
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24.7.08

A Situação dos Professores Estaduais Paulistas

No final desse 1º semestre de 2008 houve uma greve dos educadores da rede pública do estado de São Paulo contra os decretos baixados pelo governo José Serra (PSDB). Na pauta das reivindicações também estava o aumento salarial, que há anos não é atendida pelo governo. A paralisação tinha o intuito de ser geral, mas infelizmente se restringiu mais à grande São Paulo, em que as adesões superaram as do interior.
O decreto mais polêmico foi sobre as transferências de professores de escolas de diferentes municípios, pois altera dispositivo anterior fazendo com que o professor recém-concursado passe por um "estagio probatório" de 3 anos para depois poder pedir a transferência de escola e/ou cidade. O governo tentou justificar que fez isso visando "melhorar" o ensino, mas se "esquece" da precariedade da maioria das escolas e dos baixos salários. No início do ano a Secretaria de Educação já começou mal lançando as propostas curriculares e suas apostilas para serem seguidas pelos docentes. Um projeto muito mal elaborado que não contou com a participação dos professores e gerou discórdia entre boa parte desses com alguns diretores e supervisores de ensino. Essas apostilas possuem uma grade curricular uniforme e os cadernos mostram como cada matéria e cada aula devem ser ministradas pelos educadores. Com isso, brindava-se a todos com um atestado de incompetência. Uma das maiores reclamações é sobre os inúmeros erros contidos nessas apostilas e a mudança radical na grade curricular de algumas matérias. Tudo isso ocorreu depois da divulgação dos índices educacionais do país, que colocaram o estado de São Paulo entre os piores do Brasil. Com esses novos métodos aliados à aprovação continuada, o governo Serra mostra-se preocupado apenas em melhorar as estatísticas e não a qualidade de ensino. Faz isso, porque certamente pretenderia usá-las em 2010 na sua eventual campanha a Presidente da República.Na questão salarial, a situação dos profissionais da educação é ainda mais vergonhoso, pois São Paulo é o estado mais rico da federação e paga, por exemplo, salários mais baixos que os do estado do Acre, que, por sua vez, também não é nenhuma maravilha. Um professor efetivo PEB II (dá aulas no ensino fundamental, médio e supletivo) recebe em média um salário de R$ 1.500,00 para ministrar cerca de 30 aulas semanais. O salário seria um pouquinho maior que isso se os descontos não fossem tantos. No Acre, esse salário gira em torno de R$ 1.700,00 para a mesma carga horária de aulas.
Esse mísero salário obriga muitos a darem aulas em instituições privadas, isso quando conseguem, a terem outro emprego ou fazerem "bicos". Com isso a carga horária de trabalho em um dia ultrapassa em muito as 8 horas, chegando ás vezes até a mais de 12 horas. Fora as inúmeras tarefas de todo professor, como preparar aulas e corrigir centenas de provas, o que, na maioria das vezes, ocupa também do o final de semana, com enormes prejuízos para a vida pessoal e familiar. Mais: a situação precária das escolas e a violência psicológica, moral e física de alguns alunos contra os professores levam muitos a desistirem da profissão. Aliás, os casos de agressão física estão crescendo cada vez mais nas escolas do estado. Descrevo isso, pois muitos acham que ser professor não é profissão.
Com tudo isso o governo acredita e quer que o professor, com um salário desses, sobreviva e dê tudo de si. Que dê aula em cidades em que não conhece ninguém, distantes, que o obriga a gastar metade do salário com moradia e/ou transporte. Isso já está acontecendo, havendo casos inclusive de professores que acabaram de entrar na rede de ensino, residentes em outras cidades, que tiveram que escolher escolas de Piracicaba e têm que pagar hotel e depois transporte para ficar com a família no final de semana. Na cidade de São Paulo a situação é ainda mais complicada, pois o custo de vida é muito elevado e o professor que não é de lá e ainda acaba tendo que escolher as escolas da periferia da cidade não sobrevive com um salário desses! Serra e sua Secretária de Educação não ligam pra isso e ainda contam com o apoio total da grande imprensa da elite paulistana. Por quê? Primeiro, porque a imprensa não critica governos tucanos, no máximo faz críticas superficiais e brandas, pois parecem pretender eleger Serra à Presidência em 2010, por isso evitam dar muitas notícias negativas do seu governo. No caso da greve dos educadores o comportamento da imprensa paulista, em especial a Folha de S. Paulo, foi de total apoio aos decretos governamentais e ataque às manifestações e aos professores, pois a ênfase das manchetes era o trânsito e não as reivindicações. E ainda havia os editoriais raivosos pedindo "atitude" e "firmeza" das autoridades contra os protestos dos professores. Segundo, porque os filhos e netos dessa elite, em que se incluem os barões da mídia e os políticos, não estudam em escola pública, mas, sim, em escolas privadas elitizadas, para depois possivelmente ingressarem nas excelentes universidades públicas. A cota para os filhos destes existe e é de 100% e essa ninguém contesta. Fazem o ensino básico em escolas particulares cujas mensalidades chegam quase ao valor do salário de um professor estadual. Essas instituições de ensino se transformaram em corporações poderosas, cujos donos, milionários, têm influência direta nos círculos do poder. Com isso, acho difícil haver interesse dos governantes, assim subservientes aos donos do capital econômico-financeiro e cultural, em investir pesado na educação que beneficiaria a maioria esmagadora da população.
O estado de São Paulo é governado há 14 anos pelo mesmo partido: o PSDB. Em segurança e educação, que é atribuição quase total do governo estadual, o que ocorreu nesses anos foi o sucateamento das escolas e a política de baixos salários para os funcionários públicos dessas duas áreas essenciais para o bem-estar da população. Não só os professores têm um salário baixo, mas, também, os policiais, entre outros servidores públicos, sofrem com essa desvalorização e salários igualmente indignos.
Enfim, o governo Serra não retrocedeu nos decretos e concedeu um aumento (?) de apenas 5% no salário, o que representa R$ 0,35 (centavos) por hora/aula! Pior: a Secretaria de Educação emitiu nota e mentiu, pois disse que foi concedido um aumento de 12%, tendo considerado indevidamente neste aumento gratificações já existentes! Outra medida que os tucanos praticam faz tempo é a ilusão do bônus, que, em teoria, seria pago em dinheiro ao professor que falta menos. Só que, quando o docente se aposenta, esse bônus não entra na conta. A greve foi suspensa devido a uma atuação fraca do sindicato que no final insistiu apenas na negociação dos dias parados, voltando as demais reivindicações novamente à estaca zero.
Obs: Agradeço muito a colaboração valiosa do professor Valdemar Sguissardi que teve a paciência de corrigir o texto.
Obs II: Esse artigo foi publicado no jornal A Tribuna de Piracicaba e São Pedro no dia 25/07/2008◦
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22.7.08

Assembléia dos Professores Estaduais - 04/07/2008

Essa foto eu tirei na última Assembléia Geral dos Professores Estaduais de São Paulo na praça da República em frente a Secretaria Estadual de Ensino. Faltando apenas uma semana para o recesso do meio do ano, a greve já havia perdido força, ainda restando mobilização apenas na grande São Paulo. Lógicamente lá os professores sentem mais na pele o drama de sobreviver com um salário desses numa cidade onde tudo é longe e caro. Aqui em Piracicaba a adesão foi baixa desde os primeiros dias da greve, 4 semanas antes dessa última assembléia, sobrando alguns bravos professores que se dedicaram a causa. Uma parte luta, outra têm medo e outros ainda são indifirentes. Esses e "essas" principalmente, que não estão nem aí, conheço bem, pois como são "bem" casados o salário é para ajudar um pouco com despesas menores.

