7.7.15

Alckmin, a mídia e a situação invisível da educação pública no estado de São Paulo

A foto acima demonstra bem a prioridade do governo Alckmin com a educação no estado de São Paulo. Pode faltar até papel higiênico nas escolas, mas exemplares dessas revistas e jornais da mídia chapa branca do PSDB não. Se bem que, no caso da Veja, suas folhas até poderiam servir pra isso.

Desde 2014, o “nobre” governador cortou verbas da educação relacionadas como limpeza, materiais escolares e obras nas escolas. Sem contar as salas que foram fechadas, orientadores pedagógicos cessados e uma série de mudanças na rotina escolar visando “economizar”, mas que pioraram o que já era difícil e ruim para todos os profissionais da educação estadual. No estado mais rico da nação, um governador tomar esse tipo de atitude é vergonhoso. Porém, mais vergonhoso foi a forma como ele e seu secretário (Herman) ignoraram a greve dos professores, que durou 92 dias, e agiram covardemente ao descontar o salario dos grevistas. As reinvindicações não eram só em relação à reposição salarial, mas também pela melhoria das condições de trabalho, as quais continuam sendo justas e urgentes. Apesar disso, o governo tucano paulista sequer abriu negociações com a categoria, mostrando total desprezo com a educação no estado.

Volto à foto acima: Alckmin, assim como todo político de destaque do PSDB, tem o apoio da grande imprensa brasileira, em especial, a paulista. Os editoriais dos dois jornalões paulistanos – Folha de S. Paulo e Estado de S.Paulo – procuraram atacar os professores grevistas apoiando a tese mentirosa do governo tucano de que a greve era só política. Ora, quando ocorre em ano eleitoral dizem a mesma coisa e agora que não, tentaram mesmo assim tergiversar e dizer que foi tudo armação do PT. Aproveitaram também o momento de extrema radicalização antipetista e desmereceram a greve e as reinvindicações. Pois bem, essa relação extremamente amigável da mídia paulista com Alckmin tem outro agravante, não é só porque ideologicamente são iguais. Envolve cifras milionárias direto da educação para o bolso dos donos desses grandes veículos de comunicação bem representados na foto. Desde quando José Serra era governador, este presenteou essa imprensa marrom com a assinatura milionária de suas principais publicações para serem distribuídas nas escolas, as quais foram renovadas até então. As publicações representadas na foto são das editoras: Globo (revista Época), Abril (revista Veja) e Brasil 21 Ltda (revista IstoÉ). Estas publicações junto com os jornais Folha de S.Paulo e Estado de S.Paulo ganharam quase R$ 45 milhões de dinheiro público da educação entre o final de 2009 e 2014, segundo levantamento feito pelo blog NaMariaNews.

Não é à toa que a precária situação da educação no estado de São Paulo é sempre descolada das ações do governo estadual quando são noticiadas. A greve não ganhou o destaque nacional merecido e por aqui, algumas reportagens foram feitas, mas todas com pouco destaque. Só foi destaque quando alguns professores grevistas tentaram entrar no prédio da secretaria da educação e dai com intuito de taxar os grevistas como vândalos, ganharam a primeira página dos jornalões. Nas reportagens televisivas é pior, pouco se ouve os professores e dão destaque aos membros do governo estadual, nunca a algum deputado de oposição da Assembleia Legislativa. Se Alckmin e a secretaria diz que “deu” milhões em bônus (uma enganação) e infla os salários da categoria, essa mídia repercute quase que sem questionar. Muitos chegaram a achar que um professor estadual paulista ganhava mais de R$ 4 mil por mês quando, na verdade, com carga completa de aulas, chega a pouco mais de R$ 2 mil.

A questão salarial é muito importante, embora muitos achem bobagem e não comparam os professores com outras categorias com nível superior. No Brasil, segundo o IBGE, a média salarial de trabalhadores com nível superior é de R$ 4.726,21, enquanto que os docentes recebem só 57% disso, ou seja, a média de R$ 2.711,48. No estado de São Paulo, é até mais baixo, R$ 2.415,89, sendo, repito, o estado mais rico do país. Sem contar que os estados, responsáveis pela educação básica, usam artifícios como as gratificações para aumentar um pouco os salários, mas ainda muito baixo.

