24.2.11

O engodo dos R$ 600

A discussão em torno do novo salário mínimo, que acabou de ser aprovado em R$ 545, é feita de forma superficial e simplista pela mídia e por aqueles que acreditam somente nela. O aumento realmente é pífio e deveria ser muito maior, mas o debate entre governo e oposição é puro teatro de raposas que no fundo, nessa questão, pensam igual. Temos que entender que lá em Brasília, o que vale é o jogo político. Outra, a imprensa só se refere à oposição ao governo do lado da direita, mas devemos lembrar que há uma pequena oposição da esquerda também, representada principalmente pelo PSOL. O governo, preocupado com o cenário econômico e em seguir o que o mercado dita, lançou o projeto desse pequeno aumento para a economia continuar indo bem. A oposição de direita, especialmente o PSDB, queria um aumento para R$ 600. Ora, quem conhece bem os tucanos e seus partidos aliados, sabe que isso é pura jogada para tentar constranger o governo, contando sempre com a ajuda do partido da imprensa (famoso PIG). Já a outra oposição, especificamente o PSOL, queria um aumento ainda maior, para R$ 700. Isso quase nem foi falado na imprensa, pois só tentaram mostrar a oposição da direita como “defensores” do povo. É realmente surpreendente agora ouvir a palavra “trabalhadores” e “povo” sair da boca de tucanos e pefelês (ou demos) demonstrando que são na verdade lobos na pele de cordeiro. Engraçado que nos anos FHC, que o salário era baixo e os reajustes piores ainda, chegou a dar aumento de R$ 10,00, e não lembro de o PPS e o PFL (vulgo DEM) reclamarem. Agora se dizem “preocupados” com os pobres e o que eles vão fazer com esse aumento de apenas R$ 35,00. Que discurso mais fajuto, mentiroso e dissimulado desses que nunca se importaram com o povo e muito menos com salário. Tanto o valor de R$ 545 quanto o de R$ 600 não diferencia tanto em termos de ganho para os trabalhadores, pois os dois são baixos. José Serra disse em campanha que reajustaria para os R$600, mas se chegasse ao poder duvido que faria isso, pois sabia que iria contra o mercado e as contas iriam estourar. Aqui em São Paulo, os tucanos fazem demagogia pura alegando que aqui já é esse valor. Só não dizem que esse aumento não atinge todas as categorias de trabalhadores, principalmente os funcionários públicos do estado, que continuam com salários defasados. Porque ninguém fala nada sobre a proposta do PSOL? Acho que era a melhor proposta, mas o foco é manter esse “embate” entre PT e PSDB, onde a mídia sempre fica do lado dos tucanos. Aliás, já vi alguns nessa mesma mídia (PIG) que já defenderam a extinção do salário mínimo. Agora, é a primeira vez que vejo estes defenderam um salário mínimo “digno” para a população, o que não faziam na época de FHC.
Já que perderam nessa votação para o governo, a oposição está novamente partindo para comparações esdrúxulas e infantis com o governo Dilma e o Atos Institucionais da ditadura. O projeto do governo permite o mesmo reajustar o mínimo por decreto até 2015. O Supremo (STF) e o Ministério Público (MP) fizeram exatamente isso com os seus salários e por isso o governo percebeu que será incoerência dos dois órgãos julgar inconstitucional a medida. É ridículo ver na internet aqueles que apoiaram a ditadura, agora tentar alardear um suposto começo de regime autoritário do governo Dilma com essa proposta. É muita paranóia alimentada pelo delírio e má-fé de alguns lunáticos da internet e também do panfleto travestido de revista que é a Veja.
Agora está rolando e-mails daqueles que se dizem indignados, mas que no fundo são um bando de alienados, sobre quem votou a favor ou contra os R$ 600. Nesse momento eu gostaria de lembrar as propostas sobre salário mínimo de um partido de esquerda, que é tido como radical, o PCO (Partido da Causa Operária). Pra quem não se lembra, nas propagandas políticas eles chamam a atenção justamente por isso, pois reivindicam um salário mínimo de R$ 2.500. Devido à isso são sempre debochados por esses que xingam o governo e que só agora querem um aumento maior de salário mínimo. Por que não fazer um e-mail revelando que os únicos políticos que defendem um real aumento de salário são os do PCO?.
Portanto, o engodo dos R$ 600 alardeado pela oposição é puro teatro político pra sair bem na foto e tentar ganhar votos futuros. Por isso, nas próximas eleições quero que todos esses votem no PCO e o salário de R$ 2.500.


