25.6.12

Mais um Golpe na América Latina

 
Mais um golpe de estado foi novamente perpetrado no continente latino-americano pelas mesmas forças reacionárias, oligárquicas e conservadoras contra a democracia. Dessa vez foi o Paraguai, onde seu presidente legalmente eleito, Fernando Lugo, foi defenestrado do cargo em um processo que só parece um impeachment, mas que na verdade foi um golpe. Sob o falso e arbitrário argumento de que a constituição paraguaia permite que um presidente seja destituído pelo “mau exercício da função”, a oligarquia paraguaia no congresso, totalmente influenciada por latifundiários brasileiros, conseguiram em tempo recorde ( 24 horas)promover o “impeachment” de Lugo. Logicamente que o golpe já estava sendo orquestrado há um bom tempo, sempre com a ajuda dos Estados Unidos, o que mostra documentos oficiais revelados pelo Wikileaks em 2009. Nesses documentos mostram dois expoentes da arquitetura do golpe contra Lugo e contra a democracia: Lino Oviedo (ligado aos interesses dos ruralistas brasileiros que vivem no Paraguai) e o ex-presidente paraguaio Nicanor Duarte ( aquele que permitiu que uma base militar dos EUA fosse instalada no país). Um é do interesse oligárquico e o outro representando a subserviência típica das elites latino-americanas. Agora é bem capaz de que os golpistas voltem a receber tropas dos EUA no seu território para a alegria e satisfação de Washington. 
O estopim do processo foi um conflito agrário que terminou com o massacre de 17 pessoas mortas entre policiais e sem-terras paraguaios. O caso ainda é obscuro pelo fato de ter um ar de provocação e que espertamente foi usado pela oposição para dar o golpe final. Lugo, embora tenha feito coalizão com forças conservadoras por não ter maioria no congresso do país, não agradava nenhum pouco a oligarquia poderosa do Paraguai. Um país onde a concentração de terras consegue ser pior que a do Brasil, pois apenas 2% detém quase 80% das terras, a força desse setor não deve ser subavaliada. 
 Voltando ao processo golpista, Lugo só teve míseras duas horas para tentar sua defesa que além dessa(do conflito agrário) tinha outras 4 “acusações” genéricas e sem base nenhuma que o envolvesse diretamente. Outra, não houve investigação séria e tempo hábil para que as acusações realmente se comprovassem. Portanto, embora pareçam ter cumprido os tais “ritos democráticos”, o que houve no Paraguai foi um golpe contra o voto popular e totalmente arbitrário. 
Não adianta, as elites subservientes latino-americanas não conseguem engolir lideranças populares que mesmo fazendo pouco para as camadas mais desfavorecidas de seus países, são surpreendidas com tentativas ou golpes realmente consumados, como agora no Paraguai. Em 2002 tentaram um golpe na Venezuela, o qual fortaleceu ainda mais o presidente Hugo Chàvez. Depois tentaram também na Bolívia, mas assim como na Venezuela, há um governo ainda com bastante apoio popular. Mas em 2009, conseguiram efetivar um golpe em Honduras, onde Zelaya foi também tirado do poder com um processo de fachada e pseudo-democrático, mas que foi realmente um golpe de estado, onde até os EUA reconhecem, internamente, isso. Agora foi o Paraguai e denota-se que o modus operandi dessas forças conservadoras e reacionárias dos países latino-americanos é igual. Os golpistas sempre com os EUA, via embaixadas, empresários, parte das forças armadas e os grandes veículos de comunicação de um lado contra governos de esquerda e progressistas de outro. Para quem acha que a Guerra Fria acabou, se engana, pois nas relações internacionais, os EUA ainda levam isso muito a sério. 
Os países vizinhos ao Paraguai, principalmente os membros da Unasul, rechaçaram o golpe acusando o processo como ele realmente foi: um golpe branco. O Brasil tem papel importante nisso e deve ser firme em não reconhecer o governo golpista de Federico Franco (esse já tem até sobrenome de ditador). 
Vale destacar a posição vergonhosa de apoio de parte da imprensa brasileira ao golpe no Paraguai. Os mais descarados já saíram berrando, como fizeram em 2009 em relação ao golpe em Honduras, que o processo foi “legítimo” porque seguiu os tais “ritos democráticos”. Isso comprova mais uma vez a natureza golpista de grande parte dessa imprensa, pois foi a mesma que apoiou o golpe militar de 1964 no Brasil e que dizia na época, que a liberdade havia voltado e vencido. Agora vão tentar mais uma vez manipular a opinião pública a acreditar de que o golpe não foi golpe, mas uma mera deposição de um presidente legitimamente eleito. As vezes, o neologismo criado na internet, para designar o que é a grande imprensa brasileira cai muito bem: Partido da Imprensa Golpista (PIG).