É consenso, principalmente durante as eleições, de que a educação é essencial para o desenvolvimento do país, mas quando os professores fazem greve para reivindicar condições de trabalho e salário justos, são ignorados e a sociedade acaba também corroborando com isso. Em São Paulo, isso é pior ainda, pois com esse conluio entre a grande imprensa paulista e o governo estadual compromete também a informação que chega, muitas vezes distorcida, a população. Mesmo depois que Dilma, no discurso de posse, lançou o lema de “pátria educadora”, a mídia sabe que não dá pra jogar toda a situação ruim da educação nas costas dela, embora tentem de tudo. Assim, parece que a situação da educação, principalmente no estado de São Paulo, é invisível.

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13.12.14

O caso Petrobras é subterfúgio para tentativa de golpe e volta das privatizações

Agora que já se passou a eleição presidencial e Dilma Roussef foi reeleita presidente do Brasil, a oposição de direita, a maior parte da grande imprensa e meia dúzia de alienados delirantes por esta, investem pesado contra a Petrobras. Logicamente que denúncias de corrupção devem ser apuradas e esclarecidas e se hoje está sendo divulgado tudo isso, mesmo que de forma manipulada pela imprensa somente contra o governo federal atual, é porque esse mesmo governo não está abafando ou impedindo o trabalho da polícia federal e justiça. O que querem mesmo é enfraquecer Dilma Roussef e o PT para dar o golpe e impor uma agenda econômica retrógrada da qual o país já viveu, principalmente na década de 90 com as privatizações.
A Petrobras sempre foi a obsessão tanto do governo FHC quanto da grande imprensa brasileira para desestatiza-la completamente, pois seu capital é aberto sendo o governo o maior acionista. Mas primeiro querem é forçar um 3º turno e se obtiverem sucesso completarem o processo de privataria no país.
Aliás, privataria essa que foi muito bem investigada e descrita pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. no livro "A Privataria Tucana" .Com base em documentos, principalmente da CPMI do Banestado, Amaury mostra como foram os esquemas para lavagem do dinheiro nesse processo. Isso envolveu membros do governo FHC, principalmente o tesoureiro tucano Ricardo Sérgio e indiretamente caciques do PSDB, onde o genro e a filha de José Serra são citados. Era para ser reaberto o debate sobre como foram esses processos de desestatização da década de 90, pois ali foram feitos os maiores leilões. A meu ver, foram verdadeiros crimes de lesa-pátria onde foi priorizado somente os interesses do grande capital e dos grupos políticos e midiáticos que atuaram para isso acontecer. 
As privatizações resultaram em uma perda incalculável das riquezas naturais do país e desenvolvimento técnico-científico realizado principalmente nos setores estratégicos como a siderurgia, a petroquímica, a mineração, o elétrico, o de petróleo e gás e de telecomunicações. Foi uma perda da soberania nacional, onde falsamente foi propagado que tudo isso iria resultar na diminuição da dívida e que o governo iria priorizar saúde e educação. Na época, onde reinava o PSDB e a grande imprensa sempre como aliada, isso foi minimizado e nenhum desses dois setores foi priorizado. Quiseram passar a imagem de que as desestatizações foram benéficas ao oferecer mais serviços e de supostamente aumentar os dividendos das empresas privatizadas. Nesse último caso o que aumentou foi o lucro dessas empresas onde a maior parte foi parar no bolso de seus acionistas e matrizes de empresas estrangeiras. Já a balela da maior oferta de serviços e suposta concorrência, o caso mais emblemático é a telefonia. Só um dado que a imprensa nunca diz sobre a privatização das teles, que deixaria todos perplexos, é de que o governo FHC investiu 21 bilhões de reais no setor antes de vende-lo a preço de banana (nesse caso, foram cerca de 8 bilhões de reais, sendo metade financiado pelo próprio governo via BNDES através de moedas podres). Com infraestrutura e tecnologia feita e desenvolvida com dinheiro público ficou fácil para aumentar os serviços, mas por outro lado os piorou.
Sobre o tema das privatizações em geral, o melhor jornalista que fez o que todo jornalista deveria ter feito foi Aloysio Biondi, o qual de certa forma denunciou o espólio que foram as desestatizações. Abaixo estão os links do seu excelente livro "O Brasil Privatizado" e também um artigo de um profissional da área de comunicação, Eduardo Stella, que fala sobre esse engodo da modernização da telefonia:

O Brasil Privatizado: Um balanço do desmonte do Estado - Aloysio Biondi

Desmistificando o “trololó” da modernização da telefonia no Brasil - Eduardo Stella

O tema em torno das privatizações sempre suscita debates acalorados na internet e hoje alguns ressuscitam a tese de que a desestatização é um dos meios para acabar com a corrupção. Nada mais falso e dissimulado isso, pois o que vemos hoje e sempre se soube de que tem o outro lado, que são os corruptores. 
 Portanto, o caso da Petrobras hoje revela esse intuito maior que é sua privatização e consequentemente volta desse processo danoso ao interesse público no país. Para isso, contam com o grande aliado de sempre que é a grande imprensa brasileira. Isso é verificado nas manifestações de cunho fascista e golpista onde os alienados exibem sua total ignorância e estupidez ao exibir capas da Veja e voltam a paranoia da época da guerra fria. 
 Finalizo esse texto com o excelente e didático documentário do Silvio Tendler chamado: "Privatizações: a Distopia do Capital".

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29.3.14

Consumado o autoritarismo da Câmara de Piracicaba

A mesa diretora da Câmara de Vereadores de Piracicaba, com seu presidente “vitalício” João Manoel, impôs regras para o povo ao adentrar a casa que é destinada a este mesmo. As regras são no mínimo ridículas, absurdas e preocupantemente autoritárias e de cunho ditatorial. A imagem abaixo resume o festival de besteiras imposto pela Câmara.
Essa atitude tomada pela mesa diretora da câmara é vergonhosa para os piracicabanos, mas também para qualquer pessoa com senso democrático. Tudo isso porque os vereadores, com exceção de apenas um, decidiram por mais um aumento nos seus salários, pois já haviam feito ano passado antes do pleito, onde aumentaram 66% (de R$ 6.568 para R$ 10.900). Agora o salário dos mesmos foi reajustado para R$ 11.492,96, ou seja, uma pechincha. Lógico que não parou por ai, pois como a câmara é quase totalmente controlada e é base de apoio do prefeito, também elevou o salário dos secretários que irão ganhar igual aos vereadores e o prefeito passará a ganhar R$ 16.395,92. 
Os membros do grupo Reaja Piracicaba que estão sempre na câmara acompanhando as sessões protestaram como deveriam e são amparados constitucionalmente por isso. Mas pra quem conhece a câmara e alguns de seus membros sabe como o ambiente por lá é tenso. No espaço reservado ao povo fica alguns cupinchas de vereadores por lá encarando os que se manifestam contrariamente aos edis. Isso sem contar o vereador histriônico que berra no microfone e aponta o dedo para o povo que esta no plenário fazendo ameaças e ilações sobre tanto quem está ali presente quanto pra quem usa o espaço da tribuna para critica-los. A falta de respeito de um vereador como esse pode né? Ou seja, esse mesmo vereador histriônico e fanfarrão poderá gritar, colocar o dedo na cara e manifestar-se sarcasticamente com todos ali, mas o povo não. 
Isso é autoritarismo e como sempre frisei por aqui, a maioria dos membros dessa câmara não são acostumados com a participação popular. Mal acostumaram a passarem despercebidos e acabam impondo medidas truculentas e antidemocráticas como essas. 
Que a população rejeite isso e apoie e vá protestar contra essa mais essa atitude vexatória da Câmara de Piracicaba.