A manifestação iria seguir o rito das outras 3 anteriores, pois era para se concentrar no vão do Masp e depois seguir até a praça da República em passeata. Só que a pressão da imprensa paulista (em especial a Folha) e alguns comerciantes da região conseguiram que a prefeitura de São Paulo pedisse na justiça a proibição da passeata e foram prontamente atendidos. Com a justificativa de que a passeata prejudica o trânsito, a justiça ameaçou multar pesadamente o sindicato (Apeoesp) e qualquer grupo que tentasse fazer a passeata poderiam ser presos. Quando a van chegou em São Paulo passamos na avenida paulista e havia alguns manifestantes seguindo a pé nas calçadas até a praça da república com o acompanhamento de centenas de policiais como se fossem marginais. Será que vivemos em uma democracia mesmo?
Nessas fotos dá para perceber como a secretária recebeu os professores. Colocando policiais na entrada da secretaria não recebeu nenhum representante dos sindicatos da categoria. Quem estava lá viu como era ameaçador os "tipos" de pessoas que estavam na assembléia. Esses "tipos" ameaçadores eram na maioria mulheres de meia-idade que estavam lá na frente ouvindo os discursos altíssimos do caminhão de som que estava na praça. Então não sei o porque da grande presença de policiais no local, pois parecia que éramos membros de torcidas organizadas para oferecer tanto "perigo" assim!
Por fim, a Apeoesp resolveu suspender a greve com a concordância de boa parte dos que estavam lá exaustos. A decisão deixou enfurecida o pessoal da oposição, sendo que a maioria estava na van que eu fui. Houve bate-boca no final com muitos gritando "pelegos" para a atual direção da Apeoesp e os cercando na saída do caminhão de som. Ali ficou exposto a divisão que a Apeoesp passa e as denúncias que o pessoal da oposição faz a esses é válida, pois ali criou-se uma elite sindicalista que parece não estar preocupada em negociar firmemente com o governo.




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6.5.08

Concurso Público da Esalq: Coincidências ou Carta Marcada?

Recentemente prestei um concurso para uma vaga para Técnico de Laboratório aqui no Departamento de Ciências Biológicas da Esalq -USP em Piracicaba. Quando há uma vaga apenas, todos desconfiam e dizem ser a tal "carta marcada". Como sou teimoso, pensei que se fosse assim não prestaria nenhum concurso público. Então resolvi me inscrever e pagar 22 reais para fazer a seleção e estudar ao máximo para conseguir a vaga. A primeira prova era de múltipla escolha com 20 perguntas, que estavam bem fáceis, e no dia da prova o anfiteatro da universidade ficou cheio. Essa prova ja era eliminatória, então consegui passar para a segunda prova decisiva que seria uma prova prática. Fiz a prova e fiquei curioso depois que uma moça que fez prova comigo disse que a vaga era de uma pessoa que já estava lá dentro e fazia pós-doutorado no departamento. Com apenas uma pesquisa na internet com alguns nomes que passaram para fazer a prova prática, eis que percebi uma "incrível coincidência": Essa pessoa realmente existia e faz pós-doutorado no Departamento de Ciências Biológicas, o qual era a vaga.

Descobri isso pelo currículo disponibilizado na internet e que está nesse endereço:

http://bit.ly/rgapfY

Veja que o currículo é invejável e mostra que essa pessoa além de fazer pós-doutorado nesse departamento, fez mestrado e doutorado também lá. É muita coincidência!!
E não fica só por isso, pois a área de pesquisa dela é sistemática e taxonomia e experiência em coleta de diversas espécies vegetais. Incrivelmente a prova prática exigia saber:
- Coleta e preparação de espécimes para aulas práticas e para o herbário.
- Reconhecimento de estruturas morfológicas das plantas
Na prova foi fornecido algumas plantas já secas e era para fazer o procedimento de elaboração de um herbário. Quem fizesse o melhor, acertando os melhores lugares para prender a planta e não deixar desgrudar as fitas colantes, não errar os nomes e onde deveriam ser colocados ganharia mais pontos. Com um currículo desses e com tanta experiência nessa mesma área, acho que essa pessoa não iria mal nessa prova prática. Percebi que as folhas onde tinhamos que colar as plantas tinha as siglas "ESA". Coincidentemente no último item do currículo - "Outras informações relevantes" (bem relevantes nesse caso!) - aparece:

"Sub-curadoria do herbário ESA: 2006-2007 "

As plantas usadas eram desse herbário, o qual para essa pessoa dever ser bem familiar, apesar de serem milhares de espécies. Mas, será que na elaboração dessa prova, os organizadores que eram do laboratório esconderam dela e não a deixaram entrar no local da prova, sendo que ela trabalha lá? Acho que para preservar a ética e ser justo com todos os que fizeram a prova, eles realmente fizeram isso.

Com tanta coincidência, esperei para ver o resultado final e ver quem que iria começar o 1º semestre do ano ganhando 1.500 reais do governo com todos os benefícios do funcionalismo público. O resultado está nesse endereço do site da universidade:

http://www.esalq.usp.br/acom/newsd.php?id=785

Mais uma vez, com muita "coincidência", "sorte" e principalmete super "esforço" a pessoa que tirou a maior nota foi essa que eu acabei de citar e que trabalha no mesmo departamento da vaga. Acho que para não dar muito na cara, note que a nota dela não foi 10, mas 9,33. O que será que ela errou, com todo essa bagagem teórica e prática? Quem corrigiu as provas? No currículo dela diz que o pós-doutorado foi iniciado em 2006 e que tem bolsa Fapesp. Conforme informa o site da Fapesp o valor da bolsa pós-doc é de R$ 4.508,10 e tem duração, geralmente, de dois anos. Como o projeto começou em 2006, então agora em 2008 no máximo acaba o vínculo com a Fundação. Surpreendentemente agora em 2008 abriu apenas uma vaga para o mesmo departamento que essa pessoa fez tudo isso e que agora ganha um presentinho efetivando-se como técnico de laboratório.

É MUITA SORTE E COINCIDÊNCIA!

Eu e todos os outros que acreditaram, estudaram e pagaram perdemos tempo, dinheiro e fomos feitos de palhaços. Acho que nós deveríamos ganhar no ato da inscrição um nariz vermelho para usar no dia das provas. Isso dá um sentimento de impotência, raiva e desesperança para acreditar que um dia as coisas aqui vão ser mais justas.
Esse caso infelizmente parece não ser único em concursos da Universidade, pois já ouvi muitas pessoas reclamarem de outros que já foram realizados na mesma.
Tudo isso não fere a credibilidade da instituição Esalq, a qual é referência nas áreas de ensino e pesquisa. Apenas revela que algumas pessoas que fazem parte dela usufruem de uma instituição pública de respeito como se fosse um negócio particular.