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9.6.12

As notícias e a corrida eleitoral em Piracicaba


A minha suspeita sobre o comportamento do Jornal de Piracicaba (JP) em relação ao agora oficialmente candidato a prefeito, Gabriel Ferrato (PSDB), que escrevi aqui, parece estar se confirmando, como demonstra a foto da capa do jornal do último domingo. Sei que ainda é cedo, mas algumas análises de imagens e notícias do JP são interessantes. Como todos sabem, Barjas Negri, é super popular aqui em Piracicaba, devido a sua política do asfalto em detrimento do transporte público e saúde, mas que rendeu uma admiração que muitas vezes chega na idolatria do político. Coincidentemente a foto da capa da edição de domingo (a qual geralmente é a mais vendida da semana) mostra Ferrato e Barjas juntos, em uma clara tentativa de associar o prefeito ao seu candidato. Muitos dizem que isso é normal, mas lembro muito bem quando Lula fez isso com a Dilma, todos o criticaram, mas aqui isso é normal. Vale a pena comparar o anúncio da candidatura no JP com o outro jornal da cidade, A Tribuna Piracicabana, que deu destaque à um tema bem mais importante para a população que era a greve dos motoristas de ônibus da cidade. 

A Gazeta de Piracicaba não vale a pena nem mencionar, pois a mesma, às vezes, parece ser até assessora oficial de imprensa da prefeitura, devido a "babação de ovo". Ferrato foi candidato escolhido por Barjas pessoalmente, mas que o que se ouve por ai é que não tem muita simpatia nem entre colegas de partido. Sua gestão na pasta da educação é bem avaliada por alguns, mas que entre a maioria dos professores da rede já é o contrário. Uma das últimas atitudes de Ferrato na pasta foi o anúncio de 400 vagas para o bolsa creche (sim, isso que tucanos parecem ter nojo dessa palavra, mas usam quando bem lhes convém), pois sua pasta foi contestada pela Defensoria Pública do Estado exigindo vagas em creches na cidade. A solução foi transferir recursos públicos para entidades privadas ao invés de construir mais unidades para o ensino infantil.

Voltando as análises de notícias do JP, o mesmo, na edição seguinte, de terça -feira, mostrou a última atitude do candidato na pasta que é uma atitude "nobre" sobre um programa com um nome bonito para anunciar no final de mandato: "Paternidade Responsável". Agora é aguardar as próximas edições para ver se realmente minhas suspeitas vão se concretizar ou não a respeito de um certo tendencionismo do JP em eleger o candidato do atual prefeito de Piracicaba. Aproveito essas análises de notícias do JP para uma indagação sobre um outro político da cidade, o qual é aliado do prefeito também: José Luiz Ribeiro. Ele era conhecido por Zé Luiz do Sindicato e depois que se tornou vereador ficou só Zé Luiz. Ele tentou o cargo de deputado, mas não deu certo e na época de vereador quando se tornou aliado de Barjas se filiou ao PSDB. Agora trocou de partido novamente e atualmente é do PDT. Em uma edição dessa semana do JP, o jornal deu destaque (a meu ver)excessivo à Zé Luiz, o qual será candidato novamente a vereador em Piracicaba e que deve estar costurando politicamente apoio ou não ao candidato Ferrato. 