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4.9.13

A Câmara de Piracicaba e a "coação judicial" contra os cidadãos críticos


As imagens acima, notícias tiradas do site G1 de Piracicaba, dão uma dimensão do momento político que vive a cidade hoje. As notícias falam por si só, pois demonstram como a Câmara de Piracicaba não é acostumada com a participação popular, ou seja, atitudes como essas atuam para inibir a crítica e a liberdade de expressão. 

Desde que começaram as manifestações contra o vergonhoso aumento de 66% dos salários dos vereadores, que culminou na formação do grupo Reaja Piracicaba, até os atuais protestos contra a tarifa extremamente cara do transporte público, colocou em evidência aqueles que estavam acostumados a passarem despercebidos. 

A classe política de Piracicaba não tem nada de diferente das de outras regiões do Brasil. Muitos acham que o clientelismo, por exemplo, só existe nos rincões do país, mas se enganam, pois aqui é a mesma coisa. Teve até vereador por aqui que assumiu publicamente isso e ainda foi reeleito e beneficiado com o novo salário. 

Piracicaba vive uma letargia na política, onde sem oposição há pelo menos 10 anos, a cidade parece estar no "paraíso", onde não se vê contestações ao poder executivo e se há já é totalmente desarticulada pela maioria governista da Câmara. É do jogo político, mas Piracicaba chegou em um nível tão ruim nessa questão, que não só o legislativo, mas quase toda classe política é aliada. E isso não é bom para a democracia nem para a cidadania, pois sem fiscalização efetiva e inibindo a participação popular, dá margem para, principalmente na política, eles fazerem o que querem. E infelizmente é o que ocorre em Piracicaba com essa quase ausência, principalmente de oposição. 

Por isso, a maior parte das contestações e críticas a política da cidade, passaram a ser feitas pelos próprios (alguns) cidadãos através da internet e de espaços de opinião nos jornais da cidade. Eu me incluo nestes, pois sempre fiz isso nesses espaços, assim como faço aqui no meu blog, mas somos uma minoria que geralmente não tem medo de expressar a opinião, o que é garantido na constituição brasileira (Art. 5, inc. IX da Constituição Federal de 88). Infelizmente são as únicas vozes hoje que se levantam em Piracicaba e que agora estão tentando inibir através de uma espécie de "coação judicial". 

Aliás, só um parenteses na questão sobre a oposição política, há um novo vereador, Paulo Camolesi (PV), que começou a fazer oposição e tinha contato com os movimentos populares contra o aumento salarial dos vereadores. Agora está sofrendo não só críticas públicas do legislativo, mas também sanções (que mais parecem uma perseguição mesmo)como a demissão de seu chefe de gabinete, Antônio O. Storel, feita pelo presidente da casa, João Manoel (PTB), pois o assessor havia criticado as atitudes que a Câmara vem tomando em artigo de jornal. 

As atitudes tomadas por alguns vereadores e a Câmara em geral, como mostradas nas notícias acima, envergonham Piracicaba e seus cidadãos. Desde que colocaram vidros para separa-los totalmente da população durante as sessões plenárias, a Câmara demonstrou que a casa não é do povo, mas só deles e de seus assessores. Sem contar no caso que teve repercussão nacional, onde João Manoel (sempre ele!) mandou retirar a força um cidadão que não quis se levantar durante leitura de um trecho da bíblia. E pra piorar ainda tentou processa-lo com base em uma acusação ridícula e sem nexo, mas que foi arquivado.

Aliás, as notícias também mostram que dois vereadores se destacam nessas investidas contra os críticos: Laércio Trevisan (PR) e lógicamente ele, João Manoel (PTB).

