29.12.09

O empresariado nacional e a ditadura brasileira


Esse é o trailer de um documentário chamado “Cidadão Boilesen” que mostra a cooperação financeira e física que o industrial dinamarquês naturalizado brasileiro Henning Boilesen deu aos torturadores e assassinos da ditadura militar brasileira. O filme é dirigido por Chaim Litewski, o qual fez um trabalho minucioso com entrevistas, trechos de filmes e outros recursos para traçar o perfil sádico desse empresário, o qual foi assassinado pela guerrilha em 1971. Isso revela como a ditadura obteve apoio de alguns empresários, tanto pela simpatia ao regime quanto pela coerção. No caso de Boilesen, ele se aproximou do regime e arrecadou fundos de outros empresários para sua sanha anticomunista na época, tanto que participava das sessões de tortura e ainda ajudou a sofisticar os métodos de tortura do DOI-Codi. Outros empresários também foram entusiastas e colaboracionistas do regime e também estavam marcados para morrer como: Pery Igel (dono do grupo Ultra) e Sebastião Camargo (fundador da empreiteira Camargo Corrêa).
O golpe de 1964 foi uma tragédia na história do Brasil, pois solapou as instituições democráticas e torturou e assassinou aqueles que achavam ser “subversivos” ou colaboracionistas destes. Além de fazer alianças com outras ditaduras sul-americanas através da Operação Condor, a qual resultou entre tantos assassinatos, na morte do presidente deposto João Goulart (Jango). Mas o golpe militar brasileiro não foi um clamor da sociedade como dizem alguns que querem reescrever a história com essa falácia, os mesmos que agora tentam dar legitimidade ao golpe em Honduras. Documentos secretos dos EUA liberados há pouco tempo revelaram que o golpe foi financiado pela CIA e apoiado militarmente pelo país. Lógicamente tudo isso se deu no clima da guerra fria. O embaixador Dr. Gordon em 1976 admitiu que o governo norte-americano estava pronto para intervir militarmente no país, caso a esquerda alcançasse o poder. Por isso, sem o apoio dos EUA o golpe de 64 não existiria.


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22.12.09

Papai Noel velho batuta

Sempre achei contraditório uma data que para os cristãos comemora-se o nascimento de Jesus Cristo com esse frenesi consumista e adoração ao Papai Noel, o qual foi criado pela propaganda de refrigerante. No Brasil, país tropical e extremamente quente nessa época do ano, imitamos os irmãos do norte e colocamos em casa uma árvore que nem é da nossa flora e ainda acrescentamos algodão para parecer neve. Os shopping centers viram um lugar sagrado, mais do que as igrejas, e exibem decorações q fazem parecer que você está na Europa.
Para não dizer que não entrei no "espírito natalino", posto esse vídeo de uma canção linda de natal. Essa bela música é da banda punk Garotos Podres e a letra é bem sarcástica, assim como todas as letras deles. Confiram:


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21.12.09

Democratização do meios de comunicação e a Confecom

Começou na segunda-feira (14/12/2009) a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) em Brasília, promovida pelo governo federal para finalmente democratizar o setor de comunicações. O evento envolve sociedade civil organizada, setor empresarial e poder público, com debates e votações de pautas para organizar políticas públicas que equilibrem muitos aspectos negativos desse setor, como por exemplo, a concentração das concessões de rádio e televisão nas mãos de poucos grupos empresariais e políticos. Esses grupos são controlados por verdadeiras famiglias (em alusão ao sentido de “famiglia mafiosa”)que se tornaram dinastias no setor e atuam não apenas no campo da comunicação, mas também no campo político-empresarial. As dinastias midiáticas são principalmente: Famiglia Marinho (Organizações Globo), Famiglia Civita (Editora Abril – Veja), Famiglia Frias (Grupo Folha), Famiglia Mesquita (Grupo Estado), Famiglia Saad (Grupo Bandeirantes). Embora agora também tenha outros grupos como a Rede TV e a Record que estão crescendo, mas ainda não tem o poder dos grupos citados.
No campo político é óbvio e claro o partidarismo e engajamento político da grande imprensa em favorecer alguns políticos, como estão fazendo com o José Serra, e alguns partidos, como o PSDB, por exemplo. No espectro ideológico são identificados com a direita e até a extrema-direita (caso da revista Veja) e com isso fazem uma “seleção” de notícias e censuram aqueles que não pensam da mesma maneira. Mas perante a opinião pública dizem que são “imparciais”, “ a favor do Brasil”, “com rabo preso com o leitor” dentre outras mentiras. Não há diversidade de opinião na grande imprensa, assim como não há debate com posições antagônicas (com raras exceções), mas apenas um monólogo e um discurso único. A verdade factual e apuração dos fatos, que são essenciais na prática de um verdadeiro jornalismo, passam longe das reportagens da mídia empresarial. Ainda na política, os principais meios de comunicação se tornam verdadeiros partidos políticos atuando como apêndice ou até liderando setores empresariais e políticos contra seus adversários. No campo empresarial, um exemplo didático é a defesa por parte da mídia do banqueiro condenado Daniel Dantas, pois esse tem boa parte desta trabalhando a seu favor e consegue angariar setores do governo e oposição.
Os empresários da comunicação reclamam do governo, mas querem que as gordas verbas de publicidade pública sejam destinadas somente à eles. O governo Lula fez certo ao desconcentrar a verba que era quase que inteiramente destinado a grande imprensa e afiliados, pois não alterou a quantia de dinheiro e distribuiu esse para diversos ramos e veículos menores da comunicação. Lógicamente que a mídia chiou e acusou o governo de “financiar” os que eram supostamente favoráveis ao governo e que isso era tentativa de “asfixiar” o “jornalismo independente”. Não sei de onde tiram esse tal “independente”. Quando isso não basta, começam a dizer também que o governo quer calar a imprensa, inclusive com a convocação da Confecom. Já é um discurso batido que não corresponde aos fatos e muito menos a realidade. São pretextos falsos para esses grupos fazerem alarde com aquilo que eles acham que é certo. Uma prova disso é que seis entidades patronais do setor de comunicação abandonaram a Confecom: Associação Brasileira de Emissoras de Radio e Televisão (Abert), Associação Brasileira de Internet (Abranet), Associação Brasileira de TV por Assinatura, Associação dos Jornais e Revistas do Interior do Brasil, Associação Nacional dos Editores de Revistas e Associação Nacional de Jornais (ANJ). Alegaram o bla bla bla de sempre dizendo que a Confecom era jogo marcado e dominado por sindicalistas, terceiro setor e governo. Pura mentira para não ter que dialogar e ser criticada durante a conferência, pois os grupos de trabalhos (GT) foram assim divididos:
1) Sociedade civil tem 40% dos delegados e poderá aprovar 4 propostas em cada GT
2) Empresários têm 40% dos delegados e poderão aprovar 4 propostas em cada GT
3) Poder público tem 20% dos delegados e poderá aprovar 2 propostas em cada GT

Isso revela a face autoritária e antidemocrática dos empresários, pois eles acham que somente eles têm o direito de decidir sobre o setor. Dizem defender a liberdade de imprensa, mas no fundo querem somente a liberdade de empresa.
A sociedade poderá perceber os frutos dessa conferência quando: não tiver mais somente 4 ou 5 canais para assistir na TV aberta; não tiver que agüentar canais com pastores evangélicos dia e noite pregando nos poucos canais que restam; puder assistir diferentes jogos de futebol em canais diferentes; não ver a mídia local ou regional nas mãos de políticos da sua cidade; puder ter uma programação televisa diversa no domingo sem ter que optar entre Faustão ou Gugu, quando as opiniões de leitores que discordam da revista ou do jornal forem publicadas ou de ver debates com pessoas com pontos de vistas contrários, ouvir rádios comunitárias que não precisem ficar na clandestinidade, puder ouvir rádios sem o jabá, etc. Será que existe alguém que gosta dessas situações?
Tudo isso poderá mudar com a Confecom por isso ela é importantíssima para a democratização dos meios de comunicação. Para isso deve contar com todos os setores dialogando e tentando chegar a consensos mínimos para garantir a verdadeira liberdade de imprensa e de expressão. Isso poderá levar a sociedade brasileira a mudar, questionar e não ter medo de fazer isso. É uma oportunidade que não deve ser desperdiçada, mas sim ampliada e ser um instrumento de toda a sociedade e não apenas uma pequena parte desta.

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19.12.09

Manifestação a favor do câncer de pele

Sim, o título está correto, pois foi o que aconteceu em Porto Alegre e São Paulo em protestos contra a decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de proibir o uso das câmaras de bronzeamento artificial. A foto mostra bem a cara desse Brasil reacionário e ignorante e são os mesmos que se julgam a “parte informada e pensante do país”. A agência segue uma recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde), onde ficou provado que a quantidade de raios ultravioletas que saem das câmaras artificiais é 8 vezes maior do que aquela emitida pelo sol em horário de risco. A chance de desenvolver câncer de pele é 75% maior e segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que apóia a decisão da Anvisa, o uso indiscriminado leva ao envelhecimento precoce da pele. Mesmo assim, os manifestantes parecem que não sabem que vivem em um país onde o sol não falta e preferem os raios ultravioletas cancerígenos. O impressionante é ler o conteúdo dos cartazes, pois a alienação vai tão longe que escrevem Brasil com “z”, como mostra a foto. Tem mais, dizem que o país voltou a ditadura, amam o bronzeamento e que o “Lula colocou um ditador na Anvisa”. Mais uma vez, como escreve muito bem o blog da Classe Média, a culpa sempre é do Lula. Lógicamente essa decisão vai afetar um pouco o lucro das clínicas de estéticas do país e isso alimenta ainda mais o ódio e preconceito contra o governo. Vale lembrar que o câncer de pelo é o de maior incidência no Brasil e responsável por 25% dos registros de tumores malignos. É uma decisão importantíssima, além de estimular a prevenção sobre o uso de protetor solar e evitar (se puder) a exposição da pele ao sol em horários críticos (geralmente entre as 10:00 h e 16:00 h ). Essas câmaras de bronzeamento tiveram uma expansão indiscriminada pelo país e algumas, depois de velhas, continuam sendo usadas emitindo mais radiação. Mas isso não interessa as dondocas e reacionários de plantão que em decisões de saúde pública como essa quer tirar proveito político disso e insistir na ignorância.

