25.3.13

Uma tragédia na educação e mais um engodo do governo estadual paulista


A assessoria do governo do estado de São Paulo respondeu uma carta crítica de um professor de filosofia que saiu no Jornal de Piracicaba (JP), sobre o fim do ensino das disciplinas de história, geografia e ciências nos anos iniciais do ensino fundamental de escolas de tempo integral. O governo tergiversou sobre o assunto e disse que o foco nesses anos é com a alfabetização e que essas disciplinas serão "aprofundadas" em oficinas. Eu já trabalhei em escola de tempo integral estadual e é simplesmente uma escola sem estrutura que deixa os alunos 8 horas por lá com os professores tendo que se virar com o que podem. Essas escolas teriam que ter reformas estruturais que acolham os estudantes o dia todo como por exemplo, banheiros com vestiários e bastante material de apoio. Só que isso não ocorre, pois a verba geralmente é escassa e a escola fica sob a própria sorte mesmo. Supervisores de ensino geralmente só vão lá para cobrar e nada mais, pois não sabem, ou se esqueceram, qual é a realidade de uma sala de aula. 

Política Salarial? Reajuste?

Agora,com relação à resposta do governo estadual paulista sobre a tal Política Salarial para a Educação é preciso fazer algumas considerações. Como sempre, o governo tenta ludibriar os leitores mais incautos quando diz que há um “aumento” escalonado de 42,25% em 4 anos no vencimento base dos professores. O que não diz é que nele está incluída a incorporação das gratificações que somam R$ 92. Com isso, o percentual do reajuste é de 35,5%. Também não leva em consideração a inflação, que segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias do Estado, somará 22% até 2014. Portanto haverá um “aumento” real de 13% que recupera somente cerca de um terço das perdas salariais dos professores desde 1998. Mesmo assim é um reajuste pífio por ser o estado mais rico da nação. O final da carta da assessoria do governo parece piada, pois diz que quer tornar mais atrativa a carreira de professor no estado. Quem está na rede ensino sabe que isso é ridículo, pois está diminuindo o número de professores. Esta diminuição está ligada as iniciativas arbitrárias deste governo em ter separado os professores temporários em categorias e ter lhes retirado direitos. Os docentes da categoria O, que em geral são os que estão começando, são os mais prejudicados, pois vivem sob coação de perder as aulas e ter que ficar 200 dias sem lecionar. Pior é que agora os recém-contratados tem pagar pra fazer exames médicos, que antes era o próprio estado que fazia, para ingressar na rede. Assim que a secretaria da educação quer atrair os melhores profissionais? 

Violência e Tragédia

A violência que não só professores, mas muitos diretores, coordenadores e funcionários sofrem, também é pouco divulgado e minimizado pelo governo. Na segunda-feira (11/03/2013), uma professora (que é a da foto abaixo) da rede estadual de Itirapina (aqui perto de Piracicaba mesmo) foi morta dentro da escola a facadas por um aluno do supletivo. O motivo para o assassinato dessa colega de profissão não foi divulgado ainda. Isso era para ser um escândalo nacional e suscitar uma discussão ampla sobre a violência de alunos contra os profissionais da educação no país. A secretaria da educação soltou uma nota lamentando o incidente e só. Agora, cade a grande imprensa para escandalizar algo que realmente é uma tragédia ? Cadê o governador Geraldo Alckmin, o qual deveria vir a público para não só lamentar o fato, mas de exigir providências? Nessa questão entra um pouco a questão político-partidária da grande imprensa brasileira, principalmente a paulista, a qual é favorável ao governo tucano e por isso não o critica e nem o fustiga sobre um tema que é tão falado em época de eleição. 

Há 18 anos no poder, o PSDB paulista ainda não entendeu a real situação da educação no estado de São Paulo, principalmente dos professores. Assim continua com uma política de desvalorização e precarização da profissão que é essencial para o desenvolvimento do país. A todos os níveis de governo esse tema tem que ser cobrado sempre e mais ainda exigir providências dos mesmos em relação a episódios graves de violência no ambiente escolar, como o da professora de Itirapina.


Termino esse texto com meus sinceros sentimentos em relação a colega de profissão, a professora Simone Lima, que perdeu a vida injustamente. Uma tragédia sem precedentes não só para amigos e familiares dela, mas para toda a nação brasileira.

OBS: abaixo está a minha carta, publicada no JP, respondendo a assessoria do governo do estado paulista sobre os salários dos professores.


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