21.4.10

A Imprensa Brasileira “sai do armário”

Ultimamente a expressão “sair do armário” virou moda depois que o cantor e ex-menudo Rick Martin assumiu ser gay. Não é objetivo deste artigo discutir sobre o preconceito, muito menos o cantor. Essa expressão representa que alguém se assumiu ou simplesmente “tirou a máscara”, ou seja, revelou aquilo que todos já sabiam. Com a grande imprensa brasileira aconteceu a mesma coisa quando há algumas semanas a presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e executiva do jornal Folha de S. Paulo, Maria Judith Brito, deu a seguinte declaração ao jornal O Globo:
"E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada.”
Essa frase representa o que muitos já sabiam, ou seja, que a grande imprensa no Brasil se tornou um verdadeiro partido político. Os principais membros desse partido são verdadeiros grupos mafio-midiáticos controlados por famiglias poderosas como: Abril(Civita), Estado (Mesquita), Folha (Frias) e Globo (Marinho). Esse partido da imprensa, o qual é chamado também de PIG (Partido da Imprensa Golpista), atua geralmente como porta-voz da oposição e ás vezes como um partido apêndice destes. Ora a imprensa reverbera e apóia incondicionalmente todas as acusações da oposição ao governo Lula (atuando como porta-voz desta), ora escandaliza qualquer coisa e produz factóides para a oposição explorar e assim faz uma “dobradinha” oposicionista (atuando como partido apêndice). Antes de o Lula ser eleito, a imprensa apoiou o governo tucano durante os 8 anos do “reinado FHC” e já era partidária, mas ainda não agia como um partido. Depois da eleição e reeleição do presidente Lula começou a radicalização e transformação do partido da imprensa. Estes ficaram decepcionados com a oposição PSDB/PFL (atual “DEM”) não ter dado o golpe e tirado Lula do poder em 2005.
Fazer papel de oposição não é função da imprensa em um regime democrático, pois investigar as ações de um governo não significa manipular informações e mentir para beneficiar um grupo político. Infelizmente é isso que a imprensa faz, pois usa pesos e medidas diferentes no campo político. No Brasil, as notícias a serem destaques e a produzir escândalos referem-se quase que exclusivamente ao PT. Mesmo com o atual escândalo envolvendo o “ex”- partido do Arruda, o PFL (vulgo DEM), a mídia restringiu o escândalo ao “DEM de Brasília”. O resto do partido não sabia nada e o fato de ele ser preterido na chapa com José Serra nunca é lembrado pela imprensa. O que não ocorreria se ele fosse possível vice da Dilma Roussef (PT). Mesmo no caso do chamado “mensalão do PT”, quando viram que o operador Marcos Valério tinha feito o mesmo esquema com o PSDB de Minas Gerais anos antes, a imprensa perdeu o interesse no assunto e chamou o caso de “mensalão mineiro” e não “mensalão tucano”.
Organizações Serra de Jornalismo
Atualmente o partido da imprensa anda preocupado e nessas eleições vai jogar todas as cartas para eleger o candidato deles, o José Serra (PSDB). O terreno vem sendo preparado desde que Serra se elegeu governador do estado, descumprindo um compromisso público de não deixar a prefeitura de São Paulo. A mesma mídia que diz “investigar” minúcias do governo federal, não tem nenhum empenho em investigar as ações dos governos estadual e municipal de São Paulo. Um exemplo didático é como foi retratada as tragédias causadas pelas chuvas aqui, pois para a mídia a culpa foi exclusivamente das chuvas e de São Pedro. Já no Rio de Janeiro a culpa foi inteiramente do governo federal, como mostra essa figura da capa da revista Veja, a qual representa o jornalismo de esgoto do país.
Lógicamente que tudo isso não é culpa somente das chuvas, mas também por ocupações irregulares (tanto pobres como ricos), lixo, falta de fiscalização e falta de políticas públicas voltadas para habitação e infra-estruturas por parte dos governos. É uma ação conjunta e o que ocorre hoje é resultado também da omissão dos governos anteriores. Ou seja, a imprensa fez o jogo político em cima desses fatos, quando que era para cobrar de todos os governantes.
A radicalização do partido da imprensa se intensificou após verem que a candidata Dilma havia crescido bastante nas pesquisas eleitorais e convocaram um Fórum sobre “democracia e liberdade de expressão” por um tal de Instituto Millenium. O evento reuniu os principais representantes desse partido e foi realizado em um hotel de luxo e quem se inscreveu “só” desembolsou R$ 500,00 para ouvir figuras como o blogueiro e colunista da “revista” Veja, Reinaldo (Esgoto) Azevedo e o verdadeiro “chearleader tucano” da televisão, Arnaldo Jabor. Ali o partido praticamente revelou as diretrizes a serem seguidas nessa campanha eleitoral e despejaram os chavões mais delirantes e paranóicos como a manutenção do PT no poder e o perigo (será que vão chamar de novo a Regina Duarte para propagar o medo) de a Dilma implantar um “regime stalinista” no país. A liberdade só virá com o Serra e disseram que festejarão quando ele ganhar. Jabor expôs o verdadeiro stalinismo quando disse que o “pensamento de uma velha esquerda não deveria mais existir”, ou seja, essa é a liberdade de imprensa que ele, seu patrão e colegas de partido querem e praticam hoje no Brasil: aquela que censura a diversidade de opiniões cerceando a liberdade de expressão que tanto falam, mas na verdade desprezam. Aliás, eventos parecidos com este foram feitos pela mesma imprensa antes do golpe de 64, o que revela a face golpista destes. Até o momento vários exemplos da partidarização midiática estão cada vez mais evidentes nas revistas, jornais, rádios e televisão.
Partido da "massa cheirosa"
Começo com a jornalista da Folha, Eliane Catanhêde (Tucanhêde), que estava super animada e empolgada no lançamento da candidatura do Serra.