O primeiro é o que se mostra mais exaltado, pois não perde a oportunidade em bater boca com manifestantes que vão a Câmara e na internet vasculha e faz uma espécie de patrulha contra aqueles que "ousam" dizer seu nome em vão. Foi o caso, por exemplo, da professora, que é minha prima por sinal, que o criticou no facebook de um amigo e ele assim que viu ameaçou tomar "medidas cabíveis" e ainda a citou publicamente na sua rede social. Dentre as "medidas cabíveis" ele procurou a secretaria de educação, pois a professora é contratada do município, e disse que fez representação contra a mesma. Isso é um claro atentado contra a liberdade de expressão e sugere também uma perseguição que visa coagir minha prima e manda um recado para que outros não façam o mesmo. 

Já o João Manoel ( que está "somente" há 7 mandatos na casa!), além dos dois episódios já citados o envolvendo, também tentou processar um cidadão, que o criticou em espaço de leitores do Jornal de Piracicaba, por "calúnia" e ainda usou advogado da Câmara, mas a ação felizmente foi extinta. 

Se não bastasse só essas notícias, hoje, 04/09/2013, o Jornal de Piracicaba (JP) publicou excelente matéria sobre as inúmeras ações judiciais que a maioria dos vereadores estão movendo contra cidadãos piracicabanos que cometeram o "crime" de critica-los tanto em jornais quanto na internet. A imagem abaixo mostra essa aberração política que Piracicaba vive hoje.
Fonte: JP
Observem que são 35 processos de vereadores, os quais a maioria é da base governista do prefeito Gabriel Ferrato (PSDB), contra cidadãos e que somam quase R$ 30 mil em indenizações! É o cúmulo do absurdo, pois ainda querem mais dinheiro do povo, mesmo depois de "ganharem" um aumento de 66% nos salários! Parece que além de a maioria das atividades da câmara ser só sobre "moção de aplauso" e "homenagens" agora estão usando o tempo, que seria pra fazer algo útil pra cidade, para processar críticos. 

Não consigo aceitar que um político, que sabe que tem poder e todo aparato jurídico a sua disposição, querer processar pessoas simples que se expressam comedidamente ou não. São figuras públicas e estão sujeitos a isso. Processar comentário de Facebook, por exemplo, é desproposital e ridículo. 

Muitos vereadores e membros da casa tentam justificar o injustificável ao dizer que a democracia permite isso, mas se esquecem da disparidade de poder entre eles e pessoas sem cargo político. Além disso, isso é imoral e essas atitudes são anti-democráticas e de cunho extremamente autoritário e ditatorial.

Agora parece que o ministério público (MP) irá investigar essa conduta vexatória da Câmara contra os críticos, mas qualquer um mais atento sabe que todos esses processos visam calar e inibir críticas e denúncias.A sociedade piracicabana deve repudiar essas atitudes autoritárias desses vereadores e se mobilizar contra isso. 


Agora espero que eu não seja o "36º processo" que esses edis vão mover contra mais um cidadão comum que tem o seu direito a livre expressão cerceado através dessa "coação judicial".

A todos os que estão sendo processados ou que virão a ser, é preciso lembrar que a constituição federal está do nosso lado e que o período de exceção já passou. A não ser que queiram revisitá-lo aqui em Piracicaba. 

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26.6.13

As manifestações do Brasil e Piracicaba e seus reflexos nas políticas públicas.

Alguns dias atrás escrevi no Jornal de Piracicaba (JP), como está destacado abaixo, sobre a imposição goela abaixo dos piracicabanos de uma das maiores tarifas de ônibus urbano do Brasil feita pelo prefeito Gabriel Ferrato (PSDB).
Agora, depois da pressão popular que houve no país todo, Ferrato resolveu voltar atrás e propôs a tarifa a R$ 2,80 no cartão TIP e R$ 3,00 a bordo. Continua caro, mas houve um avanço considerável por parte do movimento que encabeçou os protestos que foi o Pula-Catraca.
Na quinta-feira (20/06/13) passada houve uma enorme manifestação aqui em Piracicaba, onde o que prevaleceu foi a reivindicação da revogação da tarifa absurda de R$ 3,40. Embora muita gente foi por motivos diversos e até causas diferentes e antagônicas, a quantidade de pessoas surpreendeu até o fim do trajeto da passeata. Tinha também o pessoal do movimento Reaja Piracicaba que atingiu 20 mil assinaturas para projeto de lei que revoga o aumento vergonhoso de 66% nos salários dos vereadores de Piracicaba. Aliás, foi ridículo a atitude desses "nobres edis" ao cancelar a sessão desse dia com medo das manifestações e também para inibir o pessoal do Reaja de discursar. Essa câmara é uma vergonha para Piracicaba, pois os mesmos demonstram há muito tempo que não suportam a participação popular, tanto que colocaram vidros para separa-los do público dentro do próprio plenário. É ridículo a classe política tacanha que Piracicaba possui. Ainda sobre os protestos de quinta aqui em Piracicaba, pena foi no final, onde alguns pivetes se aproveitaram e promoveram um quebra-quebra em lojas perto do terminal central e as saquearam. Foram cenas tristes de se ver, mas que não tinham nenhuma relação com o movimento de redução das tarifas.