OBS: Não há interesse aqui de denegrir e ferir a imagem e a pessoa a qual está relacionada com esse caso, pois o blog é apenas uma manifestação democrática de opiniões de minha autoria.

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31.3.08

A Imprensa é um partido político

Hoje me surpreendi quando vi a principal manchete da Folha de S. Paulo. Pensei que tivesse dormido tanto que tinha acordado em 2010. Com essa primeira página (a imagem esta acima), a Folha faz um estardalhaço com uma pesquisa sobre a eleição que vai ocorrer daqui à dois anos e meio. Isso mostra o panfletarismo e engajamento político do jornal para favorecer um político e um partido, que no caso óbvio são: José Serra e o PSDB. Para deixar mais claro ainda esta parcialidade das notícias, a pesquisa que mostra a popularidade de Lula como a maior desde que ele chegou a presidência, fica em segundo plano na primeira página e com menos destaque que a notícia sobre o favoritismo de Serra e ainda como que numa frase dita numa conversa informal entre partidários numa mesa de bar debochando dos rivais diz: "petistas não passam da 4ª posição". Não se trata aqui de defender o Lula, longe disso, mas se é para destacar o resultado de ibope, o caso da popularidade do atual presidente seria o maior chamativo naturalmente. Um resultado de pesquisa eleitoral que vai ocorrer daqui a mais de dois anos ganhar esse tipo de destaque, mostra como o jornal age como assessor de imprensa e cabo eleitoral do candidato José Serra e também atua como se fosse uma ala do partido (PSDB) que quer ver Serra como candidato do mesmo e não Aécio Neves.
"Dossiês"
O caso do suposto "dossiê" sobre os gastos de FHC e família é emblemático sobre a atuação da grande imprensa, especialmente a revista Veja, como um partido político apêndice dos partidos de oposição PSDB e DEM (ex-PFL). O vazamento das informações não se sabe de quem partiu e o porque, pois a imprensa não quer nem saber e sim quer usar isso para dar munição a oposição que estava em banho-maria na CPI dos Cartões. É muito estranho alguém do governo Lula vazar tais informações justamente pra Veja. A revista disse que o tal "dossiê" era para chantagear a oposição (coitadinhos , né?) mas não prova isso, pois apenas sugeriu que seria para isso. Pronto, já se tornou verdade factual e o resto da imprensa reverberou isso para os quatro cantos do mundo sem verificar e esperar para fazer análises mais isentas, mas isso é pedir muito. Acho que se há um dossiê, esse mesmo foi montado pela revista Veja, com direito a suborno de funcionários e tudo (estou testando uma hipótese, como faz o Ali Kamel da Globo). Uma revista que já tentou tornar verdade, mentiras como os dólares de Cuba, contas externas do presidente (a fonte era ninguém menos que Daniel Dantas) e mostrar o presidente na capa com a marca de um pé na bunda só faltou publicar que o Lula estava escondendo o Bin Laden no Brasil e que a Al-Qaeda financiou a campanha dele. É muito clara essa articulação perfeita entre oposição e imprensa e no caso da imprensa paulista, esta é ainda mais o braço direito desses partidos. Aqui em São Paulo, o governo do estado sob comando de Serra e a prefeitura de São Paulo a mando de Kassab são quase isentos de críticas e questionamentos. O Serra é o mais blindado e a colunista da Folha Eliane Catenhêde até ironizou que o Serra era injustamente "acusado" de ser o queridinho da imprensa, mas é a pura verdade, como mostra apenas esse exemplo da imagem da primeira página da Folha de hoje. Assim como no dossiê das ambulâncias não teve nenhum esforço da imprensa em apurar o conteúdo, o governador foi defendido fielmente por esta com um atestado de inocência. Fizeram tempestade no fato de o dossiê ter sido negociado pelo PT , só para mostrar Serra e seu partido como vítimas inocentes. Quem conhece a rotina de todos os partidos em época de eleições (e isso os jornalistas de política sabem muito bem) sabe que a quantidade de pessoas que tenham informações incômodas para os candidatos (geralmente lobistas descontentes, como foi o caso das ambulâncias) ou outras que acham que podem faturar atrás de minúcias e possíveis desvios de um candidato é enorme e os partidos têm equipes para analisar tais informações e o risco de usá-las nas campanhas. É do jogo político, como dizem alguns, mas quando a imprensa entra e joga de um lado só, ainda mais quando é a mídia hegemônica, fica difícil dos leitores e telespectadores formarem uma opinião equilibrada.
Ética e Interesse Comum
Quando essa mesma imprensa acusa um governo de não ter ética, se esquece que ela também não têm, pois está ativa no jogo político favorecendo um dos lados e como todos sabem nenhum dos lados têm ética e sim interesses. Acho que também há muitos interesses comuns entre a grande mídia e esses políticos e partidos que explicam um pouco essa parceria entre eles. O interesse comum mais forte é no campo econômico, no qual as políticas devem estar voltadas a atender os poderosos grupos que fazem muita propaganda nos meios de comunicação e a famosa, pra ficar no jargão, elite.
Opinião Pública
Não se trata de defender um ou outro governo, mas a imprensa deve dar espaço a diversidade de opiniões que existe e tentar dar equilíbrio as notícias. Se o objetivo é blindar e defender tais políticos e partidos que deixem isso claro a opinião pública, pois a opinião dos donos desses poderosos veículos de informação não representam a opinião pública, mas sim privada. Muitos de nós (opinião pública) percebemos isso e devido à isso não somos "petistas", "idiotas latino-americanos" e "debilóides" como alguns articulistas e editoriais nos classificam. Divergimos sim, desse consenso midiático (lembrando Noam Chomsky) imposto, ás vezes, como "voz da sociedade brasileira".
Obs: Sei que muitos questionarão sobre a imprensa de "esquerda" ser lulista e fazer a mesma coisa que a grande imprensa. Adianto que há alguns veículos que são assim (o jornal Hora do Povo e a revista Brasil ligada a CUT são exemplos), mas a maioria dos outros (Carta Capital e Caros Amigos por exemplo) fazem muitas críticas ao governo Lula, diferente do que pensam esses que dizem isso, pois esses geralmente nunca lêem esses meios de comunicação. Outro fator importante é a abrangência dessa imprensa em relação aos grande grupos midiáticos, pois não chegam nem perto das tiragens de uma revista como a Veja, a qual chega a 1 milhão. Então acabam não tendo quase influência na formação da opinião da maioria dos leitores e principalmente dos telespectadores, pois a Globo só repercute o que sai na Veja , na Folha ou no Estadão, ainda que a internet tenha dimuído um pouco essa disparidade. Infelizmente temos que cada vez mais desconfiar da informação veículada pelos grandes grupos midiáticos (tanto aqui no Brasil como no resto do mundo) e essa outra imprensa (incluí-se também alguns blogs e mídia independente) mesmo que pequena acaba sendo o único contraponto existente.
Obs II: Esse artigo foi publicado no site do Observatório da Imprensa no endereço:

