9.11.11

Depois de certa repercussão, o JP publicou minha carta! Coincidência?

O Jornal de Piracicaba (JP) publicou a minha carta que havia mandado há quase dois meses. Eles disseram que houve um “erro” e “coincidentemente” depois de eu ter colocado na rede social e no meu blog a censura da carta, resolveram publicar no dia seguinte (08/11/2011). Engraçado que duas semanas após ter mandado a carta e não ter sido publicada mandei e-mails pedindo explicações do motivo para acontecer isso. Não obtive nenhuma resposta. Entrei em contato via rede social (Facebook) e inicialmente disseram que já haviam publicado a carta há alguns dias atrás. Pois bem, fui e conferi e não havia nada. Mandei a resposta e daí a diretora de redação me garantiu que a carta seria publicada, pois não havia ofensa pessoal. Esperei e nada novamente, o que eu conclui que houve uma censura devido ao teor da carta. O tal erro parece ocorrer sempre que a carta é crítica à prefeitura e principalmente contra o prefeito Barjas Negri. Quando é assim, parece haver certa seletividade, o que não ocorre com as manifestações de puro puxa-saquismo por parte de outros leitores do jornal. O JP não me engana, pois isso não foi coincidência, mas tentativa de cercear qualquer carta que lembre que o prefeito de Piracicaba é um político comum, com interesses e que tem um passado não muito bonito. O barjismo aqui em Piracicaba é quase uma doença onde os barjistas idolatram tanto o prefeito, que o mesmo ta virando quase um santo. Abaixo está a carta publicada:

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7.11.11

A seletividade (censura) do Jornal de Piracicaba em relação as críticas ao prefeito Barjas Negri

A liberdade de expressão, tão defendida falsamente pelos grandes meios de comunicação no Brasil, não é levada a sério por estes. Na chamada “grande imprensa”, leia-se Globo, Veja, Estadão e Folha principalmente, percebe-se que a manifestação pública dos seus leitores é selecionada e dirigida de acordo com a ideologia e simpatia política por alguns partidos e políticos. Lógicamente que para conseguir espaço para manifestar sua opinião nas publicações desses grupos mafio-midiáticos, a tendência é sempre ser pautado por estes com base no preconceito e conservadorismo. Nos jornais impressos, a seção dos leitores é o maior exemplo do cerceamento que a imprensa faz contra aqueles que saem do senso comum imposto por eles. Esse senso comum é aquele anti-esquerda, anti-trabalhista, anti-movimentos sociais e no campo político sempre contra somente um partido político (PT), um só governo (federal) e um só político (Lula). Se você sair desse senso comum, muito provavelmente, não terá espaço para manifestar sua opinião na grande imprensa, com raras exceções. Se não acredita é só dar uma olhada na seção dos leitores do jornal Estadão e pior ainda na revista (esgoto do jornalismo brasileiro) Veja.
Nas imprensas regionais, às vezes, esse cerceamento é pior ainda, pois muitas são de propriedade dos políticos locais ou tem relações muito amistosas e lucrativas com os mesmos. Aqui em Piracicaba, sempre achei que havia certo tendencionismo, principalmente com o atual governo Barjas Negri (PSDB), mas sempre relevei isso, pois minhas manifestações críticas sempre foram, até agora, publicadas pelo maior jornal da cidade, o Jornal de Piracicaba (JP). O jornal A Tribuna, também nunca me cerceou e sempre publicou artigos, aonde alguns chegaram a gerar certa discussão com a assessoria da secretaria da educação do estado de São Paulo. Infelizmente, o Jornal de Piracicaba, dessa vez resolveu não publicar uma carta minha crítica ao excesso de bajulação e quase nenhuma crítica por parte dos leitores do jornal em relação à prefeitura.
Aqui está a carta censurada pelo jornal:

Idolatria Política II
Há algum tempo atrás escrevi que a idolatria política é perigosa por fazer crer para os ingênuos que os políticos “idolatrados” são totalmente ilibados. A manifestação das pessoas é totalmente democrática sobre isso, mas tenho que admitir que atingiu níveis insuportáveis de bajulação e “puxa-saquismo” por parte de alguns aqui em relação ao prefeito Barjas Negri. É “muito obrigado” por asfaltar rua “x”, por fazer viaduto e alguns até pedem perdão (vejam só!) por ter feito críticas anteriormente. É o fenômeno populista piracicabano que denominei de “barjismo”, onde o mesmo está virando quase santo. A memória de muitas pessoas é seletiva ou é curta demais pra lembrar de alguns escândalos que envolveram o nome do prefeito nacionalmente e que até hoje só houve respostas evasivas. Percebe-se também que a maioria dos “agradecimentos” são por obras relacionadas ao trânsito que privilegia sempre o transporte individual e não percebem que tudo isso não tem que ser feito por bondade, mas por obrigação. Outra coisa tem que ser levado em conta é que tudo se trata de política, onde partidos e políticos se preocupam na sua perpetuação no poder e retorno de suas ações em votos antes de tudo. Cidadãos que reclamam de assuntos de interesse público da maioria como melhoria no transporte coletivo e na saúde pública demonstram que aqui não é essa maravilha que os “barjistas” alardeiam. Exemplo é o embate entre o secretário de saúde e uma estudante usuária dos PSs. Como escrevi em outra carta aqui no JP, nesses temas como saúde e transporte coletivo, a discordância é evidente, pois prefeito, secretários e vereadores não usam esses serviços. Só recebem dados e os usam para tentar maquiar algo que para a maioria sabe que estão fora da realidade daquilo que presenciam no dia a dia. Anteriormente já havia feito propostas aos mesmos para utilizar o transporte público por um tempo para ver se mudam algo e agora estendo a proposta a todos serviços públicos essenciais.


Antes, o JP também não havia publicado outra carta na qual eu criticava a postura política da imprensa em geral. Mas ai até entendi o sentimento de classe que eles devem ter em relação aos colegas da imprensa. Agora não, a carta não contém nenhuma ofensa pessoal e assim como todas as cartas bajuladoras que eles publicam as críticas também deveriam ser. A carta ainda tinha o aval da diretora de redação do jornal, que havia garantido que a carta seria publicada, mas passou mais de um mês e nada. Não é “esquecimento” ou coincidência, pois se olhar as manchetes das capas do JP, verá que a maioria é propaganda positiva para a prefeitura, quem sabe, colher os frutos nas eleições do ano que vem. Isso tudo demonstra que a liberdade de expressão é relativa para a imprensa e no caso do JP, é uma vergonha que tenha que fazer isso. Ainda mais que o atual governo Barjas goza de uma alta popularidade que quase é inatingível, ou seja, uma simples carta não iria abalar isso. É fato que a imprensa tem lado e não é imparcial como a mesma sempre prega. O JP tem lado e parece disposto a selecionar muito bem as críticas a atual administração, para que o projeto político do atual prefeito siga adiante e garanta mais 4 anos para o partido que não só o JP, mas a grande imprensa em geral, mais se identifica e milita ao lado. Só a internet mesmo para furar essa censura praticada por parte da imprensa brasileira.

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19.7.11

Pedágios e bravatas políticas

Foi “bonito” ver a cena, semana passada, do governador Geraldo Alckmin ao reinaugurar a ponte do Ribeirão Araquá, em Águas de São Pedro, em evento cheio de aliados políticos. Todos querendo sair na foto e nas primeiras páginas dos jornais locais. Aliás, infelizmente a maioria da imprensa da região me enoja pelo excesso de “puxa-saquismo” e falta de críticas em relação ao governo estadual e aos dos municípios, os quais nesse caso são todos do mesmo partido: PSDB. É tão ridícula a cena, pois a ponte além de ser curta, não é nem duplicada e o asfalto no restante da pista, antes e depois da ponte, continua ruim. Quem acompanhou o transtorno que foi a construção dessa nova ponte, percebeu que se quisessem, as obras poderiam ser concluídas antes. Ai entra a politicagem e o cálculo político para inauguração de obras para a classe política da região fazer suas bravatas. Mas dizer o que se, anteriormente, até a ponte provisória do local teve inauguração! Os bajuladores irão “argumentar” que o governador anunciou milhões de reais para melhorias e duplicações das rodovias Geraldo Barros (SP-304) e Hermínio Petrin (SP-308) como se fosse um favor feito pelo “bondoso” Alckmin e seu partido que “governa” o estado somente há 17 anos. Essas duas rodovias sofrem com o descaso do governo tucano que agora vem posar de “bom moço” na foto por aqui. Infelizmente em se tratando de estradas, o governo estadual só “trabalha” para dar um jeito de colocar mais uma praça de pedágio para “melhorar” o que deveria ser feito por eles. Estradas sem pedágio são deixadas de lado pelo governo, pois segundo levantamento do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (Setcesp) a maioria destas estão em mal estado de conservação.

