26.6.13

As manifestações do Brasil e Piracicaba e seus reflexos nas políticas públicas.

Alguns dias atrás escrevi no Jornal de Piracicaba (JP), como está destacado abaixo, sobre a imposição goela abaixo dos piracicabanos de uma das maiores tarifas de ônibus urbano do Brasil feita pelo prefeito Gabriel Ferrato (PSDB).
Agora, depois da pressão popular que houve no país todo, Ferrato resolveu voltar atrás e propôs a tarifa a R$ 2,80 no cartão TIP e R$ 3,00 a bordo. Continua caro, mas houve um avanço considerável por parte do movimento que encabeçou os protestos que foi o Pula-Catraca.
Na quinta-feira (20/06/13) passada houve uma enorme manifestação aqui em Piracicaba, onde o que prevaleceu foi a reivindicação da revogação da tarifa absurda de R$ 3,40. Embora muita gente foi por motivos diversos e até causas diferentes e antagônicas, a quantidade de pessoas surpreendeu até o fim do trajeto da passeata. Tinha também o pessoal do movimento Reaja Piracicaba que atingiu 20 mil assinaturas para projeto de lei que revoga o aumento vergonhoso de 66% nos salários dos vereadores de Piracicaba. Aliás, foi ridículo a atitude desses "nobres edis" ao cancelar a sessão desse dia com medo das manifestações e também para inibir o pessoal do Reaja de discursar. Essa câmara é uma vergonha para Piracicaba, pois os mesmos demonstram há muito tempo que não suportam a participação popular, tanto que colocaram vidros para separa-los do público dentro do próprio plenário. É ridículo a classe política tacanha que Piracicaba possui. Ainda sobre os protestos de quinta aqui em Piracicaba, pena foi no final, onde alguns pivetes se aproveitaram e promoveram um quebra-quebra em lojas perto do terminal central e as saquearam. Foram cenas tristes de se ver, mas que não tinham nenhuma relação com o movimento de redução das tarifas.

Já as recentes manifestações que sacudiram o Brasil nesses últimos dias tiveram como aspecto positivo mobilizar pessoas que nunca foram para as ruas ou que não eram simpáticas a protestos e conseguiu fazer todas as esferas de governo do país a finalmente ouvi-los em alguns pontos. O principal, por enquanto, foi a redução das tarifas de transporte público no país, que aqui em Piracicaba veio tardiamente e ainda é pouco. Parte do povo pode ter “acordado”, mas ainda é algo que é demonstrado de maneira difusa nas manifestações. Integrantes de movimentos sociais e de algumas classes de trabalhadores sempre estiveram acordados reivindicando melhorias e mudanças pontuais e estruturais no país. A violência policial foi finalmente destacada na imprensa, a qual oportunisticamente passou a apoiar os protestos depois de criminaliza-los no início, como sempre fez em relação a manifestações populares. Os interesses da grande imprensa brasileira nessa mudança também tem certa manobra política para jogar o jogo político das eleições do ano que vem. O aspecto negativo foi que fascistas e golpistas saíram do armário pra tentar carona nos protestos. Inclusive na seção de cartas do JP, teve um exemplo emblemático desse tipo, onde o cidadão diz que a solução é acabar com partidos, principalmente o que está no governo federal, e ainda clama pelo golpe das forças armadas para tomar o poder. 

É de dar nojo ler uma coisa dessas! Típico discurso estúpido e ignorante de reacionários que vivem em uma eterna paranoia e que quando saem as ruas são perigosos ao insuflar o confronto sectário. Aliás, em São Paulo, houve agressões e perseguições aos militantes de esquerda onde houve até queima de bandeira de partido por parte dos fascistas. É algo que muitos minimizam mas infelizmente pode virar algo maior e pior. 

Por isso, as manifestações que ocorreram e ainda ocorrem pelo Brasil precisam ser bem analisadas para não cair na cilada midiática de querer manipular para fins políticos/eleitorais. Também é bom observar que agora que muitos protestos estão saindo da periferia das cidades para o centro, o enfoque dessa mesma mídia já começou a mudar também, onde o trânsito voltou a ser a prioridade nas reportagens.

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11.4.13

O "busão" à R$ 3,00 e R$ 3,40 e o piracicabano cada vez mais ferrad(T)o!!

Fonte da foto: Jornal de Piracicaba (JP)
A defesa da tarifa abusiva de R$ 3,40 pelo ex-secretário de transporte de Piracicaba, o qual ainda desdenhou das manifestações populares contra o reajuste, demonstra que o atual governo não voltará atrás da medida. E para isso conta com a maioria na Câmara, os quais vergonhosamente já rejeitaram audiência pública sobre o assunto. Com isso fica cada vez mais evidente como muitos dos edis não gostam da participação popular, a não ser quando é de militante do partido governante (PSDB) que até nos jornais tenta defender o indefensável ou de jornalista chapa-branca e puxa-saco que destila o ódio sectário e partidário contra aqueles que contestam seus chefes.
O ex-secretário citou a área total de Piracicaba, que segundo o IBGE é de  1.378,501 km2, dando a impressão de que todo esse perímetro é coberto pelas linhas de ônibus. Mas o perímetro urbano, onde roda a maior parte da frota, é bem menor que isso, pois segundo a Wikipédia é de 31,5733 km².
O prefeito Gabriel Ferrato (PSDB) se reuniu com alguns representantes do movimento "Pula-Catraca" só para fazer pose de democrático, mas não cedeu em nada. Ele diz que o movimento passou dos limites e que é político e não técnico, mas todo movimento popular é político. É a política que passou dos limites e deixou o preço chegar nesse absurdo e fez o transporte público ser relegado das prioridades das políticas públicas da cidade. Isso que é praticamente o mesmo governo que está no terceiro mandato!
Até agora o tal "estudo" sobre as tarifas encomendado a USP não foi divulgado. Mas, quem é que está fazendo o tal "estudo" realmente?
O prefeito tem que entender que o problema da alta do transporte público não é somente técnico e político, mas também social. O preço dessa nova tarifa pesa muito no salário dos trabalhadores. Logicamente que Ferrato, seus secretários milionários e os abastados vereadores não sabem o que é isso. Por parte da sociedade piracicabana, há aqueles que não estão nem ai também, pois nunca sequer usaram o transporte público da cidade e por isso Ferrato e cia. os representa. Mas não representa a maioria que tem que usar o ônibus ruim, mal conservado, com horários esdrúxulos e mal feitos e muito caro. 
A adesão aos protestos comandados pelo "pula-catraca" está tendo uma boa participação de estudantes, o que denota uma politização que é salutar para a democracia na cidade. Agora, principalmente depois dessa reunião, a prefeitura começará a "engrossar" contra o movimento e pode até apelar para a repressão. Aliás, a coerção já começou, pois a prefeitura fez banners e cartazes para orientar a população a não pular a catraca em tom até ameaçador e colocou a polícia para barrar os manifestantes na sexta-feira (05/04/2013).
Cartaz coercitivo contra a população
Fonte da foto: JP
Ato proibido no dia 05/04/13
Fonte da foto: JP
É por isso que boa parte dos usuários de ônibus não toma partido e não se junta aos protestos. A maioria é contra o aumento e concorda com as reivindicações dos manifestantes, mas tem medo de protestar. Isso vem da cultura violenta de repressão a movimentos populares que se intensificou no Brasil no período da ditadura militar e que perdura até hoje. E a prefeitura ainda destaca no cartaz que é crime pular a catraca, inibindo mais ainda a participação do cidadão.
No Brasil, o povo (geralmente os pobres) que depende de serviços públicos essenciais como o transporte público tem que fazer manifestações e muito barulho para ser ouvido e chamar atenção para o problema. Já os ricos e poderosos não precisam disso, pois já possuem influência direta sobre a classe política e tem os grandes meios de comunicação como seus porta-vozes. 
Aqui em Piracicaba não é diferente, mas felizmente está mudando e muitas pessoas estão perdendo esse medo de se expressar. Acredito que depois de quase 8 anos de letargia sob o "barjismo" a população começou a enxergar que a cidade não é aquele paraíso propagandeado através das "obras" de trânsito, os quais são direcionados para o transporte individual. O movimento Reaja Piracicaba teve um papel importante nisso e agora está havendo mais manifestações reivindicatórias na cidade. O "pula-catraca" é só mais um e espero que não pare por ai. 
Juventude se politizando e se manifestando em Piracicaba!
Fonte da foto: JP