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8.12.09

Arrependimento de um Ex-direitista

Faz pouco mais de dois anos, escrevi um artigo no meu blog e publiquei no Centro de Mídia Independente (CMI)sobre a visita que George W. Bush iria fazer ao Brasil. No artigo eu escrevi que os melhores recepcionistas ao presidente seriam os colunistas gurus da extrema-direita brasileira: Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi. Quem quiser ler esta aqui. Os dois escrevem para a revista Veja e praticam o jornalismo de esgoto. Mainardi é um playboy que conseguiu uma coluna na revista pagando para isso, pelo menos é o que dizem, e o segundo é considerado o cão raivoso da extrema-direita, o qual utiliza uma linguagem truculenta contra aqueles que consideram seus adversários, pois não rezam a sua cartilha. Reinaldo Azevedo ataca aqueles que se dirigem contrários a ele de forma pejorativa e extremamente preconceituosa. Ele tem um desafeto que é o blogueiro e economista Luís Nassif, o qual ele apelida de “mão peluda”. Também teve o caso de leitores da Folha de S.Paulo que criticaram um artigo dele e ele teve o “trabalho” de procurar o nome de cada um na internet para atacá-los pelo lado pessoal e até profissional. Nada ético pra quem quer se mostrar como pessoa séria e profissional.
Enfim, esse artigo rendeu muitos comentários no site e boa parte deles defendendo o guru. Eis que, há dois meses, recebo um e-mail de um desses que criticaram o artigo e defenderam o “esgoto”, o qual reproduzo aqui mantendo o nome dele em sigilo:

“Meu caro João,
Chamo-me ####### ###### ##### e, certa vez, escrevi um comentário a respeito de um texto de tua autoria, que tratava do Reinaldo Azevedo. Se não me engano, Reinaldo Azevedo: Pit-bull de extrema direita. Então, à epoca, eu, ingenuamente, era afinado com os ditames a direita (pois é, coisas da juventude). Escrevi coisas elogiosas ao senhor Reinaldo, esse pit-bull de extrema direita, e, automaticamente contra a Esquerda. Enfim, o que acontece hoje é que não tenha a menor afinidade com a direita, muito menos com reinaldo azevedo, sujeito que me decepcionou muito, assim como qualquer direitista. Entrei na Faculdade de Jornalismo e, incrível, minha mente abriu. Então, como se você colocar meu nome no google, vai aparece lá , na página do CMI Brasil, meu cometário associado ao nome de reinaldo azevedo. Aquilo me entristece muito. Ter meu nome associado ao dele, me entristece muito. Gostaria de saber se você tem como me ajudar a tirar meu comentário, que está postado no fórum CMI Brasil. Aquilo é uma mácula no currículo de qualquer um.
Aguardo resposta.
Abraço.”

Isso me surpreendeu, pois é muito comum ver ex-esquerdistas transformarem-se nos reacionários mais extremos. Isso ocorre, pois é muito mais fácil ser de direita, pois para isso é só aceitar todos os preconceitos existentes e acha-los normais, generalizar tudo e ver as relações sociais, econômicas e políticas de maneira simplista. É assim que a maior parte da direita age, ou melhor, agem por instinto. Por isso que sempre brinco dizendo que os súditos do blog do pit-bull da extrema-direita são os poodles adestrados que apenas repetem o que ele acha.
Para terminar, mandei e-mail agradecendo á ele e perguntei o porque dessa desilusão com o guru. Eis a resposta:

“Beto, a decepção veio em vários aspectos. Não cabe elencar. Por motivos muito importantes e particulares, não posso expor meu nome.Esse é um dos motivos para eu tentar tirar aquele texto do CMI, além da desonra de ter meu nome associado "àquele".”

Portanto, é assim que as pessoas quando adquirem senso crítico e começam a enxergar as manipulações mentirosas desses “formadores de opinião” da grande imprensa brasileira se sentem: com vergonha de ver seus nomes associados aos desses trogloditas.

OBS: O desenho acima representa bem o guru esgoto que cito no texto.

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1.12.09

O filho de FHC: pesos e medidas diferentes

Finalmente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) reconheceu o filho dele com a jornalista da Rede Globo Miriam Dutra. O fato espanta não por FHC reconhecer o filho somente após 18 anos, mas sim o silêncio complacente da imprensa brasileira. Alguns vão dizer que isso é pessoal e não deveria ser explorado pela imprensa e nem politicamente. Também acho, só que isso não acontece, pois é só lembrar dois casos: a filha do Lula na eleição com o Collor e o mais emblemático é o filho do senador Renan Calheiros com uma também jornalista Mônica Velloso. Parece que a promiscuidade da imprensa com os políticos é bem mais forte do que se imagina. No caso do Lula o caso foi explorado pela mídia na época e politicamente pela campanha do Collor. Em editorial, o jornal O Globo escreveu que a população tinha o direito de saber sobre o caso do Lula. O segundo caso, do Renan Calheiros, foi explorado mais o caso do filho dele com a jornalista do que as denúncias contra as empreiteiras. Por que será? Será que é devido todas as siglas partidárias terem o rabo preso com as empreiteiras? Por que a grande imprensa brasileira silenciou todos esses anos sobre esse filho do FHC?
Lembro que apenas a revista Caros Amigos denunciou o fato e pra quem eu dizia isso, achavam que era teoria da conspiração, pois como sempre afirmo se não sai na Veja ou não passa no Jornal Nacional, então não é verdade.
O caso ocorreu quando FHC era senador em 1992 e já era casado com Dona Ruth, a qual ficou mal nessa história, mesmo que pos-mortem. A repórter-mãe do filho de FHC foi “exilada” fora do país pela Globo. Nas eleições para a sua presidência, FHC amigo das famiglias que formam o oligopólio da imprensa brasileira, conseguiu o silêncio destes. Parece que o próprio Lula não deixou isso ser usado politicamente nas suas campanhas contra FHC. Alguns dizem ainda que a mídia cobrou FHC depois quando ele aprovou emenda constitucional permitindo a entrada de até 30% de capital estrangeiro nas mídias brasileiras, após a desvalorização do real.
Agora algumas perguntas: Por que a Globo defendia que o caso da filha do Lula era de interesse público e o filho do FHC não? Imaginem se a repórter da Globo resolvesse escancarar o negócio e fazer algo parecido como que fez a jornalista Mônica Velloso? Com certeza, FHC não seria eleito, pois ele teve até que mentir e dizer na época que não era mais ateu, pois sabia que essas coisas influenciam (infelizmente) na eleição. Prova disso é o caso da Marta Suplicy que ficou estigmatizada por ter se divorciado do marido e casado com outro, o que influenciou na sua derrota para a prefeitura na época.
No caso Renan Calheiros, o qual foi aliado de FHC e também líder do seu governo, foi relevado que um lobista pagava a pensão do filho dele. Quem pagava a pensão do filho do FHC? Até agora a imprensa não se debruçou sobre isso e nem vai faze-lo, pois no caso do Renan o que importava era atingir o governo Lula custasse o que for. Por que Renan Calheiros nunca foi incomodado pela imprensa quando era aliado de FHC? O pior é que mesmo agora com FHC reconhecendo o filho, a mídia está tentando retrata-lo como um “pai pródigo”, o qual visitava o fiho uma vez por ano e até foi na sua formatura. Que história linda! Sem contar que há o caso da filha "oficial" de FHC que era empregada no gabinete do senador Heráclito Fortes (DEM, ex-PFL), recebia 7 mil reais por mês e não comparecia no gabinete. Sobre isso também nenhum alarde da mídia e nem aqueles moralistas de plantão falaram algo sobre o assunto. É o peso e medidas diferentes que a imprensa brasileira usa todos os dias nos assuntos políticos do país. A balança sempre pende favoravelmente para o lado tucano. Por que será?
Para demonstrar esse total engajamento político da grande mídia tupiniquim destaco uma ótima observação do jornalista Luiz Antonio Magalhães no seu blog Entrelinhas sobre a manchete do sábado (14/11/09) do portal UOL, que é parceiro da Folha de S. Paulo:
“Rodoanel (SP): Petistas usam acidente para atacar José Serra”
Aliás, o Serra mesmo depois desse acidente, autorizou cobrar pedágio no Rodoanel! Esses tucanos devem ter algum fetiche com pedágio, não é possível. Ou será que os pedágios são uma grande fonte de caixa dois do partido?
Agora pergunto: Alguém viu alguma manchete dizendo : “Apagão: Tucanos usam blecaute para atacar Dilma Roussef”?
Com certeza não, pois a campanha eleitoral já começou e a imprensa participa ativamente do jogo político e age como assessores do candidato José Serra. É a Organizações Serra em ação tentando (mas não consegue) fazer uma imagem ruim do Brasil enquanto a imprensa séria lá fora como a The Economist, traz capa dizendo que o Brasil decola.

