29.9.07

Observando as notícias

Semana passada quando li o jornal Folha de S. Paulo e depois "acidentalmente" assisti ao Jornal da Globo da noite, reforcei ainda mais a tese de que a mídia brasileira hoje é um partido político e que ela manipula as informações para satisfazer não só aos donos dessas corporações midiáticas, mas principalmente aos magnatas de outros grupos econômicos.
Quando leio e vejo algumas reportagens, ás vezes me dá muita raiva não só com a notícia, mas também como a forma em que essa é transmitida ao leitor e telespectador. Sinto uma náusea com a hipocrisia, arrogância e desfaçatez de alguns jornalistas, quando esses dão a notícia fazendo caras ora de desaprovação e desprezo, ora de aprovação ( como toda noite faz William Waack) e dando opiniões fora de contexto e reacionárias (como faz Carlos Nascimento e Jabor).
Folha
Nas reportagens da Folha a manipulação é grosseira, pois as manchetes são direcionadas aos leitores tirarem conclusões precipitadas, pois como se sabe a maioria só lê os títulos das manchetes, sempre associando corrupção a um partido (no caso sempre é o PT) e tentando colar os escândalos a figura de Lula.
Recentemente, o esquema do valerioduto que começou com os tucanos em MG, parece ficar em segundo plano, pois as manchetes estão direcionadas a vincular isso somente ao ministro do governo Mares Guia. O pior foi o senador tucano Azeredo dizer que esse esquema irrigou a campanha de FHC em 98 e a imprensa simplesmente por isso nas entrelinhas, mas nada nas manchetes principais. Imagino se essa declaração fosse de algum senador petista. Choveriam editoriais condenando de antemão o governo e a oposição pedindo abertura de CPI imediata, o que lógicamente é de se esperar, mas a imprensa não pode fazer dois pesos e duas medidas.
Jornal da Globo
No jornal da noite da Globo o pseudo-intelectual preferido da classe média Arnaldo Jabor fez um discurso apaixonado e ovacionou a privatização da Vale do Rio Doce. Jabor parecia um cachorrinho que depois de fazer o que o dono gosta iria ganhar um ossinho. E como sempre classificou aqueles que se contrapõem a privatização como: "ex-bolcheviques do PT", "loucos esquerdistas" e coisas do tipo. Condenou os religiosos da pastoral da terra, o MST e qualquer um que tenha ligação com estes. Arnaldo Jabor tem a maior emissora de TV do país para falar o que quiser, mas aqueles que ele acusa não têm nem 15 segundos para mostrar a opinião.
Hugo Chávez
Outra coisa rídicula que eu sempre vejo no jornal é a raiva que a imprensa brasileira tem contra Hugo Chávez. Qualquer declaração deste contra alguma coisa a manchete começa sempre assim: "Chávez ataca ..." . Já vi Chávez ataca mercosul, Chávez ataca os EUA e a última é Chávez ataca escolas. Tudo o Chávez ataca, pois sempre pegam um trecho fora de contexto de uma fala dele para "embasar" tal título. Se os EUA declararem guerra a Venezuela, a imprensa apóia. Por isso acho que quando Chávez disse que alguns políticos do congresso brasileiro são papagaios dos EUA, eu acresecentaria ai a grande imprensa do país também.

Politicamente a imprensa brasileira está ao lado da oposição só que não assume isso, pois se o fizesse estaria prestando um enorme serviço aos leitores e telespectadores. Ideológicamente é de direita e defende a qualquer custo o modelo neo-liberal onde prega a diminuição do estado e a dominação de todos os setores estratégicos por grandes corporações, principalmente estrangeiras. Com isso exerce o papel de mais um partido político e recebe e faz lobbies para empresas e ataca qualquer um que seja contra esse tipo de consenso fabricado.◦
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17.9.07