A vergonha dos pedágios
Aqui no estado de São Paulo, a implantação de pedágios é política de governo dos tucanos paulistas. Os que defendem os pedágios tentam argumentar pela qualidade das estradas, mas se esquecem que a maior parte da malha viária foi feita pelo estado, ou seja, com dinheiro público. Mesmo assim, não justifica a quantidade de praças de pedágio, praticamente a cada 30 quilômetros, e o alto valor cobrado. Já fizeram estudos que comprovam que estradas bem melhores em outros países custam bem menos que as do estado paulista. O pedágio em São Paulo é tão abusivo que chega a ser extorsivo e agora vai piorar ainda mais com o novo aumento que o governo paulista, querido pelas concessionárias, autorizou-as a fazer. Como escreveu muito bem o editor do jornal A Tribuna de Piracicaba, Erich Vallim Vicente, as estradas paulistas viraram luxo. O artigo pode ser lido aqui. Não há como apoiar essa política dos pedágios no estado, que onera ainda mais os trabalhadores que utilizam as estradas todos os dias, principalmente os caminhoneiros. O custo dos pedágios é sentido também no preço final de muitos produtos. É essa a política vergonhosa que os tucanos fazem por aqui com o assalto legalizado que são os pedágios. Por exemplo, é um abuso o governo estadual permitir que praças de pedágios fossem implantadas em estradas SIMPLES como a Rodovia do Açúcar (SP-308) e a Rodovia Cornélio Pires (SP-127). Abaixo uma foto de um trecho da rodovia do açúcar, que por falta de uma possui duas cobranças: uma de R$ 3,60 e outra R$ 2,40 para andar nisso ai:


Já na Cornélio Pires eles cobram R$ 7,40 e ainda tem o agravante de “ilhar” moradores de bairros da cidade de Saltinho, os quais tem que pagar esse absurdo dentro no próprio município! É ultrajante essa situação e não se vê indignação e muito menos cobrança na região por parte dos políticos e também da imprensa. Aliás, não é a toa que o governo estadual governa tranquilamente aqui, pois além de a Assembléia Legislativa ser a maioria governista e impedir qualquer investigação e CPI também conta com a complacência da maioria da imprensa paulista chapa-branca tucana.
Portanto, é com receio que vejo esses anúncios tardios por parte desse governo, pois para eles o contribuinte paulista tem que dar mais dinheiro para as concessionárias de pedágios, já que no ano passado só arrecadaram mais de R$ 5 bilhões.
PS: Essa montagem ilustra bem o governo estadual tucano que só falta colocar pedágio na frente do palácio dos bandeirantes


Artigos interessantes e informações sobre o assunto dos pedágios:



Pedágio deixa transporte aéreo mais barato que carro em algumas regiões


Pedágios em SP aumentam ainda mais


Pedágios em rodovias de SP: Concessionárias têm faturamento de R$ 6 bilhões e rentabilidade de 38%
Não sou fã do estilo, mas o pedágio é tão abusivo que virou tema de música sertaneja. Confira o vídeo abaixo:


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22.6.11

O Caos do Transporte Coletivo em Piracicaba

Eu gostaria que o prefeito Barjas Negri (PSDB), vereadores e funcionários de “cargos de confiança” da prefeitura utilizassem apenas o sistema de transporte coletivo por um mês e com um salário mínimo. Não é exigir muito, pois isso é realidade pra muita gente, os quais conseguem sobreviver com os percalços diários de utilizar os ônibus urbanos da cidade. O problema do transporte público não é exclusivo de Piracicaba, mas com um governo super popular e bem avaliado devido às obras ditas "sociais", o mesmo empenho não foi verificado nessa questão em 7 anos de governo Barjas Negri. Lógicamente a prefeitura sempre mostra números que mostram um aumento aqui e outro ali de “investimentos” no setor ou que o preço da passagem não sobe há tantos meses. Na prática e no dia a dia dos usuários nada disso é percebido e o que se vê realmente é que o sistema que já era ruim continua ruim e em alguns casos consegue piorar. A insatisfação gera reclamações gerais dos usuários. Eu, por exemplo, constato isso toda vez que tenho que ir de ônibus para a escola onde trabalho. As principais deficiências do transporte público piracicabano são:

- a precariedade de boa parte da frota e falta de manutenção da mesma, pois não é incomum estes quebrarem no meio do caminho, como já ocorreu comigo;
- superlotação dos ônibus nos horários de pico, sendo que alguns ficam muito cheios mesmo fora desses horários;
- superlotação também nos terminais, principalmente no central, e falta de orientação e fiscalização principalmente na questão das filas de embarque;
- horários e linhas mal feitos, onde ônibus que saem para destinos parecidos costumam sair quase no mesmo horário dos terminais;
- tempo longo de espera em pontos de ônibus e demora no trajeto de algumas linhas devido também ao mau planejamento de horários e linhas;
- alto valor das passagens, onde custam R$ 2,45 no cartão TIP e R$ 2,80 sem o cartão ou passe.

Nesse último caso, gera-se um transtorno no embarque daqueles que não possuem o cartão. O motorista tem que desempenhar uma segunda função, da qual não é pago para isso: ele vira cobrador. Pior ainda quando o mesmo não tem mais passe para vender e a pessoa constrangida tem que ficar pedindo para os passageiros que já estão dentro, vender para ela. Para quem utiliza o transporte público aqui em Piracicaba sabe desses fatores, mas parece que acostumaram com o serviço ruim, pois infelizmente no país é muito raro ter modelos bons e eficientes nessa área. Pior pra quem depende exclusivamente de ônibus urbano e tem que se deslocar a longas distâncias. Dependendo do trajeto, principalmente quando você vai para bairros que ficam do outro lado da cidade, leva-se uma hora e meia ou até mais para chegar ao destino. Outra, não é fácil agüentar todo dia o calor na hora da superlotação, ficar em pé levando trancos durante o trajeto, se irritar de esperar por 40 minutos ou até uma hora no ponto, principalmente nos fins de semana e ver parte do salário gasto em um transporte ruim e ineficiente.
A prefeitura esta em um impasse na questão do transporte, pois a licitação para uma ou várias empresas adquirirem esse serviço essencial está se arrastando na justiça. Assim também como pretende privatizar os terminais de ônibus, o que demonstra certa incompetência administrativa na gerencia destes. O que se teme com essa privatização é o aumento ainda maior no valor das passagens e incerteza sobre a qualidade do serviço prestado. Como se vê, a falta de planejamento e prioridade na área do transporte público por parte da prefeitura piracicabana demonstra que é mais fácil focar em grandes obras, que atendem prioritariamente o transporte individual. É dever do poder público pensar e agir em prol do interesse público como um todo, principalmente nessa área que a maioria depende do transporte coletivo. Formular políticas não somente voltadas a fazer fluir o trânsito para carros, mas para transporte alternativo, como por exemplo, ciclovias. Nesse caso, as únicas existentes são para lazer e estão localizadas em parques ou lugares com pouco movimento. Há tantos projetos para fazer pontes, alargar e abrir avenidas, mas nunca há nada nestes que procurem dar prioridade a mobilidade dos ônibus, como faixas exclusivas. Por exemplo, estão construindo uma nova avenida sobre os trilhos de uma antiga linha férrea que cortava a cidade, mas garanto que em pouco tempo a mesma estará entupida de carros e os ônibus no meio destes parados juntos. Por que não elaborar em um projeto desses uma linha só para o transporte coletivo? Isso sim seria elaborar políticas à longo prazo e pensar a cidade no futuro. Melhorar o transporte coletivo e dar prioridade no trânsito a este é essencial, inclusive, para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Infelizmente esses fatos sobre o transporte público não parecem ser algo urgente para a classe política piracicabana, pois eles não o utilizam e muito menos a classe social a que pertencem na sociedade. Por isso reitero minha proposta inicial desse texto, pois quem sabe depois de sentir na pele a opinião destes não mude e vejam que isso é algo prioritário para a qualidade de vida dos cidadãos, principalmente dos trabalhadores.

