26.2.09

Imprensa/Serra x Professores Estaduais

Repercussão na Imprensa
Algumas semanas atrás, correu na imprensa a notícia, plantada pela secretaria de educação do estado de São Paulo, de que "1.500 professores" que fizeram a "provinha" zeraram. Isso bastou para que os bajuladores (para não dizer puxas-sacos) do governo tucano de José Serra na imprensa caíssem de pau em cima de toda classe docente pública, ainda mais sobre os temporários (dos quais me incluo), pois o sindicato (Apeoesp) conseguiu liminar na justiça anulando a prova. Mesmo que esses que zeraram represente 0,7% do total que fez a prova, a imprensa fez coro as insinuações e ilações da secretaria da educação. A respeito da "prova", eu fui prejudicado pela derrubada desta, mas acho que a forma como era feita a contagem de pontos era errada. A contagem dos pontos para a classificação poderia ser assim: 60% da nota seria o tempo de serviço e os 40% a nota da prova e não 50% e 50% cada um. Acho que equilibraria um pouco mais essa questão.
Quando o governo Serra anunciou que aplicaria essa prova, o articulista Gilberto Dimestein do jornal Folha de S.Paulo teve a coragem de escrever um texto com o seguinte título: "Parabéns Governador". Se Gilberto soubesse da verdadeira situação que os professores trabalham ele daria parabéns à estes e não à um governante autoritário e mesquinho como Serra. É a bajulação da grande imprensa, principalmente paulista, a qual falei a pouco.
Educação é política
A educação é tema complexo, mas algumas questões são unanimidades entre os professores para melhorar o ensino. A primeira é o salário, pois como já escrevi, como alguém com família para sustentar vive com R$ 1.500? Ou seja sobrevive, pois imagine viver com essa quantia em uma cidade como São Paulo? A segunda é a "aprovação continuada" ou como acabou virando "automática", pois aquele aluno que te encheu o ano inteiro e não fez nada é aprovado pelo conselho e no próximo ano você tem que aguentá-lo novamente zombando da sua cara. O que muitos não percebem que por trás de tudo isso há a questão política, a qual a maioria é avesso a discussão, mas infelizmente é a realidade. Para o governo, no caso atual o de Serra e seu partido que há 14 anos governa o estado, essa aprovação continuada caiu como uma luva, pois políticos e seus respectivos partidos só querem saber de estatísticas positivas. Se os professores fossem cobrar mesmo o conhecimento dos alunos e os que não merecessem pudessem ser reprovados sem a pressão das diretorias, o índice de reprovação aumentaria enormemente. Acho que pelo menos metade de cada classe, dependendo do caso, seria reprovada. Com isso a evasão escolar também aumentaria, o que puxa as estatísticas sobre o tema para cima. Agora, imaginem na campanha de 2010 o Serra ter que responder que no estado onde governou, o índice de alunos reprovados aumentou 50% e a evasão uns 30% ? Isso é inadmissível politicamente falando!! Por isso há uma certa pressão sobre as escolas para não reprovar aluno e pra piorar criou um ranking de escolas com base na aprovação destes. Isso também reforça o compromisso das escolas em aprovar o maior número possível de alunos e diminuir a evasão e para isso pressiona os professores a praticamente darem notas à alunos indisciplinados e com baixo nível de aprendizagem. Isso tudo para que as verbas para as escolas seja mais facilmente liberadas ou até aumentadas. Isso não garante qualidade de ensino e o governo ignora as diferentes realidades que cada escola enfrenta. Contrariando as atuais teorias educacionais (Construtivismo por exemplo) acho que a educação tem que ser oferecida pelo estado à todos, mas com regras que antes funcionavam como a expulsão. Dentro da escola deve haver regras e quem não se adequa a essas e não respeita minimamente seus profissionais (inclui professores, diretores e funcionários da escola) não pode continuar lá e uma vez expulso só poderá voltar a estudar no ano seguinte. Parece autoritário, mas pra quem vive diarimente essa realidade sabe que não há mais alternativas. Como disse, tudo isso é conveniente ao governo estadual, pois continua remunerando mal seus profissionais e estes tendo que aturar situações extremamente desgastantes. Mas como já disse, se os filhos e netos do governador, da secretária e dos deputados estaduais estudassem na escola pública esse quadro atual mudaria. Eles acham o salário do professor estadual suficiente, mas matriculam seus filhos em escolas que a mensalidade, ás vezes, é igual ao salário do docente estadual e onde os professores ganham muitas vezes mais.
Debate na Imprensa Piracicabana
Aqui em Piracicaba a maior parte da imprensa também é tucana e conta com alguns articulistas que praticamente escrevem como se fossem assessores de imprensa do governador e também do prefeito da cidade que também é tucano e amigo de Serra. No jornal A Tribuna Piracicabana, o qual sempre publica os meus textos, há um jornalista desse tipo. Romualdo Cruz é polêmico e necessário ao debate que fomenta no jornal, mas acredita em todas as notas oficiais dos políticos tucanos fazendo a defesa incondicional destes. No link abaixo esta o texto dele, o qual diz que o salário não é importante para a qualidade da educação e para embasar sua tese, a qual defende o posicionamento do governo Serra, escolhe a opinião do Ministro da Educação do ..... Chile!!!! O pior é que tirou isso das páginas amarelas da revista Veja.
http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=2125
Depois de ler isto não consegui conter minha discordância e enviei ao jornal uma resposta à esse artigo como uma resposta de um professor e não de um sindicalista, pois Romualdo assim como os tucanos acham que todos os professores estaduais são sindicalistas e por isso devem ser combatidos. Vai abaixo o link do meu texto na Tribuna.
http://www.tribunatp.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=459
Quem tiver a paciência de ler os textos do debate, pode contribuir opinando aqui no blog. Agradeço mais uma vez ao Érich Vicente que publica os textos e dinamiza o debate na imprensa piracicabana.