Já não bastava a foto do candidato na capa do jornal, mas depois mais duas fotos dele na reportagem e na mesma página! Achei um pouco exagerado essa exposição de um cara que é candidato novamente a uma vaga na Câmara de Vereadores. Aliás, Câmara essa que aumentou não só o número de boquinhas, quer dizer, de vagas, de 16 para "apenas" 23, mas também aumentou em 80% o salário dos próximos "nobres" vereadores. Como a maioria, infelizmente, se reelege sempre, essa atitude foi para garantir o futuro deles mesmos. Enfim, as eleições estão bem próximas e o eleitor terá que ser bem criterioso em não só em escolher um candidato, mas também prestar atenção para não ser manipulado com um certo tendencionismo da imprensa da cidade.

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8.6.12

Gilmar (Dantas) Mendes, o militante tucano do STF


Gilmar Mendes, ministro do Superior Tribunal Federal (STF), está protagonizando novamente uma crise política com intuitos nada republicanos, mas sim puramente político. Em nova dobradinha com a revista Veja (aquela que está envolvida com o bicheiro Cachoeira até o pescoço), Mendes “revelou” que Lula o pressionou para adiar o julgamento do “mensalão”, quando o encontrou no escritório de ninguém menos que o ex-ministro Nelson Jobim. Antes é bom fazer um breve histórico dessa figura que é Gilmar Mendes. Foi ele quem concedeu 2 habeas corpus em 48 horas para soltar o banqueiro Daniel Dantas, o qual foi pego subornando um policial. Daí o trocadilho com o sobrenome dele e do banqueiro. Gilmar já mentiu publicamente e causou crise institucional quando quis já chamar Lula as falas, quando este era presidente, devido à um suposto grampo realizado entre ele e ninguém menos do que Demóstenes Torres (ex-DEM e ex-paladino da moral e ética na política da mídia brasileira). O caso estourou devido à reportagem da Veja, a qual não mostrou o áudio do grampo e mais tarde foi desmentida por perícia da Polícia Federal. Depois disso ele conseguiu com que a Operação Satiagraha fosse enterrada. Isso sem contar sua tradição familiar coronelista em Diamantino (MT) e seus negócios escusos nas suas “escolinhas de direito”, como denunciou o jornalista Leandro Fortes aqui e aqui. Quando ele foi para o STF, vários juristas alertaram para a degradação do tribunal, dentre eles Dalmo Dallari, que diz tudo nessa entrevista, e Wálter Maierovitch aqui. Gilmar Mendes sempre foi criticado por essa mania incontrolável de querer holofotes e manifestar sua opinião antes mesmo de os casos que aparecem por lá serem julgados. Realmente isso não é uma atitude sensata e fazendo isso ele revela seu voto antecipadamente, quando que sobre assuntos que serão pauta do STF ele só deveria se pronunciar nos autos. Já o Nelson Jobim, foi o ministro tucano do governo Lula e depois foi revelado pelo Wikileaks que Jobim foi um traíra ao ser informante dos Estados Unidos sobre assuntos internos do governo. Além de Jobim também ter mentido sobre o caso do grampo que nunca existiu, onde as próprias forças armadas desmentiram o que disse o ex-ministro na época. Voltando ao tema do momento, se a pressão de Lula deixou Gilmar perplexo, porque Mendes não denunciou imediatamente o ex-presidente? Por que fez isso só um mês depois, justamente agora que está instalada a CPI do Cachoeira? Aliás, Gilmar parece estar envolvido com o bicheiro juntamente com o amigo Demóstenes. Por que foi fazer isso justamente na mídia, especificamente na revista Veja, a qual também está envolvida com Cachoeira? A associação Gilmar-Demóstenes-Veja já mentiu uma vez e agora parece estar indo para o mesmo caminho. Lula sabe que as pessoas menos confiáveis para fazer qualquer tipo de chantagem seriam Mendes e Jobim. Ele não é santo, mas muito menos ingênuo em pedir algo assim justamente para o líder e militante da oposição no STF. Tanto que o próprio Nelson Jobim desmentiu, até agora, Gilmar Mendes. Portanto, esse episódio protagonizado por Gilmar é cortina de fumaça para desviar o foco da CPI do Cachoeira e jogar no alvo predileto da mídia nativa que é o Lula e o “mensalão”. O objetivo político dele e também da imprensa é explorar ao máximo o tema, pois Lula ainda é a maior força política do país e eles temem que ele possa voltar em 2014. Assim, finalizo esse artigo com o comentário certeiro e questionador do excelente jornalista Bob Fernandes
 

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