Já as recentes manifestações que sacudiram o Brasil nesses últimos dias tiveram como aspecto positivo mobilizar pessoas que nunca foram para as ruas ou que não eram simpáticas a protestos e conseguiu fazer todas as esferas de governo do país a finalmente ouvi-los em alguns pontos. O principal, por enquanto, foi a redução das tarifas de transporte público no país, que aqui em Piracicaba veio tardiamente e ainda é pouco. Parte do povo pode ter “acordado”, mas ainda é algo que é demonstrado de maneira difusa nas manifestações. Integrantes de movimentos sociais e de algumas classes de trabalhadores sempre estiveram acordados reivindicando melhorias e mudanças pontuais e estruturais no país. A violência policial foi finalmente destacada na imprensa, a qual oportunisticamente passou a apoiar os protestos depois de criminaliza-los no início, como sempre fez em relação a manifestações populares. Os interesses da grande imprensa brasileira nessa mudança também tem certa manobra política para jogar o jogo político das eleições do ano que vem. O aspecto negativo foi que fascistas e golpistas saíram do armário pra tentar carona nos protestos. Inclusive na seção de cartas do JP, teve um exemplo emblemático desse tipo, onde o cidadão diz que a solução é acabar com partidos, principalmente o que está no governo federal, e ainda clama pelo golpe das forças armadas para tomar o poder. 

É de dar nojo ler uma coisa dessas! Típico discurso estúpido e ignorante de reacionários que vivem em uma eterna paranoia e que quando saem as ruas são perigosos ao insuflar o confronto sectário. Aliás, em São Paulo, houve agressões e perseguições aos militantes de esquerda onde houve até queima de bandeira de partido por parte dos fascistas. É algo que muitos minimizam mas infelizmente pode virar algo maior e pior. 

Por isso, as manifestações que ocorreram e ainda ocorrem pelo Brasil precisam ser bem analisadas para não cair na cilada midiática de querer manipular para fins políticos/eleitorais. Também é bom observar que agora que muitos protestos estão saindo da periferia das cidades para o centro, o enfoque dessa mesma mídia já começou a mudar também, onde o trânsito voltou a ser a prioridade nas reportagens.

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11.4.13

O "busão" à R$ 3,00 e R$ 3,40 e o piracicabano cada vez mais ferrad(T)o!!