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11.11.09

A situação da saúde pública em Piracicaba

A situação da saúde pública em Piracicaba esta sendo o calcanhar de aquiles do prefeito Barjas Negri. O prefeito, que é ex-ministro da saúde, é um prefeito popular na cidade, pois conquistou muitos votos e eleitorado fazendo obras, em especial as relacionadas ao trânsito. Isso parece ser prioridade para a prefeitura, pois enquanto isso não só a saúde vai mal, mas também outros serviços essenciais como a coleta de lixo e transporte público.
A situação do lixo na cidade se arrasta faz alguns anos, pois tem que exporta-lo para Paulínia e com isso se gasta mais dinheiro e também não há uma política séria sobre a reciclagem.
O transporte público é caro, pois a passagem para aquele que tem o cartão TIP (Terminal Integrado de Piracicaba) custa R$ 2,30 e para quem compra a bordo, custa R$ 2,55! É um absurdo, pois não há cobradores nos ônibus e a condição de boa parte da frota é antiga e precária.
Já a saúde não é de hoje que é motivo de reclamação por parte da população piracicabana. Há falta de médicos nos pronto-socorros e esses estão travando uma briga com a prefeitura, pois denunciam as más condições para o exercício da medicina, como por exemplo, alegam que um médico com 12 horas de plantão chega a fazer 120 atendimentos. A prefeitura já acusa os médicos de serem os culpados pela situação por faltarem e o prefeito até ameaçou de colocar na internet o nome dos médicos que faltassem. A culpa é de todos, pois há médicos “folgados” que negligenciam atendimento e enrolam muitos pacientes que esperam horas nas unidades de pronto-atendimento e a prefeitura também é inepta, pois não oferece plano de carreira decente e salários mais compatíveis e a gestão da pasta deixa muito a desejar. Portanto, não é colocando a população contra os médicos que a situação melhorará, pois o poder público também tem uma parte significativa nesse processo. Acho que o prefeito Barjas deveria aproveitar e colocar o nome e horário daqueles que ocupam cargos de confiança não só da pasta da saúde, mas de toda a prefeitura.
A imprensa da cidade cobre discretamente esse embate, mas é estranho que os articulistas e editorialistas façam pouco caso, pois, a maioria nem comenta esses assuntos aqui, pois parecem ter medo. A situação dos serviços públicos poderá mudar quando, pelo menos, todos os políticos forem obrigados a usá-los. Na educação, os filhos destes deveriam ser matriculados somente em escolas públicas e na saúde, só poderiam usar o serviço público. Garanto que o prefeito, seus secretários e funcionários, inclusive os da pasta da saúde, e todos os políticos da cidade não utilizam os pronto-socorros. Quem sabe se eles fossem usuários desse sistema público a situação não seria diferente.
As melhores reportagens que eu vi até agora, por incrível que pareça, foram feitas pela EPTV Campinas sobre a situação da saúde pública piracicabana. A primeira reportagem foi questionadora e pegou de surpresa os funcionários e a prefeitura e na segunda a equipe voltou em dia de semana e constatou a mesma situação do final de semana. Ouviu todos os lados e fez jornalismo mesmo. Assista aos vídeos abaixo, pois são esclarecedores.
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30.10.09

Serra pode, Lula não pode!

Faz alguns dias que os meios de comunicação brasileiros estão alardeando sobre a suposta campanha eleitoral antecipada de Lula e Dilma Roussef, devido a visita deles ao Rio São Francisco. Os principais grupos midiáticos do país: Folha, Estado, Globo, Bandeirantes e Abril, são apêndices essenciais dos partidos de direita e oposição ao governo Lula, em especial o PSDB. Ora a oposição pauta a imprensa, mas é mais a imprensa que pauta a oposição, tanto que dá até puxão de orelha neles dizendo como agir contra o governo, como fez a Miriam Leitão recentemente em artigo intitulado "O papel da oposição" no jornal O Globo. A oposição esta “debatendo” freneticamente sobre a visita do presidente ao rio São Francisco, inclusive o senador Agripino Maia (DEM), usa o jornal Estadão para fazer suas críticas. O senador não fez críticas ao projeto, que seria muito mais útil, mas apenas leu o jornal, ou seja, a ideia não era dele, mas sim do Estadão. A imprensa reverbera e alimenta o discurso falso e hipócrita da oposição e todos os dias fica batendo na tecla da campanha antecipada, devido as visitas de Lula e a ministra as obras federais.
Agora não é só a imprensa e oposição batendo forte em cima do governo, mas contam com uma ajuda de peso que é a atuação claramente política do presidente do STF (superior tribunal federal) Gilmar Mendes. Aquele que ficou tão sensibilizado pela prisão do banqueiro Daniel Dantas, que concedeu dois hábeas corpus em menos de 48 horas e iniciou uma campanha frenética contra o uso de algemas em prisões feitas pela PF em criminosos do colarinho branco. O ministro se comporta mais como um membro partidário de oposição do que como ministro da mais alta corte de justiça do país. Ele emite opiniões antecipadas sobre assuntos que eventualmente poderão e serão analisadas pelo STF como esse da suposta campanha eleitoral antecipada de Lula. É um absurdo, mas como ele adora os holofotes da mídia, contribui para aumentar o coro oposicionista ao governo.
O interessante é que a imprensa não diz nada sobre as visitas a obras e inaugurações do outro presidenciável que é o governador de São Paulo, José Serra. Serra pode, Dilma não pode. O governador esta gastando mais em publicidade do que em educação e parece que isso agrada os veículos de comunicação. Serra é governador do estado de são paulo e visita pelo menos uma vez por mês o Nordeste e isso não é campanha eleitoral antecipada, mas o Lula que é presidente do país ir no nordeste, ai sim. Outro dia vi uma reportagem da EPTV Campinas que mostrou José Serra inaugurando um trecho de uma rodovia aqui na região e após isso ele saiu cumprimentando os motoristas dos carros que estavam parados esperando o "comício", quer dizer, inauguração terminar e só faltou entregar “santinhos”. Isso não seria uma campanha política antecipada? É lógico que é, mas isso todos os políticos que estão no poder, seja no âmbito municipal, estadual e federal, fazem durante todo o mandato. A mídia ignora a campanha eleitoral antecipada do Serra, pois é o candidato que querem eleger ano que vem. Aliás, a mídia sempre favoreceu os candidatos tucanos nas eleições presidenciais e por isso blinda o candidato e seu partido de denúncias e crises.
Para finalizar e mostrar como exemplo didático da manipulação da grande imprensa para favorecer José Serra é essa foto tirada durante um protesto do MST contra a privatização da Cesp em abril de 2008.

Na placa de trânsito da foto original estava escrito “Fora Serra”, mas na reportagem da revista IstoÉ a foto foi adulterada e tirada essa frase. Por que será que a revista intencionalmente fez isso? Isso comprova a que grau chega a manipulação da grande imprensa brasileira para favorecer seus candidatos e partidos de preferência. Esse é o engajamento político midiático a que somos expostos todos os dias quando lemos os jornalões e revistas e assistimos aos telejornais.




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26.10.09

O partidarismo ideológico do Jornal Nacional

O Jornal Nacional da Rede Globo mostrou mais uma vez seu partidarismo e propaganda ideológica em uma “reporcagem”, a qual era sobre a tentativa de reeleição do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. Nesse caso os juízes rejeitaram a decisão da Suprema Corte do país e disseram se tratar de um golpe de estado.

Até aí nada de mais, até que Fátima Bernardes da exemplos de outros presidentes da América Latina que também mudaram a constituição para permitir a reeleição. Os citados foram: Hugo Chávez (Venezuela), Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia), Álvaro Uribe (Colômbia)e mentem no último exemplo quando citam Manuel Zelaya, dizendo que tentou mudar a constituição para permitir sua reeleição. A verdade é que Zelaya não estava propondo mudar a constituição para permitir sua reeleição, mas sim uma consulta a população se poderia colocar mais uma urna na eleição (a qual não participaria)para saber se o povo era a favor de uma assembléia constituinte. Ainda nos exemplos, diz que Uribe espera aprovação em consulta popular e não diz que os outros presidentes também mudaram a constituição consultando a população antes. Tudo para manipular a notícia para que os três primeiros parecessem ter conseguido a reeleição sem respaldo popular. Portanto, o jornal distorceu totalmente os fatos para fazer sua propaganda ideológica.

É incrível a desfaçatez da Globo em “omitir” que FHC (o príncipe sociólogo da imprensa) também mudou a constituição para permitir sua reeleição. Aliás, manobra essa que contou com compra de votos, sem nenhuma consulta popular e com total apoio da grande imprensa. Tudo para satisfazer o oportunismo político de FHC e tucanos. Será que eles esqueceram da reeleição comprada dos tucanos? Nada disso, é o partidarismo em véspera de ano eleitoral que tentará de tudo para eleger José Serra. A vantagem dos tucanos é que nem precisam gastar muito o caixa-dois com propaganda eleitoral, pois têm os principais veículos de comunicação (Globo, Bandeirantes, Folha, Estadão e Veja)trabalhando incessantemente a favor deles. É a manipulação partidária que é passada pra população diariamente. Para ver a "reporcagem" assista o vídeo abaixo:

OBS 1: A dica da reportagem foi do blog Cloaca News

OBS 2: "reporcagem" é termo utilizado pelo jonalista Antônio Mello autor do Blog do Mello, para se referir as "reportagens" da grande imprensa.


