22.6.11

O Caos do Transporte Coletivo em Piracicaba

Eu gostaria que o prefeito Barjas Negri (PSDB), vereadores e funcionários de “cargos de confiança” da prefeitura utilizassem apenas o sistema de transporte coletivo por um mês e com um salário mínimo. Não é exigir muito, pois isso é realidade pra muita gente, os quais conseguem sobreviver com os percalços diários de utilizar os ônibus urbanos da cidade. O problema do transporte público não é exclusivo de Piracicaba, mas com um governo super popular e bem avaliado devido às obras ditas "sociais", o mesmo empenho não foi verificado nessa questão em 7 anos de governo Barjas Negri. Lógicamente a prefeitura sempre mostra números que mostram um aumento aqui e outro ali de “investimentos” no setor ou que o preço da passagem não sobe há tantos meses. Na prática e no dia a dia dos usuários nada disso é percebido e o que se vê realmente é que o sistema que já era ruim continua ruim e em alguns casos consegue piorar. A insatisfação gera reclamações gerais dos usuários. Eu, por exemplo, constato isso toda vez que tenho que ir de ônibus para a escola onde trabalho. As principais deficiências do transporte público piracicabano são:

- a precariedade de boa parte da frota e falta de manutenção da mesma, pois não é incomum estes quebrarem no meio do caminho, como já ocorreu comigo;
- superlotação dos ônibus nos horários de pico, sendo que alguns ficam muito cheios mesmo fora desses horários;
- superlotação também nos terminais, principalmente no central, e falta de orientação e fiscalização principalmente na questão das filas de embarque;
- horários e linhas mal feitos, onde ônibus que saem para destinos parecidos costumam sair quase no mesmo horário dos terminais;
- tempo longo de espera em pontos de ônibus e demora no trajeto de algumas linhas devido também ao mau planejamento de horários e linhas;
- alto valor das passagens, onde custam R$ 2,45 no cartão TIP e R$ 2,80 sem o cartão ou passe.

Nesse último caso, gera-se um transtorno no embarque daqueles que não possuem o cartão. O motorista tem que desempenhar uma segunda função, da qual não é pago para isso: ele vira cobrador. Pior ainda quando o mesmo não tem mais passe para vender e a pessoa constrangida tem que ficar pedindo para os passageiros que já estão dentro, vender para ela. Para quem utiliza o transporte público aqui em Piracicaba sabe desses fatores, mas parece que acostumaram com o serviço ruim, pois infelizmente no país é muito raro ter modelos bons e eficientes nessa área. Pior pra quem depende exclusivamente de ônibus urbano e tem que se deslocar a longas distâncias. Dependendo do trajeto, principalmente quando você vai para bairros que ficam do outro lado da cidade, leva-se uma hora e meia ou até mais para chegar ao destino. Outra, não é fácil agüentar todo dia o calor na hora da superlotação, ficar em pé levando trancos durante o trajeto, se irritar de esperar por 40 minutos ou até uma hora no ponto, principalmente nos fins de semana e ver parte do salário gasto em um transporte ruim e ineficiente.
A prefeitura esta em um impasse na questão do transporte, pois a licitação para uma ou várias empresas adquirirem esse serviço essencial está se arrastando na justiça. Assim também como pretende privatizar os terminais de ônibus, o que demonstra certa incompetência administrativa na gerencia destes. O que se teme com essa privatização é o aumento ainda maior no valor das passagens e incerteza sobre a qualidade do serviço prestado. Como se vê, a falta de planejamento e prioridade na área do transporte público por parte da prefeitura piracicabana demonstra que é mais fácil focar em grandes obras, que atendem prioritariamente o transporte individual. É dever do poder público pensar e agir em prol do interesse público como um todo, principalmente nessa área que a maioria depende do transporte coletivo. Formular políticas não somente voltadas a fazer fluir o trânsito para carros, mas para transporte alternativo, como por exemplo, ciclovias. Nesse caso, as únicas existentes são para lazer e estão localizadas em parques ou lugares com pouco movimento. Há tantos projetos para fazer pontes, alargar e abrir avenidas, mas nunca há nada nestes que procurem dar prioridade a mobilidade dos ônibus, como faixas exclusivas. Por exemplo, estão construindo uma nova avenida sobre os trilhos de uma antiga linha férrea que cortava a cidade, mas garanto que em pouco tempo a mesma estará entupida de carros e os ônibus no meio destes parados juntos. Por que não elaborar em um projeto desses uma linha só para o transporte coletivo? Isso sim seria elaborar políticas à longo prazo e pensar a cidade no futuro. Melhorar o transporte coletivo e dar prioridade no trânsito a este é essencial, inclusive, para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Infelizmente esses fatos sobre o transporte público não parecem ser algo urgente para a classe política piracicabana, pois eles não o utilizam e muito menos a classe social a que pertencem na sociedade. Por isso reitero minha proposta inicial desse texto, pois quem sabe depois de sentir na pele a opinião destes não mude e vejam que isso é algo prioritário para a qualidade de vida dos cidadãos, principalmente dos trabalhadores.