Enterro simbólico do prefeito Gabriel Ferrato
Fonte da foto: JP




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25.3.13

Uma tragédia na educação e mais um engodo do governo estadual paulista


A assessoria do governo do estado de São Paulo respondeu uma carta crítica de um professor de filosofia que saiu no Jornal de Piracicaba (JP), sobre o fim do ensino das disciplinas de história, geografia e ciências nos anos iniciais do ensino fundamental de escolas de tempo integral. O governo tergiversou sobre o assunto e disse que o foco nesses anos é com a alfabetização e que essas disciplinas serão "aprofundadas" em oficinas. Eu já trabalhei em escola de tempo integral estadual e é simplesmente uma escola sem estrutura que deixa os alunos 8 horas por lá com os professores tendo que se virar com o que podem. Essas escolas teriam que ter reformas estruturais que acolham os estudantes o dia todo como por exemplo, banheiros com vestiários e bastante material de apoio. Só que isso não ocorre, pois a verba geralmente é escassa e a escola fica sob a própria sorte mesmo. Supervisores de ensino geralmente só vão lá para cobrar e nada mais, pois não sabem, ou se esqueceram, qual é a realidade de uma sala de aula. 

Política Salarial? Reajuste?

Agora,com relação à resposta do governo estadual paulista sobre a tal Política Salarial para a Educação é preciso fazer algumas considerações. Como sempre, o governo tenta ludibriar os leitores mais incautos quando diz que há um “aumento” escalonado de 42,25% em 4 anos no vencimento base dos professores. O que não diz é que nele está incluída a incorporação das gratificações que somam R$ 92. Com isso, o percentual do reajuste é de 35,5%. Também não leva em consideração a inflação, que segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias do Estado, somará 22% até 2014. Portanto haverá um “aumento” real de 13% que recupera somente cerca de um terço das perdas salariais dos professores desde 1998. Mesmo assim é um reajuste pífio por ser o estado mais rico da nação. O final da carta da assessoria do governo parece piada, pois diz que quer tornar mais atrativa a carreira de professor no estado. Quem está na rede ensino sabe que isso é ridículo, pois está diminuindo o número de professores. Esta diminuição está ligada as iniciativas arbitrárias deste governo em ter separado os professores temporários em categorias e ter lhes retirado direitos. Os docentes da categoria O, que em geral são os que estão começando, são os mais prejudicados, pois vivem sob coação de perder as aulas e ter que ficar 200 dias sem lecionar. Pior é que agora os recém-contratados tem pagar pra fazer exames médicos, que antes era o próprio estado que fazia, para ingressar na rede. Assim que a secretaria da educação quer atrair os melhores profissionais? 

Violência e Tragédia

A violência que não só professores, mas muitos diretores, coordenadores e funcionários sofrem, também é pouco divulgado e minimizado pelo governo. Na segunda-feira (11/03/2013), uma professora (que é a da foto abaixo) da rede estadual de Itirapina (aqui perto de Piracicaba mesmo) foi morta dentro da escola a facadas por um aluno do supletivo. O motivo para o assassinato dessa colega de profissão não foi divulgado ainda. Isso era para ser um escândalo nacional e suscitar uma discussão ampla sobre a violência de alunos contra os profissionais da educação no país. A secretaria da educação soltou uma nota lamentando o incidente e só. Agora, cade a grande imprensa para escandalizar algo que realmente é uma tragédia ? Cadê o governador Geraldo Alckmin, o qual deveria vir a público para não só lamentar o fato, mas de exigir providências? Nessa questão entra um pouco a questão político-partidária da grande imprensa brasileira, principalmente a paulista, a qual é favorável ao governo tucano e por isso não o critica e nem o fustiga sobre um tema que é tão falado em época de eleição. 

Há 18 anos no poder, o PSDB paulista ainda não entendeu a real situação da educação no estado de São Paulo, principalmente dos professores. Assim continua com uma política de desvalorização e precarização da profissão que é essencial para o desenvolvimento do país. A todos os níveis de governo esse tema tem que ser cobrado sempre e mais ainda exigir providências dos mesmos em relação a episódios graves de violência no ambiente escolar, como o da professora de Itirapina.


Termino esse texto com meus sinceros sentimentos em relação a colega de profissão, a professora Simone Lima, que perdeu a vida injustamente. Uma tragédia sem precedentes não só para amigos e familiares dela, mas para toda a nação brasileira.

OBS: abaixo está a minha carta, publicada no JP, respondendo a assessoria do governo do estado paulista sobre os salários dos professores.


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24.1.13

A relação eterna "Casa Grande e Senzala" no Brasil

Esses dias fui a uma formatura dos cursos da Esalq-USP aqui de Piracicaba. Uma grande festa com muita comida, bebida e atrações variadas para um público de cerca de 5 mil pessoas. Até ai é normal e todo ano é assim, só que eu observei algo que em geral passa despercebido que é a presença quase nula de pessoas negras entre os quase 250 formandos do campus. Eu não vi nenhum, pelo menos que pagou caro pela formatura, quando entrava para a famosa valsa dos formandos e nos telões que passavam os nomes e fotos dos mesmos. Entre o público presente convidado, vi apenas alguns que dava para contar nos dedos das mãos entre, como já citei, as quase 5 mil pessoas ali presentes.
Ali a estatística era fácil de fazer com a simples observação. Entre os formandos: 100% brancos. Entre os convidados: 99% brancos. Entre os empregados do salão: 98% de pardos e negros (pegando a nomenclatura usada para determinação de cor). Essa estatística feita meio por cima na hora do baile de formatura de uma universidade pública no Brasil demonstra que na questão do ensino superior público ainda o número de vagas preenchidas é totalmente favorável aos brancos e ricos do país. Ainda que tenha aumentado o número de estudantes negros em algumas universidades públicas por meio de cotas, ainda os vejo mais nas universidades particulares. E o ProUni também teve um efeito para que isso aumentasse, mas ainda é pouco.
Quando faço esse tipo de observação, me convenço ainda mais sobre a necessidade das cotas nas universidades públicas. Os que são contra as cotas "argumentando" cinicamente e estupidamente que as mesmas são uma forma de racismo, não sabem o que dizem. Querem ignorar essa realidade que todos vêem, mas fingem não existir por simplesmente achar normal.
O sentimento em relação aos pobres, principalmente quando são negros ou pardos, da maioria da classe média e alta ainda é do tipo Casa Grande e Senzala. A internet é onde isso fica bem evidente tanto em comentários quanto em textos que parecem que foram escritos por senhores donos de escravos do começo do século XIX.
A colunista da Folha de S.Paulo, Danuza Leão, famosa por outras asneiras escritas sempre com cunho racista e preconceituoso escreveu mais uma pérola elitista que atesta como pensa a maior parte dessa mesma elite do país. Quem quiser, tape o nariz e leia o texto "Ser especial" dessa senhora. Ela simplesmente diz que não se sente mais especial porque não vê graça em ir a Paris sendo que o porteiro do seu prédio, hoje em dia, pode parcelar uma viagem que antes só ela fazia. Para ela e muitos por ai, ver aqueles que antes só os enxergavam quando estavam limpando o chão, atendendo portas, cuidando dos seus filhos e limpando suas casas, nos aeroportos hoje em dia é o fim do mundo. Daí também o sentimento que já era odioso em relação ao ex-presidente Lula ser ainda maior, pois nos seus dois mandatos isso aumentou vertiginosamente com o crescimento da renda no país.
Pra quem quiser mais tem ainda o texto de uma dondoca, que há muitas por ai igualzinha a esta, que escreveu também essa peça de museu escravista. Leiam aqui a cópia do texto dela que se chama "Viajando com babás". Ela, na maior bondade do mundo, dá dicas de como levar babás em viagens com a família, pois pais cheios de dinheiro não tem tempo nem em viagens para cuidar dos próprios filhos, e ensina as amigas dondocas a trata-las............ como se fossem cachorros. Por exemplo, para não levar a empregada (como se fosse posse mesmo) em restaurante chique, porque "pega mal", então eles a levam antes em um McDonalds que a mesma fica feliz e agradece de coração a viagem que a patroa proporcionou a ela. Uma crítica muito boa sobre o que escreveu a dondoca é esse texto "Babás e empregadas domésticas: relações que perpetuam o racismo e machismo".
Ainda nessa questão, é um absurdo ver que muitas pessoas que tem empregadas domésticas e babás prestando o serviço, obrigarem-nas a usarem um uniforme típico. Se pegar uma foto da época da escravidão onde mostra a relação Casa Grande e Senzala verá que não mudou nada nessa questão. Sem contar que em alguns clubes de ricos em São Paulo, não permitem a entrada de babás sem uniforme e ainda as separam dos sócios! Outro texto bom sobre o assunto é "Uma babá sem uniforme. .." do Leonardo Sakamoto.
A segregação ainda viceja em nosso meio e não percebemos, pois só aqui há elevadores de "serviço" e quarto de empregada!Aliás, esse quarto está sendo exportado para empreendimentos imobiliários fora do Brasil, ou seja, algo tipicamente brasileiro e triste.
E agora a moda é reclamar da falta de diaristas e empregadas domésticas, pois onde já se viu elas pleiteando direitos, né? E agora, depois de 8 anos mais 2 de um governo comunista, deu a elas os mesmos direitos que todo trabalhador tem há anos? Assim pensa e exclama a Casa Grande no Brasil, a qual tem na mídia hegemônica seus porta-vozes, como Danuza Leão, por exemplo, e também pseudos-humoristas, como Danilo Gentili, que agora podem ser abertamente racistas e preconceituosos se auto-intitulando como "politicamente incorretos".
Portanto, o racismo no nosso país ainda persiste com esse tipo de relação submissa entre patrões e empregados, na disparidade de escolaridade entre brancos e negros e também no preconceito típico de ver como ruim a ascensão dos que antes nunca frequentaram alguns lugares que só você era "especial" o bastante para estar lá.