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16.10.09

A culpa do Lula e a Classe Média

Venho através desse artigo complementar tardiamente aquele outro artigo que escrevi sobre a classe mé(R)dia, da qual também faço parte. Não conhecia o blog Classe Media Way of Life, o qual escreve dicas de como se comportar como a classe média brasileira. As dicas são perfeitas e se encaixam perfeitamente no perfil da nossa classe média, a qual me incluo. Até agora não parei de dar risada com elas. Destaco a dica sobre a culpa do Lula, pois isso já virou um clichê da imprensa, a qual a classe média acata sem questionamento. Na grande imprensa e no imaginário dos médio-classistas que se dizem “informados”, só existem crises federais. Aqui em São Paulo, por exemplo, denúncias de corrupção sobre o caso Alstom, briga campal entre as polícias, desabamento de obras do metrô e tantas outras que aconteceram por aqui não repercutiram como crises paulistas ou correlacionando-as ao partido que governa o estado. Simplesmente nada, mas acaso o governo do estado fosse petista, ai a história seria outra.
Por enquanto reproduzo aqui 3 dicas primordiais de como uma pessoa de classe-média age:
“Dica 032 – Colocar a culpa no Lula
"Culpa do Lula" é um expediente médio-classista que caracteriza qualquer coisa que possa dar errado no Brasil. É um híbrido de "transferência de responsabilidades" com "senso de posição social", dois conceitos interligados que compõem a filosofia de vida da Classe. Logo, para ingressar neste grupo especial da nossa sociedade, será necessário aprender a vincular o nome do ex-metalúrgico a qualquer evento ou constatação negativa que envolva o Brasil. Afinal, não basta ignorar o presidente. A revista, a tevê, o jornal e tudo aquilo em que você acredita urram para que você o odeie. Obedeça.
Um bom estudo de caso consiste na observação das reações e do posicionamento da Classe Média em relação à disputa para sede das Olimpíadas de 2016.Imagine voltar a alguns dias antes da escolha da cidade sede dos Jogos Olímpicos. Como bom membro da Classe Média, você primeiramente duvidaria, com todas as suas forças, da capacidade do governo brasileiro conseguir uma coisa dessas. Culpa do Lula. Um país tão bagunçado assim nunca será capaz de trazer pra cá um evento tão importante, de gente civilizada, uma coisa tão grandiosa e que nos traria tantos benefícios. Nosso presidente é despreparado e a comunidade internacional não o leva a sério. Culpa do Lula de novo.
Com o passar dos dias, a televisão (sua janela límpida e cristalina para a verdade sobre o mundo) lhe informaria que as chances são reais. E se o Rio vencer, não haverá culpa de nada para imputar no Lula. Isto seria capaz de botar em parafuso a cabeça do cidadão, tal qual um software mal programado com erro de sintaxe - um legítimo fatal error. Felizmente o cérebro humano possui mecanismos que impedem esse tipo de conflito: o médio-classista automaticamente começa a reconsiderar sua opinião sobre os Jogos Olímpicos, uma forma de desfazer esse nó nos neurônios.
O Rio está quase ganhando. A partir desse momento, o cidadão de Classe Média já conjectura se ser sede de Olimpíadas é realmente bom para o Brasil. Afinal, somos um país de terceira, violento, corrupto e pobre. Culpa do Lula. Tomara que o Rio perca. Aí, sai o anúncio: o Rio venceu. Agora, o médio-classista tem certeza de que isso é ruim. Além de ser um desrespeito com o Primeiro Mundo, um evento desse porte tem tudo para ser um fracasso em terras brasileiras. Vão desviar esse dinheiro, que deveria ser investido em educação e saúde (finja que você se importa, não interessa se você é usuário de educação e saúde privadas). E o dinheiro dos seus impostos vai pra mão dos políticos, que vão roubar quase tudo. Culpa do Lula (ignore que ele não será o Presidente em 2016).
Conclusão: para ser da Classe Média, a “Culpa do Lula” precisa ser uma entidade tão sagrada para você, que te faça torcer com ardor e sinceridade para que o Brasil perca essa ou qualquer disputa. Pois só assim você poderá pronunciar "culpa do Lula", em tom de palavras mágicas, sentando em seu sofá quentinho e macio, cercado pelas grades do condomínio, tomando seu café e vestido com seu roupão felpudo. Esta será a sua fórmula para dormir tranquilo depois do Fantástico.”
“Dica 006 – Ler a Revista Veja
Se você quer ser da Classe Média, Veja é leitura obrigatória. Não é uma revista qualquer, é uma espécie de "manual de conduta". Na verdade, esta revista facilitará muito a sua vida, porque ela serve como guia para você pautar suas opiniões.
Na verdade, a parte das "suas opiniões" será muito facilitada, porque você não precisará elaborá-las. Tudo o que você precisa pensar sobre qualquer coisa e qualquer pessoa, principalmente na área da política, estará detalhado nas páginas da revista.
Destaque para o time de colunistas, como Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi, que você não deve hesitar em ter como gurus. Em qualquer roda de amigos médio-classistas, basta citar alguma opinião desses dois para dar início a um animado debate-de-comadres, daqueles em que todos concordam entre si, mesmo que indignados com os fatos da vida neste país onde vocês odeiam viver.”
“Dica 011 – Ser contra o Bolsa-Família
Um dos grandes absurdos deste país, para a Classe Média, é essa história de o Governo Federal ajudar pobre. Você, aspirante a médio-classista, precisa aprender a se revoltar contra isso.
Para os integrantes da classe, está sendo cometida uma grande inustiça. Por que, afinal, só alguns podem receber benefícios, enquanto ninguém ajuda quem quer pagar a prestação do carro, o colégio das crianças e as aulas de tênis? Só um país injusto como o Brasil, com o presidente que tem, seria capaz de algo assim.
Logo, o indicado é você pensar que o Lula está querendo ajudar a turminha dele (os pobres do País) e excluindo você das benesses do Estado. Então, reclame que em tudo o que acontece no Brasil, quem paga é a Classe Média. Porque os pobres são assim porque são preguiçosos. Não gostam de trabalhar. E recebendo R$80 todo mês do Governo, aí que não vão trabalhar mesmo! Eles que aprendam com você, trabalhador incansável, se um dia quiserem ter um carro zero igual ao seu!
Depois de aprender a se indignar, passe a defender, entre rodadas de uísque com os amigos, ou nas comunidades de gente "selecionada" na internet, coisas como a criação da Bolsa-Classe-Média, para garantir que o absurdo que você paga de imposto volte pra você, na forma de aulas de balé para a filha, equitação para o filho e um auxílio-guarda-roupa para sua digníssima esposa. Afinal, você já trabalha demais. E esses pobres que cortem mais cana!”

Obs: Agradeço ao Murillo pelo toque do blog!
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6.8.09

Os Novos Consensos da Imprensa Brasileira

O comportamento da imprensa brasileira em relação à assuntos de política internacional sempre foi pautada pela visão norte-americana de enxergar o mundo. Até hoje, nós sabemos muito mais do que acontece internamente nos EUA do que nos países vizinhos da América do Sul. Vale sempre lembrar que a mídia apoiou o golpe de 64 e até ajudou a transportar presos políticos para os centros de tortura, como é o caso da Folha de S. Paulo que disponibilizava suas peruas da Folha da Tarde (como era chamada na época) para isso. O período da guerra fria ajudou os grandes grupos de comunicação a literalmente fabricar consensos em torno do “perigo vermelho” ou “comunista”. Todas as ações brutais de ditaduras latino-americanas e intervenções militaristas dos EUA em países da América Central eram “justificadas” pelo medo do comunismo. O muro de Berlim caiu, mas alguns até hoje crêem em uma armação das esquerdas que estão tomando o poder através dos processos eleitorais para implantar de vez o comunismo no mundo. A imprensa brasileira seguiu e segue os ditames e formulações do departamento de defesa dos EUA para classificar “bons” e “maus” governos. Se George W. Bush disse que o Irã, a Coréia do Norte e o Iraque eram o “Eixo do Mal”, então a mídia repetia isso e pronto, eles são do mal. As outras ditaduras, inclusive árabes, apoiadas até hoje pelos Estados Unidos, tudo bem. Como os EUA não tinham mais o comunismo como inimigo a ser combatido, então veio a guerra as drogas e o terrorismo islâmico e com isso puseram em prática novamente métodos de tortura e invasão de países afora. Por aqui a imprensa prega o medo do “chavismo” ou “neo-populismo”, pois qualquer governo que tenha políticas públicas distributivas objetivando os mais pobres, pronto, já é tachado de populista. Aqui a verborragia de analistas e jornalistas é contra Bolsa-Família e cotas. Por que será que isso incomoda tanto se o dinheiro destinado à bolsa-família, por exemplo, é um pingo no oceano nos gastos do governo? Será que é porque são políticas públicas voltadas para pobres e negros? Mera coincidência, com certeza.
A imprensa brasileira tem como novo Fidel Castro a ser demonizado o presidente venezuelano Hugo Chàvez. Embora tenha perfil autoritário, não é um ditador, mas isso não importa, pois o que importa é jogar essa pecha nele. Aqui no Brasil, as manifestações de estudantes sempre são criticadas e rechaçadas pela imprensa, ainda mais se for contra o candidato deles que é o José Serra. Na Venezuela ou na Bolívia eles são as vítimas, pois lutam pela “democracia”. Qualquer país que se aproxime da Venezuela o faz por motivos “ideológicos” segunda a nossa mídia. Frequentemente a grande imprensa bate forte na política externa do governo dizendo que é guiada por ideologias. Nada a ver, pois quem é ideológico é a imprensa, pois se um país não aceita ter relações diplomáticas e econômicas com a Venezuela, por causa das idéias do seu presidente, isso sim é ser ideológico.
Aliás, Hugo Chávez virou o falso pretexto perfeito para a direita latino-americana ressuscitar o medo do socialismo, agora bolivariano. Com isso estão tentando “justificar” o golpe militar em Honduras e agora recentemente a instalação de bases norte-americanas na Colômbia. Nesse caso, Álvaro Uribe é o presidente predileto e modelo da nossa imprensa, mesmo ele tendo relações muito amistosas com narcotraficantes e paramilitares. A guerra às drogas implantada pelos EUA através de bilhões de dólares destinados principalmente à Colômbia se mostrou ineficaz e falsa, pois tanto a produção quanto o consumo de entorpecente cresceu no mundo. Um exemplo grotesco desse jornalismo engajado ideológicamente daqui foi quando vi Boris Casoy, em mais um de seus comentários reacionários, dizer que a instalação de bases militares dos EUA na Colômbia era justificada devido a “ameaça chavista”. A mídia fica alardeando sobre as compras de armamentos do governo venezuelano, mas se esquece que os países que mais gastam com exército na América Latina são Brasil e Colômbia. Alguns até recuperam os clichês da Guerra Fria dizendo que o perigo é que Chàvez está se aproximando dos russos. Como se vê a paranóia anti-esquerdista ainda esta viva na América Latina, pelo menos nos grandes meios de comunicação.
OBS: Esse artigo foi publicado no site do Observatório da Imprensa nesse endereço:
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=550FDS014
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4.7.09

