30.7.10

Negócio$ da Secretaria de Estado da Educação com a Mídia

Esse ano de 2010, mais uma vez ficou marcado pela intransigência e truculência do governo do estado de São Paulo em relação à situação degradante dos professores da rede pública. Houve uma greve que teve boa adesão dos docentes no começo, mas que infelizmente acabou devido a inapetência da cúpula do sindicato (Apeoesp) e a violência do governo estadual. O episódio violento nas imediações do Palácio dos Bandeirantes (sede do governo do estado) mostrou a verdadeira face autoritária de José Serra, pois em vez de receber os professores para negociar, mandou a polícia jogar bombas e balas de borracha. Logicamente a grande imprensa (leia-se Veja, Estadão, Folha e Globo), principalmente a paulista, apoiou o governo em todas as ações contra os docentes e consequentemente manipulou todas as notícias a respeito da greve e a real situação da educação no estado. Todos sabem que essa mesma grande imprensa, chamada oportunamente de PIG (Partido da Imprensa Golpista) na internet, se tornou um partido político de oposição e hoje é o principal cabo eleitoral de Serra. Essa ligação entre mídia, Serra e seu partido (PSDB) não é apenas política e ideológica, mas também envolve negócios milionários. O governo estadual paulista desde o ano passado, quando percebeu que se aproximava o ano eleitoral, fechou vários contratos com os grupos midiáticos sem nenhuma licitação. Tudo isso através da Secretaria de Estado da Educação, a qual sempre diz que os recursos são escassos. Primeiramente foi assinado contrato com a editora Abril e a compra de exemplares da revista Nova Escola, sendo que há várias outras publicações voltadas para o tema da educação. Depois disso a porteira foi aberta, ou melhor, o cofre dos recursos públicos da educação estadual para os maiores grupos de comunicação do país. Aliás, justamente em uma época que estes estão perdendo cada vez mais leitores e assinantes das suas principais publicações. Coincidentemente foram assinadas as seguintes publicações: revistas Veja (editora Abril), Época (editora Globo) e IstoÉ (editora Brasil) e os jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo. Além dessas, outras publicações menores pertencentes aos mesmos grupos foram assinados para todas as unidades escolares do estado. Não sei para que assinar essas publicações, sendo que todas dizem a mesma coisa e sem nenhuma pluralidade de idéias e informações. Imagino se o governo federal fizesse o mesmo com uma revista como, por exemplo, a Caros Amigos (que é assumidamente de esquerda) para as escolas? Com certeza os barões da mídia e a oposição iriam gritar para o mundo inteiro sobre uma suposta tentativa do governo em politizar ideológicamente os alunos e outras asneiras paranóicas que até hoje tentam associar ao governo Lula. Mas como é o Serra e os beneficiados são justamente os que alardeariam isso, então é tido como “normal” e nenhum leitor reacionário dos mesmos se indigna.
Enfim, a conta dessa brincadeira séria custou aos cofres públicos cerca de R$ 84 milhões até hoje. Isso tudo pode ser acessado no Diário Oficial, o qual foi muito bem garimpado pelo blog NaMaria News aqui.
Se não bastasse toda essa boa vontade de Serra e seu partido com a grande imprensa, eles decidiram que a imprensa regional do estado também deveria receber o mesmo tipo de auxílio. Então a secretaria de Estado da Educação mais uma vez entrou com o dinheiro e assinou um convênio com os 14 jornais regionais do estado de São Paulo que fazem parte da Associação Paulista de Jornais (APJ). Nessa nova aquisição a quantia de dinheiro público despendida foi de exatos R$ 771.145,00 e novamente sem licitação. Aqui em Piracicaba o jornal beneficiado foi o Jornal de Piracicaba, mas há outros dois jornais importantes aqui também que são: A Tribuna Piracicabana e a Gazeta de Piracicaba. Agora pergunto: Qual será o critério “pedagógico” utilizado pela secretaria da educação na escolha dos jornais da APJ? Pois esse maravilhoso e lucrativo acordo mereceu até um evento com pompa e tudo entre o secretário da educação, Paulo Renato, e a APJ, como foi relatado aqui. Aliás, Paulo Renato assumiu o cargo apenas com compromisso político e não compromisso com a educação. Isso é evidenciado nas suas manifestações públicas, onde deixa claro que esta muito mais preocupado com a campanha de Serra do que com a pasta que ocupa.
Portanto, o governo estadual paulista usa a educação como desculpa para simplesmente devolver o favorecimento que essas empresas mafio-midiáticas fazem para o partido governante e seu candidato a presidência. Isso sem contar, os outros milhões gastos com as propagandas mentirosas do governo paulista. E assim a ajuda do Estado nessa hora é muito bem-vinda para o PIG, o qual sempre seguiu a retórica neoliberal onde o estado sempre foi visto como um demônio. Agora que estão cada vez mais perdendo espaço e dinheiro com a “revolução” da internet nada melhor que a ajuda daquele que eles tanto ajudam e atuam como cabo eleitoral.