Obs: Quem quiser, leia aqui as propostas sobre o mínimo pelo PCO.◦
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21.2.11

Animais confinados e amarrados são maus-tratos

Há um tema que eu geralmente não trato muito aqui no blog, mas que me incomoda muito que é a questão dos maus-tratos à animais. Não sou vegetariano, mas defendo fiscalização e a obrigação de todos, sem exceção, que comercializam carnes a seguir procedimentos que sempre visem causar o menor dano e sofrimento aos animais abatidos. Assim como deveria ser proibido alguns outros tipos de carnes, que envolvem uma crueldade sem tamanho, como, por exemplo, a carne de vitela ou também chamado de “baby-beef”. Nesse tipo de criação, o animal fica totalmente preso, para não se movimentar e é abatido ainda bezerro.
Mas não é sobre essa questão específica que vou tratar aqui. A questão dos maus-tratos envolve muitas formas que culminam na causa de sofrimento aos animais. Aqui vou tratar de uma em particular, que muitos acham comum ou normal e ainda muita gente o faz e ultimamente é o que me causa mais revolta. É o costume de deixar animais confinados e/ou amarrados, com raras exceções. O abandono de animais que ficam vagando, principalmente nas cidades, é um problema sério e geralmente comove a maioria das pessoas que se importam um pouco com o bem-estar animal. Mas muita gente não presta atenção de que muitos animais que tem um “lar”, dependendo das condições, vivem pior do que os abandonados.
O que me instigou em escrever sobre isso, foi uma notícia que vi no portal da Globo onde diz que uma mulher foi atacada por um cão da raça pit-bull. A reportagem pode ser lida na íntegra aqui.
Lendo a reportagem, descobre-se que a mulher criava o cão dentro de casa há 4 anos e daí vem o detalhe mais importante: ele ficava preso na coleira nos fundos da casa. Pelos relatos da própria dona, ela nunca soltava o cão e o mesmo ficava sempre na coleira. Ora, o que dá pra entender do caso é que durante esses 4 anos, o cachorro fica preso nos fundos encoleirado e ela não sabe o porque de ele ter atacado quando ela estava saindo de casa? A vontade do cão em sair e se soltar foi tão grande que ele conseguiu, tentou sair dali e quando ela quis impedi-lo ele a mordeu. Como se trata de um pit-bull, que já é um cão extremamente forte, o susto é maior e é por isso que conseguiu se soltar. Será que a “dona” não percebeu essa relação entre o aprisionamento contínuo do cão e o fato de ele ter mordido-a para tentar sair? As pessoas que desejam ter cães, em geral, tem que saber que os mesmos precisam de espaço, sair para passear e logicamente comida e água. Quando se trata de cães de grande porte e ainda de raça, o cuidado tem que ser bem maior e na questão do espaço e sair , com os devidos cuidados, é ainda mais essencial. Cachorros desse tipo que ficam confinados e/ou amarrados tendem a ser mais agressivos e não adianta depois culpar somente o animal, pois o dono colaborou enormemente para potencializar esse lado. Infelizmente muitas raças de cães de grande porte como, por exemplo, o pit-bull e o rotwailler, se popularizaram e acabam sendo vítimas de pessoas inescrupulosas que pensam, por serem raças tidas como “violentas”, os tratam das piores formas possíveis como fazia a mulher da reportagem. Ainda há casos em que muitas pessoas que não tem condições financeiras de manter esses animais, pois comem muito, acabam também os maltratando, como vira e mexe, aparece por ai pit-bulls sendo resgatados quase mortos.
Portanto, no caso da reportagem, o fato de o pit-bull ficar amarrado, preso no fundo da casa foi o fator predominante para o mesmo atacar a “dona”. Esse caso eu peguei para ilustrar essa prática odiosa e violenta contra os animais, que é deixa-los amarrados.
Eu presencio muitos casos desse tipo e como agora aqui em Piracicaba há uma lei que pune os maus-tratos à animais, a denúncia é essencial para combater essas práticas. Um exemplo pessoal, foi quando eu tomei coragem e denunciei um cara que deixava um pequeno cão da raça shih-tzu amarrado em uma coleira de pouco mais de 1 metro no canto da garagem atrás do seu carro. O pobre do cão ficava ali praticamente o dia inteiro e o só o soltava, muito raramente, quando deixava-o em uma garagem jogado na frente da casa. Esse é só um caso que presenciei e assim como o da reportagem que citei, não importa se o cão é alimentado e tem água, pois deixá-los amarrados e/ou confinados é um típico caso de maus-tratos.
Esse texto foi mais um desabafo sobre apenas um dos muitos casos de violência contra animais, pois há tantos outras práticas que são tão ou mais cruéis que estas. Não se deve ter medo de denunciar e o anonimato é sempre garantido nessas denúncias.