PS: O titulo desse texto é em alusão ao famoso termo “Caos Aéreo” cunhado pela imprensa elitista brasileira, pois se estes acham que vôos atrasados caracterizam caos, então demonstram que não tem noção da realidade. Só agora parecem ter acordado e de vez em quando fazem uma reportagem sobre o verdadeiro caos que muito mais pessoas passam todos os dias nas superlotações de ônibus, trens e metrôs pelo país.

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2.6.11

Descobri que sou anti-antipetistas!

Não costumo reproduzir integralmente textos de outros autores para representar o que penso, mas sempre há exceções. O texto reproduzido abaixo é do filósofo Moysés Pinto Neto, o qual reúne seus ótimos textos no blog O Ingovernável. Ele trata de um assunto que cada vez mais é recorrente na sociedade brasileira, principalmente a classe média, que é crescimento do anti-petismo. As pessoas que aderem a isso geralmente formam um senso comum de que o PT é o partido mais corrupto e que faz tudo errado. Pronto, a partir daí cresce e fica arraigado um sentimento de repulsa doentia em relação à tudo que, para eles, soe “petista”. Lógicamente que os “argumentos” usados para retratar o ódio que sente os antipetistas são baseados em questões como: moral, religiosa e principalmente pessoal. Tudo isso se deve quase que exclusivamente a crença cega dos mesmos nos grandes meios de comunicação. Eles não tem senso crítico em relação à isso e são avessos a buscar outras fontes de informações. Com isso, o que é publicado pela grande imprensa passa a ser a verdade absoluta e a relação promíscua desta com a política não é levada a sério. Outra característica de todo anti-petista é se declarar “não partidário”, mas não enxergam que ao mesmo tempo estão sendo partidários.
O texto que reproduzirei a seguir, é daquele tipo que você se sente totalmente contemplado naquilo que pensa sobre o assunto. Foi o que eu senti assim que acabei de lê-lo. Confiram:

“ANTI-ANTI-PETISMO
Uma das polêmicas mais célebres do final do século XX travou-se entre os brilhantes intelectuais norte-americanos Clifford Geertz e Richard Rorty. Geertz, rechaçando os universalismos nostálgicos que alertavam contra os “perigos do multiculturalismo”, posicionava-se como um anti-anti-relativista. Do outro lado, Rorty defendia, em resposta a essa posição, um anti-anti-etnocentrismo. A ambos incomodava sobretudo os “antis”, ou seja, aqueles que, no intuito de se posicionarem contra algo, distorcem esse algo a tal ponto que ele fica irreconhecível.
Não sou petista. Votei em Dilma no segundo turno e em Tarso Genro no primeiro não porque sou petista, mas porque não sou antipetista. A meu ver, eram os melhores candidatos nas circunstâncias. Não me identifico mais com o PT nem com seus principais políticos, nem reconheço na sua atuação grande parte do que suas plataformas têm de mais positivo e inovador. Não me sinto abrangido pelo petismo, tendo identificado alguns rastros do que eu gostaria de ver defendido na candidatura Marina Silva ao Planalto. Tento desenvolver isso aqui no blog nos últimos posts, tratando sobretudo da reconfiguração do cenário político no século XXI.
Conheço pouca gente tão chata quanto petistas dogmáticos. Detesto gente que acredita votar em um partido infalível. Detesto quem tem aquela visão fanática, caolha e cansativa que parece não ter visto os últimos 20 anos passarem. Só tem algo que detesto mais que esses petistas: os antipetistas. Nada pode ser mais burro do que aquele que se define pelo verso do outro. Nada pode ser mais entediante, previsível e anacrônico do que a retórica antipetista. Nada pode ser mais lamentável do que ver alguém que, na falta de ideias, vive traçando a caricatura do outro, atacando o outro para sobreviver. Falou que Lula é um “bêbado” ou que Dilma é “terrorista”, para mim é burro(a).
Evidente que isso não significa que a política não viva do conflito, do confronto, da oposição. É claro que sim. Porém não se trata, a rigor, de um confronto de ideias, mas sim de estereótipos, de projeções, de dramas mal-resolvidos e sobretudo de ignorância. No imaginário do antipetista, tudo que é petista é maldito, imundo, baderneiro. Portanto, para o antipetista o mundo está organizado; o petista é que quer bagunçar. Isso, evidentemente, só pode ser admissível para o conservadorismo mais atroz, haja vista que qualquer mínima sensibilidade permite perceber que o mundo em que vivemos é insuportavelmente injusto, violento e irracional. O antipetista se protege dos problemas que lhe poderiam tirar da zona de conforto por meio de uma denegação sistemática, traduzindo esse mecanismo a partir da imagem do petista baderneiro. Vive das imagens mais toscas, caricatas e dos preconceitos mais arraigados. Mantém o senso comum mais rasteiro e vulgar. Não é capaz de questionar minimamente sua doxa, reagindo com ódio e agressividade diante de todo aquele que lhe questionar. Em outras palavras, todo antipetista está muito próximo, se não coincide, com o fascista. Seu ódio é um ódio difuso e ilimitado, um ódio no fundo contra toda e qualquer possibilidade de transformação e esperança, haja vista ser ele simplesmente um poço sem fundo de medo. Todo esse medo ele projeta sobre uma única figura que serve como bode expiatório da sua projeção: o PT. Elimine-se o PT e os problemas acabam.
Isso é tão rasteiro, tão vulgar, tão incomensuravelmente simplório que só me resta me definir atualmente como um anti-anti-petista. Não me comprometo com o PT nem com suas políticas. Vejo pontos críticos nevrálgicos no “Projeto Chinês” que os Governos Lula-Dilma estão levando adiante. Porém a oposição antipetista (que não é toda oposição, mas boa parte dela) é ainda pior. Ser anti-anti-petista não é aderir ao PT, não é ratificar os absurdos que o PT pratica no poder, mas simplesmente não rejeitar a priori o PT como se ele fosse a imagem do mal sobre a Terra, como se ele fosse simplesmente aquele nome proibido que não pode ser dito – como se ele fosse um tabu. Ser anti-anti-petista é um convite, afinal, ao fim da burrice e início da política.”


Quem quiser ler direto no blog acesse aqui.◦
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21.4.11