Fonte da foto: Jornal de Piracicaba (JP)
A defesa da tarifa abusiva de R$ 3,40 pelo ex-secretário de transporte de Piracicaba, o qual ainda desdenhou das manifestações populares contra o reajuste, demonstra que o atual governo não voltará atrás da medida. E para isso conta com a maioria na Câmara, os quais vergonhosamente já rejeitaram audiência pública sobre o assunto. Com isso fica cada vez mais evidente como muitos dos edis não gostam da participação popular, a não ser quando é de militante do partido governante (PSDB) que até nos jornais tenta defender o indefensável ou de jornalista chapa-branca e puxa-saco que destila o ódio sectário e partidário contra aqueles que contestam seus chefes.
O ex-secretário citou a área total de Piracicaba, que segundo o IBGE é de  1.378,501 km2, dando a impressão de que todo esse perímetro é coberto pelas linhas de ônibus. Mas o perímetro urbano, onde roda a maior parte da frota, é bem menor que isso, pois segundo a Wikipédia é de 31,5733 km².
O prefeito Gabriel Ferrato (PSDB) se reuniu com alguns representantes do movimento "Pula-Catraca" só para fazer pose de democrático, mas não cedeu em nada. Ele diz que o movimento passou dos limites e que é político e não técnico, mas todo movimento popular é político. É a política que passou dos limites e deixou o preço chegar nesse absurdo e fez o transporte público ser relegado das prioridades das políticas públicas da cidade. Isso que é praticamente o mesmo governo que está no terceiro mandato!
Até agora o tal "estudo" sobre as tarifas encomendado a USP não foi divulgado. Mas, quem é que está fazendo o tal "estudo" realmente?
O prefeito tem que entender que o problema da alta do transporte público não é somente técnico e político, mas também social. O preço dessa nova tarifa pesa muito no salário dos trabalhadores. Logicamente que Ferrato, seus secretários milionários e os abastados vereadores não sabem o que é isso. Por parte da sociedade piracicabana, há aqueles que não estão nem ai também, pois nunca sequer usaram o transporte público da cidade e por isso Ferrato e cia. os representa. Mas não representa a maioria que tem que usar o ônibus ruim, mal conservado, com horários esdrúxulos e mal feitos e muito caro. 
A adesão aos protestos comandados pelo "pula-catraca" está tendo uma boa participação de estudantes, o que denota uma politização que é salutar para a democracia na cidade. Agora, principalmente depois dessa reunião, a prefeitura começará a "engrossar" contra o movimento e pode até apelar para a repressão. Aliás, a coerção já começou, pois a prefeitura fez banners e cartazes para orientar a população a não pular a catraca em tom até ameaçador e colocou a polícia para barrar os manifestantes na sexta-feira (05/04/2013).
Cartaz coercitivo contra a população
Fonte da foto: JP
Ato proibido no dia 05/04/13
Fonte da foto: JP
É por isso que boa parte dos usuários de ônibus não toma partido e não se junta aos protestos. A maioria é contra o aumento e concorda com as reivindicações dos manifestantes, mas tem medo de protestar. Isso vem da cultura violenta de repressão a movimentos populares que se intensificou no Brasil no período da ditadura militar e que perdura até hoje. E a prefeitura ainda destaca no cartaz que é crime pular a catraca, inibindo mais ainda a participação do cidadão.
No Brasil, o povo (geralmente os pobres) que depende de serviços públicos essenciais como o transporte público tem que fazer manifestações e muito barulho para ser ouvido e chamar atenção para o problema. Já os ricos e poderosos não precisam disso, pois já possuem influência direta sobre a classe política e tem os grandes meios de comunicação como seus porta-vozes. 
Aqui em Piracicaba não é diferente, mas felizmente está mudando e muitas pessoas estão perdendo esse medo de se expressar. Acredito que depois de quase 8 anos de letargia sob o "barjismo" a população começou a enxergar que a cidade não é aquele paraíso propagandeado através das "obras" de trânsito, os quais são direcionados para o transporte individual. O movimento Reaja Piracicaba teve um papel importante nisso e agora está havendo mais manifestações reivindicatórias na cidade. O "pula-catraca" é só mais um e espero que não pare por ai. 
Juventude se politizando e se manifestando em Piracicaba!
Fonte da foto: JP