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15.11.12

Câmara de Piracicaba tenta impor restrições "ditatoriais" no plenário


A Câmara de Vereadores de Piracicaba está mostrando não só aos piracicabanos, mas ao Brasil inteiro como desprezam a democracia. Como nunca houve uma participação popular efetiva nas sessões do plenário, a "casa do povo" virou a "casa deles" e agora tentam de todas as formas coibir arbitrariamente essa participação que se tornou efetiva a partir do movimento Reaja Piracicaba. 

As atitudes, muitas vezes infantis, dos "nobres" edis mostram o desespero e despreparo destes em lidar com cidadãos que estão ali cobrando posições e vendo o que realmente fazem nas sessões. É ridículo ver que as pautas são majoritariamente preenchidas com moções de aplausos e denominações de ruas e avenidas da cidade. As ações do movimento Reaja Piracicaba, que basicamente pede a revogação do aumento vergonhoso de 66% no salário dos vereadores,acabaram chamando a atenção de pessoas que não acompanhavam pra isso também. Deve ser isso que deixou alguns vereadores incomodados, pois sempre foram acostumados a passarem quase despercebidos durante seus mandatos. 

Agora a mesa diretora da Câmara resolveu "reagir" ao Reaja tentando impor restrições internas ridículas para o acompanhamento popular das sessões. Dentre as mais absurdas e arbitrárias estão: 

- a proibição do uso de nariz de palhaço, bonés, chapéus e outros adereços que, sengundo eles, ridicularizem os presentes. Aqui está a primeira arbitrariedade contra a liberdade individual, pois cada um veste e coloca o que quiser sobre o corpo, desde que não atente contra o pudor. 

- a proibição de câmeras fotográficas, filmadoras e até captação de imagens por celulares dentro do plenário, pois segundo eles as sessões são gravadas, mas só poderá obter as imagens mediante solicitação dizendo onde será usada e o motivo. Eles dizem que fazem isso por temerem a manipulação das imagens, mas quem disse que eles também não poderiam manipula-las quando acontece algo, como a expulsão do cidadão que não se levantou durante a leitura bíblica, antes de libera-las? Isso é mais uma medida de cunho ditatorial. 

- a proibição de comportamento inadequado, trajes indecentes, portar faixas e cartazes que desacatam os vereadores. Quanto a esse item eu gostaria de saber qual o critério que será adotado para saber o que é comportamento inadequado? Não se levantar durante a leitura da Bíblia, por exemplo, é inadequado, o que ficou claro depois da expulsão do rapaz. Qual o critério para trajes indecentes? Antes podia entrar de bermuda, mas agora não estão mais permitindo, pois alguns que participaram das manifestações estavam de bermuda. O que seria desacato aos edis escrito em cartazes e faixas? Será que não poderemos nem manifestar a ironia nos cartazes? 

Com medidas autoritárias como estas, "Vossas Senhorias" estão reagindo contra o povo e contra a participação deste na casa que por direito é de todos. Mesmo com normas ditatoriais e tentativas de coagir quem os critique não vai calar quem exerce um direito constitucional e democrático que é a liberdade expressão. 

Abaixo está o vídeo do dia em que o cidadão foi expulso da Câmara, assim como o rapaz que estava filmando, como cidadão também, dentro do plenário. Vejam como foi a arbitrariedade e truculência de um dos vereadores que se exaltou contra o rapaz que filmava.
 

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30.10.12

A "Inquisição" se instala na Câmara de Vereadores de Piracicaba

A Câmara de Vereadores de Piracicaba se supera cada vez mais em suas atitudes autoritárias, anti-democráticas e arbitrárias. Quando cito toda a Câmara, é porque todos ali são coniventes e apoiam todas as ações da casa, via presidente João Manoel, contra os cidadãos que apenas exercem o direito de acompanhar e eventualmente criticar o que eles fazem por lá. 

Pois bem, depois que as manifestações do movimento Reaja Piracicaba, contra o aumento vergonhoso que essa atual legislatura da casa concedeu a próxima legislatura (onde a maioria, infelizmente, foi reeleita) de 66% em seus salários, eles começaram a se incomodar. Daí começaram a exigir documentação e identificação para acompanhar as seções dentro da Câmara e até em uma sessão tentaram coibir a entrada dos manifestantes colocando os próprios funcionários para ocupar a maioria das cadeiras. Foi vergonhoso essa última atitude citada e demonstrou como os "nobres" edis não estão acostumados com a democracia. 

Agora, se não bastasse tudo isso, as "Vossas Senhorias" também parecem não tolerar quem não é cristão e durante a oração em plenário, quem não obedecer é retirado, mesmo que seja a força. Isso ocorreu ontem, segunda-feira (29/10/12), onde um cidadão foi retirado a força por policiais só porque não quis se levantar durante a leitura de um trecho da bíblia. A iniciativa partiu do presidente da Câmara, João Manoel (o mesmo que tachou manifestantes de drogados e vagabundos), que ordenou que o rapaz fosse retirado. E se o homem fosse de outra religião? Seria um caso também de intolerância religiosa! Absurdo!


Parece que os vereadores, principalmente o presidente da casa, se esquecem que o estado é laico e que a questão da retirada a força do cidadão também parece ter outros motivos. O diretor jurídico da Câmara quis justificar ainda dizendo que era constitucional, pois o regimento interno prevê essa leitura bíblica. Não sou advogado, mas sei que não interessa se o regimento interno diz isso, pois a Constituição Federal se sobrepõe e garante a separação entre estado e instituições religiosas. Logo, o regimento está em desacordo com a própria Constituição.

Logicamente que depois do incidente, tentaram usar outra desculpa ridícula ao dizer que o rapaz retirado estava fazendo "baderna" e "tumultuando" a seção. Tudo para tentar justificar o injustificável. 

A questão é que qualquer pessoa pode ficar do jeito que quiser, desde que não atente contra o pudor, durante a leitura de um trecho bíblico em um lugar público. Mas os novos inquisidores de Piracicaba não quiseram nem saber e colocaram um cidadão a força para fora por não "respeitar" a leitura. Acho que nem em uma igreja durante missa ou culto deve haver esse tipo de comportamento de padres e pastores. A não ser, é claro, os mais radicais. 

