30.9.12

Ofensiva religiosa na reta final das eleições em Piracicaba

Não é de hoje que setores das igrejas, tanto evangélicas quanto a católica, influenciam e fazem parte da política no Brasil. Os interesses são enormes e vemos todos os candidatos terem que agradar a todas as partes religiosas envolvidas, pois sabem que o poder de mobilização de padres e pastores, por exemplo, é grande. Ainda mais se a instituição da própria igreja for contra ou a favor de candidatos ou partidos. Cada vez mais os membros das igrejas cristãs, principalmente das chamadas "neo-pentecostais", estão se elegendo com uma verdadeira pregação conservadora e retrógrada.
Os temas mais polêmicos que entram em colisão com os setores religiosos são o aborto e os direitos de reconhecimento da chamada "comunidade LGBT (Lésbicas,Gays,Bissexuais,Travestis,Transsexuais e Transgêneros). 
Pois bem, em 2010, a campanha política presidencial foi contaminada pela radicalização de setores de algumas igrejas contra a candidata Dilma Roussef devido as posições históricas do PT em relação a esses temas. Lembro que ouvi e vi (principalmente nas correntes de e-mail) de tudo, como por exemplo, que a Dilma iria "aprovar o casamento gay" e que iria "legalizar o aborto". Na época, José Serra aproveitou isso e atacou a adversária, pois quem não se lembra da cena de um parto e um bebê chorando na propaganda dele, jogando sujo como sempre.
Agora em 2012, a ofensiva religiosa voltou nas campanhas municipais com candidatos das próprias igrejas ou apoiados literalmente por algumas destas. Além disso as campanhas delirantes e difamatórias voltaram junto. 
Aqui em Piracicaba, temos um candidato a prefeito que é pastor e vários outros, também pastores, candidatos a vereador na cidade. Hoje recebi um panfleto que foi colocado em carros estacionados na frente de uma igreja católica, a qual reproduzo abaixo:
Fiquei impressionado com o nível que chegou esses que podem ser chamados de radicais. O alvo agora é somente o PT, pois esse seria contra a tal "lei moral" que esses católicos acreditam. Então pedem para que ninguém vote em candidatos do partido, fazendo assim uma militância política suja e baixa. 
Não sei qual o medo destes radicais aqui em Piracicaba, pois o PT quase não tem representação política aqui e seu candidato a prefeito está bem longe do candidato oficial da prefeitura, que pertence ao partido hegemônico da cidade que é o PSDB. 
Lendo a carta, no final, aparece o link do site de um tal de Padre Paulo Ricardo, o qual fui conferir pra ver do que se tratava. Depois de ver o referido site fiquei mais impressionado ainda em ver como um padre como este consegue ser tão fanático e pregar tanto ódio com tanta desinformação e ignorância. Pra se ter uma ideia do nível do site, há um vídeo onde diz "como se livrar do vício da masturbação?"!!! 

Como percebe-se na foto acima, é do site desse padre que foi tirada a carta que foi distribuída nos carros na frente da igreja. Tem até vídeo dizendo do "por que" não votar no PT! Como diz no site que é pra assistir e divulgar, parece que os radicais católicos aqui de Piracicaba levaram ao pé da letra e imprimiram o "manifesto" (opa, isso é coisa de comunista!rsrs) para divulgar dessa forma há uma semana das eleições municipais.
Portanto, essa campanha político-partidária desses católicos mostra o grau de alienação que alguns chegam, pois se esquecem que o estado é laico. Sei também que esse delírio e insensatez em relação ao PT não é exclusividade destes radicais católicos, mas é compartilhado por radicais de outras igrejas e também de pessoas que ainda vivem com a sombra e paranóia do "perigo vermelho" na cabeça.