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8.2.08

Barjismo

Faz algum tempo que estou para escrever sobre um "fenômeno" que acontece aqui em Piracicaba. Assim como parte da imprensa denominou como "Chavismo" o que acontece na Venezuela por parte dos que votam e acreditam piamente no presidente Hugo Chávez, uso o mesmo artifício para denominar o que acontece na minha cidade. Os eleitores de Chávez são chamados de "chavistas", aqui em Piracicaba há os "barjistas".
Como começou
O Barjismo começou quando Barjas Negri (PSDB) - ex-ministro da Saúde (governo FHC - 2002) e ex-presidente da CDHU (governo Alckmin - entre janeiro de 2003 e maio de 2004) - foi eleito prefeito de Piracicaba em 2004. As pesquisas eleitorais até três dias antes do primeiro turno ele aparecia em 3º lugar. Não sei como e porque uma pesquisa divulgada pelo principal jornal da cidade dois dias antes da votação foi publicada em primeira página a incrível alavancada do candidato ao segundo lugar nas pesquisas, inclusive com um desenho representando ele subindo e os outros dois candidatos descendo. Não questiono a veracidade da pesquisa, mas sim o porque de ter dado tanto destaque tão perto das eleições. Depois disso, houve um segundo turno onde tranquilamente ele se garantiu e ganhou as eleições. Teorias conspiratórias a parte continuemos.
A partir disso ele resolveu mostrar "trabalho" e com uma equipe muito esperta começaram a transformar a cidade em um canteiro de obras. Toda obra, por menor e insignificante que seja, que começa a ser realizada sempre há uma placa enorme anunciando como "obra social nº X". Tem até placa para construção de cancha de bocha. Uma ótima estratégia de marketing que ajudou a formar o Barjismo, pois há algum tempo a cidade não via tantas obras sendo executadas ao mesmo tempo.
Denúncias
Quando estourou o escândalo das sanguessugas o nome de Barjas foi citado várias vezes até em telejornais, mas por aqui teve repercussão discreta. A revista IstoÉ relatou a parceria do prefeito com o empresário Abel Pereira, onde este arrecadou dinheiro para campanha do tucano. Empresas ligadas ao empresário também levaram mais de 40% das obras realizadas na cidade até aquele momento e ele também tinha trâsito livre em Brasília quando Barjas Negri ainda era secretário-executivo de José Serra. Isso até outra denúncia na imprensa sobre o TCE (Tribunal de Contas do Estado) ter julgado irregular 102 contratos firmados na sua gestão e também outras 8 condenações por contratos ilegais firmados na prefeitura de Piracicaba, sendo uma delas com a construtora pertencente a família do empresário citado. Além disso, seu irmão, que já tinha sido exonerado da CDHU em 2001 por auditoria interna que apontou ele como participante de uma quadrilha que recomercializava unidades habitacionais construídas pelo Estado, foi reconduzido ao cargo por Barjas quando estava na presidência do órgão. Agora ele (o irmão) novamente foi afastado do cargo por denúncias do Ministério Público Estadual (MPE) que investiga um esquema milionário de corrupção na autarquia.
O Barjismo se estabelece
Voltando ao Barjismo, as obras foram ficando cada vez mais populares e ganhando grande aceitação principalmente da classe média piracicabana. As principais obras se concentraram nas de grande visibilidade sendo a maior parte no trânsito. Obras como a ponte do shopping, inúmeros semáforos (os quais praticamente pararam o trânsito), rotatórias reformuladas, abertura e reabertura de ruas foram as que mais ganharam destaque e também as placas que ajudaram a criar um clima de que constantemente a prefeitura esta fazendo algo. Como se vê a maioria das obras foram mais para garantir o conforto da população que possui carro. Já no transporte público muitas linhas de ônibus foram condensadas e fundidas em uma só e diminuiu muito os horários.
Diariamente em alguns veículos de imprensa da cidade há pessoas agradecendo o prefeito pelas obras e o enaltecendo de uma maneira que até sugeriram dar o nome dele a ponte do shopping, como se ele tivesse fazendo um favor e não uma obrigação. Alguns editoriais e articulistas enchem os jornais com elogios ao prefeito e minimizam tudo o que seja contra ele. As manifestações contrarias ao prefeito são poucas, mas pelo menos não são censuradas pela imprensa local. Ai entra o Barjismo.
Devido a tudo isso, as pessoas passaram a idolatrar Barjas Negri e todas as ações do seu governo. Sua imagem passou a ser de homem "trabalhador", "honesto" que acorda as 06 da manhã para fiscalizar obras e essas denúncias cairam no esquecimento.
Barjistas
Isso tudo deu origem aos barjistas, que ao verem o menor sinal de discordância e questionamento de qualquer pessoa contra o prefeito e suas ações, partem para a desqualificação moral e agressão verbal. Digo isso por experiência própria. As poucas vozes discordantes, como já citei, que se manifestam publicamente contra o consenso do barjismo é rebatido tanto pelos barjistas quanto pelos assessores e secretários da prefeitura.
Frases típicas dos barjistas: "você fala isso porque é petista", "o cara é o melhor prefeito que a cidade teve", "deixa o prefeito em paz e seguir seu trabalho" e outras pérolas. Se você insiste e começa a questionar muito e apresentar as denúncias contra ele, os barjistas começam a ficar sem argumentos e nervosos e é perigoso até partirem para agressão física. Quando questiona-se se há corrupção nessas centenas de obras (o que geralmente têm), os barjistas dão de ombro e assumem um tom meio malufista, pois dizem que o que interessa é que ele fez, ou seja, "rouba, mas faz".
A popularidade do prefeito é muito alta e o barjismo esta cada vez mais forte com a aproximação das eleições municipais. Barjas Negri será reeleito com ampla maioria e eu disse para alguns quando houve a falsa polêmica lançada pela mídia sobre o suposto terceiro mandato de Lula, que com toda essa euforia e adoração ao prefeito, parece que se ele tentasse um terceiro mandato depois, com certeza, iriam apoiá-lo.◦
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29.12.07

Que abram os Arquivos da Ditadura !