O vídeo acima mostra bem isso e depois ela diz que a festa tucana estava tão cheia de gente, que parecia um partido de “massas”. Mas, segundo ela, um alto membro do tucanato disse que era uma “massa cheirosa”! Ou seja, o PSDB é o partido da massa cheirosa. Ela, no mínimo, fez as palavras do suposto tucano as dela e expôs todo o preconceito de classe não só pessoal, mas do partido que representa.
Os jornalões paulistas, Estadão e Folha, são tão tucanos que até as brigas internas do partido eles são usados para mandar recado. Faz uns dois anos, o jornal Estado de Minas e o Estadão trocaram ofensas em editoriais porque um ofendeu o governador do estado do outro, no caso Serra e Aécio. Recentemente a Folha (porta-voz do Serra) e o Estadão (porta-voz do FHC) também fizeram algo semelhante como mostra o jornalista Rodrigo Vianna.


Outro exemplo foi a briga dos institutos de pesquisa, onde o Datafolha se destacou pela discrepância dos seus resultados com outros dois institutos, o Sensus e o Vox Populi. O pior foi o Datafolha atacar diretamente seus concorrentes com várias acusações e parece desperado para fazer a candidatura Serra alavancar de vez. Isso expôs como esses institutos são usados politicamente e podem ser manipulados, mas é difícil imaginar que a pesquisa do Vox Populi, que foi encomendada pela Bandeirantes (do âncora Boris Casoy), tenha sido manipulada para beneficiar a Dilma. Não dá para acreditar que de repente Boris Casoy e CIA aderiram ao lulismo. Já o Ibope que é da Globo vai fazer a dobradinha com o Datafolha na campanha para o Serra.

Globo e PSDB: tudo a ver!




Para finalizar os exemplos, mostro esse vídeo da recente propaganda da Rede Globo que foi ao ar no último domingo. É muita “coincidência” que o slogan da propaganda da emissora seja idêntico ao slogan lançado pela campanha do Serra (“o Brasil pode mais”) e ainda no final ter o número 45 representando o tempo de sua existência parecidíssimo com o 45 da legenda tucana. Deve ser uma coincidência pelo fato do Serra ter feito “acordo” com a Globo, sobre o terreno público que a emissora usou durante 11 anos como privado, com a construção de uma escola técnica de áudio e vídeo. Ou também pelo fato do pupilo do Serra, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, ter vetado a proposta que mudava os horários dos jogos em São Paulo. E agora, os tucanos deram mais um presente para a emissora, assinando a revista da editora Globo, Terra da Gente, para todas as escolas do estado de São Paulo. Aliás, esse tipo de agrado os tucanos gostam de fazer para o partido da imprensa, pois desde o ano passado, Serra assinou as revistas Escola e Veja da editora Abril e também os jornais Folha e Estadão para todas as escolas do estado.
Tudo isso exemplifica como o partido da imprensa vai atuar nessas eleições, ou seja, vai ser guerra suja contra os candidatos que não apóiam. Na verdade, isso sempre ocorreu, mas agora está acontecendo uma radicalização. Por exemplo, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma ficha falsa da Dilma (a qual rodou por algumas correntes de e-mail) e tentou culpar diretamente Lula pelas tragédias aéreas acusando-o de “assassinato” dessas pesssoas. Outro exemplo é a Veja dar uma capa ao Serra com mãozinha no rosto e super feliz e colocando essa capa como propaganda da revista nas bancas, sendo que fez o mesmo com o Alckmin em 2006, mas na época foi mais ousada e expôs outdoors em São Paulo com essa capa. Também recorreu até a astrologia para dizer que o Serra vai ser eleito. É a propaganda política pura e suja do partido da imprensa.

