1.12.09

O filho de FHC: pesos e medidas diferentes

Finalmente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) reconheceu o filho dele com a jornalista da Rede Globo Miriam Dutra. O fato espanta não por FHC reconhecer o filho somente após 18 anos, mas sim o silêncio complacente da imprensa brasileira. Alguns vão dizer que isso é pessoal e não deveria ser explorado pela imprensa e nem politicamente. Também acho, só que isso não acontece, pois é só lembrar dois casos: a filha do Lula na eleição com o Collor e o mais emblemático é o filho do senador Renan Calheiros com uma também jornalista Mônica Velloso. Parece que a promiscuidade da imprensa com os políticos é bem mais forte do que se imagina. No caso do Lula o caso foi explorado pela mídia na época e politicamente pela campanha do Collor. Em editorial, o jornal O Globo escreveu que a população tinha o direito de saber sobre o caso do Lula. O segundo caso, do Renan Calheiros, foi explorado mais o caso do filho dele com a jornalista do que as denúncias contra as empreiteiras. Por que será? Será que é devido todas as siglas partidárias terem o rabo preso com as empreiteiras? Por que a grande imprensa brasileira silenciou todos esses anos sobre esse filho do FHC?
Lembro que apenas a revista Caros Amigos denunciou o fato e pra quem eu dizia isso, achavam que era teoria da conspiração, pois como sempre afirmo se não sai na Veja ou não passa no Jornal Nacional, então não é verdade.
O caso ocorreu quando FHC era senador em 1992 e já era casado com Dona Ruth, a qual ficou mal nessa história, mesmo que pos-mortem. A repórter-mãe do filho de FHC foi “exilada” fora do país pela Globo. Nas eleições para a sua presidência, FHC amigo das famiglias que formam o oligopólio da imprensa brasileira, conseguiu o silêncio destes. Parece que o próprio Lula não deixou isso ser usado politicamente nas suas campanhas contra FHC. Alguns dizem ainda que a mídia cobrou FHC depois quando ele aprovou emenda constitucional permitindo a entrada de até 30% de capital estrangeiro nas mídias brasileiras, após a desvalorização do real.
Agora algumas perguntas: Por que a Globo defendia que o caso da filha do Lula era de interesse público e o filho do FHC não? Imaginem se a repórter da Globo resolvesse escancarar o negócio e fazer algo parecido como que fez a jornalista Mônica Velloso? Com certeza, FHC não seria eleito, pois ele teve até que mentir e dizer na época que não era mais ateu, pois sabia que essas coisas influenciam (infelizmente) na eleição. Prova disso é o caso da Marta Suplicy que ficou estigmatizada por ter se divorciado do marido e casado com outro, o que influenciou na sua derrota para a prefeitura na época.
No caso Renan Calheiros, o qual foi aliado de FHC e também líder do seu governo, foi relevado que um lobista pagava a pensão do filho dele. Quem pagava a pensão do filho do FHC? Até agora a imprensa não se debruçou sobre isso e nem vai faze-lo, pois no caso do Renan o que importava era atingir o governo Lula custasse o que for. Por que Renan Calheiros nunca foi incomodado pela imprensa quando era aliado de FHC? O pior é que mesmo agora com FHC reconhecendo o filho, a mídia está tentando retrata-lo como um “pai pródigo”, o qual visitava o fiho uma vez por ano e até foi na sua formatura. Que história linda! Sem contar que há o caso da filha "oficial" de FHC que era empregada no gabinete do senador Heráclito Fortes (DEM, ex-PFL), recebia 7 mil reais por mês e não comparecia no gabinete. Sobre isso também nenhum alarde da mídia e nem aqueles moralistas de plantão falaram algo sobre o assunto. É o peso e medidas diferentes que a imprensa brasileira usa todos os dias nos assuntos políticos do país. A balança sempre pende favoravelmente para o lado tucano. Por que será?
Para demonstrar esse total engajamento político da grande mídia tupiniquim destaco uma ótima observação do jornalista Luiz Antonio Magalhães no seu blog Entrelinhas sobre a manchete do sábado (14/11/09) do portal UOL, que é parceiro da Folha de S. Paulo:
“Rodoanel (SP): Petistas usam acidente para atacar José Serra”
Aliás, o Serra mesmo depois desse acidente, autorizou cobrar pedágio no Rodoanel! Esses tucanos devem ter algum fetiche com pedágio, não é possível. Ou será que os pedágios são uma grande fonte de caixa dois do partido?
Agora pergunto: Alguém viu alguma manchete dizendo : “Apagão: Tucanos usam blecaute para atacar Dilma Roussef”?
Com certeza não, pois a campanha eleitoral já começou e a imprensa participa ativamente do jogo político e age como assessores do candidato José Serra. É a Organizações Serra em ação tentando (mas não consegue) fazer uma imagem ruim do Brasil enquanto a imprensa séria lá fora como a The Economist, traz capa dizendo que o Brasil decola.

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Um comentário:

camilo disse...

Acho que este tipo de fatos não devem ser usados politicamente mesmo. Se ambos se acertaram ou se os três se acertaram é com eles. O que mais me preocupa são os aumentos de impostos, IPTU, o antigo CPMF, novos pedágios e outros, num silêncio de budistas. A situação não fala, a oposição se contém para usar os fundos se eleita e nós ficamos como a esposa atual.