A ditadura militar no Brasil durou 21 anos e perseguiu, torturou e matou pessoas, com base na paranóia anti-comunista apoiada pelos (como sempre) Estados Unidos. Naquela época, todos que discordavam do regime ou que eram "suspeitos" eram considerados "subversivos". Por isso gosto dessa palavra (subversivo), pois se o sentido da palavra "subversão" no dicionário é a insubordinação ao poder instituído, no meu caso, soma-se a insubordinação ao poder midiático empresarial.
Nesse ano de 2007 dois casos trouxeram á tona a polêmica sobre os arquivos da ditadura e também a punição dos agentes que perpetraram tais crimes. O 1º caso foi a acusação de uma família contra o coronel de São Paulo Carlos Alberto B. Ustra por seqüestro e tortura em 1972 e 1973. O 2º caso vêm agora, pois a justiça italiana emitiu mandados de prisão de acusados na participação do seqüestro e desaparecimento de dois guerrilheiros ítalo-argentinos no início da década de 80. Isso ocorreu durante a operação Condor, a qual foi uma ação conjunta das ditaduras do cone sul da época (Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia) contra seus opositores.
A polêmica está lançada e mais uma vez entram em cena aqueles que consideram a ditadura militar no Brasil uma "página virada" da história e outros que querem a abertura imediata dos arquivos da ditadura e possíveis punições para os culpados. A grande imprensa brasileira se encaixa nos primeiros e com isso expõem o passado leniente e subserviente de seus donos para com os militares. O editorial de hoje da Folha de S. Paulo (29/12/07) mostra a desfaçatez daqueles que apoiaram o golpe de 1964 e hoje querem posar de "autênticos guardiões dos princípios democráticos". Diz o editorial: "O Brasil, até porque a repressão resultou em menos assassinatos e desaparecimentos do que na Argentina, no Chile ou no Uruguai, tende a ver esse capítulo como página virada. A Lei da Anistia funcionou -e ainda funciona- aqui como instrumento de conciliação nacional." Quer dizer que a Folha acha pouco as mais de 400 pessoas (os números divergem sobre o total de mortos durante a ditadura brasileira) mortas pelo regime militar e como esse número é inferior aos dos países citados, então isso é uma página virada? A Lei da Anistia é um absurdo e não tem nada a ver com conciliação nacional, mas sim com a impunidade dada aqueles que tomaram o poder ilegalmente. Mais para frente o editorial revela: "As vítimas do regime, vale lembrar, não poderiam considerar-se, na maioria dos casos, militantes da democracia. Alguns mataram inocentes em nome de um ideal que, quando realizado, nenhum respeito aos direitos humanos manifestou."
Nesse trecho o editorial deixa claro o seu apoio as execuções, torturas e perseguições dos militares, pois até hoje o jornal (e o resto da grande mídia também) escreve os mesmos bordões daquela paranóia anti-esquerda da época. Para evidenciar isso é só dar uma olhada em um discurso do deputado que apóia até hoje a ditadura, Jair Bolsonaro (PP-RJ), que está disposto no youtube e que o blog do Mello sempre faz questão de mostrar a seus leitores. Nesse discurso, o deputado lê todos os editoriais dos principais jornais (Folha, Estadão e Globo são alguns deles) do país antes do golpe, depois do golpe e após a saída dos militares do poder.Todos apoiaram incondicionalmente os militares contra o que eles achavam e acham até hoje o pior, que é o alcance do poder por pessoas e grupos de esquerda, mesmo que esses sejam eleitos. Na última frase desse trecho isso fica claro, pois como aqueles que mataram em nome de um ideal não respeitavam nenhum direito humano, mas não respeitar esses direitos é válido quando esses são combatidos.
O governo deveria ter mais coragem e iniciativa sem ceder as pressões de alguns militares e da imprensa golpista e abrir os arquivos da época de chumbo que o país viveu. Aí sim, teríamos noção do número certo de pessoas perseguidas e mortas e também saberíamos quem colaborou com o regime para que isso acontecesse. Deve ser por isso que os Frias, Mesquitas e principalmente Marinhos temem que esses arquivos sejam abertos. O envolvimento dos EUA já é fato, pois nos documentos recentes que foram divulgado pela lei, provam que os militares além de servirem aos propósitos deles ainda tornariam o Brasil em um "quintal seguro" para empresas poluidoras.
É uma pena constatar que a imprensa ainda insiste em isentar os torturadores e assassinos do regime militar.◦
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15.12.07

A "política social" de São Paulo



Essa foto da capa da Folha de quarta-feira (12/12) ilustra bem a "política social" praticada pelo poder público de São Paulo. Para desocupar um terreno próximo a marginal pinheiros ocupado por barracos, a prefeitura pediu reintegração de posse da área e a justiça mandou a polícia para fazer o trabalho de remoção. Como a especulação imobiliária deve estar com os olhos grandes no terreno, a secretaria de saneamento e energia do estado de SP (que é dona do terreno) quer esses moradores fora dali para negociar á vontade com os empreendedores. Quem revela isso é o próprio assessor da secretaria, que disse que ainda "não sabem" o que vão fazer com a área e deu a seguinte declaração : "não podemos abrir mão de um patrimônio público" e em seguida se contradiz dizendo: "Talvez sirva para um parque ou uma área verde, ou talvez seja uma boa área para vendermos". Ora, se a secretaria não pode abrir mão de um patrimônio público, então por que pensar em vender a área? Esta explícito o interesse imobiliário sobre o terreno e por trás disso também está o preconceito de classe e cor da elite e classe média paulistana que não gostam de ter "esse tipo de vizinhança". Aliás, alguns meses atrás em outro local da cidade, moradores de um condomínio de classe média alta chegaram a protestar contra uma favela que ficava perto, pois diziam que os índices de criminalidade iriam subir e é claro o terreno do condomínio iria desvalorizar-se. Depois dizem que não existe mais luta de classes. Voltando ao incidente, bombas de efeito moral e tratores para demolir os barracos completaram a desocupação com uma consequente revolta dos moradores que pararam o trânsito da marginal pinheiros para protestar. Ai, mais uma vez, a polícia mostrou quem ela quer realmente garantir direitos. As cenas que mostraram um policial jogando gás de pimenta contra uma mulher grávida (que logo a seguir entrou em trabalho de parto) e outras com crianças no colo como se estivesse tocando um rebanho dali, foi terrível. Isso sem contar que esse gás pode matar. Mais bombas e a truculência usual da polícia fizeram com que o protesto acabasse a força. Tudo isso para garantir o "sossego" dos motoristas de carro, pois esses sim têm direitos a ser defendidos.
A imprensa como sempre minimizou o incidente dando mais ênfase no trânsito causado do que na violência empregada pela polícia para retirar os moradores do terreno. É claro que isso foi minimizado para não constranger seus candidatos a reeleição na prefeitura de São Paulo (Gilberto Kassab) e a presidência da república em 2010 (José Serra).
Para o prefeito Kassab e o governador José Serra essa é a política social do estado para favelados e sem-terras. Vale lembrar que essa violência policial empregada nesse triste episódio também é muito requisitada (com apoio incondicional da imprensa paulista) para combater protestos de estudantes universitários e de professores da rede pública.
Infelizmente, as cenas dos policiais retirando com brutalidade moradores da favela (como também ilustra a foto acima) satisfazem um desejo incontido de muita gente. Garanto que muitas pessoas aprovaram a ação policial, pois (isso eu ouço muito por ai) "eles" são pobres porque querem, porque "eles" é que são preconceituosos, porque "eles" não querem trabalhar, porque "eles" vieram do nordeste, porque "eles" são "pretos" e que a solução é fazer uma "limpeza". Essas pessoas esquecem que muitos d"eles" recolhem seus lixos, limpam suas casas, fazem suas comidas, limpam suas ruas e servem e protegem os lugares onde frequentam. Talvez se fosse um condomínio de luxo que tivesse ocupado o lugar irregularmente o desfecho seria bem diferente, pois para os ricos tudo, para os pobres a lei.