Considerações sobre o caso etílico Aécio 51

O ex-governador de Minas Gerais e atual senador Aécio Neves (PSDB) foi parado por uma blitz policial de rotina no Rio de Janeiro e teve sua carteira de habilitação apreendida supostamente por estar vencida e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Quer dizer que o maior nome atualmente da oposição brasileira foi pego no flagrante nessa situação. Justo ele um político de nome e prestígio eleitoral e integrante do Senado Federal, o qual tem como uma de suas atribuições a de legislar sobre temas de interesse nacional. Aliás, foi lá que a lei seca, pela qual Aécio foi parado, foi discutida e sancionada. Agora não se sabe ao certo se a carteira de Aécio estava realmente vencida, pois se estava em dia, quer dizer então que ele mentiu ao país todo sobre o fato. Mas isso não importa tanto, pois um país com um grave problema de alcoolismo no trânsito que provoca milhares de mortes por ano, o fato mais grave ai é Aécio estar embriagado. E pior, se recusou a fazer o teste do bafômetro. Como diz um antigo ditado: “quem não deve, não teme”, então parece que o senador tucano estava bem “alto” nesse dia. O que também chama atenção nesse caso é o comportamento da grande imprensa brasileira. Foi noticiado na internet e até nos jornalões, mas sempre com uma discrição e timidez incrível, a qual não é seguida quando fatos até menores atingem políticos do governo, pois o alvo preferencial da mídia sempre foi Lula e políticos do PT. Aliás, em Minas Gerais, onde Aécio e sua família é amiga dos donos dos principais jornais e detém vários veículos de comunicação, esse é o tratamento amigo dado ao ex-governador, o qual ficou dois mandatos no comando do estado:
Ou seja, nenhuma linha sobre o escândalo envolvendo o ex-governador do estado. Sem contar que a oposição mineira ao ex-governador apurou e constatou a estranha relação de carros de luxo que uma rádio da família de Aécio possui, sendo que um destes estava de posse do senador quando foi parado. Aqui você confere essa informação.
Nos jornais televisivos a imprensa brasileira mostra todo seu partidarismo e seletividade tanto das notícias quanto da intensidade com que estas serão transmitidas ao público. Não vi chamadas alarmantes sobre o fato e a notícia ficou, pelo que eu percebi, um dia em pauta nos jornais da TV e depois não se falou mais disso. Não vi nenhum Jabor da vida fazendo discursinho moralista no Jornal da Noite do “caras e bocas” William Waack da Globo. Nem na Bandeirantes e nem na Globo News debate sobre o problema do álcool na direção e o escândalo de um senador da república ter se recusado a fazer o teste do bafômetro. É por essas e outras que a grande imprensa brasileira não tem como não dizer que é partidária, pois fatos como esse demonstra muito bem isso. Outra, antes que os mais paranóicos e delirantes vejam alguma conspiração do governo contra a oposição, vale lembrar que um desgaste de Aécio Neves é ótimo para José Serra continuar na incansável briga interna do partido pela indicação de seu nome para concorrer para presidente novamente em 2014. Portanto, a oposição e mais ainda o PSDB, sobrevive graças a blindagem que a mídia (PIG) dá a eles e tentam assim só escandalizar e fazer alvoroço com qualquer minúcia com integrantes apenas do governo federal.
Ainda bem que existe a internet, a qual hoje fura o bloqueio midiático e é o único espaço para os que questionam e discordam do pensamento único propagado pelo PIG. O site de humor político Quanto Tempo Dura? fez uma sátira perfeita e certeira sobre como seria o comportamento da imprensa brasileira se o ex-presidente Lula e não Aécio que tivesse sido parado e tivesse a carteira de habilitação apreendida por estar alcoolizado. Vejam:

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12.4.11

A Venezuela que você não conhece



Muitos brasileiros têm mania de zombar, muitas vezes sem conhecer, os norte-americanos em relação ao pouco conhecimento destes sobre outros países que não o deles. Essa crítica geralmente é em relação as questões geográficas e geopolíticas que muitos norte-americanos insistem em generalizar tudo e todos. Mas não são só eles, pois aqui nós, brasileiros, também fazemos isso. Um exemplo disso é a ojeriza que muitos possuem ao ouvir falar na Venezuela. Imediatamente o país é ligado a figura do seu presidente Hugo Chàvez, o qual é alvo preferencial das mais diversas análises e notícias, todas negativas, que a imprensa brasileira (chamada oportunamente de PIG) faz quase que diariamente. A mídia brasileira notoriamente sempre foi e ainda é muito subserviente aos Estados Unidos (EUA), pois enxerga o mundo de acordo com o que o departamento de estado deles quer. Quem é considerado do “mal” ou “inimigo” dos EUA, automaticamente acaba tendo apenas um lado mostrado pela imprensa, como é o caso de Chàvez e seu país. O outro lado sempre acaba sendo deixado de lado para atender interesses que visam a demonização de um líder muito popular em seu país e que discorda publicamente dos anseios da maior potência militar do mundo. Embora as bravatas de Chàvez acabem sendo a maioria desnecessárias, é inegável que o seu governo mudou a Venezuela pra sempre. Também não se pode negar que a radicalização política da Venezuela não foi culpa de Chàvez, mas sim de uma oposição racista e preconceituosa que apoiada diretamente por um país estrangeiro (lógicamente os EUA) deu um golpe de estado, o qual felizmente fracassou depois de algumas horas. Aliás, esse golpe foi também orquestrado pela imprensa venezuelana, a qual teve participação direta e criminosa como mostra o documentário chamado “A Revolução Não Será Televisionada”. Hoje em dia, já se tornou comum na imprensa nacional retratar a Venezuela como uma “ditadura” ou como um “regime chavista” e são repetidos a exaustão para que os mais alienados acreditem e repitam isso por ai. É o que acontece e um dos pontos que foi muito levantado por aqui foi a não renovação da licença de operação de uma rede de televisão, a RCTV. Pronto, isso bastou para o PIG alardear que na Venezuela ocorre censura dos meios de comunicação, o que não é verdade. Aqui foi passado que o governo venezuelano “fechou” a rede, como se tivesse invadido suas dependências e fechado com cadeado. Mentira, pois a RCTV continua operando normalmente na internet e na TV a cabo e como não cumpriu com suas obrigações legais, como rege a constituição assim como é aqui também (mas não cumprem), e ainda participou ativamente do golpe, sua licença não foi renovada. Pra quem viu o vídeo que citei anteriormente, imagine se o mesmo tivesse sido feito por emissoras norte-americanas (não uma, mas todas) contra Bush na época. Seriam todas bombardeadas isso sim. Para ler sobre a real situação da imprensa venezuelana vale o relato do jornalista Rodrigo Vianna nessa entrevista. Para desmistificar essa visão falsa e totalmente manipulada que a mídia aqui no Brasil passa sobre a Venezuela, destacarei uma reportagem do excelente jornalista Luiz Carlos Azenha feita para o Jornal da Record, o qual anda se destacando em sair do pensamento único da grande imprensa brasileira. O primeiro vídeo que destaco é sobre a situação econômica, política e social da Venezuela.

Vejam que a elite venezuelana é preconceituosa e delirante, assim como a brasileira. Alardeiam algo que não existe, no caso dizer que a Venezuela é uma ditadura, mas tem liberdade de falar e fazer o que querem, inclusive protestos. Engraçado a Madame e o playboy que “trabalha” com barcos e iates alegarem isso diretamente do conforto que a maioria não dispõe e que apóia Chàvez. Não há ditadura por lá e sim uma histeria das grandes corporações midiáticas do mundo em fazer uma mentira virar verdade.


Nesse segundo vídeo que eu destaco é sobre o sistema criado na parte da cultura no país.


Há alguns dias atrás, eu estava assistindo o jornal da Bandeirantes e o correspondente Eric Nepomuceno estava falando diretamente da feira do livro que estava acontecendo na Venezuela. Ele disse que a política de incentivo a leitura e outros programas relacionados a essa parte dão resultados impressionantes como pôde constatar ali. Mas lógicamente, para não perder o costume, criticou alguma declaração feita por Chavez naquele dia. Tudo para não dar o braço a torcer e dar crédito positivo para iniciativas do governo venezuelano.


Abaixo estão o resto dos vídeos da reportagem sobre a Venezuela que nunca é mostrada por aqui.