Enterro simbólico do prefeito Gabriel Ferrato
Fonte da foto: JP




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25.3.13

Uma tragédia na educação e mais um engodo do governo estadual paulista


A assessoria do governo do estado de São Paulo respondeu uma carta crítica de um professor de filosofia que saiu no Jornal de Piracicaba (JP), sobre o fim do ensino das disciplinas de história, geografia e ciências nos anos iniciais do ensino fundamental de escolas de tempo integral. O governo tergiversou sobre o assunto e disse que o foco nesses anos é com a alfabetização e que essas disciplinas serão "aprofundadas" em oficinas. Eu já trabalhei em escola de tempo integral estadual e é simplesmente uma escola sem estrutura que deixa os alunos 8 horas por lá com os professores tendo que se virar com o que podem. Essas escolas teriam que ter reformas estruturais que acolham os estudantes o dia todo como por exemplo, banheiros com vestiários e bastante material de apoio. Só que isso não ocorre, pois a verba geralmente é escassa e a escola fica sob a própria sorte mesmo. Supervisores de ensino geralmente só vão lá para cobrar e nada mais, pois não sabem, ou se esqueceram, qual é a realidade de uma sala de aula. 

Política Salarial? Reajuste?

Agora,com relação à resposta do governo estadual paulista sobre a tal Política Salarial para a Educação é preciso fazer algumas considerações. Como sempre, o governo tenta ludibriar os leitores mais incautos quando diz que há um “aumento” escalonado de 42,25% em 4 anos no vencimento base dos professores. O que não diz é que nele está incluída a incorporação das gratificações que somam R$ 92. Com isso, o percentual do reajuste é de 35,5%. Também não leva em consideração a inflação, que segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias do Estado, somará 22% até 2014. Portanto haverá um “aumento” real de 13% que recupera somente cerca de um terço das perdas salariais dos professores desde 1998. Mesmo assim é um reajuste pífio por ser o estado mais rico da nação. O final da carta da assessoria do governo parece piada, pois diz que quer tornar mais atrativa a carreira de professor no estado. Quem está na rede ensino sabe que isso é ridículo, pois está diminuindo o número de professores. Esta diminuição está ligada as iniciativas arbitrárias deste governo em ter separado os professores temporários em categorias e ter lhes retirado direitos. Os docentes da categoria O, que em geral são os que estão começando, são os mais prejudicados, pois vivem sob coação de perder as aulas e ter que ficar 200 dias sem lecionar. Pior é que agora os recém-contratados tem pagar pra fazer exames médicos, que antes era o próprio estado que fazia, para ingressar na rede. Assim que a secretaria da educação quer atrair os melhores profissionais? 

Violência e Tragédia

A violência que não só professores, mas muitos diretores, coordenadores e funcionários sofrem, também é pouco divulgado e minimizado pelo governo. Na segunda-feira (11/03/2013), uma professora (que é a da foto abaixo) da rede estadual de Itirapina (aqui perto de Piracicaba mesmo) foi morta dentro da escola a facadas por um aluno do supletivo. O motivo para o assassinato dessa colega de profissão não foi divulgado ainda. Isso era para ser um escândalo nacional e suscitar uma discussão ampla sobre a violência de alunos contra os profissionais da educação no país. A secretaria da educação soltou uma nota lamentando o incidente e só. Agora, cade a grande imprensa para escandalizar algo que realmente é uma tragédia ? Cadê o governador Geraldo Alckmin, o qual deveria vir a público para não só lamentar o fato, mas de exigir providências? Nessa questão entra um pouco a questão político-partidária da grande imprensa brasileira, principalmente a paulista, a qual é favorável ao governo tucano e por isso não o critica e nem o fustiga sobre um tema que é tão falado em época de eleição. 

Há 18 anos no poder, o PSDB paulista ainda não entendeu a real situação da educação no estado de São Paulo, principalmente dos professores. Assim continua com uma política de desvalorização e precarização da profissão que é essencial para o desenvolvimento do país. A todos os níveis de governo esse tema tem que ser cobrado sempre e mais ainda exigir providências dos mesmos em relação a episódios graves de violência no ambiente escolar, como o da professora de Itirapina.


Termino esse texto com meus sinceros sentimentos em relação a colega de profissão, a professora Simone Lima, que perdeu a vida injustamente. Uma tragédia sem precedentes não só para amigos e familiares dela, mas para toda a nação brasileira.

OBS: abaixo está a minha carta, publicada no JP, respondendo a assessoria do governo do estado paulista sobre os salários dos professores.


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