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2.12.07

Repúdio ao despejo do MST em Limeira

Fiquei perplexo ao ver as imagens da violência empregada pela polícia militar junto com a tropa de choque contra os sem-terra na quinta-feira (29/11/07) em Limeira/SP. O despejo das cerca de 250 famílias foi requerido pela prefeitura de Limeira, que alega que a área é do município. Em nota, o Incra, diz que a área é "indiscutivelmente da União", mas o prefeito Silvio Félix (PDT) bate o pé e ainda diz que vai entrar com ação contra o instituto. O terreno em questão é chamado de Horto Florestal Tatu, mas não é uma área de preservação, pois a prefeitura usa parte desta como lixão e recentemente outra parte estava ocupado pelos sem-terra. A terra vai ser usada em projeto de reforma agrária, mas o poder público de Limeira não quer nem saber e já deu a demonstração de força com essa ação truculenta.
Nas imagens da televisão deu para perceber que os policiais estavam sem identificação, pois já forom pré-dispostos a usar a brutalidade contra as famílias que ali estavam. Foi uma operação de guerra, alguns que estavam presentes afirmam, pois helicópteros sobrevoaram o local e o tal "confronto" alardeado pela imprensa não existiu, pois não houve ataque e nem reação violenta por parte dos sem-terra. A polícia usou balas de borracha (embora alguns militantes afirmam ter encontrado projéteis de balas verdadeiras no local) e jogou bombas contra as famílias, incluindo aí mulheres e crianças. Coincidentemente foi ferido o dirigente nacional do movimento e outras pessoas também. Depois os policiais destruíram os barracos das famílias (quem não tirasse os pertences de dentro perdia tudo), lavouras e o local de reunião do movimento, o qual era uma igreja improvisada. Há relatos também que os policiais não deixaram equipes entrarem para socorrer os feridos e que crianças foram atingidas e algumas fugiram em direção a linha de trem até chegar a cidade. Na reportagem da TV mostrou o nervosismo e ódio dos policiais que eles mesmos chegavam a destruir os barracos e eram contidos pelos colegas. Em entrevista, o comandante da operação "justificou" a ação pois os sem-terra estavam "empunhando foices, enxadas e facões", mas que eu saiba isso é normalmente usado no meio rural, portanto não justifica. A polícia não pode atacar com base nisso e com isso ficou claro que se tratou de um ataque criminoso da polícia.
É assim que a polícia de São Paulo age contra pobres tanto da cidade (como os camelôs) quanto no campo. Para a imprensa a violência contra o MST é sempre justificada e mesmo nesse caso onde poderia ter um desfecho igual a eldorado dos Carajás, esta dá mais atenção e razão ao lado dos que têm o poder.◦
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24.10.07

Manifestantes do bem, segundo a rede Globo

Essa eu não poderia deixar passar. Acabei de ver no Jornal da Globo da noite a manipulação mais grotesca de uma reportagem. Era uma matéria sobre as manifestações de estudantes na Venezuela contra a reforma constitucional que o governo do presidente Hugo Chávez esta fazendo. Pela primeira vez eu vi o jornal ficar do lado dos estudantes que protestavam, pois sempre os jornais televisivos mostram os manifestantes como baderneiros sem causa e sempre eles que começam os confrontos jogando alguma coisa na polícia ou exército e esses por sua vez ("cumprindo o seu dever") reagem reprimindo violentamente os estudantes. Essa é sempre a tônica das coberturas jornalísticas em relação a manifestações anti-globalização, anti-Bush, de movimentos sociais e também de estudantes universitários . Agora é diferente, pois como o protesto era contra Hugo Chávez, agora sim os estudantes passaram a ser vítimas da repressão do estado. O "caras e bocas" William Waack deu o tom da reportagem (como sempre) enfatizando primeiramente que os estudantes venezuelanos foram reprimidos pela polícia de "Chávez" e manifestantes pró-Chávez e só depois eles reagiram e alguns foram presos . Se alguém lembrar das reportagens do jornal sobre a ocupação da reitoria da USP e os protestos contra o governo José Serra, percerberá que Waack e Jabor quase pedia em rede nacional para uma repressão da polícia contra os estudantes.
Para finalizar com chave de ouro, em seguida veio o idiota do Arnaldo Jabor fazer seus discursinhos que agradam seus chefes ressaltando que a Venezuela já é uma ditadura e disse ainda que Chávez tem uma política expansionista na América Latina capaz de entrar em confronto inclusive com o Brasil. Se qualquer político norte-americano tivesse visto essa verborragia de Jabor com certeza lhe daria um ossinho, pois se comportou como um típico colonizado subserviente latino-americano.
A Venezuela infelizmente está dividida há muito tempo, não porque Chávez quis isso (isso é o que a mídia brasileira tenta passar), mas começou com o golpe que a oposição e a mídia venezuelana tentou dar em 2002 com apoio dos EUA. A mídia da Venezuela foi ativa nesse acirramento entre quem votava em Chávez e quem não votava nele, pois de forma explícita e covarde chegou a convocar a população a protestar contra o governo, ou seja, virou um partido político. O Eduardo Guimarães do blog Cidadania e presidente da ONG dos sem-mídia testemunhou essa divisão da população quando ele foi pra Venezuela e viu uma briga num bar que começou com uma mulher que vestia uma camiseta do Chávez e a partir daí outros começaram a provocá-la e a xingá-la resultando numa agressão mútua.
As matérias da Globo sempre dão a entender que os conflitos na Venezuela partem primeiro da polícia "chavista" ou dos manifestantes "chavistas", o resto são todos vítimas.
A imprensa brasileira cumpre o papel de "papagaio" das idéias conservadoras de Bush e CIA e tenta fazer crer que Chávez é o diabo subversivo da América Latina tentando persuadir governos contra o "big boss" chefe do norte. Parece que estamos vivendo uma nova guerra fria, só que pra nós aqui o inimigo alardeado pelo consenso de Washington não é mais o comunismo, mas sim o "neo-populismo latino-americano". A paranóia anti-esquerda está de volta na pauta midiática e como a imprensa é monopolizada e não expõe a pluralidade de idéias, todos são obrigados a engolir as "verdades" que os Marinhos, Mesquitas, Civitas e Frias da vida querem.◦
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16.10.07

