25.8.08

Mais uma ponte desnecessária em Piracicaba

A administração Barjas Negri (PSDB) aqui em Piracicaba faz a cabeça da classe média e deixa contente o setor imobiliário e da construção civil com as inúmeras obras pela cidade, quase todas relacionadas ao trânsito. Algumas necessárias, mas outras parecem piada, como é o caso de mais uma ponte que está sendo construída na Avenida Vollet Sachs entre o terminal do Piracicamirim e o clube Cristóvão Colombo. Como mostra a foto abaixo (retirada do Google), essa ponte será erguida no meio de outras duas pontes já existentes e que distanciam uma da outra aproximadamente 100 metros. Será que uma ponte ali é tão necessária assim?Qualquer pessoa que passar por ali verá a inutilidade da obra, pois quem está indo do lado direito da avenida pode retornar para o outro lado tanto pela Ponte 2 (como mostra a foto acima) quanto pela Ponte 1(foto acima) que fica um pouco a frente. O tráfego do lado esquerdo pode retornar ao outro lado tanto pela Ponte 1 quanto pela rotatória que há poucos metros depois da Ponte 2. Não dá pra entender o porquê de se construir uma ponte no meio de outras duas.
O pior é que essa obra consumirá do dinheiro dos contribuintes piracicabanos quase meio milhão de reais, ou exatos R$ 458.843,27 como diz a placa de mais uma "obra social". Aqui até instalação de poste em ruas desabitadas têm placas como "obra social". As datas de início e término da obra também foram bem pensadas, pois compreende exatamente o período eleitoral. Barjas se reelegerá no 1º turno e pra iniciar a segunda fase de sua administração já irá inaugurar mais uma ponte para satisfazer os olhos dos barjistas. Como não há oposição, pois essa aderiu ao barjismo, a câmara de vereadores piracicabana não segue o seu propósito de fiscalizar o prefeito e sua administração. A câmara é mais uma casa de barganhas onde o apoio dado ao prefeito é para atender interesses privados e partidários, mas não públicos.

Como sou teimoso e ainda pensando do porquê dessa "magnífica" ponte, eu percebi que do lado esquerdo da avenida e bem próximo a nova ponte está sendo anunciado a construção de um clube e condomínio, que está nessa foto acima. Será que é mais uma ponte para atender os anseios de mais uma minoria? Será que é pra ter acesso direto à avenida Vollet Sachs sem ter que pegar a rotatória que quase sempre está congestionada? Digo isso, pois há um outro condomínio de luxo que será construído na estrada do bongue, onde a prefeitura prontamente atendeu aos pedidos dos empresários responsáveis pelo empreendimento, duplicando a estrada. E através de um projeto de lei votado e aprovado pelos vereadores (vendidos), a prefeitura cederá um terreno, que por lei seria municipal, em troca de uma ponte no local. A ponte será no meio de outras duas também, mas que ficam um pouco mais distantes e será orçada em 2 milhões de reais. Já os terrenos que a prefeitura cedeu "gentilmente" em troca dessa ponte, vão valer muito mais que isso. Alguns especulam que o valor chegue a 9 milhões de reais. Se isso for verdade o grupo empresarial lucrará com essa "boa vontade" da prefeitura no mínimo 7 milhões. O secretário da prefeitura alegou que a ponte vai beneficiar o trânsito e a população local, mas quem conhece sabe que ali o trânsito é muito menos intenso que outros locais da cidade. A verdade é que a prefeitura duplicou a estrada do bongue para satisfazer o conforto dos novos moradores do condomínio e a nova ponte também é para eles não terem o "trabalho" de andar alguns metros a mais e pegar as pontes já construídas. Agora têm mais essa ponte sendo construída com dinheiro público bem do lado de outro condomínio que será erguido. Será coincidência?

Nessa foto, aparece o "carimbo" da campanha de Barjas Negri para sua reeleição do lado onde será a ponte. Será mais uma coincidência? A nova ponte, pelo visto, não têm uma explicação plausível e em vez de fazer essa que será para carros, a prefeitura deveria construir, ao longo desse trecho, mais pontes para pedestres, pois dessas têm poucas. Mais uma "obra social" inútil e cara.