Essa é a cara da Elite Brasileira

Se no outro texto uma música descreveu a nossa classe mé(r)dia, agora uma pequena reportagem do repórter Elcio Coronato da MTV News mostra um pouco da cara da elite brasileira. Aquela elite que alguns perguntam quem é, pois acreditam que isso não existe ou que é coisa de "esquerdistas" querendo "dividir a sociedade em classes". Para esses ingênuos eu digo que a sociedade já é dividida há muito tempo, ou melhor, sempre foi. Desde a época da Casa Grande e Senzala, isso continua até hoje.
Confiram, pois é uma imagem que vale por mil palavras:



Vale observar que não há uma única pessoa afro-descendente durante a reportagem toda. Lógico que deve haver algum negro no local, mas deve estar de segurança, garçon ou limpando o banheiro para os "bacanas" que queimam R$ 150,00 e acendem charutos queimando notas de R$ 5,00. É a elite branca e preconceituosa (o que o cara quis dizer com "público bem selecionado"?) e nesse caso é a de São Paulo mostrando a sua cara. Garanto que toda cidade tem a sua elite que segue esse mesmo padrão de comportamento e pensamento.◦
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30.6.09

Classe Mé(r)dia

Eu iria escrever sobre a classe média, como ela é ridícula e outras coisas mais. Mas há uma música que a descreve perfeitamente. A música é do compositor e cantor Max Gonzaga e o vídeo da música é esse:



Essa é a letra perfeita sobre a nossa classe mé(r)dia, que adora discursos moralistas, mas é extremamente preconceituosa e corrupta. Ou seja, é a cara do Brasil.
Confiram:

“Classe Média”
“Sou classe média


Papagaio de todo telejornal

Eu acredito

Na imparcialidade da revista semanal

Sou classe média

Compro roupa e gasolina no cartão

Odeio "coletivos"

E vou de carro que comprei a prestação

Só pago impostos

Estou sempre no limite do meu cheque especial

Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual

Mas eu "to nem ai"

Se o traficante é quem manda na favela

Eu não "to nem aqui"

Se morre gente ou tem enchente em Itaquera

Eu quero é que se exploda a periferia toda

Mas fico indignado com estado quando sou incomodado

Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão

O pára-brisa ensaboado

É camelo, biju com bala

E as peripécias do artista malabarista do farol

Mas se o assalto é em moema

O assassinato é no "jardins"

A filha do executivo é estuprada até o fim

Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa

De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal

E eu que sou “bem informado” concordo e faço passeata

Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal

Porque eu não "to nem ai"

Se o traficante é quem manda na favela

Eu não "to nem aqui"

Se morre gente ou tem enchente em itaquera

Eu quero é que se exploda a periferia toda

Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta

Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida”

Depois dessa é como disse Tim Maia: “O Brasil é o único país onde prostituta tem orgasmo, cafetão tem ciúme e traficante é viciado. E pobre é de direita”.
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24.5.09

Racismo à Brasileira

Em 1845, Charles Darwin escreveu em seu Journal sobre o convite de um amigo para ir aos Estados Unidos: "Agradeço a Deus nunca mais ter de visitar um país escravagista. Até hoje, quando ouço um grito distante, ele me faz lembrar com dolorosa vivacidade meus sentimentos, quando, passando em frente a uma casa próxima de Pernambuco (na verdade era Recife), eu ouvi os mais penosos gemidos, e não podia suspeitar que pobres escravos estavam sendo torturados. Perto do Rio de Janeiro eu morava em frente à casa de uma velha senhora que mantinha torniquetes de metal para esmagar os dedos de suas escravas. Eu fiquei em uma casa em que um jovem caseiro mulato, diariamente e de hora em hora, era vituperado, espancado e perseguido o suficiente para arrasar com o espírito de qualquer animal. Eu vi um garotinho, de seis ou sete anos, ser castigado três vezes na cabeça com um chicote para cavalo (antes que eu pudesse interferir) por ter-me servido um copo d` água que não estava limpo".
Não vou escrever mais um texto sobre os 200 anos de Charles Darwin e nem sobre os 150 anos da publicação do livro, que revolucionou e abalou o mundo, "Origem das Espécies". Li esse trecho na revista Carta Capital, sobre sua passagem no Brasil e nela ele relata com encanto as maravilhas da fauna e flora do país, mas também revela uma antipatia e nojo do povo brasileiro e um dos motivos é esse descrito. Darwin era abolicionista e por isso tinha tanto ódio de presenciar essas cenas que ele descreveu. Esse relato de Darwin, porém, mostra um pouco da raiz do racismo no Brasil. Um país que passou 300 anos explorando o trabalho escravo e há apenas 121 aboliu essa prática odiosa, carrega uma herança racista, tão presente nos dias de hoje.
Embora muitos achem que o Brasil não é racista, os fatos do dia a dia contradizem essa premissa. O Brasil têm aproximadamente metade da população afro-descendente e é o maior país negro fora do continente africano. Mas onde estão eles?
Vou começar por onde eles não estão ou são raros. Nas propagandas, a presença de afro-descendentes é mínima e cito como exemplo a fachada de um ônibus interurbano que sempre vejo nas ruas. Embaixo do nome da empresa, bem grande, está estampada uma família "feliz" e sorridente e todos são brancos de olhos claros. Parece uma típica família norte-americana. Sempre imagino a reação das pessoas se fosse uma família inteira negra! Nos telejornais e programas televisivos a presença deles é pouca também. Imagine como seria um Big Brother onde a maioria seria negra e colocassem apenas um ou dois brancos como faz a produção do programa só que ao contrário? Em alguns locais de trabalho como bancos e grandes empresas são poucos os funcionários negros e em cargos de chefia é pior ainda. Nas maiores empresas brasileiras, somente 3,5% desses cargos são ocupados por afro-descendentes. Nas passarelas da moda são raros modelos negras e negros e aqui no Brasil sugeriram cotas para eles nos desfiles. Destaco aqui uma frase que resume bem o que realmente pensa aqueles que são contra qualquer tipo de cota: "Na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem. Muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas. Tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?" GLÓRIA COELHO estilista, sobre cotas raciais nos desfiles da SP Fashion Week, na Folha. Nos tribunais e na política em geral, os negros são minoria também.Outro lugar onde é difícil de ver afro-descendentes são as escolas particulares e as universidades, principalmente as públicas. É só entrar em qualquer classe de escola particular verá que se tiver um aluno negro já é um milagre. Na faculdade, por exemplo no meu caso, só havia uma aluna afro-descendente na minha sala e na universidade que era particular, em geral, a cena era a mesma. Dentre as públicas a situação é pior, pois na USP os negros não chegam a 2% e é fácil constatar isso. É só dar uma volta aqui na Esalq pra contar quantos estudantes são afro-descendentes. No nível docente o índice é menor ainda, pois não chega a 1%.
As cotas se inserem nesse contexto de injustiça que perdura há anos na universidade brasileira. O pior é que antes ninguém se importava em melhorar o ensino público para que os afro-descendentes tivessem mais chances de ingressar na faculdade, mas agora por causa das cotas, há uma gritaria geral da classe média e alta branca que se sente "injustiçada". Dizem que tem que ser cota por renda, mas um pobre branco infelizmente ainda tem mais chances que um pobre negro. Há os paranóicos que enxergam conspiração em toda iniciativa do governo e dizem que isso é "obra do PT" que quer dividir o país e outras besteiras. Como se só agora as pessoas passariam a discriminar a outra devido a sua cor de pele. Raças, do ponto de vista da evolução, não existem na espécie humana, mas o racismo existe. Mas volto a pergunta que fiz anteriormente: onde eles estão?
Vou responder de acordo com o que eu e todo mundo vê diariamente. Quando entro em bancos, empresas, repartições públicas, consultórios, escolas particulares, universidades, bares, casas noturnas, shopping e clubes vejo os afro-descendentes trabalhando como seguranças, garçons e fazendo o serviço de limpeza geral, assim como descreveu a estilista da frase anteriormente citada. Ai eles são maioria, como também em outros lugares como favelas e presídios. É maioria entre os pobres (cerca de 70%), mortos pela polícia e entre os desempregados. Vêem-se negros bem-sucedidos somente no futebol e na música. Mas parece que isso não é visto por alguns que acham que tudo isso é natural e só é assim por culpa dos próprios afro-descendentes.
O racismo perpetua-se através das brincadeiras e frases que crescemos ouvindo como: "Que serviço de preto" quando algo é malfeito ou "Negro correndo é ladrão, parado é suspeito". Aliás, essa última frase é aplicada inclusive pelas suspeitas dos próprios seguranças que na maioria das vezes tem o mesmo perfil dos "suspeitos". Ou seja, são os negros que perseguem os negros que seus chefes brancos tanto temem. São essas frases e outras piores que já ouvi e continuam circulando por ai. Quem nunca viu quando um afro-descendente sai de uma roda de turma onde todos são brancos e se dizem seu amigo, debocharem e fazerem piadas sobre sua cor? Se este fizer algo errado a frase típica ouvida é: "Tinha que ser preto mesmo". Os xingamentos são vários sendo o mais comum: "macaco". Há aqueles que dizem ainda que os brancos não são racistas, pois "quem tem preconceito são os negros! ". Até hoje os relacionamentos ditos "inter-raciais" são mal vistos por muitas famílias.
Há pessoas que por causa do sobrenome, assim como o meu, gostam de primeiro mostrar sua descendência européia para depois se afirmar como brasileiro. Novelas e reportagens sobre colonos europeus parecem querer mostrar somente uma parte do Brasil.
Ao contrário do que diz o título do livro "Não somos Racistas", do diretor de jornalismo da Globo Ali Kamel, eu afirmo que sim, infelizmente, somos racistas. Toda essa desigualdade não é por acaso e temos em nosso país uma espécie única de racismo como um prato típico daqui: o racismo à brasileira.
Para finalizar deixo transcrito aqui uma letra de um rapper brasileiro chamado GOG, que mostra qual é a cara do nosso país. A música se chama "Brasil com P" e se fosse um Chico Buarque ou qualquer outro desses grandes nomes que tivessem escrito essa letra, seria tida como uma das melhores da MPB.
"Brasil Com P"
Pesquisa publicada prova
Preferencialmente preto
Pobre prostituta pra polícia prender
Pare pense por quê?
Prossigo
Pelas periferias praticam perversidades
Pm's
Pelos palanques políticos prometem prometem
Pura palhaçada
Proveito próprio
Praias programas piscinas palmas
Pra periferia
Pânico pólvora pa pa pa
Primeira página
Preço pago
Pescoço peitos pulmões perfurados
Parece pouco
Pedro Paulo
Profissão pedreiro
Passatempo predileto
Pandeiro
Preso portando pó passou pelos piores pesadelos
Presídio porões problemas pessoais
Psicológicos perdeu parceiros passado presente
Pais parentes principais pertences
PC
Político privilegiado preso parecia piada
Pagou propina pro plantão policial
Passou pelo porta principal
Posso parecer psicopata
Pivô pra perseguição
Prevejo populares portando pistolas
Pronunciando palavrões
Promotores públicos pedindo prisões
Pecado pena prisão perpétua
Palavras pronunciadas
Pelo poeta irmão..
OBS: a foto foi tirada do blog do jornalista Rodrigo Vianna.