Reinaldo Azevedo: o novo censor do DOPS

Essa segunda-feira (15/10/07) Reinaldo Azevedo (aquele fascínora que escreve na Veja) escreveu um artigo no jornal Folha de S. Paulo sobre a polêmica dos artigos de Luciano Huck e Ferréz. Digno de um cão de guarda de sua classe, para variar culpou a esquerda por tudo o que há de ruim no planeta, xingou aqueles que gostaram do texto de Ferréz, sem falar no preconceito de classe típico dele, fez uma "louvação" (ou puro puxa-saquismo mesmo) as ações do governo tucano de SP na área da segurança e ainda deu um "pito" no próprio jornal. Em relação as quatro primeiras ações citadas era de se esperar, mas o "puxão de orelha" que ele deu no jornal revelou sua face antidemocrática e autoritária, digna de um censor do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) na época da ditadura militar brasileira.
Azevedo disse que o artigo de Ferréz nunca deveria ter sido publicado, pois não se adequava aos "valores" defendido pelo o que ele entende de democracia. Parece que estamos voltando no tempo e só faltou ele chamar o rapper de "subversivo" (velho adjetivo usado pelos militares para perseguir, prender e torturar "suspeitos" que eles diziam que simpatizavam com o comunismo na época), pois se estivéssemos nessa época da ditadura com certeza Reinaldo faria parte de grupos como o CCC (comando de caça aos comunistas).
O playboy e apresentador Global Luciano Huck pode ter meia página de jornal para choramingar o rolex roubado, mas alguém que exponha uma outra visão sobre o incidente, ou seja, o contraditório não deve ter espaço concedido. Aliás, essa é a prática adotada pela revista Veja, a qual ele e seu coleguinha de conspiração, ops desculpem, de "profissão" escrevem e também boa parte da grande mídia. É isso que pede Azevedo a Folha, pois já não basta aquleles que se identificam como de esquerda não terem espaço na mídia, mas ser pobre e com opiniões que vagamente denunciem uma tal luta de classes, aí tem que ser proibido mesmo.
A grande imprensa já faz esse tipo de censura e quando, por um milagre, essa deixa um rapper como o Ferréz expor sua opinião, eis que surge o cão de guarda do DOPS tentar através da sua dialética agressiva e preconceituosa fazer crêr os leitores que isso deveria ser proibido.
Depois vêm falar que é a esquerda que têm "tentações autoritárias" quanto a liberdade de expressão e de imprensa. Ao contrário, grande parte da esquerda hoje é que pede o pluralismo de idéias no jornalismo (como a recém criada ONG dos sem-mídia), discute políticas que democratizem os meios de comunicação para os diversos segmentos da sociedade e em contraposição ao que a grande imprensa diz, boa parte da esquerda não defende que pessoas como Reinaldo Azevedo sejam censuradas, mas sim que dê um mínimo de espaço para contestação e de retratação no mesmo veículo de informação. Percebe-se, através desse artigo de Reinaldo, que a direita não gosta que as pessoas tenham acesso a outros tipos de pensamento, pois isso pode "contaminar" as mentes dessas. Isso pode levá-las a se tornarem "perigosos esquerdistas" ou "subversivos" (gosto dessa palavra, pq será?). Quando eles (a direita) vêem que têm muita gente não concordando com os consensos fabricados e manipulados, tendem a atacar de forma baixa (como fez Azevedo em seu artigo) e pedir censura prévia tanto de simples artigos de jornal e até livros didáticos, como já foi comentado aqui no blog.
Enfim, esse texto do Reinaldo deixou bem claro a noção de democracia que as elites têm com relação a liberdade de expressão e imprensa e se por acaso (milagre) as 6 famiglias donas do quarto poder no Brasil não conseguirem terem êxito na tarefa, com certeza pedirão a volta do DOPS e quem sabe sugiram o nome de Azevedo como chefe.◦
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13.10.07

Patrulha ideológica dos livros didáticos

Recentemente a revista Veja junto com a Globo vêm travando uma guerra ideológica e patrulhamento dos livros didáticos que são distribuídos gratuitamente aos alunos pelos governos. A "denúncia" surgiu quando uma mãe disse que o livro da filha tinha conotações politico-ideólogicas marxistas e que isso ela não aceitava. A revista Veja, como era de se esperar, veio com a reportagem e a partir daí o diretor de "jornalismo" da Globo Ali Kamel se juntou ao coro anti-subversivo desses livros.
Os artigos de Kamel e de outros reacionários de plantão que acreditam no que ele e a Veja escrevem fez parecer que voltamos na era do macarthismo. O macarthismo ficou conhecido como a época em que o senador dos EUA Joseph McCarthy perseguia e denunciava qualquer um que ele achasse ter vínculo ou idéias que simpatizavam com o comunismo as quais eram chamadas de subversivas e que foi muito bem retratado no filme de George Clooney chamado Boa Noite Boa Sorte (Good Night Good Luck).
Kamel escreveu e pediu o cancelamento da distribuição dos livros de história que continham "erros" sobre assuntos como o período maoísta na China (o livro não dizia que Mao era responsável pelo assassinato de milhões de chineses), sobre o "sagrado" sistema capitalista e acusou o governo brasileiro de tentar doutrinar os alunos com tal ideologia esquerdista. A partir disso, o jornalista Luis Nassif entrou na discussão e apresentou a verdadeira intenção de Kamel que era a de favorecer a editora que pertence a Globo que teria perdido uma fatia dos milhões de reais que os governos destinam para a compra desses livros.
Vale lembrar que esse livro referido por Kamel fazia 10 anos que estava em circulação e que recentemente já teria sido reprovado e suspendido pela avaliação do MEC e de professores. Quem faz a seleção dos livros didáticos são o MEC e os professores das áreas referidas, portanto, não teria nenhuma interferência do governo na escolha, mas sim pura paranóia guerra fria de Ali Kamel.
Sou professor eventual de biologia da rede pública e já vi alguns livros que são distribuídos que continham muitos erros, mas se eu vou dar aula e os alunos possuem o livro, com certeza identificarei tais erros e corrigirei com os alunos. O mesmo vai ser feito pelos professores de história, pois se o livro tiver tais imprecisões históricas o professor vai saber corrigir isso com os alunos e pronto. Não precisa fazer tempestade em copo d´água como esta fazendo Kamel e seus patrulhas do CCC (comando de caça aos comunistas que existiu na época da ditadura brasileira) na imprensa. Qual será a verdade que Kamel quer que seja passada aos alunos da rede pública? Vai ver seria melhor os professores de história e geografia deixarem de lado esses livros para usar a revista Veja e o jornal O Globo onde Ali Kamel escreve suas asneiras, na sala de aula.
Não sei o porque do alarde de Kamel e outros com medo de isso "contaminar" a mente dos alunos e como ultimamente uma escritora aqui de Piracicaba escreveu que o "mal já foi feito". Que mal seria esse? Seria o mal de ter alunos contestadores do sistema tornando-os subversivos?
Garanto que esses 10 anos que o livro circulou nas escolas, não se formou grupos de estudantes Maoístas revolucionários tentando acabar com o sistema capitalista e nem fez aumentar a filiação do partido comunista no Brasil. Assim os alunos se interessassem e lêssem os livros com o intuito de formar uma ideologia, pois quem sabe assim não teríamos alunos tão apáticos como hoje em dia.
Enfim, essa discussão ainda esta dando o que falar e nada vai adiantar mais uma vez a imprensa vir com mais essa retórica anti-esquerda que adota diariamente para também tentar interferir no processo educacional tentando doutrinar até os professores com essa paranóia.◦
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29.9.07