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8.7.10

Serra é um perigo à liberdade de expressão

O jornalista Heródoto Barbeiro, que vinha apresentando o programa da TV Cultura Roda Viva desde 2009, foi afastado depois que ele questionou duramente José Serra sobre os pedágios. O vídeo abaixo mostra esse episódio e de como todo jornalista deveria entrevistar políticos tucanos:



Vejam a truculência, estupidez e autoritarismo de Serra nas suas respostas ao jornalista. Aliás, devolve a pergunta ao entrevistador, bem no estilo Maluf, para tergiversar sobre o assunto. Em outro vídeo ele teve atitude semelhante quando foi também questionado sobre os pedágios por um jornalista. Ele tentou, como sempre faz, dizer que era coisa do “trololó petista”, pois sempre que é questionado sobre algo incômodo ele sai com esta. O ex-(des)governador mentiu sobre os pedágios da rodovia Ayrton Senna, pois disse que o preço caiu pela metade, mas não disse que a cobrança dobrou cobrando na ida e na volta e assim o preço continua o mesmo, mas só aumentou as praças de pedágio. Aliás, os pedágios paulistas são uma vergonha de tão caros que são, os quais oneram todos os cidadãos do estado. Não é a toa que Serra recebeu apropriadamente o apelido de Zé Pedágio. Lógico, no mundo do Serra e da grande imprensa (PIG) o pedágio não é caro e abusivo, nós que sentimos no bolso a cada viagem que fazemos ou produto que consumimos no estado, estamos errados, pois é tudo coisa do PT. Essa sandice deve ser porque Serra e os barões da mídia só andam de helicóptero. Mas os pedágios abusivos será assunto de outro texto. Agora foi lançado o Pedagiômetro.
Pra quem não sabe a TV Cultura sofre interferência direta do tucanato paulista, pois é mantida pelo governo do estado de São Paulo. Depois que Serra assumiu o governo estadual, a pressão e a censura a qualquer voz discordante aos jornalistas da emissora aumentaram e aqueles que o ex-(des)governador não tinha simpatia foram anulados, afastados de suas funções ou demitidos. O jornalista Luís Nassif é um exemplo, pois foi mandado embora no começo do ano passado por divergências e opiniões que nunca agradaram Serra. Agora foi a vez de Heródoto Barbeiro, pois Serra sempre o tachou de “petista” e já havia sido afastado do Jornal da Cultura. Depois dessas perguntas, foi a gota d´ água para Heródoto sair do programa e dar lugar à ninguém menos que Marília Gabriela. Serra é tão autoritário que persegue não só jornalistas, mas qualquer um que o contrarie, como foi o caso do maestro John Neschling, que regia a Osesp. Depois de uma desavença entre Serra e o maestro, Zé Pedágio mandou FHC rescindir o contrato com Neschling. Serra também é conhecido por pedir a cabeça de jornalistas que façam reportagens contra seus governos e onde pode mexer, ele articula para beneficiar tanto grupos midiáticos quanto alguns “jornalistas” que ele gosta. O PIG já é seu cabo eleitoral faz tempo e segue a risca o manual de conduta exigido por Serra, que é o de não questioná-lo e não criticá-lo. Um exemplo de um típico jornalista que Serra gosta é esse da foto abaixo.


Esse é o leão de chácara do Serra no PIG e na internet, o qual é conhecido como Reinaldo Azevedo, ou melhor, Esgoto Azevedo. Ele milita no panfleto político-partidário-ideológico chamado revista Veja. Atua como cabo-eleitoral não só do Zé Pedágio, mas como do seu partido e é o guru da extrema-direita no Brasil atualmente. Serra já tentou retribuir o “serviço” prestado pelo Esgoto, pois queria que o mesmo tivesse um programa na TV Cultura e forçou várias vezes o programa Roda Viva para aceita-lo na banca do programa. Ainda não deu certo, mas depois de trocar Heródoto Barbeiro por Marília Gabriela não vai ser surpresa colocar um Esgoto para bajular e defender o chefe.
Portanto, Serra é o verdadeiro perigo a liberdade de expressão e imprensa no país, pois se eleito irá fazer o expurgo dos poucos jornalistas sérios que sobraram e censurar a imprensa independente.


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