Obs 1: Aqui em Piracicaba as denúncias contra maus-tratos à animais podem ser feitas pelo telefone da prefeitura: 156 ou também on-line. Também há a ONG Vira-Lata Vira-Vida que faz um excelente trabalho nesse sentido.
Obs 2: A foto acima é de uma cachorra que estava abandonada em um terreno baldio perto de casa. Cuidei dela alguns dias e consegui que fosse adotada.

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15.2.11

Tucanos privatizam 25% dos leitos dos hospitais públicos do estado de São Paulo


Estamos cansados de ver reportagens que mostram o drama de milhares de pessoas que sofrem com a falta de leitos em hospitais públicos no Brasil. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS), segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), seja até que bem avaliado por aqueles que o utilizam, a área da saúde pública ainda carece de mais investimentos e melhorias. Aqui no estado de São Paulo, o qual é governado (?) pelo mesmo partido, o PSDB, há 17 anos, a saúde pública vem sendo cada vez mais privatizada. Os tucanos sempre foram adeptos da corrente neoliberal que prega o estado mínimo, onde teoricamente o estado cuidaria somente das áreas essenciais para a população como a segurança, a educação e a saúde. Pois bem, em todas essas áreas, aqui no estado de São Paulo, são as que mais são relegadas pelo descaso e falta de políticas públicas sérias por parte do governo estadual. No caso da saúde pública, o processo de terceirização da área começou com a lei das Organizações Sociais de Saúde (OSS) de 1998, onde FHC permitiu que os novos hospitais públicos fossem repassados a essas organizações. Aqui em São Paulo foi onde mais ocorreu isso. Vale lembrar que essas OSS são tidas como filantrópicas, mas são empresas privadas de gestão que recebem do estado para prestar esses serviços. O pior é que não passam por nenhum processo de licitação e quase não há controle de gastos por parte do estado em relação às OSS. A desculpa dos tucanos aqui em São Paulo para as OSS é de que agilizaria os serviços e custariam menos. O que acontece na verdade é que os hospitais públicos geridos por essas instituições fazem atendimentos seletivos (por exemplo, não fazem hemodiálise) e custam mais que os hospitais geridos diretamente pelo estado.
Pra piorar isso tudo, em 2009, o então governador (?) de São Paulo, José Serra, resolveu terceirizar toda a saúde do estado, pois permitiu que todos os hospitais públicos estaduais, não só os que foram construídos depois de 1998, pudessem passar para as OSS. Em 2010, Serra, na ânsia de mostrar alguma coisa na campanha eleitoral, estourou os gastos da saúde, onde procurou inaugurar tudo as pressas e as OSS ganharam mais dinheiro ainda. Mas o pior estava por vir, pois oportunamente Serra deixou para depois das eleições, a aprovação de uma lei polêmica em relação a tudo isso. No dia 21/12/2010, em sessão extraordinária na Assembléia Legislativa, foi sancionado pelo então governador Alberto Goldman, que substituiu Serra, o projeto de lei complementar 45/2010. Esse projeto permite que 25% dos leitos hospitalares (entre outros serviços) do SUS em hospitais geridos pelas OSS sejam vendidos aos