Enfim, a atitude da Dona Judith em assumir a partidarização da imprensa foi corajosa e deveria ser seguida e assumida de vez por todos os grupos de comunicação. Isso seria bom para a democracia no país, pois deixaria explícito de vez os motivos de apoiarem tal candidato. Em vez disso, preferem se esconder atrás de um manto falso de imparcialidade e “independência” que alegam possuir e ao mesmo tempo praticam a censura prévia de opiniões em suas publicações, tanto de leitores quanto de jornalistas.

OBS: Esse artigo foi publicado no Observatório da Imprensa aqui.


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13.4.10

Fatos sobre a perseguição de Serra contra os professores (atualizado em 15/04/10)

A foto acima foi registrada pela agência Estado durante a repressão feita pela polícia militar (PM) contra os professores perto do Palácio dos Bandeirantes no dia 26/03/10. Aliás, esse terrível episódio eu relatei no artigo anterior. A agência disse no primeiro momento que o rapaz era um professor carregando uma policial supostamente ferida. Depois de divulgada a foto, o comando da PM divulgou nota dizendo que o rapaz não era manifestante, mas sim um policial militar do serviço reservado, chamado de P2. Ainda disseram - o que ficou mais ridículo ainda - que o policial estava apenas passando por ali naquela hora. Quanta coincidência!. Professores de Osasco disseram que este policial embarcou no ônibus deles para ir até a manifestação naquele dia, mas não conseguiram identifica-lo. Isso tudo comprova a desconfiança de muitos de que havia agentes infiltrados. Infiltrar agentes do estado em movimento grevista não era visto desde a época da ditadura militar no país. A policial carregada na foto foi atendida no hospital Albert Einstein, pois segundo a PM esta teria levado uma “paulada” na cabeça. Pela foto não dá para saber, então a equipe do jornalista Luiz Carlos Azenha apurou com o hospital. Lá disseram que a policial deu entrada e foi liberada minutos depois. Um médico do hospital disse à reportagem que se a policial tivesse levado uma paulada na cabeça, eles teriam que ter feito mais exames e fazer uma tomografia, o que levaria muito mais tempo. Então parece que não foi tão grave assim como disse a nota da PM. Também houve relatos de caravanas de professores do interior que foram parados pela polícia em praças de pedágios antes de chegar em São Paulo. Isso foi filmado pela caravana de Ourinhos que foi retida por mais de meia hora no pedágio de Barueri no dia 19/03/10. Como mostra o vídeo, policiais ainda filmaram e tiraram fotos dos ônibus e de seus ocupantes. Mais uma prova da perseguição da polícia, a mando de Serra, contra o movimento grevista. Aliás, a PM além de perseguir e agredir, também mentiu sobre as manifestações. No dia 19/03/10, por exemplo, havia no mínimo 50 mil pessoas na passeata, mas o comando policial disse que só havia 8 mil.
Olhando a foto dá pra ver a mentira da polícia. Assim também mentiu o governo tucano dizendo que só havia 1% dos docentes parados, pois só no dia dessa manifestação havia no mínimo 25% da categoria parada. É só saber fazer conta, pois arredondando o número de docentes para 200 mil, o 1% alegado pelo governo seriam 2 mil professores, ou seja, até a conta mentirosa da PM desmente esse 1% alegado pelo Serra. Outra, a PM e o governo de São Paulo alegaram que a repressão do dia 26/03/10 teve que ser feita devido a uma lei (típica de regimes ditatoriais) que proíbe manifestações na frente do Palácio dos Bandeirantes. Aliás, essa lei foi procurada pelo professor David, o qual relata em seu blog que não conseguiu achar a tal Resolução 141 de 20/10/1987. Estranho né? Já que essa lei é de 1987, então o que vale é a Constituição Federal de 1988. No artigo 5º da Constituição de 1988 diz: "XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;" . Outra, área de segurança não proíbe automaticamente manifestações pacíficas e como diz a lei federal, é só avisar as autoridades antes (o que foi feito) e o governo não tem o poder de autorizar ou não. Incrivelmente uma semana depois na despedida do Serra, o PSDB organizou uma festa e levou algumas centenas de “militantes” na frente do Palácio. Ainda instalaram dois telões para transmitir o seu discurso eleitoral e depois Serra foi para fora do prédio saúda-los. Por que a lei não foi aplicada pela polícia nesse caso? Quer dizer, quando é a favor pode.