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12.8.08

Minha Tréplica ao artigo da Secretaria de Educação

Agora a minha tréplica foi publicada hoje (12/08/08) no jornal A Tribuna Piracicabana. Agradeço mais uma vez ao Érich pelo espaço no jornal. Confiram:
Tréplica do educador paulista
A política praticada do PSDB há 14 anos evidencia o descompromisso com a qualidadeA Secretaria da Educação do Estado de São Paulo respondeu o meu artigo publicado nesse jornal no dia 25 de julho de 2008. Aproveitando o embalo dos debates das eleições faço aqui a minha tréplica. O pessoal da secretaria vive em outro mundo e parece nunca ter pisado em uma sala de aula ao afirmar que não há precariedade nas escolas e baixos salários. Acho que qualquer professor do estado que leu isso deu risada.O que se constata em muitas escolas é a falta de laboratórios, pois os que têm estão praticamente sucateados; salas sem ventilador ou com os equipamentos quebrados; salas lotadas com 40 alunos ou mais; às vezes falta giz e apagador; muitos materiais e até xerox das provas é o professor quem paga, além de inúmeros outros problemas que qualquer pessoa que visite meia dúzia de escolas estaduais evidenciará. As escolas bem conservadas geralmente têm que fazer de tudo para arrecadar dinheiro com alunos, pais e comunidades, realizando rifas e festas, pois geralmente empregam esse dinheiro pra consertar banheiros ou pintar a própria escola. Isso a secretaria parece não enxergar e muito menos a secretária Maria Helena e o governador José Serra, que só pensa naquilo... as eleições de 2010. A violência não é só física, mas também é psicológica e moral e sintomas como depressão e estresse atingem 46% dos educadores. Baixos salários não existem? A secretaria quer iludir os leitores dizendo que o salário médio do professor é de “R$ 1.840, o sétimo melhor do país”. Mesmo se fosse esse salário não é suficiente e ser o sétimo melhor do país sendo o estado que mais arrecada imposto e mais rico, não é motivo de orgulho. É só observar os holerites de qualquer professor com carga completa e verá que atinge pouco mais que R$ 1.500, pois ainda têm os descontos. O suposto aumento foi de apenas 5,41%, porque incorporou gratificação de R$ 80 que já era paga, ou seja, vai mudar de lugar no contracheque. Isso ainda que a inflação desde o último reajuste foi de 13,6%. Com isso é que se valoriza o professor? Com um salário desses alguém consegue viver em uma cidade como São Paulo, por exemplo? Com esse salário será que dá para pagar transporte, alimentação e materiais como livros específicos de cada área? E quem tem família?A política salarial praticada pelo PSDB há 14 anos evidencia o descompromisso com a qualidade do ensino e o desrespeito com aqueles que estão no dia-a-dia tentando, como podem, educar milhões de pessoas que serão o futuro do estado e do país.Sobre o 1º lugar de 5ª a 8ª séries no Ideb (Indicador de Desenvolvimento da Educação Básica), o que a secretaria deixou de explicar é que as notas do Brasil todo aumentaram, mas mesmo assim as notas são baixas. Segundo esse indicador, o estado paulista está junto com o catarinense com nota de 4,3 e houve uma melhora de apenas 0,1 ponto nessas séries. Já no ensino médio, São Paulo é o 6º do ranking. Por que a secretaria não usou os seus próprios dados do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo)? Nesse índice aparece a real situação do estado, onde de 0 a 10 a média do ensino médio foi de 1,4. No ciclo de 1º a 4 ª séries, 55% não chegam a 3,23 e entre estabelecimentos de 5ª a 8ª, 50% estão abaixo de 2,54. Dados oficiais de 2007 ainda mostram que 71% dos alunos que concluem o ensino médio têm dificuldades até para lidar com conceitos elementares, como subtração. O governo estadual coloca esses dados como culpa dos professores, mas se esquece do seu papel fundamental que é dar condições decentes de trabalho e remuneração digna.Acho que as “três mil propostas” enviadas por professores não deram muito certo, isso ainda que a rede conte com mais de 200 mil docentes. As propostas curriculares foram muito criticadas e contém inúmeros erros. Por exemplo, no caso da Biologia, a genética não está na grade curricular do 3º ano do ensino médio e foi transferida para o 2º ano. Outro exemplo é a grade de Ciências do ensino fundamental que foi toda misturada, fazendo com que matérias de séries anteriores tenham que ser dadas novamente. Não só os docentes reclamaram, mas também alunos que acharam absurdo aprender o que já foi aprendido. O tempo para aplicar as atividades propostas no caderno do professor é insuficiente, além de essas atividades estarem fora da realidade escolar. Portanto, a secretaria deveria ouvir mais as críticas para tentar melhorar essas novas propostas e parar de tapar o sol com a peneira com relação aos salários.
Obs: Esse texto está no site do jornal: http://www.tribunatp.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=167
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Secretaria Estadual de Educação de SP responde meu artigo