planos de saúde privados e clientes particulares. Ou seja, além de muitos hospitais públicos já não terem leitos suficientes para atender a própria população que só pode usar o SUS, agora vai diminuir ainda mais a disponibilidade deste para atender aqueles que podem pagar um plano de saúde. Como escrevi no começo do texto a respeito das inúmeras reportagens sobre o assunto, todo mundo sabe que a falta de leitos em hospitais públicos é um problema grave. Agora o governo tucano paulista consegue piorar ainda mais esse quadro ao reduzir ainda mais a oferta de leitos para a população do estado. Essa lei também vai institucionalizar o que já ocorre em muitos hospitais estaduais, que é a dupla-porta. Isso é uma vergonha, pois um hospital que é público e foi construído com dinheiro do SUS, possui entradas diferentes para os pacientes. Por uma porta entram os usuários do SUS e por outra entram apenas os que têm plano de saúde e particulares. Há também denúncias de que os diagnósticos e tratamentos demoram muito mais para os pacientes do SUS do que para os conveniados e particulares nos hospitais públicos geridos pelas OSS. Os defensores dessa lei dizem que o dinheiro arrecadado com a venda desses serviços ajudará os pacientes da rede pública de saúde. Mas isso é uma mentira, pois a lei diz que o dinheiro arrecadado vá diretamente e somente para as OSS e não para o estado que as financia. Isso é um absurdo, pois com isso o estado não terá nenhum controle sobre o quanto realmente será vendido para os convênios e particulares. Esses recursos também não serão contabilizados na receita e nos gastos públicos e, portanto o estado não será ressarcido por prestar esses serviços. Isso tudo agrada muito os empresários e instituições privadas da saúde, em detrimento do interesse público e conseqüente piora no atendimento aos mais pobres. Os tucanos sabem muito bem o que estão fazendo, pois na política, o tal do “dar e receber” é essencial, principalmente, para os cofres dos partidos políticos. Ainda mais o PSDB e seus aliados, tão experientes no processo de espoliação do patrimônio público como ocorreu na privataria dos anos FHC. Aqui no estado de São Paulo, os tucanos podem contar não só com a maioria na Assembléia Legislativa, a qual aprova tudo que eles querem e não investiga nada, mas também com o apoio da grande imprensa paulista. Esta, aliás, além de apoiar o governo tucano nesses 17 anos de (des)governo, abafa todas as tentativas de investigações e CPIs que são enterradas pela maioria na Assembléia. Assim, a população do estado de São Paulo está sendo mais uma vez enganada e será ainda mais negligenciada no serviço público de saúde.
Abaixo deixo a lista dos deputados estaduais que votaram contra e a favor do projeto. Infelizmente o deputado Roberto Morais (PPS), aqui de Piracicaba, votou a favor do projeto, ou seja, votou contra a população do estado.


Obs. 1: A tabela acima foi tirada do texto, que também foi usado como fonte, da excelente jornalista Conceição Lemes e pode ser acessado nesse endereço:
http://bit.ly/eBB3hu

Obs. 2: Algumas entidades da sociedade civil entraram no Ministério Público contra essa lei. Leia sobre isso aqui.