Portanto, a Câmara não é uma igreja e nem deve se parecer com uma, pois a Constituição é clara nesse quesito e o comportamento dos nobres edis foi totalmente errado, estúpido e intolerante.  




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30.9.12

Ofensiva religiosa na reta final das eleições em Piracicaba

Não é de hoje que setores das igrejas, tanto evangélicas quanto a católica, influenciam e fazem parte da política no Brasil. Os interesses são enormes e vemos todos os candidatos terem que agradar a todas as partes religiosas envolvidas, pois sabem que o poder de mobilização de padres e pastores, por exemplo, é grande. Ainda mais se a instituição da própria igreja for contra ou a favor de candidatos ou partidos. Cada vez mais os membros das igrejas cristãs, principalmente das chamadas "neo-pentecostais", estão se elegendo com uma verdadeira pregação conservadora e retrógrada.
Os temas mais polêmicos que entram em colisão com os setores religiosos são o aborto e os direitos de reconhecimento da chamada "comunidade LGBT (Lésbicas,Gays,Bissexuais,Travestis,Transsexuais e Transgêneros). 
Pois bem, em 2010, a campanha política presidencial foi contaminada pela radicalização de setores de algumas igrejas contra a candidata Dilma Roussef devido as posições históricas do PT em relação a esses temas. Lembro que ouvi e vi (principalmente nas correntes de e-mail) de tudo, como por exemplo, que a Dilma iria "aprovar o casamento gay" e que iria "legalizar o aborto". Na época, José Serra aproveitou isso e atacou a adversária, pois quem não se lembra da cena de um parto e um bebê chorando na propaganda dele, jogando sujo como sempre.
Agora em 2012, a ofensiva religiosa voltou nas campanhas municipais com candidatos das próprias igrejas ou apoiados literalmente por algumas destas. Além disso as campanhas delirantes e difamatórias voltaram junto. 
Aqui em Piracicaba, temos um candidato a prefeito que é pastor e vários outros, também pastores, candidatos a vereador na cidade. Hoje recebi um panfleto que foi colocado em carros estacionados na frente de uma igreja católica, a qual reproduzo abaixo:
Fiquei impressionado com o nível que chegou esses que podem ser chamados de radicais. O alvo agora é somente o PT, pois esse seria contra a tal "lei moral" que esses católicos acreditam. Então pedem para que ninguém vote em candidatos do partido, fazendo assim uma militância política suja e baixa. 
Não sei qual o medo destes radicais aqui em Piracicaba, pois o PT quase não tem representação política aqui e seu candidato a prefeito está bem longe do candidato oficial da prefeitura, que pertence ao partido hegemônico da cidade que é o PSDB. 
Lendo a carta, no final, aparece o link do site de um tal de Padre Paulo Ricardo, o qual fui conferir pra ver do que se tratava. Depois de ver o referido site fiquei mais impressionado ainda em ver como um padre como este consegue ser tão fanático e pregar tanto ódio com tanta desinformação e ignorância. Pra se ter uma ideia do nível do site, há um vídeo onde diz "como se livrar do vício da masturbação?"!!! 

Como percebe-se na foto acima, é do site desse padre que foi tirada a carta que foi distribuída nos carros na frente da igreja. Tem até vídeo dizendo do "por que" não votar no PT! Como diz no site que é pra assistir e divulgar, parece que os radicais católicos aqui de Piracicaba levaram ao pé da letra e imprimiram o "manifesto" (opa, isso é coisa de comunista!rsrs) para divulgar dessa forma há uma semana das eleições municipais.
Portanto, essa campanha político-partidária desses católicos mostra o grau de alienação que alguns chegam, pois se esquecem que o estado é laico. Sei também que esse delírio e insensatez em relação ao PT não é exclusividade destes radicais católicos, mas é compartilhado por radicais de outras igrejas e também de pessoas que ainda vivem com a sombra e paranóia do "perigo vermelho" na cabeça.


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24.9.12

PSDB: campeão dos "fichas-sujas" e a mídia

Uma notícia dada sem alarde e sem qualquer pré-julgamento a um partido político é a que trata de uma pesquisa sobre candidaturas impugnadas para as eleições para prefeito deste ano. Com base na recente lei Ficha Limpa, 317 políticos no Brasil foram impedidos de seguir com as respectivas candidaturas em seus municípios. Analisando os partidos com mais políticos condenados, entende-se o porque da notícia não ter sido escandalizada pelos grandes meios de comunicação. 
Destes 317, o partido líder no número de políticos impugnados é o PSDB, com 56. Se você é daqueles que só lê a revista Veja, os jornais Folha, Estadão ou Globo e termina por acreditar piamente no Jornal Nacional deve estar estranhando, não é? Garanto que você esperava outro partido líder nesse quesito, mas para quem é assim pode parecer uma surpresa. Pois bem, o PMDB (maior partido político do país) é o segundo com 49 barrados e o PP é o terceiro com 30. O PT, para quem é alienado pela grande mídia e acha que o partido é a personificação do mal e da corrupção no país, é o oitavo colocado com 18 condenações. Longe de justificar ou querer "santificar" um partido, mas isso serve para demonstrar o partidarismo com que a imprensa no país trata questões sérias como a corrupção. 
Desde o governo Lula, a maior parte dessa imprensa adotou o PT como inimigo e se associou de vez aos partidos da oposição, principalmente ao PSDB. Mesmo que alguns não acreditem haver diferenças entre partidos, essa mídia faz a diferença entre eles. 
Diante desse fato é só evidenciar e observar criticamente o posicionamento dessa imprensa quando algo associado a corrupção envolve o Partido dos Trabalhadores. A gritaria é geral e começa pelos portais da internet destacarem a notícia envolvendo o partido e seguido nas principais manchetes dos jornalões, capas de algumas semanais e finalmente dada com muita ênfase pelos principais âncoras dos telejornais. Não para por ai, pois não se esqueça que daí vem o pré-julgamento sentenciando a pecha de corruptos ao partido por editoriais, articulistas e até comentaristas dos jornais televisivos. 
Na época de eleições, como estamos vivendo agora, não é difícil perceber como, por exemplo, a imprensa paulista está associada a candidatura de José Serra (PSDB) produzindo manchetes para o mesmo até usá-las nas suas propagandas. 
Aliás, estamos entrando em uma nova fase de oposição, onde parte do Superior Tribunal Federal (STF) parece ter entrado no jogo político junto com os partidos de oposição ao governo federal e a grande imprensa. Não é mera coincidência o julgamento do "mensalão" ser feito bem nessa época e fatiado para coincidir certinho com os dias anteriores ao dia da votação. Sem falar na pressão dessa imprensa sobre os ministros para a condenação dos políticos envolvidos e principalmente para atingir politicamente o PT visando as eleições municipais. 
Essa mídia martela há anos que o PT é o partido símbolo da corrupção e muitas pessoas acabam acreditando nisso, pois fazem uma análise superficial e alienada do tema. Usam como base o número de notícias negativas veiculadas ao partido e não levam em consideração o partidarismo e manipulação dessa imprensa. Aliás, alguns órgãos de comunicação, como a revista Veja, viraram panfletos ideológicos sectários onde usam até a linguagem chula para atacar seus adversários políticos. A revista ainda conta com articulistas que utilizam de uma delinquência mental verborrágica para isso, onde se destaca o blogueiro (tido como o esgoto do jornalismo brasileiro) Reinaldo Azevedo, o qual cunhou o termo pejorativo e infantil "petralha", em alusão aos irmãos metralha e o PT. Com essa notícia, esse termo cai por terra, pois o partido que o blogueiro tanto defende é o campeão de impugnações na justiça eleitoral. Sobre isso o excelente jornalista Paulo Moreira Leite (que ainda é uma exceção na grande imprensa) fez uma análise certeira sobre isso onde diz que "Petralha é Lenda".
Portanto, se essa notícia tivesse o PT como líder dos partidos com politicos "fichas-sujas", a repercussão na imprensa teria sido totalmente diferente e escandalosa. E isso evidencia o partidarismo desta quanto a conduta moral e ética dos partidos.