A secretaria de educação no dia 27/07/08 respondeu no jornal A Tribuna Piracicabana ao meu artigo publicado no mesmo, dia 25/07/08. Vejam as barbaridades que eles escreveram!!
"Esclarecimento da Secretaria de Estado da Educação"
" A Guia Curricular assegura que o conhecimento seja passado ao alunoA respeito de artigo publicado na sexta-feira, 25 de julho, "A situação dos professores estaduais paulistas", a Secretaria de Estado da Educação esclarece que, diferentemente do afirmado, não há situação de “precariedade da maioria das escolas” tampouco “baixos salários”. A Secretaria não “começou mal” lançando as propostas curriculares. A Guia Curricular assegura que o conhecimento seja passado ao aluno com continuidade. Veio ao encontro de anseios dos próprios educadores que, devido ao absenteísmo de professores em algumas escolas, viam o conteúdo programático prejudicado. O projeto não foi “mal elaborado” e diferentemente do afirmado contou, sim, com a participação de professores. A Secretaria recebeu mais de três mil propostas de professores, muitas delas incorporadas no projeto. Não há “atestado de incompetência”. Há preocupação com a continuidade do conteúdo. Outro erro: São Paulo está entre os líderes no ranking nacional de aprendizado. Segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 2007, produzido pelo governo federal, São Paulo está em 1º lugar (5ª a 8ª série) entre as redes estaduais brasileiras.Não é verdade que São Paulo pague um dos piores salários do Brasil. Muito longe disso. Segundo estudo do Ministério da Educação, o professor da rede estadual paulista tem salário médio de R$ 1840, o sétimo melhor do país. Vale lembrar que este resultado é obtido de maneira diferente de alguns Estados que estão à frente de São Paulo, que ainda recebem auxílio do governo federal para este fim ou têm uma folha de aposentados extremamente menor que a paulista. O governo do Estado investe R$ 13,8 bilhões na Educação, com 80% deste gasto na folha de pagamento. O Governo do Estado definiu reajuste de até 12,2% no salário-base dos profissionais da rede estadual de Educação, a ser pago já em agosto. Diferentemente do afirmado, o aumento definido é para servidores da ativa e também para aposentados. Nunca a Secretaria de Estado da Educação mentiu sobre salários. O aumento é, sim, de até 12% do salário-base, já que houve aumento de 5% em cima da incorporação de gratificação. A incorporação é pedido dos próprios professores e é prova da valorização do professor, porque todos os aumentos que virão incidirão sobre o salário base. A “ilusão” do bônus, como diz o autor do texto, não existe. A Secretaria acredita na política de valorização do professor. A incorporação da gratificação beneficia ainda os aposentados. Esta pasta tem trabalhado pensando nos dois grupos: professores da ativa e aposentados.Não há situação de violência generalizada nas escolas. Os números caem ano a ano, e os casos são pontuais. Sobre as críticas sobre aprovação em concurso longe de casa, é justamente por isso que o decreto 53.037 prevê a regionalização dos concursos. Os professores vão poder prestar para a região em que querem trabalhar. Sobre as afirmações a favor da paralisação, a pasta acredita que, embora legítimas e de direito do trabalhador, a interrupção da jornada de trabalho dos professores acaba gerando enorme prejuízo aos alunos e, portanto, a pasta defende a importância de negociação constante com os sindicatos da categoria como uma ferramenta democrática mais eficiente.Este texto da Secretaria de Estado da Educação é em resposta ao artigo ‘A situação dos professores estaduais paulistas’, de José Humberto Venturini, professor de Biologia na rede de ensino, publicado na sexta-feira, 25, em A Tribuna Piracicabana."
Quem quiser ver está no site: http://www.tribunatp.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=146
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