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9.2.11

Madame Danuza Leão e a face escravocrata da elite brasileira


Ano passado, durante as eleições presidenciais, parte dos eleitores de José Serra saíram do armário e mostraram a verdadeira face anti-povo que possuem. Primeiro, foram os episódios envolvendo religião e depois descambou para o preconceito puro contra os que votaram em Dilma, principalmente os nordestinos. Vale lembrar que estes têm seus porta-vozes na chamada grande imprensa brasileira (PIG), os quais possuem grande espaço para dar vazão a essa parte da sociedade que pensa(?) como se estivéssemos na época da casa grande e senzala. Esse sentimento escravocrata ainda é muito presente na sociedade brasileira e é despertado quando a minoria que sempre desfrutou dos privilégios começa a ser “incomodada” pelos milhões que estão ascendendo socialmente atualmente no Brasil. Esse pessoal começou a ver que aqueles que sempre foram tidos como “gentinha”, “baianos”, “ralé” e outros adjetivos até mais rancorosos, começaram a comprar geladeira, carro, computador, a ter casa própria, a viajar de avião, ou seja, parafraseando Lula, nunca antes nesse país isso tinha acontecido. Com isso o Brasil foi o último país a entrar na crise financeira de 2008 e o primeiro a sair e hoje aspira ser a quinta economia do mundo até 2016. A elite, representada muito bem no PIG, vira e mexe solta as pérolas racistas e coseguem chegar ao limite da estupidez sem ter um pingo de vergonha na cara. Já não bastou aquele triste comentário do reacionário lunático Luiz Carlos Prates, onde culpou, os pobres que compram carros e o governo Lula de ter facilitado isso pra eles, pelo aumento dos acidentes e mortes no trânsito. Agora surge ninguém menos que Danuza Leão em um artigo intitulado “Luta de Classes” na Folha de S.Paulo (FSP) para despejar todo o rancor elitista contra aqueles que eram acostumados a serem, para eles, eternos empregados. O artigo pode ser lido aqui. Danuza trata com superficialidade o tema que foi abordado em matéria pelo jornal FSP em relação a dificuldade de achar empregadas domésticas na cidade de São Paulo. A matéria está abaixo:

“Achar doméstica vira desafio na metrópole
Famílias antes acostumadas a contar com serviços dentro de casa têm de adaptar hábitos ou pagar salários melhores
Brasil tende a seguir caminho dos países desenvolvidos, onde contratar empregadas é luxo, diz especialista
CRISTINA MORENO DE CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO
6 de fevereiro de 2011
Há 15 anos, bastava um anúncio de três linhas no jornal para atrair 200 candidatas a um emprego doméstico numa segunda de manhã.
Hoje, com ofertas também via SMS e internet, menos de 30 candidatas por dia vão às agências atrás de uma vaga, dizem profissionais de recrutamento ouvidos pela Folha.
O resultado da conta é que os salários subiram e está cada dia mais difícil de encontrar mão de obra disponível.
A diretora de RH Cinthia Bossi, 39, abriu mão de contar com alguém que dormisse em casa ou trabalhasse nos finais de semana. Chegou a trocar de empregadas seis vezes em cinco meses e vai ter que trocar pela segunda vez neste mês. Nos últimos três anos, o salário que paga subiu de R$ 600 para R$ 1.000.
Ela não é exceção. As donas de casa estão tendo que abrir mão de antigas “mordomias”, como ter uma auxiliar 24 horas por dia, com folgas quinzenais. “Já tenho amigas que abrem mão de alguém que cozinhe e colocam as crianças na escola mais cedo. Se querem a empregada no sábado, pagam hora extra.”
A técnica em alimentos Kátia Ramos, 34, também desistiu de ter alguém que durma em sua casa. Chegou a passar um mês sem empregada e babá -com quadrigêmeos de 1 ano e 11 meses e dois filhos adolescentes.
Ela cogita cortar de vez a despesa com o auxílio doméstico quando os filhos crescerem. Hoje, já ajuda nas tarefas da babá e cozinha.
Especialistas ouvidos pela Folha traçaram o seguinte panorama: mais mulheres entraram no mercado de trabalho, precisando cada vez mais de empregadas para cuidar de casa. Ao mesmo tempo, o aumento das oportunidades de trabalho e de educação fez com que menos pessoas quisessem seguir o trabalho doméstico, ainda muito discriminado, inclusive pela legislação do país.
“Estamos em um período de transição”, afirma Eduardo Cabral, sócio da empresa de RH Primore Valor Humano. “Talvez a próxima geração valorize mais a doméstica porque estão ouvindo mais os pais falando dessa dificuldade de encontrá-las.”
Para a pesquisadora do Insper Regina Madalozzo, esse período de transição, até haver uma real valorização do trabalho doméstico, ainda vai durar uns 20 anos.
Mas a curto prazo, diz ela, a relação entre patrão e empregado vai mudar, passando a ser mais profissional.
“A tendência é que se torne um luxo, ao menos nos grandes centros”, afirma Cássio Casagrande, procurador do Ministério Público do Trabalho e professor de direito constitucional da Universidade Federal Fluminense.
A experiência de Michelle Almeida, 29, é ilustrativa. Ela começou como babá em 2003, ganhando R$ 350 mensais e dormindo na casa dos patrões. Agora em seu terceiro emprego, após dois cursos de capacitação como babá, ganha R$ 1.300, de segunda a sábado, das 8h às 18h.”