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21.4.09

Vereador Piracicabano acusa siderúrgica por poluição

Há alguns dias o vereador Laércio Trevisan Júnior (PR) disse na câmara dos vereadores de Piracicaba que a empresa Arcelor Mittal (antiga Belgo) é poluidora e não faz programa social e ainda afirmou que essa poluição estava gerando câncer em gatos e cachorros da região. É uma acusação grave e deveria despertar a atenção da população e dos outros vereadores sobre o assunto. Mas o que ocorreu foi o contrário, pois os vereadores tucanos José Luiz Ribeiro e o Longatto (aquele que assumiu a compra de votos) ficaram enfurecidos e deram declarações defendendo a empresa de antemão. Outro vereador, João Manoel, disse que há algum tempo atrás ele e outros políticos na época lutaram muito para manter a empresa na cidade para não haver desemprego. Até ai tudo bem, mas parece que porque a empresa gera muitos empregos, ela não deve ser contestada e investigada pelo poder público. E a saúde da população e o meio-ambiente onde fica?
Certa vez conversei com um membro da ONG Sodemap, aqui de Piracicaba, e este disse que já sofreu ameaças de empresas que foram denunciadas por despejar lixo industrial irregularmente e poluir o ar de áreas residenciais próximas. A Arcelor Mittal citada pelo vereador Trevisan fica no meio de bairros residenciais e muitos dizem que quando era Belgo, essa invistia em projetos ambientais em escolas, mas que era só fachada. É lógico que não dá para partir para uma acusação séria sem provas concretas, mas muitos ambientalistas dizem que isso é dificultado pelas empresas e que órgãos como a Cetesb tende sempre a favorecê-las. Há também o medo de as pessoas em denunciar empresas poluidoras e o conluio entre políticos locais com essas. Ai que entra o perigo da municipalização das licenças ambientais como eu escrevi no post anterior. Parece que as empresas fazem chantagem, pois o que fica implícito é que o poder público não ouse investigar, pois senão irão embora e deixarão muitos desempregados. Há muito conflito de interesses e o meio-ambiente é relegado como última das preocupações de políticos e empresários. A ambientalista Eloah Margoni escreveu um ótimo artigo sobre isso no jornal A Tribuna e tem a mesma preocupação com relação às licenças serem municipalizadas. Quem quiser ler o artigo está nesse endereço:
http://www.tribunatp.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=551
O vereador Trevisan deve agora tentar embasar suas acusações e não ter medo e nem ceder a pressão dos seus colegas de casa. Acho difícil político manter sua palavra, mas algo grave como essa acusação, deve ser investigado pelos órgãos competentes e pela imprensa para manter a população atenta.

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14.4.09

A política ambiental de Piracicaba

A prefeitura de Piracicaba encaminhou projeto de lei que pretende delegar ao Sedema (Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente) juntamente com a secretaria estadual de meio ambiente a concessão de licenciamentos ambientais. O prefeito diz que isso agilizará os processos ambientais para atender as necessidades da sociedade. O objetivo parece ser bom, mas nunca podemos esquecer que políticos se preocupam primeira e ultimamente com eles mesmos. Barjas Negri (PSDB) foi recém empossado como presidente da Diretoria Integrada dos Comitês PCJ (Piracicaba, Corumbataí, Jundiaí), o que parece que temos um prefeito "verde", mas paremos por aqui. Sua administração se apóia basicamente em obras viárias e reformas de parques, pois são visíveis e fáceis de angariar popularidade e votos. Questões como lixo e aumento do tratamento de esgoto e água vão sendo empurrados com a barriga. Na questão do lixo, a cidade faz anos que está exportando-o para Paulínia e não têm nenhum plano efetivo de coleta seletiva e reciclagem. Apesar de existir o reciclador solidário, este não dá conta de atender a maior parte da cidade e ultimamente o lugar onde estava sendo armazenado o lixo ficou lotado. Com esse projeto, obras de empreendimentos comerciais e industriais e implantação de loteamentos terão que passar pelo crivo da Sedema e o lobby desses ramos é forte. Esse parece ser o foco do projeto, pois aqui na cidade temos exemplos, que já citei várias vezes, como o fechamento do bairro Santa Rita (que é público), a troca de área institucional por ponte para favorecer um condomínio de luxo e outros. Com essa atribuição ao Sedema, os licenciamentos sairão mais rapidamente, pois infelizmente no Brasil todo licenciamento é aprovado para atender interesses político-empresariais. Um dos problemas é que secretarias de meio ambiente, ainda mais as municipais, são loteadas politicamente, e geralmente os indicados não são de áreas correlatas ao tema da pasta. Piracicaba é bem industrializada e mesmo que isso gere emprego e renda, a ânsia em trazer mais e mais complexos industriais, faz com que as exigências ambientais sejam atropeladas para fornecer os licenciamentos o mais rápido possível. A cidade já possui 4 empresas entre as mais poluidoras e há muitos crimes ambientais que foram e são cometidos por essas e outras. Alguns desses crimes são relacionados com o depósito de lixos industriais em lugares inadequados. A questão ambiental aqui em Piracicaba não é levada a sério, pois como bem disse o assistente social Totó Danelon em artigo no jornal A Tribuna, o que a prefeitura faz é revitalizar áreas verdes abandonadas. Outras questões como a eliminação da queima de cana é tema espinhoso e apesar de ter apoio da população e poucos políticos, há uma resistência da maioria destes devido aos usineiros ainda exercerem muita influência. Recentemente, reportagem do Jornal de Piracicaba relatou que o município de Piracicaba tem apenas 1% de mata atlântica original, a qual está fragmentada. Isso é lógico que foi conseguido arduamente pelo modelo agrário totalmente predatório implantado há mais de 200 anos e que persiste até hoje e está sendo implantado na Amazônia pelos novos "heróis" do Brasil. Qualquer um que ande pelas propriedades rurais do município verá que a maioria não respeita nenhuma legislação ambiental como, por exemplo, as APPs (áreas de preservação permanente). As propriedades perto do rio não deixam os 30 metros de mata ciliar e muitas nascentes são destruídas pelas plantações de cana, pois se deixar alguns plantam até no meio do rio assoreado. Até mesmo na cidade, quando há festas na Rua do Porto, a prefeitura deixa a margem do rio virar estacionamento. A questão dos entulhos de construções é outro problema, pois muitos estão sendo depositados em lugares proibidos como o que têm perto da ponte do caixão na estrada do bongue e que há anos não é tomado providência. A arborização de Piracicaba é ruim e projetos nesse sentido parecem não sair do papel. O foco da política ambiental para a cidade não deve ser conceder licenciamentos para construção de condomínios de luxo e reformar áreas de lazer, mas sim perseguir a meta de tratar 100% o esgoto, resolver e logo a questão do lixo com políticas inovadoras, fiscalização intensiva sobre os lixos industriais e o uso de defensivos agrícolas, assim como exigir que as APPs sejam respeitadas. Aliás, já que o prefeito agora é presidente do PCJ é preciso atentar para o estado do rio Corumbataí que abastece a cidade, pois esse comitê de bacias existe há anos e parece que nada de efetivo é feito, apesar de ter um orçamento previsto de R$ 17 milhões. Autarquias que tem como área de atuação à do meio ambiente devem ser dirigidas por pessoas da área tendo como objetivo principal a conservação e o respeito do homem pelos recursos naturais e não sofrer ingerências político-empresariais. Com esse projeto a sociedade piracicabana e a imprensa tem que ficar de olho onde será o foco dos licenciamentos e se estes serão usados em favor do meio-ambiente.