OBS: Quando faço essa observação crítica do comportamento da mídia em relação a diferença de tratamento dada à alguns partidos, muitos me tacham de "petista" ou o termo pejorativo cunhado pelo blogueiro da Veja. Lembro que nunca fui filiado a nenhum partido político e sobre esse comportamento midiático, o ideal não é favorecer partido A ou B, mas sim buscar um equilíbrio sobre as notícias e proporcionar aos leitores e telespectadores a diversidade de opiniões existentes quanto aos temas tratados.

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3.9.12

Reaja Piracicaba e o Barjismo

A edição do Jornal de Piracicaba (JP) do dia 10/08/12 me deixou intrigado ao ver o momento político que Piracicaba vive. De um lado, algo quase inédito por aqui, um movimento de contestação, o Reaja Piracicaba (movimento popular que questiona o reajuste de 66%, de R$ 6.568 para R$ 10.900/mês, para os vereadores da próxima legislatura), o qual causou embaraço na Câmara de Vereadores de Piracicaba, levando-os  a tomar atitudes ridículas como a de pedir identificação para entrar no plenário e seus funcionários ocuparem os lugares antes do começo da sessão.  De outro lado, a bajulação e o “puxa-saquismo” barato e oportunista de alguns em relação ao prefeito Barjas Negri (PSDB) e até ao governador do estado (do mesmo partido do prefeito), o que é legítimo, mas que demonstra, no caso municipal, o sintoma de idolatria política do “barjismo”. Aliás, o "barjismo" é um fenômeno populista piracicabano que foi alavancado pela propaganda oficial da prefeitura através de inaugurações de obras (principalmente as que beneficiassem os carros) e que levou à um certo "endeusamento" do prefeito Barjas, o qual se tornou ilibado para os barjistas. 
Voltando a edição do JP, teve até demonstração explícita desse “puxa-saquismo” de um militante partidário, que é funcionário da prefeitura, em relação ao chefe! Será que é medo de perder, talvez, a famosa “boquinha”?  
Piracicaba vive há 4 anos o pior momento político, onde a prefeitura fez e faz o que bem entende, pois tem nas mãos quase 100% da câmara de vereadores. Sem questionamentos e investigações que realmente fiscalizem as ações do executivo, Piracicaba conta com poucas vozes críticas, o que se resume talvez as recentes ações do Ministério  Público, a internet, o espaço da carta de leitores do JP e artigos no jornal A Tribuna Piracicabana. Mas parece que a classe política piracicabana ficou tão desacostumada com críticas que recorre a cartas respostas evasivas no JP e outros acionam até a justiça contra a liberdade de expressão da internet.  
Há vereadores aqui que fazem do cargo uma carreira profissional, pois alguns estão indo para o 5º mandato seguido! Já teve até vereador que, sem pudor nenhum, já declarou abertamente que é normal a compra de votos.
Portanto, o movimento Reaja Piracicaba é um bom instrumento para levantar essas questões também e mostrar que a cidade não é a perfeição imaginada pelos adeptos do barjismo.

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27.8.12

Marighella - "Mil Faces de Um Homem Leal"

Acabei de ver o novo clipe do maior grupo de RAP do Brasil, Racionais MC´s, sobre o revolucionário Carlos Marighella e me surpreendi com a excelente música que o rapper Mano Brown, mais uma vez, conseguiu fazer. A letra e o clipe fazem uma conotação com as aspirações revolucionárias de Marighella com o cotidiano atual dos trabalhadores e pobres do Brasil. Mano Brown sintetizou muito bem esse espírito revolucionário de Marighella na letra e trouxe ao conhecimento não só do RAP, mas também de todos os marginalizados das periferias do país. 
Marighella foi personagem importante na luta armada contra a ditadura militar e até hoje desperta ódio e preconceito daqueles que até hoje apóiam o regime militar. Como todo opositor, ainda mais da luta armada, é tido como terrorista por estes incautos que apoiaram uma corja militar assassina e torturadora que tomou o poder ilegalmente em 1964 no Brasil. 
Para muitos ele pode parecer radical, mas ele lutou até o fim pelo justo e contra uma tirania, a qual conseguiu atrasar o país mantendo a desigualdade, injustiças, corrupção e violência que perduram até hoje. 
A música e o clipe (abaixo) fazem parte da trilha sonora do filme "Marighella" que ainda vai estrear em outubro de 2012 no Brasil. Confiram!

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9.8.12

O RAP contra a hipocrisia de Serra. E agora José?

O Rap no Brasil é ainda um estilo musical que segue sua essência que é a de contestar e denunciar o poder e os poderosos em geral. Não é a primeira vez que destaco aqui alguns rappers que conseguem traduzir em suas letras e rimas a realidade e aquilo que muitos queriam dizer e não conseguem. 
O vídeo abaixo é do rapper conhecido como Mamuti 011 e foi feito em resposta as mentiras do candidato à prefeitura pelo PSDB, José Serra. Ele partidarizou a conquista de espaço para o rap em um centro cultural dizendo que foi decisão dele. Isso motivou o protesto do rapper e daqueles que sabem que isso se trata de mais uma mentira de Serra e seu partido. Aliás, é sempre bom lembrar o histórico mentiroso de Serra, pois foi o mesmo que prometeu não deixar a prefeitura de São Paulo no meio do mandato e dois anos depois ele fez exatamente isso e se candidatou a eleição presidencial. É a obsessão pelo poder que faz de Serra um dos candidatos que joga mais sujo nas eleições, sempre contanto com o apoio da grande imprensa, principalmente a paulista. 
A música foi feita para contestar a versão do candidato e o autor também aproveitou e fez o clipe com várias comparações e caricaturas de Serra coletadas da internet. Em uma das figuras aparece Serra e Hitler lado a lado. A liberdade de expressão, ainda mais no rap, garante ao autor essas comparações. 
Pois bem, como estamos no meio do processo eleitoral, um site ligado à candidatura de Fernando Haddad (PT) disponibilizou o vídeo e por isso causou polêmica na imprensa, mas não devido à mentira de Serra e as críticas do rapper. A imprensa paulista, no caso a Folha de S.Paulo , alardeou devido a associação da imagem de Serra e Hitler e não sobre a mentira do candidato. Isso mostra o total engajamento político-partidário da Folha em trabalhar incessantemente pela candidatura Serra. É quase que um porta-voz do candidato, assim como o resto da grande imprensa brasileira. 
Com isso logo acusaram o PT de comparar Serra à Hitler. A polêmica deu no que Serra queria, que é sempre se fazer de vítima e através da imprensa aliada atacar seus adversários jogando a pecha neles de jogo sujo. Serra parece estar um pouco incomodado devido a sua alta rejeição mostrada nas últimas pesquisas e demonstra que não gosta de ser confrontado. E o pior é a polêmica ser apenas por uma imagem e não sobre o motivo que levou a música ser feita. 
Confiram o vídeo desse excelente rap do Mamuti 011.