A reportagem diz que com maior oportunidade de trabalho e educação, menos pessoas procuram trabalhar como empregados domésticos. Com isso os salários tendem a aumentar, o que para aquela parte das pessoas que achava muito pagar menos que um salário mínimo para uma empregada é um ultraje. Ou seja, queiram ou não, vivemos um momento de recordes de empregabilidade, reflexo principalmente das políticas do governo Lula, o qual o PIG e a elite não dão o braço a torcer.
O artigo de Danuza mostra como a elite deprecia os mais pobres e os subjulga de acordo com a simplicidade dos atos que alguns cometem. Pior, Danuza faz comparação esdrúxula e infame entre ideologias, no caso ela cita o socialismo e a luta de classes, e o fato de ela pagar aula de natação para a diarista a acompanhar. Olha que bondade da patroa! Depois diz ela que quando contava para os amigos, ninguém dizia nada e ela começou a saber o porque. Trocados começaram a sumir (daí ela faz mais uma comparação estúpida dizendo que deixava porque estava fazendo distribuição de renda!), assim como frutas, sabonetes e o que foi definitivo para Danuza se enfurecer foi quando a diarista comeu metade do tal queijo francês da madame. Onde já se viu isso? Uma pobre “morenona” (Danuza a descreve assim pra não dizer “preta” ou “negra” e por isso acha que foi politicamente correta), que toma duas conduções para ir a casa dela (isso ela mesma diz no artigo), comer queijo importado? Que indolência! Depois ela diz que descobriu outras mancadas da diarista que a conseguiu suportar por dois anos. Lógicamente que a articulista não diz quanto pagava a diarista e depois dessa “horrível” experiência, Danuza Leão resolve que se uma fez, todos que são parecidos com ela devem ser da mesma estirpe, também irão fazer e resolve começar a agir diferente com a próxima empregada. E finaliza com essa pérola:

“Aprendi que a luta de classes começa dentro de nossa casa, e mais especificamente, dentro da geladeira. E enquanto o mundo não muda, passei a comprar queijo de Minas, que além de tudo não engorda.”

Ou seja, na cabeça dela, comprando o queijo de Minas ela estará, de certa forma, punindo aqueles (que pra ela são todos iguais) que um dia ousaram a experimentar o queijo francês que só ela e seus pares gostam e tem o direito de usufruir. Assim Danuza Leão acaba “refletindo” e reconhecendo que não há igualdade entre os seres humanos, pois há os superiores (como ela) e os que sempre serão inferiores. É verdadeira casa grande e senzala.
Há um vídeo do humorista Marcelo Adnet, da MTV, que eu coloquei em outro texto meu que mostra exatamente como são esses elitistas. Assista aqui.