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16.3.09

Vereador piracicabano assume compra de voto

Ocorreu em Piracicaba no dia 07/03/09 um encontro regional de vereadores, onde havia 14 prefeitos e 111 vereadores. Era pra ser a mesma coisa de sempre se não fosse o "escorregão" ou "desabafo" em uma fala do presidente da Câmara dos Vereadores de Piracicaba, José Aparecido Longatto (PSDB). Essa é a pérola que ele disse: "Nós metemos a mão no bolso para pagar uma receita de remédio, uma cesta básica, uma conta de água ou de luz. E não adianta alguém falar que não faz isso porque faz. Aquele que não faz tem um mandato só. Não basta ser bom de discurso, não basta tentar convencer falando." O que se ouviu de todos os presentes, foi um silêncio ensurdecedor. Ora, ele disse a verdade nua e crua, pois todos sabem que isso é prática usual da política nacional. Até admiro sua honestidade em dizer isso, mas não a prática dessa espécie de clientelismo. Segundo o vereador, os eleitores não o deixam em paz nem quando está em seu momento de lazer. Disse ainda que eles (vereadores) não têm hora para nada, pois vira e mexe são acordados no meio da noite para atender seus clientes, ops, quer dizer, eleitores. Coitados! Por isso Longatto defende uma aposentadoria por todos esses "nobres serviços" prestados, pois eles têm que "meter a mão no bolso". De quem? Deles ou nosso? O vereador enxerga o seu mandato, que foi dado pelo povo, como uma carreira profissional e não pública e democrática. Quando disse que sem isso o vereador só consegue um mandato só, também disse o que é a realidade de todos, inclusive ele mesmo que está há 20 anos se reelegendo através dessas práticas. Isso pra mim é uma espécie de compra quase que direta de votos. Quem é beneficiado por essas "boas-vontades" dos vereadores com certeza irão votar neles. O pior é que tem gente que acha que essas coisas só ocorrem nos rincões do norte e nordeste do país.
Aqui na imprensa piracicabana o debate sobre isso está bem morno, com exceção do jornal A Tribuna onde o editor do jornal Érich Vallim Vicente fez uma ótima e contundente crítica a fala do vereador tucano. Quem quiser pode ler o texto nesse link:
http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=2269
Já o Jornal de Piracicaba, uma semana depois, deu apenas uma matéria relatando o ocorrido e também que os partidos PV e PSOL entrarão com ação judicial contra o vereador. O que me intriga é o silêncio também daqueles articulistas e da editorialista do jornal que em seus textos condenam duramente as supostas denúncias contra políticos do plano federal, em especial é claro, se for do PT. Agora que um vereador, presidente da câmara da cidade diz tudo isso, ninguém do jornal ainda se manifestou. Estão todos quietinhos esperando a poeira baixar para fingir depois que nada aconteceu? Parece que a indignação desses sobre ética na política é seletiva, pois se fosse um vereador de oposição ao governo Barjas Negri (PSDB) que tivesse dito isso, todos estariam condenando.
Agora é esperar para ver o desdobramento disso, pois além de Longatto presidir a Câmara, também tem apoio irrestrito da base que representa praticamente 99% da casa.

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26.2.09

Imprensa/Serra x Professores Estaduais

Repercussão na Imprensa
Algumas semanas atrás, correu na imprensa a notícia, plantada pela secretaria de educação do estado de São Paulo, de que "1.500 professores" que fizeram a "provinha" zeraram. Isso bastou para que os bajuladores (para não dizer puxas-sacos) do governo tucano de José Serra na imprensa caíssem de pau em cima de toda classe docente pública, ainda mais sobre os temporários (dos quais me incluo), pois o sindicato (Apeoesp) conseguiu liminar na justiça anulando a prova. Mesmo que esses que zeraram represente 0,7% do total que fez a prova, a imprensa fez coro as insinuações e ilações da secretaria da educação. A respeito da "prova", eu fui prejudicado pela derrubada desta, mas acho que a forma como era feita a contagem de pontos era errada. A contagem dos pontos para a classificação poderia ser assim: 60% da nota seria o tempo de serviço e os 40% a nota da prova e não 50% e 50% cada um. Acho que equilibraria um pouco mais essa questão.
Quando o governo Serra anunciou que aplicaria essa prova, o articulista Gilberto Dimestein do jornal Folha de S.Paulo teve a coragem de escrever um texto com o seguinte título: "Parabéns Governador". Se Gilberto soubesse da verdadeira situação que os professores trabalham ele daria parabéns à estes e não à um governante autoritário e mesquinho como Serra. É a bajulação da grande imprensa, principalmente paulista, a qual falei a pouco.
Educação é política
A educação é tema complexo, mas algumas questões são unanimidades entre os professores para melhorar o ensino. A primeira é o salário, pois como já escrevi, como alguém com família para sustentar vive com R$ 1.500? Ou seja sobrevive, pois imagine viver com essa quantia em uma cidade como São Paulo? A segunda é a "aprovação continuada" ou como acabou virando "automática", pois aquele aluno que te encheu o ano inteiro e não fez nada é aprovado pelo conselho e no próximo ano você tem que aguentá-lo novamente zombando da sua cara. O que muitos não percebem que por trás de tudo isso há a questão política, a qual a maioria é avesso a discussão, mas infelizmente é a realidade. Para o governo, no caso atual o de Serra e seu partido que há 14 anos governa o estado, essa aprovação continuada caiu como uma luva, pois políticos e seus respectivos partidos só querem saber de estatísticas positivas. Se os professores fossem cobrar mesmo o conhecimento dos alunos e os que não merecessem pudessem ser reprovados sem a pressão das diretorias, o índice de reprovação aumentaria enormemente. Acho que pelo menos metade de cada classe, dependendo do caso, seria reprovada. Com isso a evasão escolar também aumentaria, o que puxa as estatísticas sobre o tema para cima. Agora, imaginem na campanha de 2010 o Serra ter que responder que no estado onde governou, o índice de alunos reprovados aumentou 50% e a evasão uns 30% ? Isso é inadmissível politicamente falando!! Por isso há uma certa pressão sobre as escolas para não reprovar aluno e pra piorar criou um ranking de escolas com base na aprovação destes. Isso também reforça o compromisso das escolas em aprovar o maior número possível de alunos e diminuir a evasão e para isso pressiona os professores a praticamente darem notas à alunos indisciplinados e com baixo nível de aprendizagem. Isso tudo para que as verbas para as escolas seja mais facilmente liberadas ou até aumentadas. Isso não garante qualidade de ensino e o governo ignora as diferentes realidades que cada escola enfrenta. Contrariando as atuais teorias educacionais (Construtivismo por exemplo) acho que a educação tem que ser oferecida pelo estado à todos, mas com regras que antes funcionavam como a expulsão. Dentro da escola deve haver regras e quem não se adequa a essas e não respeita minimamente seus profissionais (inclui professores, diretores e funcionários da escola) não pode continuar lá e uma vez expulso só poderá voltar a estudar no ano seguinte. Parece autoritário, mas pra quem vive diarimente essa realidade sabe que não há mais alternativas. Como disse, tudo isso é conveniente ao governo estadual, pois continua remunerando mal seus profissionais e estes tendo que aturar situações extremamente desgastantes. Mas como já disse, se os filhos e netos do governador, da secretária e dos deputados estaduais estudassem na escola pública esse quadro atual mudaria. Eles acham o salário do professor estadual suficiente, mas matriculam seus filhos em escolas que a mensalidade, ás vezes, é igual ao salário do docente estadual e onde os professores ganham muitas vezes mais.
Debate na Imprensa Piracicabana
Aqui em Piracicaba a maior parte da imprensa também é tucana e conta com alguns articulistas que praticamente escrevem como se fossem assessores de imprensa do governador e também do prefeito da cidade que também é tucano e amigo de Serra. No jornal A Tribuna Piracicabana, o qual sempre publica os meus textos, há um jornalista desse tipo. Romualdo Cruz é polêmico e necessário ao debate que fomenta no jornal, mas acredita em todas as notas oficiais dos políticos tucanos fazendo a defesa incondicional destes. No link abaixo esta o texto dele, o qual diz que o salário não é importante para a qualidade da educação e para embasar sua tese, a qual defende o posicionamento do governo Serra, escolhe a opinião do Ministro da Educação do ..... Chile!!!! O pior é que tirou isso das páginas amarelas da revista Veja.
http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=2125
Depois de ler isto não consegui conter minha discordância e enviei ao jornal uma resposta à esse artigo como uma resposta de um professor e não de um sindicalista, pois Romualdo assim como os tucanos acham que todos os professores estaduais são sindicalistas e por isso devem ser combatidos. Vai abaixo o link do meu texto na Tribuna.
http://www.tribunatp.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=459
Quem tiver a paciência de ler os textos do debate, pode contribuir opinando aqui no blog. Agradeço mais uma vez ao Érich Vicente que publica os textos e dinamiza o debate na imprensa piracicabana.

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4.2.09

Frases conformistas

Nunca gostei de certas frases que todo mundo diz e que se tornaram clichês do dia-a-dia. Reconheço que é impossível nunca tê-las dito alguma vez na vida, mas têm gente que abusa dessas frases e diz pra tudo. Começarei por aquela clássica: " É assim mesmo...", essa é a típica do conformismo total. É usada sempre em conversas em que um está reclamando de algo que a outra pessoa não está afim de aprofundar, pois as vezes o resmungão é meio nervoso então não vale a pena discutir, ou que acha o assunto muito complexo e "chato". Geralmente o assunto incômodo é política (nessa eu me incluo) e essa frase clássica é sempre acompanhada pela outra mais clássica ainda: " fazer o quê, né?". Ouço muito isso, pois eu reconheço que sou um desses resmungões que adoram debater esses assuntos "chatos" para a maioria das pessoas. Você pode falar muito, dar exemplos de desigualdades, injustiças, corrupção, ou seja, é um catastrofista de plantão, e enquanto isso a maior parte das pessoas só acenam positivamente com a cabeça, mesmo se não estiverem concordando, mas no final você escuta: "É assim mesmo ....(depois de uns segundos).. fazer o que, né?" Todo mundo diz isso (será que é assim mesmo?), mas determinados assuntos, como por exemplo política, essas frases simbolizam um conformismo em deixar tudo como está, principalmente aqui no Brasil. Concordando ou não é muito bom existir o debate, mas é lógico que há hora pra tudo e não se pode só ficar falando disso toda hora, mas também os assuntos dominantes de toda hora são geralmente os mais supérfluos possíveis. Fofocas familiares, da vizinhança, novelas, big brother (arghhh) e outros típicos de idade e sexo. Por exemplo, assunto dominante no ambiente masculino é: carros ( e seus "roderos" - palavra existente só em Piracicaba), bebedeiras, mulher e é claro futebol. Outro exemplo são as meninas na adolescência que só falam de meninos e mal de outras meninas. No caso masculino é lógico que esses assuntos são divertidos e que descontraem, mas há pessoas que só sabem conversar sobre isso e nada mais.
Quando a pessoa tem uma decepção na vida (geralmente amorosa), está apreensiva com algo que não deu ou tem 100% de chances de não dar certo, a frase típica ouvida é: " Deixa pra lá...não liga, no final tudo dá certo". Isso quer dizer que a pessoa que está ouvindo está de saco cheio e quer que você pare de choramingar, mas o que você queria ouvir mesmo era alguma frase de apoio incondicional de que você está certo. Por exemplo, se você está com raiva de alguém que te sacaneou, você queria que a outra pessoa xingasse ainda mais esse "alguém" fazendo com que você descarregue tudo ali e se sinta aliviado por outra pessoa também concordar com aquilo.
Outra frase também dita em momentos tristes e de comoção é: "Vai passar" ou "mas passa" e sempre depois vem: "a vida continua" ou " a fila anda" (esse último virou até hit de música sertaneja).
Acho que são frases que se você não falar não faria a menor diferença e ás vezes o silêncio adianta mais do que dizer aquilo que todo mundo diz e está cansado de ouvir o tempo todo. Fazer o que né?
PS: Se alguém lembra de mais frases conformistas, mas não babacas, comente aqui no blog.