PS: O titulo desse texto é em alusão ao famoso termo “Caos Aéreo” cunhado pela imprensa elitista brasileira, pois se estes acham que vôos atrasados caracterizam caos, então demonstram que não tem noção da realidade. Só agora parecem ter acordado e de vez em quando fazem uma reportagem sobre o verdadeiro caos que muito mais pessoas passam todos os dias nas superlotações de ônibus, trens e metrôs pelo país.

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4 comentários:

Guilherme disse...

Beto, bom dia! Parabéns pelo texto. Eu utilizo o transporte público aqui em Pira todos os dias e realmente é notória a falta de planejamento. Um outro problema além dos quais você citou, é quando em horários de pico (17hs ou 18hs) põem para rodar os 'carros-simples' sendo que poderiam muito bem utilizar aqueles carros que são duplos. Pior ainda: os carros duplos acabam rodando em horários mais tranquilos e sem tanta correria.
Só por isso já se percebe a falta de 'tato' desses nossos políticos. Abraços!

Beto - J.H.V. disse...

Caro Guilherme
É isso mesmo, pois mesmo os carros duplos sanfonados, as vezes, ñ dão conta de tanta gente. Qdo eu estava na Faculdade, eu pegava aquele Paradora/Expressa q vinha de Sta Terezinha passava pelo centro e ia até o Cecap!Era o inferno e demorava bastante. Com o calor então era insuportável. Isso faz uns 6 anos e nada mudou e como escrevi, em alguns casos, piorou.
Valeu pelo comentário
Abs

André disse...

Olá beto! Sob outro aspecto, acho que seria legal fazer uma campanha de conscientização dos passageiros dos ônibus a respeito do som alto em celulares ou mp3´s! Não é nem uma questão de gosto musical, mas de bom senso com o ouvido alheio, muitas vezes cansado pela jornada de trabalho do dia a dia. O que acha?

Gleison disse...

Parabéns mais uma vez pelo blog, e deixo também uma sugestão de tema a ser abordado:
Texto disponível na página do jornal "A Tribuna", em
http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=9839

...POUCO I
Durou a carreira do advogado Homero Carvalho, estudante de jornalismo,
frente ao programa ‘Piracicaba Agora’ na TV Beira Rio. Depois de
substituir o ex-apresentador Paulo Eduardo (atualmente na TV Opinião),
Homero assumiu em junho, mas nem terminou julho, já foi retirado pela
diretoria da TV.

POUCO II
Homero foi duro nas críticas ao aumento dos vereadores (em quase 90%)
e aos problemas da saúde, o que pode ter sido fatal para sua
continuidade. Informações pré-oficiais dão conta que tanto a Câmara
quanto a Prefeitura teria pressionado a diretoria da TV Beira Rio para
retirá-lo do programa.

POUCO III
Foi, no fundo, uma “bela” estratégia para retirar o advogado da
imprensa, já que, para ingressar na TV Beira Rio, ele deixou o
programa “Comentaristas”, da Educadora AM. Como estudante de
jornalismo, Homero deve saber que há muita coisa que não se aprende na
faculdade...

Ou seja, além da subordinação dos vereadores, que só sabem dizer amém
ao executivo, e de certos bajuladores da imprensa, que acabam por fazer o
papel de cabos eleitorais tucanos, tem também a mordaça. Estamos
voltando à ditadura (se é que a deixamos), quando o governo era
perfeito, não havia
corrupção, não haviam problemas administrativos, pelo menos não saia
nada nos jornais... triste situação...

Abraços