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1.2.11

A hipocrisia dos defensores do golpe de estado em Honduras

Em 2009, um pequeno país da América Central chamado Honduras, sofreu um golpe de estado. Seu presidente, democraticamente eleito, Manuel Zelaya, foi deposto ilegalmente ainda de pijamas, onde foi seqüestrado pelo exército hondurenho e deportado para a Costa Rica. Inicialmente quase todos os países, inclusive os EUA, denunciaram e repudiaram o golpe, mas depois começou uma intensa discussão jurídica sobre o golpe e que levou depois até a ONU a voltar atrás. O Brasil teve atitude exemplar e correta em não aceitar o governo golpista e também não reconheceu as eleições ilegais que organizaram há pouco tempo. Aliás, aqui no Brasil, também houve uma discussão acalorada sobre o golpe de Honduras, onde a mídia (PIG) acabou de certa forma se alinhando, como sempre, à posição de Washington. Destaque para Arnaldo Jabor e Alexandre Garcia, ambos da Globo, que fizeram um papel ridículo de defensores do indefensável golpe militar hondurenho. Esses dois bateram na tecla de que o golpe foi “constitucional”, pois Zelaya teria ferido a constituição do país ao fazer uma consulta popular sobre a possibilidade de uma Assembléia Constituinte que entre outras propostas estaria a possibilidade de reeleição. Aliás, Zelaya foi muito mais democrático que FHC, o qual mudou a constituição a seu bel-prazer e sem respaldo popular, isso sim um golpe contra a democracia que ninguém fala. Assim como os golpistas hondurenhos, os dois “jornalistas” e grande parte do PIG disseram que Zelaya queria se perpetuar no poder e como este feriu a constituição ao fazer essa consulta popular, justificou o golpe. Pois bem, eis que surge uma revolução com os documentos liberados pelo site Wikileaks, o qual está sofrendo perseguição principalmente do governo dos EUA, que revela que o golpe de Honduras foi realmente um golpe. Nos documentos, o embaixador dos EUA em Tegucigalpa (capital de Honduras) na época classificou exatamente assim, como golpe de estado, o que ocorreu por lá. Os EUA decidiram estratégicamente não dizer isso em público e apoiaram os golpistas, pois não querem perder a base aérea militar de Palmerola. Mesmo assim, na época o golpista que ficou no lugar de Zelaya, Roberto Micheletti, disse em entrevista que o principal motivo do golpe foi o rompimento de Zelaya com parte da elite hondurenha e aproximação com Hugo Chàvez.
Outra coisa que faz com que tanto Jabor quanto Garcia, mas também todos que apoiaram o golpe hondurenho sejam hipócritas e ridículos é que diziam temer que Zelaya se perpetuando no poder iria fazer igual ao Chávez e restringir as liberdades e instalar um regime autoritário. Na época do golpe, o regime golpista de Honduras é que fez exatamente isso, onde reprimiu com violência e brutalidade as manifestações contra o golpe, inclusive houve muitas mortes na época, e fecharam TVs, rádios e jornais. Sobre isso, ninguém disse nada.
O regime golpista de Honduras realizou eleições há pouco tempo, as quais não foram reconhecidas pela maior parte dos países, e os atuais ocupantes do poder hondurenho acabaram de aprovar uma mudança na constituição do país que permite a reeleição do presidente do país. Vejam só, fizeram aquilo que usaram de artifício para dar o golpe e tirar o presidente Zelaya do poder. Isso foi muito pouco noticiado pela nossa imprensa (PIG), a qual agora finge que nada aconteceu. Cadê agora o Jabor e o Garcia pra condenar o “governo” atual de Honduras por infringir a lei? Isso que tem o agravante de ter sido aprovado sem nenhum respaldo da população, ou seja, um golpe semelhante, ao que já citei, que foi feito por FHC.
Portanto, esse episódio triste de golpe de estado em Honduras traz um alerta para todos os povos das nações que já sofreram durante décadas com ditaduras perpetradas por golpes apoiados pelo imperialismo estadunidense, o qual tentou também em 2002 na Venezuela. Para finalizar, todos aqueles na imprensa brasileira (PIG), a qual não tem mais credibilidade nenhuma, que apoiaram as ações golpistas em Honduras, deveriam se reconhecer golpistas ou pedir desculpas a opinião pública por terem mentido descaradamente, pois agora se calam diante daquilo que tanto “denunciaram”.

*Fontes consultadas e indicadas para leitura:
Rodrigo Vianna - http://bit.ly/gVnkuO
Novae - entrevista com Noam Chomsky - http://bit.ly/h2ck17

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