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1.8.12

Resposta ao Governo do Estado

Parece que o governo estadual paulista não gostou das minhas críticas no meu último artigo sobre os nefastos pedágios do estado, o qual publicado no jornal A Tribuna Piracicabana. Abaixo está a reprodução do meu artigo e da resposta do governo do estado:
O Governo do Estado de São Paulo tenta, na resposta (01/08) ao meu artigo sobre os abusivos pedágios e o novo sistema de cobrança Ponto a Ponto, mais uma vez ludibriar os cidadãos paulistas. A assessoria do governo diz que o Ponto a Ponto não afetará os trechos urbanos das rodovias pedagiadas e vão fazer de tudo para os motoristas não serem mais lesados pelos pedágios. Devido ao histórico de promessas não cumpridas de todos os governadores tucanos, ainda mais na questão dos pedágios - como recentemente citei no texto anterior, onde Alckmin disse que revisaria os preços, mas o fez para cima – não se pode confiar na palavra do governo do estado. Esse mesmo governo também disse que não haveria pedágios no rodoanel e logo depois de inaugurado o encheu de praças de pedágio. Assim como pedagiaram as marginais da rodovia Castello Branco na região metropolitana de São Paulo, onde deixaram a população sem alternativas. 
Portanto, o que diz o governo do estado em relação aos pedágios não se leva a sério e por isso a relação com o personagem Pinóquio cai muito bem. Aliás, desrespeitoso é o governo paulista e seu líder prometerem e não cumprirem e, pior ainda, lesarem mais ainda o bolso dos contribuintes do estado. 
Sobre a arrecadação, no meu artigo escrevo o que é público e vergonhoso o total da arrecadação de R$ 6,8 bilhões pelas concessionárias do estado no ano passado. Com o novo sistema, poderá sim aumentar a arrecadação se houver a cobrança nos trechos urbanos, pois devido ao histórico mentiroso desse governo, o que se espera é que a sanha privatista dos tucanos beneficie mais uma vez somente as concessionárias. A falácia da diminuição do preço no sistema novo esconde a política subserviente deste governo em relação aos grupos que controlam os pedágios, pois deixaram os preços subirem a níveis estratosféricos para depois enganar e dizer que agora está “barato”, mas que na verdade continuam caros. 
As minhas críticas tem viés partidário sim, pois como escrevi, a proliferação descontrolada de pedágios é política de governo do PSDB, o qual faz questão de elaborar contratos que beneficiam as concessionárias e lesam os paulistas. E tem o agravante de o mesmo partido estar no poder aqui no estado há quase 20 anos e que durante todo esse tempo só se importa com o bolso cheio dos empresários que controlam essas concessionárias. Mas faço as críticas como cidadão comum que exerce o direito a liberdade de expressão e não como militante partidário.

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20.7.12

Pinóquio Alckmin e o engodo dos pedágios

O governador Geraldo Alckmin pode ser comparado tanto esteticamente quanto no que diz respeito principalmente à mentira ao Pinóquio. Alckmin, na campanha de 2010, prometeu que revisaria os preços abusivos dos pedágios no estado de São Paulo. Ele fez isso, mas permitiu que os preços fossem revisados para cima. 
Para piorar, seu governo está implantando novo modelo de cobrança de pedágio, chamado ponto a ponto, que é através da leitura de chip nos carros e que seria mais “justo” porque irá cobrar somente pelo que andou o motorista. Na verdade o governo paulista e as empresas que administram as rodovias paulistas promovem um engodo ao falar disso, pois primeiro permitiram que os preços chegassem a valores extremamente caros, para depois de implantar esse sistema, parecer que ficou mais barato, devido à economia feita. 
Outro efeito que implicará esse novo sistema é que o mesmo passará a cobrar pedágio de trechos de rodovias que ficam dentro do perímetro urbano. Ou seja, as rodovias que são usadas como vias urbanas serão pedagiadas, fazendo com que o número de motoristas que irão pagar pedágio aumente exponencialmente. Um exemplo é a rodovia Dom Pedro 1º que em Campinas, liga a cidade a shoppings e bairros e vai obrigar os motoristas a pagar para trafegar dentro da própria cidade. 
Logicamente que o governo tucano não iria permitir colocar um sistema de cobrança que diminuísse o vergonhoso e exorbitante lucro que as concessionárias obtêm todo ano com os pedágios. Para ter uma noção de como o contribuinte paulista é lesado, a receita total dessas concessionárias que atuam no estado paulista no ano passado (2011) bateu recorde e atingiu R$ 6,8 bilhões. Aliás, essas empresas são as que apresentam maior rentabilidade entre todos os setores da economia e chegam a superar até bancos, como é o caso da concessionária EcoVias que teve crescimento de 69% em 2011. 
Não é para menos, pois com os lucros exorbitantes com a cobrança de preços absurdos e a diminuição dos investimentos nas rodovias, que vem decrescendo desde 2009, não tem como não ser rentável. Tudo garantido por um governo subserviente que fez e renova contratos feitos sob medida para atender aos interesses somente dessas empresas e também garantir o apoio financeiro nas eleições ao seu partido. 
Os pedágios são políticas de governo do PSDB, que possui um elo muito forte com as concessionárias em detrimento do interesse da população do estado de São Paulo. Como deixam as concessionárias cobrar o que querem faz com que os paulistas arquem pesadamente com os custos das rodovias pedagiadas e ainda sofram com o descaso do próprio estado que não cuida das outras rodovias que ainda estão sob seus cuidados. Sem contar que o preço abusivo dos pedágios reflete até nos preços de mercadorias no estado, pois o transporte destas fica mais caro e acaba entrando no aumento do preço final dos produtos. 
Não dá para ficar comprando o falso argumento do governo tucano paulista, que tenta justificar o assalto que é o preço dos pedágios no estado, dizendo que as estradas são boas. Isso é o mínimo e sempre temos que lembrar que a maior parte das obras de ampliação e melhoramento das rodovias foram feitas anteriormente pelo próprio estado, o qual depois deu de mão beijada para as concessionárias. Não é possível achar normal e justo pagar R$ 21,20 em uma única praça de pedágio para descer para Santos (o que dá R$ 0,33 por quilômetro!) ou pagar R$ 7,70 para trafegar em rodovia de pista simples e mal conservada ao rodar menos que 30 quilômetros. 
Portanto, Alckmin demonstrou, mais uma vez, que não tem palavra e vai onerar ainda mais o bolso dos paulistas com o novo sistema de cobrança aliado aos preços extorsivos cobrados pelas concessionárias. E assim o PSDB vai para 20 anos no poder no estado com essa política suja e mentirosa.

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5.7.12

Lula, a foto e a cara de pau do PSDB

O jogo político das eleições começou e notabilizou-se por uma foto que resume o chamado “pragmatismo político”, o qual se faz para conseguir chegar ao poder ou se manter nele. A foto de Lula, Fernando Haddad(candidato a prefeito de São Paulo pelo PT) e Paulo Maluf (PP)rendeu muita indignação nos militantes do partido, setores da esquerda e críticas de todos os lados. A foto, exigida por Maluf à Lula, foi o grande problema e pode ser o tiro no pé dado pelo ex-presidente nas eleições da cidade de São Paulo. Tudo por pouco mais de 1 minuto na campanha eleitoral na TV para tentar alavancar Haddad.
Lula foi esperto ou se precipitou demais, pois sabia que a imprensa cairia em cima da foto e alardearia isso para o país todo para tentar constranger seus eleitores e logicamente dar munição para a campanha de Serra. Pode ser também que Lula sabendo disso, correu o risco, mas conseguiu fazer o seu candidato ter exposição antes da campanha oficial. A foto fez com que Luiza Erundina (PSB) deixasse a chapa que faria com Haddad, pois ela sabia do apoio do partido do Maluf. Erundina que sempre foi escrachada por boa parte da imprensa paulistana, de repente, virou exemplo e só assim deram algum espaço para ela se manifestar.
O candidato José Serra (PSDB) aproveitou o momento para criticar a aliança e tentar tirar uma “casquinha” do momento de rechaça que a foto causou em muita gente. Serra é obcecado pelo poder e nas campanhas joga sujo e baixo e ainda conta com apoio total da grande imprensa brasileira, principalmente a paulista. A desfaçatez e mentiras propagadas por Serra só se mantém devido a esse conluio total com a imprensa aliada. Não adianta lembrar que ele assumiu compromisso em 2004 dizendo que não deixaria a prefeitura de São Paulo e 2 anos depois ele deixou a prefeitura e disputou a eleição presidencial. Agora ele se faz de desentendido e a imprensa o apoia.
Na questão Maluf, Serra e seu partido são muito “caras de pau” para quererem dizer algo sobre a aliança com o PT nas eleições municipais paulistanas.
Primeiro porque Maluf e o antecessor do Partido Progressista (PP), o PPB, foi da base do governo FHC e o apoiou diretamente, também com foto e tudo, nas eleições presidenciais de 1998, como demonstram as imagens abaixo. Aliás, o PP também faz parte da base do governo federal desde o primeiro mandato de Lula.
Segundo, porque Maluf apoiou pessoalmente Serra nas eleições de 2010, mas apenas não fez nenhuma foto constrangedora. Apesar de que se fizesse a mídia não iria dar ênfase e possivelmente até a esconderia. Terceiro, porque o PP faz parte do governo Alckmin no estado de São Paulo onde possui a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), a qual foi negociada diretamente por Alckmin e Maluf visando o apoio a reeleição do tucano em 2014 no estado.
O apoio do PP de Maluf e seu precioso tempo de 1min35s na TV já estava sendo disputado nos bastidores pelo PT e PSDB. Dizem que Serra até teria ficado irritado quando soube que seu partido não tinha conseguido o apoio do PP para sua candidatura e ainda tê-la perdido para o PT. Mas depois da foto e o efeito negativo desta, Serra se sentiu a vontade para mostrar-se como “bom moço”. 
A crítica feita pelos partidos de esquerda à foto de Lula e Maluf é válida e certeira. Avalio que Lula errou e com isso perdeu uma vice incrível, com história e idoneidade, o que não se aplica ao Maluf. Outro erro é que o apoio de Maluf não transfere votos dele para Haddad, mas sim para Serra. 
Agora, quando a crítica é feita pelo PSDB e seus capachos na imprensa , são claramente oportunistas e ridículas devido aos fatos já mencionados. Vale lembrar que mesmo Maluf sendo sempre ridicularizado e acusado de ser corrupto, foi eleito deputado federal em 2010 com meio milhão de votos dos paulistas, os quais se dizem sempre “bem informados” e “inteligentes”. Garanto que muitos desses malufistas que agora tiram sarro e se mostram indignados, votariam nele se estivesse concorrendo a prefeitura de São Paulo. Serra e seus eleitores que enchem a boca pra falar da foto de dois antigos inimigos políticos agora darem as mãos, é bom lembrar que Serra fez isso em 2010 com ninguém menos que Orestes Quércia. 
Portanto, Lula errou ao tirar a foto com Maluf e mostrou que o jogo político é jogado para favorecer o projeto de poder. O mesmo é valido para Serra e sua claque que quer posar de moralista e ética, mas que em busca do mesmo objetivo também queriam o apoio de Maluf. A mídia tenderá a prejudicar todas candidaturas que ameaçarem Serra com sua habitual manipulação de reportagens negativas em torno dos oponentes ao candidato tucano. E assim, será mais uma campanha suja e de baixo nível, ainda mais quando é o Serra quem está na jogada.

