30.10.12

A "Inquisição" se instala na Câmara de Vereadores de Piracicaba

A Câmara de Vereadores de Piracicaba se supera cada vez mais em suas atitudes autoritárias, anti-democráticas e arbitrárias. Quando cito toda a Câmara, é porque todos ali são coniventes e apoiam todas as ações da casa, via presidente João Manoel, contra os cidadãos que apenas exercem o direito de acompanhar e eventualmente criticar o que eles fazem por lá. 

Pois bem, depois que as manifestações do movimento Reaja Piracicaba, contra o aumento vergonhoso que essa atual legislatura da casa concedeu a próxima legislatura (onde a maioria, infelizmente, foi reeleita) de 66% em seus salários, eles começaram a se incomodar. Daí começaram a exigir documentação e identificação para acompanhar as seções dentro da Câmara e até em uma sessão tentaram coibir a entrada dos manifestantes colocando os próprios funcionários para ocupar a maioria das cadeiras. Foi vergonhoso essa última atitude citada e demonstrou como os "nobres" edis não estão acostumados com a democracia. 

Agora, se não bastasse tudo isso, as "Vossas Senhorias" também parecem não tolerar quem não é cristão e durante a oração em plenário, quem não obedecer é retirado, mesmo que seja a força. Isso ocorreu ontem, segunda-feira (29/10/12), onde um cidadão foi retirado a força por policiais só porque não quis se levantar durante a leitura de um trecho da bíblia. A iniciativa partiu do presidente da Câmara, João Manoel (o mesmo que tachou manifestantes de drogados e vagabundos), que ordenou que o rapaz fosse retirado. E se o homem fosse de outra religião? Seria um caso também de intolerância religiosa! Absurdo!


Parece que os vereadores, principalmente o presidente da casa, se esquecem que o estado é laico e que a questão da retirada a força do cidadão também parece ter outros motivos. O diretor jurídico da Câmara quis justificar ainda dizendo que era constitucional, pois o regimento interno prevê essa leitura bíblica. Não sou advogado, mas sei que não interessa se o regimento interno diz isso, pois a Constituição Federal se sobrepõe e garante a separação entre estado e instituições religiosas. Logo, o regimento está em desacordo com a própria Constituição.

Logicamente que depois do incidente, tentaram usar outra desculpa ridícula ao dizer que o rapaz retirado estava fazendo "baderna" e "tumultuando" a seção. Tudo para tentar justificar o injustificável. 

A questão é que qualquer pessoa pode ficar do jeito que quiser, desde que não atente contra o pudor, durante a leitura de um trecho bíblico em um lugar público. Mas os novos inquisidores de Piracicaba não quiseram nem saber e colocaram um cidadão a força para fora por não "respeitar" a leitura. Acho que nem em uma igreja durante missa ou culto deve haver esse tipo de comportamento de padres e pastores. A não ser, é claro, os mais radicais. 

Portanto, a Câmara não é uma igreja e nem deve se parecer com uma, pois a Constituição é clara nesse quesito e o comportamento dos nobres edis foi totalmente errado, estúpido e intolerante.  




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