5.2.10

As Organizações Serra de Jornalismo

Esse ano eleitoral de 2010 vai mostrar mais uma vez a parcialidade partidária e ideológica da grande imprensa brasileira. As principais corporações midiáticas brasileiras (Globo, Grupo Folha, Estado, Grupo Abril e Bandeirantes) manipulam informações para atender interesses de classe, empresariais e políticos. Em 1964, por exemplo, esta deu apoio ao golpe de estado e hoje é comprometida politicamente com partidos políticos de espectro ideológico de direita.
Desde que Luís Inácio Lula da Silva foi eleito em 2003, a imprensa não se conformou de esse governo não ter feito o que eles esperavam, ou seja, ser um desastre econômico e social. Com isso, esta passou a atuar em conjunto com a oposição contra o governo Lula, transformando-se quase em um partido político. Há os que chamam a grande imprensa brasileira de Partido da Imprensa Golpista ou PIG e as corporações de porcorações mafio-midiáticas, as quais refletem bem o que estes são hoje em dia. Vale lembrar que no caso do Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT), a grande imprensa sempre trabalhou contra os seus candidatos, sendo a eleição de 1989 com a manipulação do debate entre Collor e Lula pela Globo, emblemática. Muitos estudos de observação das notícias favoráveis e contrárias dos jornais durante as eleições revelam essa parcialidade partidária, onde os candidatos petistas, por exemplo, sempre tem índices de noticias negativas bem superiores ao dos adversários.
O ativismo político da mídia não se manifesta apenas em período eleitoral, pois desde a eleição e reeleição de Lula, isso se tornou permanente. Obviamente há candidatos e partidos que tem certa preferência pelas grandes corporações midiáticas que no caso atual é o PSDB e o governador José Serra. Isso se evidencia pela falta de investigação, cobrança e críticas as ações do governo estadual e ao contrário, o que se vê geralmente em editoriais é elogios e apoio. No estado de São Paulo, a mídia fecha os olhos para os problemas e quase nunca relaciona fatos negativos com o partido que governa o estado e muito menos o governador. As “crises” que a mídia propaga são só federais, as quais muitas vezes não passam de factóides, e em São Paulo são problemas localizados. Só para lembrar, tem o escândalo Alstom que é a investigação pelo Ministério Público da Suíça sobre o pagamento de propina a políticos tucanos, o qual rendeu algumas reportagens, mas ninguém na imprensa saiu atirando e tachando o PSDB de corrupto. As diferenças de tratamento de escândalos e relaciona-los a políticos e partidos também é grande. Por exemplo, no chamado “mensalão” de 2005, ficou tachado como “mensalão do PT” e quando se verificou que o esquema começou com um tucano em Minas Gerais, isso foi apelidado de “mensalão mineiro”. Outros acontecimentos no estado que foram relativizados pela imprensa, além dos já citados: abertura da cratera do metrô e as suspeitas de superfaturamento de obras como o Rodoanel; briga campal e ao vivo das duas polícias do estado; reivindicação de melhores salários de professores e policiais e a farra dos preços abusivos dos pedágios no estado. O acontecimento mais recente são as constantes enchentes, principalmente na cidade de São Paulo, que já matou mais de 60 pessoas e desabrigou outras milhares no estado. Tudo isso não é cobrado do governador pela imprensa, pois tucanos não gostam de perguntas incômodas e geralmente os jornalistas obedecem isso, com poucas exceções. Se Serra é questionado, geralmente ele coloca a culpa no PT e pronto. Agora, se o governador fosse petista, ai a mídia cairia em cima e investigaria todas as minúcias para acusar o partido e o governante de algo. Um exemplo é quando a cidade de São Paulo era governada pela petista Marta Suplicy. Nessa época, as enchentes da cidade eram todas culpa da Marta, mas agora a culpa é de São Pedro