As praias venezuelanas


O petróleo da Venezuela


O alerta nas enchentes


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24.2.11

O engodo dos R$ 600

A discussão em torno do novo salário mínimo, que acabou de ser aprovado em R$ 545, é feita de forma superficial e simplista pela mídia e por aqueles que acreditam somente nela. O aumento realmente é pífio e deveria ser muito maior, mas o debate entre governo e oposição é puro teatro de raposas que no fundo, nessa questão, pensam igual. Temos que entender que lá em Brasília, o que vale é o jogo político. Outra, a imprensa só se refere à oposição ao governo do lado da direita, mas devemos lembrar que há uma pequena oposição da esquerda também, representada principalmente pelo PSOL. O governo, preocupado com o cenário econômico e em seguir o que o mercado dita, lançou o projeto desse pequeno aumento para a economia continuar indo bem. A oposição de direita, especialmente o PSDB, queria um aumento para R$ 600. Ora, quem conhece bem os tucanos e seus partidos aliados, sabe que isso é pura jogada para tentar constranger o governo, contando sempre com a ajuda do partido da imprensa (famoso PIG). Já a outra oposição, especificamente o PSOL, queria um aumento ainda maior, para R$ 700. Isso quase nem foi falado na imprensa, pois só tentaram mostrar a oposição da direita como “defensores” do povo. É realmente surpreendente agora ouvir a palavra “trabalhadores” e “povo” sair da boca de tucanos e pefelês (ou demos) demonstrando que são na verdade lobos na pele de cordeiro. Engraçado que nos anos FHC, que o salário era baixo e os reajustes piores ainda, chegou a dar aumento de R$ 10,00, e não lembro de o PPS e o PFL (vulgo DEM) reclamarem. Agora se dizem “preocupados” com os pobres e o que eles vão fazer com esse aumento de apenas R$ 35,00. Que discurso mais fajuto, mentiroso e dissimulado desses que nunca se importaram com o povo e muito menos com salário. Tanto o valor de R$ 545 quanto o de R$ 600 não diferencia tanto em termos de ganho para os trabalhadores, pois os dois são baixos. José Serra disse em campanha que reajustaria para os R$600, mas se chegasse ao poder duvido que faria isso, pois sabia que iria contra o mercado e as contas iriam estourar. Aqui em São Paulo, os tucanos fazem demagogia pura alegando que aqui já é esse valor. Só não dizem que esse aumento não atinge todas as categorias de trabalhadores, principalmente os funcionários públicos do estado, que continuam com salários defasados. Porque ninguém fala nada sobre a proposta do PSOL? Acho que era a melhor proposta, mas o foco é manter esse “embate” entre PT e PSDB, onde a mídia sempre fica do lado dos tucanos. Aliás, já vi alguns nessa mesma mídia (PIG) que já defenderam a extinção do salário mínimo. Agora, é a primeira vez que vejo estes defenderam um salário mínimo “digno” para a população, o que não faziam na época de FHC.
Já que perderam nessa votação para o governo, a oposição está novamente partindo para comparações esdrúxulas e infantis com o governo Dilma e o Atos Institucionais da ditadura. O projeto do governo permite o mesmo reajustar o mínimo por decreto até 2015. O Supremo (STF) e o Ministério Público (MP) fizeram exatamente isso com os seus salários e por isso o governo percebeu que será incoerência dos dois órgãos julgar inconstitucional a medida. É ridículo ver na internet aqueles que apoiaram a ditadura, agora tentar alardear um suposto começo de regime autoritário do governo Dilma com essa proposta. É muita paranóia alimentada pelo delírio e má-fé de alguns lunáticos da internet e também do panfleto travestido de revista que é a Veja.
Agora está rolando e-mails daqueles que se dizem indignados, mas que no fundo são um bando de alienados, sobre quem votou a favor ou contra os R$ 600. Nesse momento eu gostaria de lembrar as propostas sobre salário mínimo de um partido de esquerda, que é tido como radical, o PCO (Partido da Causa Operária). Pra quem não se lembra, nas propagandas políticas eles chamam a atenção justamente por isso, pois reivindicam um salário mínimo de R$ 2.500. Devido à isso são sempre debochados por esses que xingam o governo e que só agora querem um aumento maior de salário mínimo. Por que não fazer um e-mail revelando que os únicos políticos que defendem um real aumento de salário são os do PCO?.
Portanto, o engodo dos R$ 600 alardeado pela oposição é puro teatro político pra sair bem na foto e tentar ganhar votos futuros. Por isso, nas próximas eleições quero que todos esses votem no PCO e o salário de R$ 2.500.


Obs: Quem quiser, leia aqui as propostas sobre o mínimo pelo PCO.◦
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21.2.11

Animais confinados e amarrados são maus-tratos

Há um tema que eu geralmente não trato muito aqui no blog, mas que me incomoda muito que é a questão dos maus-tratos à animais. Não sou vegetariano, mas defendo fiscalização e a obrigação de todos, sem exceção, que comercializam carnes a seguir procedimentos que sempre visem causar o menor dano e sofrimento aos animais abatidos. Assim como deveria ser proibido alguns outros tipos de carnes, que envolvem uma crueldade sem tamanho, como, por exemplo, a carne de vitela ou também chamado de “baby-beef”. Nesse tipo de criação, o animal fica totalmente preso, para não se movimentar e é abatido ainda bezerro.
Mas não é sobre essa questão específica que vou tratar aqui. A questão dos maus-tratos envolve muitas formas que culminam na causa de sofrimento aos animais. Aqui vou tratar de uma em particular, que muitos acham comum ou normal e ainda muita gente o faz e ultimamente é o que me causa mais revolta. É o costume de deixar animais confinados e/ou amarrados, com raras exceções. O abandono de animais que ficam vagando, principalmente nas cidades, é um problema sério e geralmente comove a maioria das pessoas que se importam um pouco com o bem-estar animal. Mas muita gente não presta atenção de que muitos animais que tem um “lar”, dependendo das condições, vivem pior do que os abandonados.
O que me instigou em escrever sobre isso, foi uma notícia que vi no portal da Globo onde diz que uma mulher foi atacada por um cão da raça pit-bull. A reportagem pode ser lida na íntegra aqui.
Lendo a reportagem, descobre-se que a mulher criava o cão dentro de casa há 4 anos e daí vem o detalhe mais importante: ele ficava preso na coleira nos fundos da casa. Pelos relatos da própria dona, ela nunca soltava o cão e o mesmo ficava sempre na coleira. Ora, o que dá pra entender do caso é que durante esses 4 anos, o cachorro fica preso nos fundos encoleirado e ela não sabe o porque de ele ter atacado quando ela estava saindo de casa? A vontade do cão em sair e se soltar foi tão grande que ele conseguiu, tentou sair dali e quando ela quis impedi-lo ele a mordeu. Como se trata de um pit-bull, que já é um cão extremamente forte, o susto é maior e é por isso que conseguiu se soltar. Será que a “dona” não percebeu essa relação entre o aprisionamento contínuo do cão e o fato de ele ter mordido-a para tentar sair? As pessoas que desejam ter cães, em geral, tem que saber que os mesmos precisam de espaço, sair para passear e logicamente comida e água. Quando se trata de cães de grande porte e ainda de raça, o cuidado tem que ser bem maior e na questão do espaço e sair , com os devidos cuidados, é ainda mais essencial. Cachorros desse tipo que ficam confinados e/ou amarrados tendem a ser mais agressivos e não adianta depois culpar somente o animal, pois o dono colaborou enormemente para potencializar esse lado. Infelizmente muitas raças de cães de grande porte como, por exemplo, o pit-bull e o rotwailler, se popularizaram e acabam sendo vítimas de pessoas inescrupulosas que pensam, por serem raças tidas como “violentas”, os tratam das piores formas possíveis como fazia a mulher da reportagem. Ainda há casos em que muitas pessoas que não tem condições financeiras de manter esses animais, pois comem muito, acabam também os maltratando, como vira e mexe, aparece por ai pit-bulls sendo resgatados quase mortos.
Portanto, no caso da reportagem, o fato de o pit-bull ficar amarrado, preso no fundo da casa foi o fator predominante para o mesmo atacar a “dona”. Esse caso eu peguei para ilustrar essa prática odiosa e violenta contra os animais, que é deixa-los amarrados.
Eu presencio muitos casos desse tipo e como agora aqui em Piracicaba há uma lei que pune os maus-tratos à animais, a denúncia é essencial para combater essas práticas. Um exemplo pessoal, foi quando eu tomei coragem e denunciei um cara que deixava um pequeno cão da raça shih-tzu amarrado em uma coleira de pouco mais de 1 metro no canto da garagem atrás do seu carro. O pobre do cão ficava ali praticamente o dia inteiro e o só o soltava, muito raramente, quando deixava-o em uma garagem jogado na frente da casa. Esse é só um caso que presenciei e assim como o da reportagem que citei, não importa se o cão é alimentado e tem água, pois deixá-los amarrados e/ou confinados é um típico caso de maus-tratos.
Esse texto foi mais um desabafo sobre apenas um dos muitos casos de violência contra animais, pois há tantos outras práticas que são tão ou mais cruéis que estas. Não se deve ter medo de denunciar e o anonimato é sempre garantido nessas denúncias.

Obs 1: Aqui em Piracicaba as denúncias contra maus-tratos à animais podem ser feitas pelo telefone da prefeitura: 156 ou também on-line. Também há a ONG Vira-Lata Vira-Vida que faz um excelente trabalho nesse sentido.
Obs 2: A foto acima é de uma cachorra que estava abandonada em um terreno baldio perto de casa. Cuidei dela alguns dias e consegui que fosse adotada.