Um exemplo da polícia de como tratar estudantes


Essa foto ilustra bem o que eu disse no post anterior sobre a repressão da polícia de São Paulo. Isso foi em Santo André em uma universidade particular, onde os alunos souberam que as mensalidades iriam subir absurdamente e resolveram ocupar a reitoria e tentar uma negociação. O que aconteceu foi o que mostra a foto e alunos foram covardemente agredidos por policiais que parecem estar cada vez mais voltando na época da ditadura, onde qualquer manifestação estudantil era reprimida com violência. No final do ano passado a Unimep também entrou em greve contra as arbitrariedades do novo reitor e resultou numa crise sem precedentes que prejudicou a todos. Felizmente não houve repressão, apesar de alguns quererem, e conseguiram frear a política do novo reitor. Parece que o governador Serra e o prefeito de São Paulo Kassab nunca são questionados sobre esses episódios e muito menos sobre a defasagem vergonhosa da educação pública municipal e estadual. É a nossa grande imprensa dando cobertura total a eles para que esses não sofram constrangimentos diante de perguntas pertinentes. Esse tipo de ação truculenta da polícia resulta também da conivência das autoridades.

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5.9.07

Repressão Paulistana

Esses dias assistindo o jornal da manhã vi a notícia dos policiais em São Paulo atirando e entrando em confronto com os ambulantes que tentavam fazer uma feira na madrugada. Não entendi porque a população pobre que tenta sobreviver no mercado informal é tratada desse jeito pela prefeitura e governo de São Paulo.Será porque eles comercializam mercadorias de contrabando? Se for isso, então a Daslu (a loja que teve inauguração feita pelo ex-governador Alckmin)deveria ser bombardeada, pois essa loja nada mais é do que uma butique de contrabando de grife. Quando a PF entrou na loja e deteve a dona, houve comoção em políticos como ACM, Bornhausen e editoriais irados dos jornalões paulistas. No caso dos ambulantes, manda-se a polícia fazer o trabalho sujo. Aliás, essa parece ser a política de Serra e Kassab para lidar com outros trabalhadores também. É bom lembrar a cena lamentável em que Kassab expulsou com empurrões e xingamentos de baixo calão um cidadão de um hospital público onde este fez um desabafo em forma de protesto. Na imprensa marrom paulista e na Globo o caso foi tido como infeliz e não vi editoriais raivosos generalizando a atitude com "tentações autoritárias" típicas do partido do prefeito e ninguém o chamou de Stalinista. Agora, imagine se fosse a Marta Suplicy ou qualquer outro petista ou político de esquerda que tivesse feito isso. Iriam sugerir até impeachment. Essa mesma truculência com que o prefeito de São Paulo agiu, a polícia paulistana emprega contra perueiros, estudantes universitários, rappers e professores. Manifestações onde têm magnatas milionários e celebridades como aquele ridículo "Cansei", o qual somente os ingênuos e hipócritas acreditam, não há represália.
Tucanos e Demos (ex-PFL) parecem não gostar de protestos, pois proibiram de acontecer na avenida paulista e mandam sempre a tropa de choque para coibi-los. Só nesse ano, além desses confrontos com ambulantes, também teve aquela lamentável atuação da polícia no show dos Racionais na Virada Cultural. Não há justificativa para o que a polícia fez, pois o pessoal que subiu na banca estava meio longe do palco e quase não houve reação contra os policiais. Houve sim, pré-disposição da polícia em sair batendo em todo mundo que estava assistindo ao show e provocando ainda mais o sentimento de revolta daqueles que já são tidos pela polícia como marginais. Se não houvesse a violência policial generalizada, não haveria as depredações e roubo de lojas.
Na passeata anti-Bush também houve excessos da polícia.
Outro exemplo mais recente foi a retirada dos estudantes da faculdade de direito da Usp, onde mais uma vez o que prevaleceu foi o autoritarismo de não negociar e nem ouvir o que os manifestantes estavam reivindicando.
O pior é a grande imprensa, principalmente a Globo, que nas suas reportagens sobre as manifestações mostra só a indignação de motoristas e passageiros de ônibus com o atraso no trânsito. Mostrar o que essas manifestações realmente reivindicam: Nada!
Assim a mídia chapa-branca continua ignorando manifestações contra o governo estadual e municipal e blindando Serra e Kassab de críticas.
Obs: Parte desse artigo foi publicado no Jornal de Piracicaba no dia 04/09/07 na seção Cartas.◦
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