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6.1.09

Gaza agoniza

Há alguns anos eu assisti à um documentário chamado "Promises", que mostra qual a visão de crianças palestinenses e israelenses uns sobre os outros e a situação vivida por ambos. O autor é B.Z. Goldberg, israelense radicado nos Estados Unidos, e fez com que minha visão sobre o conflito Israel-Palestina mudasse completamente. Lembrei desse documentário devido a nova escalada de violência que está acontecendo na Faixa de Gaza. Esse conflito gera muita discussão que abrange mais aspectos religiosos e políticos. Os dois lados têm fundamentalistas, extremistas ou qualquer nome que dêem a fanáticos religiosos que querem um a destruição do outro. Do lado palestino os extremistas possuem o próprio corpo e usualmente foguetes caseiros chamados "qassam" que levam consigo pregos e tudo que possa estilhaçar e alcançar uma área maior. Do lado israelense os extremistas possuem um exército fortemente armado com armas de última geração e estão usando bombas de fósforo e mísseis que carregam urânio empobrecido. Fora as centenas de ogivas nucleares que Israel possui, segundo o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, e não aceita inspeções internacionais e não faz parte de nenhum órgão de países que possuem armas atômicas. Os extremistas no caso são o Hamas, que foi eleito em eleições referendadas por observadores internacionais, e o governo de Israel, o qual possui extremistas mais extremistas ainda que estão na oposição e prestes a governar o país. Esse é o cenário que existe atualmente nessa região. Qualquer pessoa de bom senso vê a enorme disparidade de forças.
Voltando ao documentário, quando este mostra a situação dos palestinos e seus refugiados, não têm como se manter neutro perante essa questão. Os palestinos vivem sob constante toque de recolher imposto por Israel, onde escolas e universidades são fechadas por tempo indeterminado e qualquer um que estiver nas ruas corre o risco de ser morto pelas tropas israelenses. Também dependem da boa vontade de Israel para ter acesso à água e eletricidade e vivem em verdadeiros guetos, principalmente Gaza, onde o esgoto e falta de água tratada é comum. Sofrem humilhação de colonos judeus e outros moradores de cidades próximas israelenses. Isso tudo é mostrado nesse documentário que foi feito em 1997. Há também a prisão constante de palestinos sem qualquer acusação formal, simplesmente por serem "supeitos". Deve ser difícil crescer e viver em lugar onde seu pai, seu irmão ou qualquer parente pode ser preso à qualquer momento por forças de outro país que invadem sua casa livremente para fazer o que quer. O pior é que Israel também prende e tortura crianças palestinas, segundo a Anistia Internacional, e alguns órgãos palestinos afirmam que há centenas de crianças presas. Israel também se dá o direito de invadir território palestino e destruir casas e comércios de pessoas que sejam parentes de "homens-bomba" ou de "suspeitos" envolvidos em ataques contra o país.
Raízes da discórdia
A história mostra que esse conflito começou lá atrás desde a criação do Estado de Israel em 1948 em que os países árabes foram contra e entraram em guerra contra o estado judeu. A guerra dos seis dias em 1967 foi decisiva para que Israel anexasse mais territórios palestinos e ainda as colinas de Golan da Síria. Nessa guerra e após também o que aconteceu na região foi a expulsão de milhares de palestinos, os quais estão em campos de refugiados até hoje, na base da extrema violência por parte de Israel. Houve casos de tentativas de limpeza étnica em algumas cidades, antes palestinas e agora israelenses como Ashkelon, onde o que foi praticado foi puro genocídio. Os palestinos também são ignorados por outros países árabes como Egito e Jordânia que são coniventes com Israel. Vale lembrar que os países árabes da região são ditaduras brutais, mas a maioria conta com apoio dos EUA , devido à muitos terem petróleo, e tudo fica como está.
Imprensa
A imprensa ocidental é um caso à parte nesse conflito, pois sempre foi pró-Israel e tenta sempre minimizar as consequências das ações militares israelenses, embora na atual situação a imprensa , pelo menos do Brasil, finalmente está mostrando o lado palestino. Essa tendência da mídia é reforçada por usar como fonte apenas o que é passado pelo governo ou pelo exército israelense. Por exemplo, quando Israel lança ataques esporádicos sobre a população palestina e assassinam várias pessoas, a informação passada em todo o mundo é que são "assassinatos cirúrgicos" e que todos os mortos eram "militantes" segundo fontes israelenses, e fica por isso mesmo. Na questão militar a imprensa israelense quase que totalmente apóia as ações do governo. Há um ótimo texto publicado na revista piauí sobre isso que é de autoria de Yonatan Mendel que pode ser acessado no Observatório da Imprensa nesse endereço:
Esse texto diz tudo sobre a questão da imprensa israelense e como isso reflete para o resto do mundo. Nessa questão é bom observar que qualquer um que seja crítico das ações militar de Israel já é tachado de "anti-semita", "terrorista" e outros adjetivos que a direita, que sempre está do lado israelense, gosta de colocar. Infelizmente os que tentam mostrar apoio à ação de Israel repetem sempre a mesma coisa dizendo que Israel nunca ataca, mas só se defende e também que tudo é culpa do Hamas, do Hizbollah ou até do Irã. O governo de Israel sempre é "vítima" e "obrigado" a tomar essas decisões visando somente "proteger" a população israelense. Segundo estes, as vítimas civis palestinas são justificadas pois os foguetes palestinos eventualmente matam civis em Israel. Já que querem comparar essa barbaridade, esquecem que agora, por enquanto, de cada 1 israelense morto 100 palestinos são assassinados.
Situação atual
A imprensa internacional agora sente na pele a arrogância, prepotência e autoritarismo do governo de Israel, pois não estão permitindo jornalistas estrangeiros entrar em Gaza. Os jornalistas estão tendo acesso somente ao que é conveniente ao governo israelense divulgar, embora já seja comum isso, mas com todos esses mortos do lado palestino é difícil tentar tapar o sol com a peneira.
Na guerra do Líbano em 2006 Israel assassinou cerca de 1.200 pessoas, sendo a maioria de civis e até agora matou mais de 500 em Gaza sendo também a maioria civis, pois o lugar é densamente povoado. O que está acontecendo em Gaza é massacre, genocídio e qualquer nome que se dê ao assassinato em massa de uma população como forma de punição coletiva. O que os palestinos fizeram de errado perante a comunidade internacional foi eleger o Hamas. Ora, eles foram eleitos democraticamente e o resto do mundo condenou isso. Perante Israel, todos os palestinos são terroristas em potencial e ainda mais os de Gaza que confiaram o poder ao Hamas. Isso é mais um motivo para Israel tentar justificar a carnificina e de olho nas eleições do mês que vem, o atual governo quer mostrar para a população que pode ser tão pior quanto os que almejam chegar ao poder com o ultra-fundamentalista Binyamin Netaniahu, o qual consegue ser pior que Ariel Sharon. Se Netaniahu chegar ao poder, o projeto "Grande Israel" pode começar a ser posto em prática efetivamente. Esse projeto é antigo e baseado em aspirações religiosas, pois como eles acreditam que aquela terra foi concedida por Deus à eles, então defendem a expulsão de todos os palestinos e deportação dos árabes que vivem em Israel.
Depois de uma trégua com o Hamas, Israel diz que esse a violou lançando foguetes. Só que Gaza está sitiada desde que o Hamas expulsou o Fatah (facção palestina rival). A partir disso Israel fechou sua fronteira, cortou o fornecimento de água, eletricidade e de alimentos e não parou com a perseguição e assassinato de palestinos. Agora, além de a imprensa internacional estar sendo proibida de relatar o que realmente está acontecendo, Israel não deixa chegar perto nem observadores internacionais e ajuda humanitária. Hospitais estão lotados de feridos e não têm como atendê-los e alguns estão sendo bombardeados junto com escolas, universidades e mesquitas. Tudo isso para acabar com a infra-estrutura do Hamas, ou seja, da população inteira da Faixa de Gaza. Israel quer levar isso até as últimas consequência nem que extermine os 1,5 milhão de palestinos que vivem confinados naquela pequena região. Acho que mesmo que isso ocorresse, eles iriam estar "argumentando" que fizeram isso para se defender e que foi tudo culpa do Hamas e com certeza os EUA apoiariam e a ONU e o resto do mundo iriam lamentar e ensaiar alguma resolução que nunca seria seguida por Israel e ficaria por isso mesmo.
Enquanto os palestinos não tiverem direito à um estado autônomo e Israel não parar de construir assentamentos ilegais, confiscar terras palestinas e ainda construir um muro segregacionista a situação tende sempre a ficar pior. A paz é uma utopia no mundo de hoje, pois todo esse conflito que têm raízes políticas e religiosas satisfaz e enriquece cada vez mais a indústria armamentista, da qual no caso, Israel também faz parte.
Obs: Agradeço ao Érich da tribuna que publicou esse artigo na edição revista do jornal A Tribuna e pode ser acessado nesse endereço:


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