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4.2.09

Frases conformistas

Nunca gostei de certas frases que todo mundo diz e que se tornaram clichês do dia-a-dia. Reconheço que é impossível nunca tê-las dito alguma vez na vida, mas têm gente que abusa dessas frases e diz pra tudo. Começarei por aquela clássica: " É assim mesmo...", essa é a típica do conformismo total. É usada sempre em conversas em que um está reclamando de algo que a outra pessoa não está afim de aprofundar, pois as vezes o resmungão é meio nervoso então não vale a pena discutir, ou que acha o assunto muito complexo e "chato". Geralmente o assunto incômodo é política (nessa eu me incluo) e essa frase clássica é sempre acompanhada pela outra mais clássica ainda: " fazer o quê, né?". Ouço muito isso, pois eu reconheço que sou um desses resmungões que adoram debater esses assuntos "chatos" para a maioria das pessoas. Você pode falar muito, dar exemplos de desigualdades, injustiças, corrupção, ou seja, é um catastrofista de plantão, e enquanto isso a maior parte das pessoas só acenam positivamente com a cabeça, mesmo se não estiverem concordando, mas no final você escuta: "É assim mesmo ....(depois de uns segundos).. fazer o que, né?" Todo mundo diz isso (será que é assim mesmo?), mas determinados assuntos, como por exemplo política, essas frases simbolizam um conformismo em deixar tudo como está, principalmente aqui no Brasil. Concordando ou não é muito bom existir o debate, mas é lógico que há hora pra tudo e não se pode só ficar falando disso toda hora, mas também os assuntos dominantes de toda hora são geralmente os mais supérfluos possíveis. Fofocas familiares, da vizinhança, novelas, big brother (arghhh) e outros típicos de idade e sexo. Por exemplo, assunto dominante no ambiente masculino é: carros ( e seus "roderos" - palavra existente só em Piracicaba), bebedeiras, mulher e é claro futebol. Outro exemplo são as meninas na adolescência que só falam de meninos e mal de outras meninas. No caso masculino é lógico que esses assuntos são divertidos e que descontraem, mas há pessoas que só sabem conversar sobre isso e nada mais.
Quando a pessoa tem uma decepção na vida (geralmente amorosa), está apreensiva com algo que não deu ou tem 100% de chances de não dar certo, a frase típica ouvida é: " Deixa pra lá...não liga, no final tudo dá certo". Isso quer dizer que a pessoa que está ouvindo está de saco cheio e quer que você pare de choramingar, mas o que você queria ouvir mesmo era alguma frase de apoio incondicional de que você está certo. Por exemplo, se você está com raiva de alguém que te sacaneou, você queria que a outra pessoa xingasse ainda mais esse "alguém" fazendo com que você descarregue tudo ali e se sinta aliviado por outra pessoa também concordar com aquilo.
Outra frase também dita em momentos tristes e de comoção é: "Vai passar" ou "mas passa" e sempre depois vem: "a vida continua" ou " a fila anda" (esse último virou até hit de música sertaneja).
Acho que são frases que se você não falar não faria a menor diferença e ás vezes o silêncio adianta mais do que dizer aquilo que todo mundo diz e está cansado de ouvir o tempo todo. Fazer o que né?
PS: Se alguém lembra de mais frases conformistas, mas não babacas, comente aqui no blog.

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