e, segundo o Serra, somente do povo. Hoje, o governo Serra nem é responsabilizado pela falta de manutenção do desassoreamento do rio Tietê. Quando houve um dos piores alagamentos em São Paulo no começo de dezembro do ano passado, Serra e Kassab estavam sendo premiados em uma festa de celebridades do Luciano Huck. Não vi nenhuma manchete sobre isso, mas lembro de uma da Folha, durante a gestão Marta, reclamando que enquanto a cidade sofria com alagamentos ela estava em Paris. Atualmente a colunista do mesmo jornal Eliane Cantanhêde questionou onde estava o governador do Rio de Janeiro quando ocorreram as enchentes e desabamentos no estado, mas aqui ela não faz o mesmo com Serra.
Desde que Dilma Roussef foi definida como preferida de Lula para sua sucessão, essa passou a ser o alvo preferido da imprensa. Exemplo disso foi a manipulação descarada do jornal da Band e seu polêmico e preconceituoso âncora Boris Casoy ontem (04/02/10) no jornal da noite. Depois de uma reportagem sobre a polêmica da compra dos caças franceses e outra sobre o balanço do PAC, Boris atacou o governo com suas ilações costumeiras, geralmente as mesmas da oposição, e finalizou comparando Dilma com José Serra. Quando se referiu a José Serra, além de exibir um grande sorriso, Casoy destacou trecho da revista The Economist, a qual elogiava Serra por sua gestão no estado e que seria uma pena o país perder de eleger um ótimo governante. Em seguida uma reportagem sobre os dois novos ocupantes da justiça eleitoral em São Paulo, onde um deles elogia o governador e depois ele é entrevistado pelo jornal, fechando o bloco. Foi uma manobra jornalística clara em favorecer o governador. Interessante que o Lula foi e é elogiado pelo seu governo e tido como estadista não só pela The Economist, mas também pelas maiores e melhores publicações do mundo e nunca vi nem Boris e nenhum outro jornalista da grande imprensa fazer referencia a essas publicações quando essas citaram o presidente. Mais uma vez, se o presidente fosse tucano e o Brasil estivesse nas mesmas condições de hoje, certamente a abordagem midiática seria totalmente chapa-branca. Iriam fazer estardalhaço com todos os índices positivos, tanto econômicos quanto sociais, e exaltariam o presidente tucano como o maior estadista de todos os tempos. Mas isso não aconteceu então todos os avanços econômicos e sociais do atual governo é devido as políticas tomadas pelo governo anterior, que era tucano. É isso que a grande imprensa tenta afirmar e no jogo do poder ela entra firme e ativa em apenas um dos lados. É incrível, mas quando vejo noticias sobre outros países, há sempre uma tal “mídia de oposição”. Lógico que isso geralmente só ocorre em países onde a esquerda governa. Só aqui que a imprensa diz ser imparcial e honesta. Nesse ano eleitoral, a mídia vai trabalhar mais firmemente para eleger seu candidato que é o José Serra. Com isso, esta se transforma nas Organizações Serra de Jornalismo.

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Um comentário:

Jairo Teixeira Mendes Abrahão disse...

Amigo Beto.
Estou contente por vê-lo com muito boa frequencia!
Seu texto é muito bom,mas(por favor,não confunda esse "mas" com o das organizações serra de jornalismo ao fazer algum tipo de elogio ao Governo Lula)você deveria incluir na "organização" o jornaleco aí da nossa Piracicaba: não dá uma notícia que possa passar a idéia de valorizar o Lula!!! Nunca deu informação ao seu leitor dos Prêmios Internacionais(nenhum!!!!)outorgados ao nosso Presidente(porque eleito e reeleito democráticamente).Este mesmo jornaleco que em suas propagandas de assinatura apresenta uma pilha de livros cujos lombos mostram seus principais atributos, e, o de cima(deve ser o mais importante) é "INFORMAÇÃO"!!!!!! Se os Prêmios Internacionais ao nosso Presidente não são "INFORMAÇÃO", o que o será???

Pobre Piracicaba!!

Grande abraço

Jairo Bahia