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1.7.12

As notícias e a corrida eleitoral em Piracicaba - II

Só para não deixar passar, há algum tempo, desde que começou a corrida eleitoral aqui em Piracicaba, atentei para uma certa tendência do principal jornal da cidade, o Jornal de Piracicaba (JP), em favorecer o candidato tucano. Já demonstrei em artigos anteriores aqui do blog sobre isso. E agora faço uma observação também das chamadas do jornal para as notícias sobre os anúncios dos candidatos a vice-prefeito. Pois bem, Piracicaba está com três principais candidatos a prefeitura: Gabriel Ferrato (PSDB), Roberto Felício (PT) e Pastor Dilmo (PV). Começando pela análise do anúncio da convenção do PV para discutir o vice, o JP deu pequeno destaque na capa no canto inferior direito.
Já o anúncio do vice petista não foi dada nem chamada de capa e deixaram a matéria para página A6, quase no meio do jornal.

 


Agora, na edição de domingo, a qual geralmente é a mais vendida, o JP simplesmente dá como principal notícia o anúncio da candidatura do vice do PSDB.
Sei que isso não é o principal fator que influenciará as eleições municipais piracicabanas, mas gostaria de saber o critério do JP ao abordar de formas tão diferentes essas candidaturas. Por ser ainda um jornal com  certa influência na sociedade piracicabana, será que a busca por um equilíbrio não é o caminho mais democrático ao abordar os candidatos? Isso é só uma observação inicial sobre a cobertura midiática das eleições, pois se for partir para o tendencionismo explícito é melhor que o jornal deixe claro para os seus leitores o candidato que apoiarão. Ai sim, seria uma atitude mais coerente e democrática.

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25.6.12

Mais um Golpe na América Latina

 
Mais um golpe de estado foi novamente perpetrado no continente latino-americano pelas mesmas forças reacionárias, oligárquicas e conservadoras contra a democracia. Dessa vez foi o Paraguai, onde seu presidente legalmente eleito, Fernando Lugo, foi defenestrado do cargo em um processo que só parece um impeachment, mas que na verdade foi um golpe. Sob o falso e arbitrário argumento de que a constituição paraguaia permite que um presidente seja destituído pelo “mau exercício da função”, a oligarquia paraguaia no congresso, totalmente influenciada por latifundiários brasileiros, conseguiram em tempo recorde ( 24 horas)promover o “impeachment” de Lugo. Logicamente que o golpe já estava sendo orquestrado há um bom tempo, sempre com a ajuda dos Estados Unidos, o que mostra documentos oficiais revelados pelo Wikileaks em 2009. Nesses documentos mostram dois expoentes da arquitetura do golpe contra Lugo e contra a democracia: Lino Oviedo (ligado aos interesses dos ruralistas brasileiros que vivem no Paraguai) e o ex-presidente paraguaio Nicanor Duarte ( aquele que permitiu que uma base militar dos EUA fosse instalada no país). Um é do interesse oligárquico e o outro representando a subserviência típica das elites latino-americanas. Agora é bem capaz de que os golpistas voltem a receber tropas dos EUA no seu território para a alegria e satisfação de Washington. 
O estopim do processo foi um conflito agrário que terminou com o massacre de 17 pessoas mortas entre policiais e sem-terras paraguaios. O caso ainda é obscuro pelo fato de ter um ar de provocação e que espertamente foi usado pela oposição para dar o golpe final. Lugo, embora tenha feito coalizão com forças conservadoras por não ter maioria no congresso do país, não agradava nenhum pouco a oligarquia poderosa do Paraguai. Um país onde a concentração de terras consegue ser pior que a do Brasil, pois apenas 2% detém quase 80% das terras, a força desse setor não deve ser subavaliada. 
 Voltando ao processo golpista, Lugo só teve míseras duas horas para tentar sua defesa que além dessa(do conflito agrário) tinha outras 4 “acusações” genéricas e sem base nenhuma que o envolvesse diretamente. Outra, não houve investigação séria e tempo hábil para que as acusações realmente se comprovassem. Portanto, embora pareçam ter cumprido os tais “ritos democráticos”, o que houve no Paraguai foi um golpe contra o voto popular e totalmente arbitrário. 
Não adianta, as elites subservientes latino-americanas não conseguem engolir lideranças populares que mesmo fazendo pouco para as camadas mais desfavorecidas de seus países, são surpreendidas com tentativas ou golpes realmente consumados, como agora no Paraguai. Em 2002 tentaram um golpe na Venezuela, o qual fortaleceu ainda mais o presidente Hugo Chàvez. Depois tentaram também na Bolívia, mas assim como na Venezuela, há um governo ainda com bastante apoio popular. Mas em 2009, conseguiram efetivar um golpe em Honduras, onde Zelaya foi também tirado do poder com um processo de fachada e pseudo-democrático, mas que foi realmente um golpe de estado, onde até os EUA reconhecem, internamente, isso. Agora foi o Paraguai e denota-se que o modus operandi dessas forças conservadoras e reacionárias dos países latino-americanos é igual. Os golpistas sempre com os EUA, via embaixadas, empresários, parte das forças armadas e os grandes veículos de comunicação de um lado contra governos de esquerda e progressistas de outro. Para quem acha que a Guerra Fria acabou, se engana, pois nas relações internacionais, os EUA ainda levam isso muito a sério. 
Os países vizinhos ao Paraguai, principalmente os membros da Unasul, rechaçaram o golpe acusando o processo como ele realmente foi: um golpe branco. O Brasil tem papel importante nisso e deve ser firme em não reconhecer o governo golpista de Federico Franco (esse já tem até sobrenome de ditador). 
Vale destacar a posição vergonhosa de apoio de parte da imprensa brasileira ao golpe no Paraguai. Os mais descarados já saíram berrando, como fizeram em 2009 em relação ao golpe em Honduras, que o processo foi “legítimo” porque seguiu os tais “ritos democráticos”. Isso comprova mais uma vez a natureza golpista de grande parte dessa imprensa, pois foi a mesma que apoiou o golpe militar de 1964 no Brasil e que dizia na época, que a liberdade havia voltado e vencido. Agora vão tentar mais uma vez manipular a opinião pública a acreditar de que o golpe não foi golpe, mas uma mera deposição de um presidente legitimamente eleito. As vezes, o neologismo criado na internet, para designar o que é a grande imprensa brasileira cai muito bem: Partido da Imprensa Golpista (PIG).