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15.2.11

Tucanos privatizam 25% dos leitos dos hospitais públicos do estado de São Paulo


Estamos cansados de ver reportagens que mostram o drama de milhares de pessoas que sofrem com a falta de leitos em hospitais públicos no Brasil. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS), segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), seja até que bem avaliado por aqueles que o utilizam, a área da saúde pública ainda carece de mais investimentos e melhorias. Aqui no estado de São Paulo, o qual é governado (?) pelo mesmo partido, o PSDB, há 17 anos, a saúde pública vem sendo cada vez mais privatizada. Os tucanos sempre foram adeptos da corrente neoliberal que prega o estado mínimo, onde teoricamente o estado cuidaria somente das áreas essenciais para a população como a segurança, a educação e a saúde. Pois bem, em todas essas áreas, aqui no estado de São Paulo, são as que mais são relegadas pelo descaso e falta de políticas públicas sérias por parte do governo estadual. No caso da saúde pública, o processo de terceirização da área começou com a lei das Organizações Sociais de Saúde (OSS) de 1998, onde FHC permitiu que os novos hospitais públicos fossem repassados a essas organizações. Aqui em São Paulo foi onde mais ocorreu isso. Vale lembrar que essas OSS são tidas como filantrópicas, mas são empresas privadas de gestão que recebem do estado para prestar esses serviços. O pior é que não passam por nenhum processo de licitação e quase não há controle de gastos por parte do estado em relação às OSS. A desculpa dos tucanos aqui em São Paulo para as OSS é de que agilizaria os serviços e custariam menos. O que acontece na verdade é que os hospitais públicos geridos por essas instituições fazem atendimentos seletivos (por exemplo, não fazem hemodiálise) e custam mais que os hospitais geridos diretamente pelo estado.
Pra piorar isso tudo, em 2009, o então governador (?) de São Paulo, José Serra, resolveu terceirizar toda a saúde do estado, pois permitiu que todos os hospitais públicos estaduais, não só os que foram construídos depois de 1998, pudessem passar para as OSS. Em 2010, Serra, na ânsia de mostrar alguma coisa na campanha eleitoral, estourou os gastos da saúde, onde procurou inaugurar tudo as pressas e as OSS ganharam mais dinheiro ainda. Mas o pior estava por vir, pois oportunamente Serra deixou para depois das eleições, a aprovação de uma lei polêmica em relação a tudo isso. No dia 21/12/2010, em sessão extraordinária na Assembléia Legislativa, foi sancionado pelo então governador Alberto Goldman, que substituiu Serra, o projeto de lei complementar 45/2010. Esse projeto permite que 25% dos leitos hospitalares (entre outros serviços) do SUS em hospitais geridos pelas OSS sejam vendidos aos planos de saúde privados e clientes particulares. Ou seja, além de muitos hospitais públicos já não terem leitos suficientes para atender a própria população que só pode usar o SUS, agora vai diminuir ainda mais a disponibilidade deste para atender aqueles que podem pagar um plano de saúde. Como escrevi no começo do texto a respeito das inúmeras reportagens sobre o assunto, todo mundo sabe que a falta de leitos em hospitais públicos é um problema grave. Agora o governo tucano paulista consegue piorar ainda mais esse quadro ao reduzir ainda mais a oferta de leitos para a população do estado. Essa lei também vai institucionalizar o que já ocorre em muitos hospitais estaduais, que é a dupla-porta. Isso é uma vergonha, pois um hospital que é público e foi construído com dinheiro do SUS, possui entradas diferentes para os pacientes. Por uma porta entram os usuários do SUS e por outra entram apenas os que têm plano de saúde e particulares. Há também denúncias de que os diagnósticos e tratamentos demoram muito mais para os pacientes do SUS do que para os conveniados e particulares nos hospitais públicos geridos pelas OSS. Os defensores dessa lei dizem que o dinheiro arrecadado com a venda desses serviços ajudará os pacientes da rede pública de saúde. Mas isso é uma mentira, pois a lei diz que o dinheiro arrecadado vá diretamente e somente para as OSS e não para o estado que as financia. Isso é um absurdo, pois com isso o estado não terá nenhum controle sobre o quanto realmente será vendido para os convênios e particulares. Esses recursos também não serão contabilizados na receita e nos gastos públicos e, portanto o estado não será ressarcido por prestar esses serviços. Isso tudo agrada muito os empresários e instituições privadas da saúde, em detrimento do interesse público e conseqüente piora no atendimento aos mais pobres. Os tucanos sabem muito bem o que estão fazendo, pois na política, o tal do “dar e receber” é essencial, principalmente, para os cofres dos partidos políticos. Ainda mais o PSDB e seus aliados, tão experientes no processo de espoliação do patrimônio público como ocorreu na privataria dos anos FHC. Aqui no estado de São Paulo, os tucanos podem contar não só com a maioria na Assembléia Legislativa, a qual aprova tudo que eles querem e não investiga nada, mas também com o apoio da grande imprensa paulista. Esta, aliás, além de apoiar o governo tucano nesses 17 anos de (des)governo, abafa todas as tentativas de investigações e CPIs que são enterradas pela maioria na Assembléia. Assim, a população do estado de São Paulo está sendo mais uma vez enganada e será ainda mais negligenciada no serviço público de saúde.
Abaixo deixo a lista dos deputados estaduais que votaram contra e a favor do projeto. Infelizmente o deputado Roberto Morais (PPS), aqui de Piracicaba, votou a favor do projeto, ou seja, votou contra a população do estado.


Obs. 1: A tabela acima foi tirada do texto, que também foi usado como fonte, da excelente jornalista Conceição Lemes e pode ser acessado nesse endereço:
http://bit.ly/eBB3hu

Obs. 2: Algumas entidades da sociedade civil entraram no Ministério Público contra essa lei. Leia sobre isso aqui.

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9.2.11

Madame Danuza Leão e a face escravocrata da elite brasileira


Ano passado, durante as eleições presidenciais, parte dos eleitores de José Serra saíram do armário e mostraram a verdadeira face anti-povo que possuem. Primeiro, foram os episódios envolvendo religião e depois descambou para o preconceito puro contra os que votaram em Dilma, principalmente os nordestinos. Vale lembrar que estes têm seus porta-vozes na chamada grande imprensa brasileira (PIG), os quais possuem grande espaço para dar vazão a essa parte da sociedade que pensa(?) como se estivéssemos na época da casa grande e senzala. Esse sentimento escravocrata ainda é muito presente na sociedade brasileira e é despertado quando a minoria que sempre desfrutou dos privilégios começa a ser “incomodada” pelos milhões que estão ascendendo socialmente atualmente no Brasil. Esse pessoal começou a ver que aqueles que sempre foram tidos como “gentinha”, “baianos”, “ralé” e outros adjetivos até mais rancorosos, começaram a comprar geladeira, carro, computador, a ter casa própria, a viajar de avião, ou seja, parafraseando Lula, nunca antes nesse país isso tinha acontecido. Com isso o Brasil foi o último país a entrar na crise financeira de 2008 e o primeiro a sair e hoje aspira ser a quinta economia do mundo até 2016. A elite, representada muito bem no PIG, vira e mexe solta as pérolas racistas e coseguem chegar ao limite da estupidez sem ter um pingo de vergonha na cara. Já não bastou aquele triste comentário do reacionário lunático Luiz Carlos Prates, onde culpou, os pobres que compram carros e o governo Lula de ter facilitado isso pra eles, pelo aumento dos acidentes e mortes no trânsito. Agora surge ninguém menos que Danuza Leão em um artigo intitulado “Luta de Classes” na Folha de S.Paulo (FSP) para despejar todo o rancor elitista contra aqueles que eram acostumados a serem, para eles, eternos empregados. O artigo pode ser lido aqui. Danuza trata com superficialidade o tema que foi abordado em matéria pelo jornal FSP em relação a dificuldade de achar empregadas domésticas na cidade de São Paulo. A matéria está abaixo:

“Achar doméstica vira desafio na metrópole
Famílias antes acostumadas a contar com serviços dentro de casa têm de adaptar hábitos ou pagar salários melhores
Brasil tende a seguir caminho dos países desenvolvidos, onde contratar empregadas é luxo, diz especialista
CRISTINA MORENO DE CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO
6 de fevereiro de 2011
Há 15 anos, bastava um anúncio de três linhas no jornal para atrair 200 candidatas a um emprego doméstico numa segunda de manhã.
Hoje, com ofertas também via SMS e internet, menos de 30 candidatas por dia vão às agências atrás de uma vaga, dizem profissionais de recrutamento ouvidos pela Folha.
O resultado da conta é que os salários subiram e está cada dia mais difícil de encontrar mão de obra disponível.
A diretora de RH Cinthia Bossi, 39, abriu mão de contar com alguém que dormisse em casa ou trabalhasse nos finais de semana. Chegou a trocar de empregadas seis vezes em cinco meses e vai ter que trocar pela segunda vez neste mês. Nos últimos três anos, o salário que paga subiu de R$ 600 para R$ 1.000.
Ela não é exceção. As donas de casa estão tendo que abrir mão de antigas “mordomias”, como ter uma auxiliar 24 horas por dia, com folgas quinzenais. “Já tenho amigas que abrem mão de alguém que cozinhe e colocam as crianças na escola mais cedo. Se querem a empregada no sábado, pagam hora extra.”
A técnica em alimentos Kátia Ramos, 34, também desistiu de ter alguém que durma em sua casa. Chegou a passar um mês sem empregada e babá -com quadrigêmeos de 1 ano e 11 meses e dois filhos adolescentes.
Ela cogita cortar de vez a despesa com o auxílio doméstico quando os filhos crescerem. Hoje, já ajuda nas tarefas da babá e cozinha.
Especialistas ouvidos pela Folha traçaram o seguinte panorama: mais mulheres entraram no mercado de trabalho, precisando cada vez mais de empregadas para cuidar de casa. Ao mesmo tempo, o aumento das oportunidades de trabalho e de educação fez com que menos pessoas quisessem seguir o trabalho doméstico, ainda muito discriminado, inclusive pela legislação do país.
“Estamos em um período de transição”, afirma Eduardo Cabral, sócio da empresa de RH Primore Valor Humano. “Talvez a próxima geração valorize mais a doméstica porque estão ouvindo mais os pais falando dessa dificuldade de encontrá-las.”
Para a pesquisadora do Insper Regina Madalozzo, esse período de transição, até haver uma real valorização do trabalho doméstico, ainda vai durar uns 20 anos.
Mas a curto prazo, diz ela, a relação entre patrão e empregado vai mudar, passando a ser mais profissional.
“A tendência é que se torne um luxo, ao menos nos grandes centros”, afirma Cássio Casagrande, procurador do Ministério Público do Trabalho e professor de direito constitucional da Universidade Federal Fluminense.
A experiência de Michelle Almeida, 29, é ilustrativa. Ela começou como babá em 2003, ganhando R$ 350 mensais e dormindo na casa dos patrões. Agora em seu terceiro emprego, após dois cursos de capacitação como babá, ganha R$ 1.300, de segunda a sábado, das 8h às 18h.”



A reportagem diz que com maior oportunidade de trabalho e educação, menos pessoas procuram trabalhar como empregados domésticos. Com isso os salários tendem a aumentar, o que para aquela parte das pessoas que achava muito pagar menos que um salário mínimo para uma empregada é um ultraje. Ou seja, queiram ou não, vivemos um momento de recordes de empregabilidade, reflexo principalmente das políticas do governo Lula, o qual o PIG e a elite não dão o braço a torcer.
O artigo de Danuza mostra como a elite deprecia os mais pobres e os subjulga de acordo com a simplicidade dos atos que alguns cometem. Pior, Danuza faz comparação esdrúxula e infame entre ideologias, no caso ela cita o socialismo e a luta de classes, e o fato de ela pagar aula de natação para a diarista a acompanhar. Olha que bondade da patroa! Depois diz ela que quando contava para os amigos, ninguém dizia nada e ela começou a saber o porque. Trocados começaram a sumir (daí ela faz mais uma comparação estúpida dizendo que deixava porque estava fazendo distribuição de renda!), assim como frutas, sabonetes e o que foi definitivo para Danuza se enfurecer foi quando a diarista comeu metade do tal queijo francês da madame. Onde já se viu isso? Uma pobre “morenona” (Danuza a descreve assim pra não dizer “preta” ou “negra” e por isso acha que foi politicamente correta), que toma duas conduções para ir a casa dela (isso ela mesma diz no artigo), comer queijo importado? Que indolência! Depois ela diz que descobriu outras mancadas da diarista que a conseguiu suportar por dois anos. Lógicamente que a articulista não diz quanto pagava a diarista e depois dessa “horrível” experiência, Danuza Leão resolve que se uma fez, todos que são parecidos com ela devem ser da mesma estirpe, também irão fazer e resolve começar a agir diferente com a próxima empregada. E finaliza com essa pérola:

“Aprendi que a luta de classes começa dentro de nossa casa, e mais especificamente, dentro da geladeira. E enquanto o mundo não muda, passei a comprar queijo de Minas, que além de tudo não engorda.”

Ou seja, na cabeça dela, comprando o queijo de Minas ela estará, de certa forma, punindo aqueles (que pra ela são todos iguais) que um dia ousaram a experimentar o queijo francês que só ela e seus pares gostam e tem o direito de usufruir. Assim Danuza Leão acaba “refletindo” e reconhecendo que não há igualdade entre os seres humanos, pois há os superiores (como ela) e os que sempre serão inferiores. É verdadeira casa grande e senzala.
Há um vídeo do humorista Marcelo Adnet, da MTV, que eu coloquei em outro texto meu que mostra exatamente como são esses elitistas. Assista aqui.

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1.2.11

A hipocrisia dos defensores do golpe de estado em Honduras

Em 2009, um pequeno país da América Central chamado Honduras, sofreu um golpe de estado. Seu presidente, democraticamente eleito, Manuel Zelaya, foi deposto ilegalmente ainda de pijamas, onde foi seqüestrado pelo exército hondurenho e deportado para a Costa Rica. Inicialmente quase todos os países, inclusive os EUA, denunciaram e repudiaram o golpe, mas depois começou uma intensa discussão jurídica sobre o golpe e que levou depois até a ONU a voltar atrás. O Brasil teve atitude exemplar e correta em não aceitar o governo golpista e também não reconheceu as eleições ilegais que organizaram há pouco tempo. Aliás, aqui no Brasil, também houve uma discussão acalorada sobre o golpe de Honduras, onde a mídia (PIG) acabou de certa forma se alinhando, como sempre, à posição de Washington. Destaque para Arnaldo Jabor e Alexandre Garcia, ambos da Globo, que fizeram um papel ridículo de defensores do indefensável golpe militar hondurenho. Esses dois bateram na tecla de que o golpe foi “constitucional”, pois Zelaya teria ferido a constituição do país ao fazer uma consulta popular sobre a possibilidade de uma Assembléia Constituinte que entre outras propostas estaria a possibilidade de reeleição. Aliás, Zelaya foi muito mais democrático que FHC, o qual mudou a constituição a seu bel-prazer e sem respaldo popular, isso sim um golpe contra a democracia que ninguém fala. Assim como os golpistas hondurenhos, os dois “jornalistas” e grande parte do PIG disseram que Zelaya queria se perpetuar no poder e como este feriu a constituição ao fazer essa consulta popular, justificou o golpe. Pois bem, eis que surge uma revolução com os documentos liberados pelo site Wikileaks, o qual está sofrendo perseguição principalmente do governo dos EUA, que revela que o golpe de Honduras foi realmente um golpe. Nos documentos, o embaixador dos EUA em Tegucigalpa (capital de Honduras) na época classificou exatamente assim, como golpe de estado, o que ocorreu por lá. Os EUA decidiram estratégicamente não dizer isso em público e apoiaram os golpistas, pois não querem perder a base aérea militar de Palmerola. Mesmo assim, na época o golpista que ficou no lugar de Zelaya, Roberto Micheletti, disse em entrevista que o principal motivo do golpe foi o rompimento de Zelaya com parte da elite hondurenha e aproximação com Hugo Chàvez.
Outra coisa que faz com que tanto Jabor quanto Garcia, mas também todos que apoiaram o golpe hondurenho sejam hipócritas e ridículos é que diziam temer que Zelaya se perpetuando no poder iria fazer igual ao Chávez e restringir as liberdades e instalar um regime autoritário. Na época do golpe, o regime golpista de Honduras é que fez exatamente isso, onde reprimiu com violência e brutalidade as manifestações contra o golpe, inclusive houve muitas mortes na época, e fecharam TVs, rádios e jornais. Sobre isso, ninguém disse nada.
O regime golpista de Honduras realizou eleições há pouco tempo, as quais não foram reconhecidas pela maior parte dos países, e os atuais ocupantes do poder hondurenho acabaram de aprovar uma mudança na constituição do país que permite a reeleição do presidente do país. Vejam só, fizeram aquilo que usaram de artifício para dar o golpe e tirar o presidente Zelaya do poder. Isso foi muito pouco noticiado pela nossa imprensa (PIG), a qual agora finge que nada aconteceu. Cadê agora o Jabor e o Garcia pra condenar o “governo” atual de Honduras por infringir a lei? Isso que tem o agravante de ter sido aprovado sem nenhum respaldo da população, ou seja, um golpe semelhante, ao que já citei, que foi feito por FHC.
Portanto, esse episódio triste de golpe de estado em Honduras traz um alerta para todos os povos das nações que já sofreram durante décadas com ditaduras perpetradas por golpes apoiados pelo imperialismo estadunidense, o qual tentou também em 2002 na Venezuela. Para finalizar, todos aqueles na imprensa brasileira (PIG), a qual não tem mais credibilidade nenhuma, que apoiaram as ações golpistas em Honduras, deveriam se reconhecer golpistas ou pedir desculpas a opinião pública por terem mentido descaradamente, pois agora se calam diante daquilo que tanto “denunciaram”.

