20.5.10

Ei J. Hawilla, Vai toma no ..!!!

Não se assustem com o título chulo deste texto, mas é o que merece o autor dessa pérola que reproduzo abaixo:

“A turma que vai à geral ficará assistindo só na tevê. É gente que não consome nada, depreda e mata no metrô. Não interessa mais ao futebol. Dá orgulho ver o público pagar R$ 300 pelo ingresso. Não defendo a elitização. Mas o futebol precisa de dinheiro.”

Essa frase foi pronunciada por um ser chamado José Hawilla ou como é mais conhecido, J. Hawilla. Ele é um empresário que possui jornais no interior de São Paulo, é dono do jornal Diário de S.Paulo e preside a Traffic. Pelo jeito ele não deve gostar muito do nome José, pois deve ser muito “povão” para ele. Imagina ele ser chamado de “Zé” e ser identificado com um “zé ninguém”, aquele que “não consome nada”. O blogueiro Leonardo Sakamoto sempre comenta esse tipo de frase que define como: “Frases para entender o Brasil”. Essas frases geralmente são ditas por empresários, políticos, celebridades ou membros da chamada “alta sociedade”, aquela que sai nas colunas sociais. Todas as declarações têm a mesma semelhança, pois demonstram como essa turma é elitista, classista, racista e preconceituosa. Essa frase do Hawilla consegue reunir todos esses componentes e demonstra como realmente pensa a elite do país e também os chamados “emergentes” que pensam que são ricos, mas são ainda classe me(r)dia. Essa elitização dos espaços públicos faz tempo que vem ocorrendo e é uma segregação de classe disfarçada. É aquela coisa de “selecionar” que sempre ouvimos sobre pagar caro para entrar em festas, bares e casas noturnas. Em outro artigo eu coloquei um vídeo que tratava disso e mostrava a playboyzada paulista queimando dinheiro e dizendo que gostava dali porque era selecionado, pois só tinha membros da sua classe. Em casas de show e shows de grande porte, a parte VIP privilegia os selecionados com a frente do palco. Estes são cercados do resto, que sempre é maioria, os quais ficam bem atrás destes que pagaram o dobro do valor da pista normal.
Nos estádios de futebol de grandes clubes começou também o espaço VIP, pois querem como o Hawilla disse, que o perfil do torcedor seja daquele que paga “R$ 300” e não o da “ralé” que é a maioria. Os clubes se associam geralmente com empresas de cartões para reservar a melhor parte da arquibancada para os clientes destes, onde o preço é também o dobro do ingresso normal. Foi o que ocorreu no estádio Palestra Itália do Palmeiras, por exemplo, pois a parte da geral que ficava no meio do campo foi reservada somente aos torcedores que possuem cartão VISA e se dispõem a pagar até R$ 80 dependendo do jogo. Ali ficava a maior parte da torcida, que é geralmente mais pobre, e esta hoje é obrigada a ficar espremida atrás do gol. Infelizmente esse crápula do J.Hawilla se diz “palmeirense” e a Traffic (nome sugestivo não?) possui uma influência enorme no futebol e detém o passe de diversos jogadores que atuam em vários clubes. Para a minha tristeza, a Traffic é parceira do meu time, o Palmeiras, e terá o direito de comercialização da nova Arena que construirão. Se com um espaço da geral colocaram o preço lá em cima só porque instalaram umas cadeiras na arquibancada, imagina quanto custará depois de construída a nova arena? Será que o espaço para os torcedores comuns vai diminuir mais ainda nos estádios? Com esse pensamento, Hawilla quer que o futebol volte aos primórdios, onde só a elite assistia aos jogos.
O futebol é do povo, da maioria que fez esse esporte se tornar mundial e também extremamente lucrativo para empresários como Hawilla, que hoje generaliza todos com base no seu preconceito e nojo.
Por isso todos devem estar atentos a declarações como esta, pois a Copa 2014 será aqui e todas essas reformas e construções de estádios vão utilizar muito dinheiro público. Se nós que ficamos na geral vamos ter que assistir aos jogos apenas pela TV, significa que todo esse dinheiro público usado para a Copa vai ser usufruído apenas pela turma que paga os “R$ 300 pelo ingresso”. E vai ser muito bom também para a emissora que monopoliza há anos as transmissões dos jogos e faz, com o consentimento dos governos, todos os torcedores de palhaços. Não é a toa que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, acatou a vontade da emissora e não do público ao vetar a lei que impedia que jogos fossem realizados depois das 21: 30hs.
Hoje em dia, nos jogos de futebol, é comum a torcida, quando está insatisfeita geralmente com arbitragens, iniciarem um coro que todos nós deveríamos entoar depois de ler as declarações reproduzidas no ínicio e é título deste texto:

- Ei J. Hawilla, Vai toma no (você sabe o resto)!!

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Um comentário:

Guibito disse...

Fala Beto! Massa a opinião.

O sujeito chega ao poder e acha que com umas frases idiotas vai resolver os problemas. É óbvio que tem neguinho que depreda e mata no metro. Na geral ou (ele não disse) na cativa.

Só não é óbvio o bando de estelionatários e farsantes que ficam do lado de fora estorquindo dinheiro do bom torcedor para depois entrar lá e depredar e depois matar no metro. Ir ao estádio para quem não está acostumado é uma tortura psicológica, tem q ficar o tempo todo ligado para não ser passado pra tras.

Eles deviam pensar em como fazer a ida ao estádio uma coisa segura e prazerosa ao invés de ficar falando merda por aí

Falow