Observando as notícias

Semana passada quando li o jornal Folha de S. Paulo e depois "acidentalmente" assisti ao Jornal da Globo da noite, reforcei ainda mais a tese de que a mídia brasileira hoje é um partido político e que ela manipula as informações para satisfazer não só aos donos dessas corporações midiáticas, mas principalmente aos magnatas de outros grupos econômicos.
Quando leio e vejo algumas reportagens, ás vezes me dá muita raiva não só com a notícia, mas também como a forma em que essa é transmitida ao leitor e telespectador. Sinto uma náusea com a hipocrisia, arrogância e desfaçatez de alguns jornalistas, quando esses dão a notícia fazendo caras ora de desaprovação e desprezo, ora de aprovação ( como toda noite faz William Waack) e dando opiniões fora de contexto e reacionárias (como faz Carlos Nascimento e Jabor).
Folha
Nas reportagens da Folha a manipulação é grosseira, pois as manchetes são direcionadas aos leitores tirarem conclusões precipitadas, pois como se sabe a maioria só lê os títulos das manchetes, sempre associando corrupção a um partido (no caso sempre é o PT) e tentando colar os escândalos a figura de Lula.
Recentemente, o esquema do valerioduto que começou com os tucanos em MG, parece ficar em segundo plano, pois as manchetes estão direcionadas a vincular isso somente ao ministro do governo Mares Guia. O pior foi o senador tucano Azeredo dizer que esse esquema irrigou a campanha de FHC em 98 e a imprensa simplesmente por isso nas entrelinhas, mas nada nas manchetes principais. Imagino se essa declaração fosse de algum senador petista. Choveriam editoriais condenando de antemão o governo e a oposição pedindo abertura de CPI imediata, o que lógicamente é de se esperar, mas a imprensa não pode fazer dois pesos e duas medidas.
Jornal da Globo
No jornal da noite da Globo o pseudo-intelectual preferido da classe média Arnaldo Jabor fez um discurso apaixonado e ovacionou a privatização da Vale do Rio Doce. Jabor parecia um cachorrinho que depois de fazer o que o dono gosta iria ganhar um ossinho. E como sempre classificou aqueles que se contrapõem a privatização como: "ex-bolcheviques do PT", "loucos esquerdistas" e coisas do tipo. Condenou os religiosos da pastoral da terra, o MST e qualquer um que tenha ligação com estes. Arnaldo Jabor tem a maior emissora de TV do país para falar o que quiser, mas aqueles que ele acusa não têm nem 15 segundos para mostrar a opinião.
Hugo Chávez
Outra coisa rídicula que eu sempre vejo no jornal é a raiva que a imprensa brasileira tem contra Hugo Chávez. Qualquer declaração deste contra alguma coisa a manchete começa sempre assim: "Chávez ataca ..." . Já vi Chávez ataca mercosul, Chávez ataca os EUA e a última é Chávez ataca escolas. Tudo o Chávez ataca, pois sempre pegam um trecho fora de contexto de uma fala dele para "embasar" tal título. Se os EUA declararem guerra a Venezuela, a imprensa apóia. Por isso acho que quando Chávez disse que alguns políticos do congresso brasileiro são papagaios dos EUA, eu acresecentaria ai a grande imprensa do país também.

Politicamente a imprensa brasileira está ao lado da oposição só que não assume isso, pois se o fizesse estaria prestando um enorme serviço aos leitores e telespectadores. Ideológicamente é de direita e defende a qualquer custo o modelo neo-liberal onde prega a diminuição do estado e a dominação de todos os setores estratégicos por grandes corporações, principalmente estrangeiras. Com isso exerce o papel de mais um partido político e recebe e faz lobbies para empresas e ataca qualquer um que seja contra esse tipo de consenso fabricado.◦
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17.9.07

Um exemplo da polícia de como tratar estudantes


Essa foto ilustra bem o que eu disse no post anterior sobre a repressão da polícia de São Paulo. Isso foi em Santo André em uma universidade particular, onde os alunos souberam que as mensalidades iriam subir absurdamente e resolveram ocupar a reitoria e tentar uma negociação. O que aconteceu foi o que mostra a foto e alunos foram covardemente agredidos por policiais que parecem estar cada vez mais voltando na época da ditadura, onde qualquer manifestação estudantil era reprimida com violência. No final do ano passado a Unimep também entrou em greve contra as arbitrariedades do novo reitor e resultou numa crise sem precedentes que prejudicou a todos. Felizmente não houve repressão, apesar de alguns quererem, e conseguiram frear a política do novo reitor. Parece que o governador Serra e o prefeito de São Paulo Kassab nunca são questionados sobre esses episódios e muito menos sobre a defasagem vergonhosa da educação pública municipal e estadual. É a nossa grande imprensa dando cobertura total a eles para que esses não sofram constrangimentos diante de perguntas pertinentes. Esse tipo de ação truculenta da polícia resulta também da conivência das autoridades.

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5.9.07

Repressão Paulistana

Esses dias assistindo o jornal da manhã vi a notícia dos policiais em São Paulo atirando e entrando em confronto com os ambulantes que tentavam fazer uma feira na madrugada. Não entendi porque a população pobre que tenta sobreviver no mercado informal é tratada desse jeito pela prefeitura e governo de São Paulo.Será porque eles comercializam mercadorias de contrabando? Se for isso, então a Daslu (a loja que teve inauguração feita pelo ex-governador Alckmin)deveria ser bombardeada, pois essa loja nada mais é do que uma butique de contrabando de grife. Quando a PF entrou na loja e deteve a dona, houve comoção em políticos como ACM, Bornhausen e editoriais irados dos jornalões paulistas. No caso dos ambulantes, manda-se a polícia fazer o trabalho sujo. Aliás, essa parece ser a política de Serra e Kassab para lidar com outros trabalhadores também. É bom lembrar a cena lamentável em que Kassab expulsou com empurrões e xingamentos de baixo calão um cidadão de um hospital público onde este fez um desabafo em forma de protesto. Na imprensa marrom paulista e na Globo o caso foi tido como infeliz e não vi editoriais raivosos generalizando a atitude com "tentações autoritárias" típicas do partido do prefeito e ninguém o chamou de Stalinista. Agora, imagine se fosse a Marta Suplicy ou qualquer outro petista ou político de esquerda que tivesse feito isso. Iriam sugerir até impeachment. Essa mesma truculência com que o prefeito de São Paulo agiu, a polícia paulistana emprega contra perueiros, estudantes universitários, rappers e professores. Manifestações onde têm magnatas milionários e celebridades como aquele ridículo "Cansei", o qual somente os ingênuos e hipócritas acreditam, não há represália.
Tucanos e Demos (ex-PFL) parecem não gostar de protestos, pois proibiram de acontecer na avenida paulista e mandam sempre a tropa de choque para coibi-los. Só nesse ano, além desses confrontos com ambulantes, também teve aquela lamentável atuação da polícia no show dos Racionais na Virada Cultural. Não há justificativa para o que a polícia fez, pois o pessoal que subiu na banca estava meio longe do palco e quase não houve reação contra os policiais. Houve sim, pré-disposição da polícia em sair batendo em todo mundo que estava assistindo ao show e provocando ainda mais o sentimento de revolta daqueles que já são tidos pela polícia como marginais. Se não houvesse a violência policial generalizada, não haveria as depredações e roubo de lojas.
Na passeata anti-Bush também houve excessos da polícia.
Outro exemplo mais recente foi a retirada dos estudantes da faculdade de direito da Usp, onde mais uma vez o que prevaleceu foi o autoritarismo de não negociar e nem ouvir o que os manifestantes estavam reivindicando.
O pior é a grande imprensa, principalmente a Globo, que nas suas reportagens sobre as manifestações mostra só a indignação de motoristas e passageiros de ônibus com o atraso no trânsito. Mostrar o que essas manifestações realmente reivindicam: Nada!
Assim a mídia chapa-branca continua ignorando manifestações contra o governo estadual e municipal e blindando Serra e Kassab de críticas.
Obs: Parte desse artigo foi publicado no Jornal de Piracicaba no dia 04/09/07 na seção Cartas.◦
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