*Fontes consultadas e indicadas para leitura:
Rodrigo Vianna - http://bit.ly/gVnkuO
Novae - entrevista com Noam Chomsky - http://bit.ly/h2ck17

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21.1.11

Catástrofe Ambiental e Humanitária

O Brasil começa o ano de 2011 com uma catástrofe ambiental, a qual culminou também em uma tragédia humanitária de mais de 700 mortos na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Além dessa região, praticamente todo o sudeste do país enfrenta problemas com as chuvas dessa época do ano e os conseqüentes deslizamentos de terra e alagamentos em várias cidades. A cidade de São Paulo, por exemplo, já é tão crônico esse problema que qualquer chuva em qualquer parte do ano já alaga algumas regiões da cidade.
No caso da catástrofe da região serrana do Rio, vale lembrar que tivemos episódios semelhantes em 2008, em Santa Catarina, onde houve mais de 120 vítimas fatais, e em 2010, Angra dos Reis (RJ), que também morreram mais de 50 pessoas. Nas três tragédias o que fez com que o número de vítimas fosse tão grande foram as verdadeiras “avalanches” de terra que ocorreram e levaram tudo o que tinha pela frente. As imagens desses episódios são desesperadoras de ver e mostra a força dessas catástrofes naturais. Nesses casos o cenário é o mesmo, ou seja, ocupações irregulares em encostas, topos de morros e beira de rio. São áreas que vários estudos comprovam que não deveriam ser ocupadas por edificações e nem serem desmatadas. Tanto que há a lei nº 4.771/65 que institui o Código Florestal, que proíbe construções nessas áreas e estabelece outras medidas essenciais a proteção do meio ambiente. É ai que reside a omissão dos governos, principalmente os municipais, em não fazer cumprir essa lei. Infelizmente isso ocorre há muito tempo e há muitos interesses envolvidos. Há as ocupações de comunidades pobres, que por falta de opção e devido à especulação imobiliária, faz com que se instalem nessas áreas. Por outro lado, também há os interesses imobiliários de instalação de condomínios particulares, hotéis e resorts, onde geralmente são prontamente atendidos pelas prefeituras. Isso tudo acontece em todo o país, pois é só observar atentamente quando viajar para qualquer parte do litoral brasileiro. Qualquer um testemunhara que, ainda mais agora com a especulação imobiliária de luxo através dos condomínios fechados, a lei anteriormente citada foi e esta sendo desrespeitada com a complacência das “autoridades”. Na recente tragédia do Rio, a natureza não fez distinção entre ricos e pobres e algumas cidades ficaram quase que totalmente destruídas. Agora não adianta culpar as chuvas ou tentar fazer jogo político com a tragédia. A culpa e omissão são de todos, principalmente, é lógico, dos governos (federal, estadual e municipal) e tanto os atuais quanto os antecessores. Não adianta também dizer que tanto de dinheiro não foi investido aqui ou ali, porque nesse caso o problema não é dinheiro e sim o cumprimento estrito da lei, ou seja, são construções que não deveriam existir ali ou que deveriam ter estudos muito bem elaborados para cada caso. Infelizmente, a partir do momento que não tem mais mata pra segurar o terreno que está deslizando, não só essa como as outras tragédias citadas anteriormente aconteceriam do mesmo jeito. O melhor mesmo é prevenir. E como? Não permitindo mais ocupações (qualquer uma) nessas áreas e fazer com que os municípios de todo o país cumpram a lei. Agora o governo oportunamente diz que irá cobrar mais dos municípios que cumpram a lei e lança um plano de prevenção de tragédias. Só agora que se pensa nisso? Cobrar mais é preciso e é urgente, mas infelizmente a principal lei, a do Código Florestal, está para ser mudada e para pior. Vergonhosamente a iniciativa parte de um membro do próprio governo, o deputado Aldo Rebelo (PC do B), o qual ganhou apoio da bancada mais retrógrada e anti-ambientalista do congresso: a ruralista. Esta bancada é quase inteiramente composta por membros da oposição e o deputado “comunista” conseguiu a façanha de se aliar à senadora, ganhadora do prêmio moto-serra de ouro do Greenpeace, Kátia Abreu (DEM) e de parte da imprensa brasileira, que inclui figuras exóticas como o acéfalo e histriônico Reinaldo Azevedo. Se ocorrer essa mudança no Código Florestal, tragédias como a atual serão mais freqüentes. Um exemplo didático de como ser inconseqüente e falta de senso é o que fez a Assembléia do estado de Santa Catarina. Mesmo depois da maior tragédia do estado, os deputados estaduais aprovaram mudanças na legislação ambiental, dentre elas o absurdo de diminuir as áreas de preservação permanente (APPs) no entorno dos cursos d´água de no mínimo 30 metros (que é o previsto no Código Florestal) para apenas 5 metros. Ainda bem que essa insanidade esta sendo contestada judicialmente pelo ministério do meio ambiente e a mudança ainda não foi implementada. Isso é um exemplo do que está por vir com a alteração do Código Florestal e isso representara um retrocesso para o país na questão ambiental.
Portanto, a manutenção e aplicação do Código Florestal é essencial principalmente para regiões onde ainda há muito o que preservar e que inclusive era um dos atrativos das cidades atingidas da região serrana do Rio. Outro fator importante, o qual deve servir para todas as cidades do país, é o combate à especulação imobiliária e realizar políticas públicas voltadas para democratizar a utilização dos imóveis e não deixar de investir em infra-estrutura. Mas o principal é a mudança, ou melhor, que a sociedade em geral se conscientize da sua relação com o meio ambiente, pois o que fazemos é apenas utilizar predatoriamente e irresponsavelmente os recursos naturais. Muitas tragédias acontecem pelo mundo todo e nos alertam para isso faz muito tempo e já passou do momento de pensar e refletir. Não devemos esquecer que o planeta existe há muito mais tempo que nós e passou por varias eras que nunca sobreviveríamos. Portanto é obrigação dos governos e de todos os cidadãos agirem a favor de todas as espécies vivas e recursos que esse planeta dispõe para gente, pois com isso estaremos garantindo nossa sobrevivência.
OBS: Quem quiser ver fotos incríveis e muito bem feitas dessa tragédia do Rio acessem aqui.

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