Nesse mesmo dia da despedida do ex-governador, houve mais uma manifestação de professores na Paulista e a polícia mais uma vez tentou esvazia-la. Dessa vez, eles não deixaram o caminhão do sindicato chegar na avenida Paulista, pois ameaçaram o motorista de levar 17 multas. Mais uma prova de pura perseguição do governo Serra revelando o seu perfil autoritário e anti-democratico.
Tudo isso que foi relatado, não ganhou manchetes e indignações da grande imprensa brasileira, ou melhor, das Organizações Serra de Jornalismo. Imagino que se tudo isso tivesse acontecido na Venezuela contra o Chávez ou contra o Lula, ai sim a mídia alardearia para todos que essas ações do governo contra os professores seriam típico de um regime ditatorial.
Pra quem não conhece a situação da educação e acredita na propaganda mentirosa do governo estadual (aquela dos dois professores por sala!) também é iludido pela manipulação da imprensa contra os professores. Somos tachados de baderneiros, por exemplo, como fez o membro do conselho editorial do jornal Folha de S.Paulo e puxa-saco do Serra, Gilberto Dimenstein. Esse sujeito sem vergonha ganhou de 2006 até hoje a quantia de R$ 3.725.222,74 da prefeitura de São Paulo (Kassab) e do governo estadual paulista (Serra). Incrivelmente essa montanha de dinheiro público para o bolso desse cidadão, foi desembolsada devido à “projetos educacionais” dos governos com a sua organização chamada Associação Cidade Escola Aprendiz e foi descoberto pelo excelente blog NaMaria News. Por isso que o nobre “educador” escreve artigos parabenizando o governador e chamando os professores de baderneiros. Os xingamentos e generalizações a categoria é ainda pior no jornalismo de esgoto como a revista Veja e seus articulistas/blogueiros que são os assessores de imprensa do Serra e de seu partido. Para esses e seus seguidores (os ratos de esgoto) nós somos retratados como pessoas perigosas, sindicalistas e adjetivos chulos que não valem a pena repetir aqui. O que eles não sabem é que a maioria dos docentes que estavam nas manifestações representa o perfil médio da categoria, ou seja, eram mulheres de meia-idade, cansadas de anos de salário baixo e condições precárias de trabalho. Essas fotos abaixo ilustram os professores “baderneiros” e “perigosos” que oferecem tanto perigo para os fortes esquemas de segurança montados durante as assembléias e a repressão policial.



Vejam que são pessoas que representam séria ameaça à ordem e a segurança pública do estado. São essas pessoas que o Serra disse que não se reunia pessoalmente, pois fazem parte de uma categoria de trabalhadores “mal vistos pela sociedade”. São essas pessoas que o ex-governador prefere mandar a polícia jogar bombas a recebê-las para negociar. Os fascínoras de plantão que adoram ver tudo isso e acha normal e ainda pede punições contra os grevistas podem ficar mais felizes, pois o governo tucano já toma as atitudes ditatoriais que estes gostam e almejam em um governo. Infiltrar agentes em movimentos sociais e grevistas, prender pessoas que protestam democraticamente em eventos públicos (como fizeram com 4 professores em Franco da Rocha), usar a pura repressão contra passeatas perto da sede de governo, mentir e ocultar tudo isso com o apoio da grande imprensa são típicos de governos tucanos. A charge abaixo é para finalizar, pois exemplifica muito bem como Serra e seu partido tratam a educação.

PS: A foto abaixo é da turma de Piracicaba que foi em todas as manifestações em São Paulo. Abraço a todos.
PS 2: Esse artigo foi publicado no Jornal A Tribuna Piracicabana. Agradeço enormemente o Erich.◦
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