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24.9.12

PSDB: campeão dos "fichas-sujas" e a mídia

Uma notícia dada sem alarde e sem qualquer pré-julgamento a um partido político é a que trata de uma pesquisa sobre candidaturas impugnadas para as eleições para prefeito deste ano. Com base na recente lei Ficha Limpa, 317 políticos no Brasil foram impedidos de seguir com as respectivas candidaturas em seus municípios. Analisando os partidos com mais políticos condenados, entende-se o porque da notícia não ter sido escandalizada pelos grandes meios de comunicação. 
Destes 317, o partido líder no número de políticos impugnados é o PSDB, com 56. Se você é daqueles que só lê a revista Veja, os jornais Folha, Estadão ou Globo e termina por acreditar piamente no Jornal Nacional deve estar estranhando, não é? Garanto que você esperava outro partido líder nesse quesito, mas para quem é assim pode parecer uma surpresa. Pois bem, o PMDB (maior partido político do país) é o segundo com 49 barrados e o PP é o terceiro com 30. O PT, para quem é alienado pela grande mídia e acha que o partido é a personificação do mal e da corrupção no país, é o oitavo colocado com 18 condenações. Longe de justificar ou querer "santificar" um partido, mas isso serve para demonstrar o partidarismo com que a imprensa no país trata questões sérias como a corrupção. 
Desde o governo Lula, a maior parte dessa imprensa adotou o PT como inimigo e se associou de vez aos partidos da oposição, principalmente ao PSDB. Mesmo que alguns não acreditem haver diferenças entre partidos, essa mídia faz a diferença entre eles. 
Diante desse fato é só evidenciar e observar criticamente o posicionamento dessa imprensa quando algo associado a corrupção envolve o Partido dos Trabalhadores. A gritaria é geral e começa pelos portais da internet destacarem a notícia envolvendo o partido e seguido nas principais manchetes dos jornalões, capas de algumas semanais e finalmente dada com muita ênfase pelos principais âncoras dos telejornais. Não para por ai, pois não se esqueça que daí vem o pré-julgamento sentenciando a pecha de corruptos ao partido por editoriais, articulistas e até comentaristas dos jornais televisivos. 
Na época de eleições, como estamos vivendo agora, não é difícil perceber como, por exemplo, a imprensa paulista está associada a candidatura de José Serra (PSDB) produzindo manchetes para o mesmo até usá-las nas suas propagandas. 
Aliás, estamos entrando em uma nova fase de oposição, onde parte do Superior Tribunal Federal (STF) parece ter entrado no jogo político junto com os partidos de oposição ao governo federal e a grande imprensa. Não é mera coincidência o julgamento do "mensalão" ser feito bem nessa época e fatiado para coincidir certinho com os dias anteriores ao dia da votação. Sem falar na pressão dessa imprensa sobre os ministros para a condenação dos políticos envolvidos e principalmente para atingir politicamente o PT visando as eleições municipais. 
Essa mídia martela há anos que o PT é o partido símbolo da corrupção e muitas pessoas acabam acreditando nisso, pois fazem uma análise superficial e alienada do tema. Usam como base o número de notícias negativas veiculadas ao partido e não levam em consideração o partidarismo e manipulação dessa imprensa. Aliás, alguns órgãos de comunicação, como a revista Veja, viraram panfletos ideológicos sectários onde usam até a linguagem chula para atacar seus adversários políticos. A revista ainda conta com articulistas que utilizam de uma delinquência mental verborrágica para isso, onde se destaca o blogueiro (tido como o esgoto do jornalismo brasileiro) Reinaldo Azevedo, o qual cunhou o termo pejorativo e infantil "petralha", em alusão aos irmãos metralha e o PT. Com essa notícia, esse termo cai por terra, pois o partido que o blogueiro tanto defende é o campeão de impugnações na justiça eleitoral. Sobre isso o excelente jornalista Paulo Moreira Leite (que ainda é uma exceção na grande imprensa) fez uma análise certeira sobre isso onde diz que "Petralha é Lenda".
Portanto, se essa notícia tivesse o PT como líder dos partidos com politicos "fichas-sujas", a repercussão na imprensa teria sido totalmente diferente e escandalosa. E isso evidencia o partidarismo desta quanto a conduta moral e ética dos partidos.

OBS: Quando faço essa observação crítica do comportamento da mídia em relação a diferença de tratamento dada à alguns partidos, muitos me tacham de "petista" ou o termo pejorativo cunhado pelo blogueiro da Veja. Lembro que nunca fui filiado a nenhum partido político e sobre esse comportamento midiático, o ideal não é favorecer partido A ou B, mas sim buscar um equilíbrio sobre as notícias e proporcionar aos leitores e telespectadores a diversidade de opiniões existentes quanto aos temas tratados.

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3.9.12

Reaja Piracicaba e o Barjismo

A edição do Jornal de Piracicaba (JP) do dia 10/08/12 me deixou intrigado ao ver o momento político que Piracicaba vive. De um lado, algo quase inédito por aqui, um movimento de contestação, o Reaja Piracicaba (movimento popular que questiona o reajuste de 66%, de R$ 6.568 para R$ 10.900/mês, para os vereadores da próxima legislatura), o qual causou embaraço na Câmara de Vereadores de Piracicaba, levando-os  a tomar atitudes ridículas como a de pedir identificação para entrar no plenário e seus funcionários ocuparem os lugares antes do começo da sessão.  De outro lado, a bajulação e o “puxa-saquismo” barato e oportunista de alguns em relação ao prefeito Barjas Negri (PSDB) e até ao governador do estado (do mesmo partido do prefeito), o que é legítimo, mas que demonstra, no caso municipal, o sintoma de idolatria política do “barjismo”. Aliás, o "barjismo" é um fenômeno populista piracicabano que foi alavancado pela propaganda oficial da prefeitura através de inaugurações de obras (principalmente as que beneficiassem os carros) e que levou à um certo "endeusamento" do prefeito Barjas, o qual se tornou ilibado para os barjistas. 
Voltando a edição do JP, teve até demonstração explícita desse “puxa-saquismo” de um militante partidário, que é funcionário da prefeitura, em relação ao chefe! Será que é medo de perder, talvez, a famosa “boquinha”?  
Piracicaba vive há 4 anos o pior momento político, onde a prefeitura fez e faz o que bem entende, pois tem nas mãos quase 100% da câmara de vereadores. Sem questionamentos e investigações que realmente fiscalizem as ações do executivo, Piracicaba conta com poucas vozes críticas, o que se resume talvez as recentes ações do Ministério  Público, a internet, o espaço da carta de leitores do JP e artigos no jornal A Tribuna Piracicabana. Mas parece que a classe política piracicabana ficou tão desacostumada com críticas que recorre a cartas respostas evasivas no JP e outros acionam até a justiça contra a liberdade de expressão da internet.  
Há vereadores aqui que fazem do cargo uma carreira profissional, pois alguns estão indo para o 5º mandato seguido! Já teve até vereador que, sem pudor nenhum, já declarou abertamente que é normal a compra de votos.
Portanto, o movimento Reaja Piracicaba é um bom instrumento para levantar essas questões também e mostrar que a cidade não é a perfeição imaginada pelos adeptos do barjismo.

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