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9.6.12

As notícias e a corrida eleitoral em Piracicaba


A minha suspeita sobre o comportamento do Jornal de Piracicaba (JP) em relação ao agora oficialmente candidato a prefeito, Gabriel Ferrato (PSDB), que escrevi aqui, parece estar se confirmando, como demonstra a foto da capa do jornal do último domingo. Sei que ainda é cedo, mas algumas análises de imagens e notícias do JP são interessantes. Como todos sabem, Barjas Negri, é super popular aqui em Piracicaba, devido a sua política do asfalto em detrimento do transporte público e saúde, mas que rendeu uma admiração que muitas vezes chega na idolatria do político. Coincidentemente a foto da capa da edição de domingo (a qual geralmente é a mais vendida da semana) mostra Ferrato e Barjas juntos, em uma clara tentativa de associar o prefeito ao seu candidato. Muitos dizem que isso é normal, mas lembro muito bem quando Lula fez isso com a Dilma, todos o criticaram, mas aqui isso é normal. Vale a pena comparar o anúncio da candidatura no JP com o outro jornal da cidade, A Tribuna Piracicabana, que deu destaque à um tema bem mais importante para a população que era a greve dos motoristas de ônibus da cidade. 

A Gazeta de Piracicaba não vale a pena nem mencionar, pois a mesma, às vezes, parece ser até assessora oficial de imprensa da prefeitura, devido a "babação de ovo". Ferrato foi candidato escolhido por Barjas pessoalmente, mas que o que se ouve por ai é que não tem muita simpatia nem entre colegas de partido. Sua gestão na pasta da educação é bem avaliada por alguns, mas que entre a maioria dos professores da rede já é o contrário. Uma das últimas atitudes de Ferrato na pasta foi o anúncio de 400 vagas para o bolsa creche (sim, isso que tucanos parecem ter nojo dessa palavra, mas usam quando bem lhes convém), pois sua pasta foi contestada pela Defensoria Pública do Estado exigindo vagas em creches na cidade. A solução foi transferir recursos públicos para entidades privadas ao invés de construir mais unidades para o ensino infantil.

Voltando as análises de notícias do JP, o mesmo, na edição seguinte, de terça -feira, mostrou a última atitude do candidato na pasta que é uma atitude "nobre" sobre um programa com um nome bonito para anunciar no final de mandato: "Paternidade Responsável". Agora é aguardar as próximas edições para ver se realmente minhas suspeitas vão se concretizar ou não a respeito de um certo tendencionismo do JP em eleger o candidato do atual prefeito de Piracicaba. Aproveito essas análises de notícias do JP para uma indagação sobre um outro político da cidade, o qual é aliado do prefeito também: José Luiz Ribeiro. Ele era conhecido por Zé Luiz do Sindicato e depois que se tornou vereador ficou só Zé Luiz. Ele tentou o cargo de deputado, mas não deu certo e na época de vereador quando se tornou aliado de Barjas se filiou ao PSDB. Agora trocou de partido novamente e atualmente é do PDT. Em uma edição dessa semana do JP, o jornal deu destaque (a meu ver)excessivo à Zé Luiz, o qual será candidato novamente a vereador em Piracicaba e que deve estar costurando politicamente apoio ou não ao candidato Ferrato. 

Já não bastava a foto do candidato na capa do jornal, mas depois mais duas fotos dele na reportagem e na mesma página! Achei um pouco exagerado essa exposição de um cara que é candidato novamente a uma vaga na Câmara de Vereadores. Aliás, Câmara essa que aumentou não só o número de boquinhas, quer dizer, de vagas, de 16 para "apenas" 23, mas também aumentou em 80% o salário dos próximos "nobres" vereadores. Como a maioria, infelizmente, se reelege sempre, essa atitude foi para garantir o futuro deles mesmos. Enfim, as eleições estão bem próximas e o eleitor terá que ser bem criterioso em não só em escolher um candidato, mas também prestar atenção para não ser manipulado com um certo tendencionismo da imprensa da cidade.

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8.6.12

Gilmar (Dantas) Mendes, o militante tucano do STF


Gilmar Mendes, ministro do Superior Tribunal Federal (STF), está protagonizando novamente uma crise política com intuitos nada republicanos, mas sim puramente político. Em nova dobradinha com a revista Veja (aquela que está envolvida com o bicheiro Cachoeira até o pescoço), Mendes “revelou” que Lula o pressionou para adiar o julgamento do “mensalão”, quando o encontrou no escritório de ninguém menos que o ex-ministro Nelson Jobim. Antes é bom fazer um breve histórico dessa figura que é Gilmar Mendes. Foi ele quem concedeu 2 habeas corpus em 48 horas para soltar o banqueiro Daniel Dantas, o qual foi pego subornando um policial. Daí o trocadilho com o sobrenome dele e do banqueiro. Gilmar já mentiu publicamente e causou crise institucional quando quis já chamar Lula as falas, quando este era presidente, devido à um suposto grampo realizado entre ele e ninguém menos do que Demóstenes Torres (ex-DEM e ex-paladino da moral e ética na política da mídia brasileira). O caso estourou devido à reportagem da Veja, a qual não mostrou o áudio do grampo e mais tarde foi desmentida por perícia da Polícia Federal. Depois disso ele conseguiu com que a Operação Satiagraha fosse enterrada. Isso sem contar sua tradição familiar coronelista em Diamantino (MT) e seus negócios escusos nas suas “escolinhas de direito”, como denunciou o jornalista Leandro Fortes aqui e aqui. Quando ele foi para o STF, vários juristas alertaram para a degradação do tribunal, dentre eles Dalmo Dallari, que diz tudo nessa entrevista, e Wálter Maierovitch aqui. Gilmar Mendes sempre foi criticado por essa mania incontrolável de querer holofotes e manifestar sua opinião antes mesmo de os casos que aparecem por lá serem julgados. Realmente isso não é uma atitude sensata e fazendo isso ele revela seu voto antecipadamente, quando que sobre assuntos que serão pauta do STF ele só deveria se pronunciar nos autos. Já o Nelson Jobim, foi o ministro tucano do governo Lula e depois foi revelado pelo Wikileaks que Jobim foi um traíra ao ser informante dos Estados Unidos sobre assuntos internos do governo. Além de Jobim também ter mentido sobre o caso do grampo que nunca existiu, onde as próprias forças armadas desmentiram o que disse o ex-ministro na época. Voltando ao tema do momento, se a pressão de Lula deixou Gilmar perplexo, porque Mendes não denunciou imediatamente o ex-presidente? Por que fez isso só um mês depois, justamente agora que está instalada a CPI do Cachoeira? Aliás, Gilmar parece estar envolvido com o bicheiro juntamente com o amigo Demóstenes. Por que foi fazer isso justamente na mídia, especificamente na revista Veja, a qual também está envolvida com Cachoeira? A associação Gilmar-Demóstenes-Veja já mentiu uma vez e agora parece estar indo para o mesmo caminho. Lula sabe que as pessoas menos confiáveis para fazer qualquer tipo de chantagem seriam Mendes e Jobim. Ele não é santo, mas muito menos ingênuo em pedir algo assim justamente para o líder e militante da oposição no STF. Tanto que o próprio Nelson Jobim desmentiu, até agora, Gilmar Mendes. Portanto, esse episódio protagonizado por Gilmar é cortina de fumaça para desviar o foco da CPI do Cachoeira e jogar no alvo predileto da mídia nativa que é o Lula e o “mensalão”. O objetivo político dele e também da imprensa é explorar ao máximo o tema, pois Lula ainda é a maior força política do país e eles temem que ele possa voltar em 2014. Assim, finalizo esse artigo com o comentário certeiro e questionador do excelente jornalista Bob Fernandes
 

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