15.11.10

A indignação da elite e classe média brasileira


Esse vídeo do humorista Marcelo Adnet, que passou no seu programa, Comédia MTV, retrata muito bem como “pensa” realmente nossa elite e maior parte da classe méRdia brasileira. Aliás, muitas coisas que o personagem diz no vídeo, eu ouço da boca de muita gente por ai. Agora com a repercussão dos comentários racistas agressivos que proliferaram na internet, alguns tem a pachorra e falta de vergonha na cara de dizer que é tudo culpa do Lula!!! Invertem totalmente a situação e como sempre usam o presidente da república do Brasil para tentar justificar o injustificável. Para os racistas preconceituosos, antes do Lula o Brasil não era dividido e não havia nenhum preconceito contra negros e nordestinos. Foi só o Lula ascender ao poder, bater recordes de popularidade, gerar emprego, aumentar a renda, ascender mais de 20 milhões de pessoas a classe C, fazer o país crescer e ainda ter um programa social como o Bolsa Família, que pronto, começou tudo isso. Tem os mais insanos que tentam inverter mais ainda a situação dizendo que quem sofre preconceito são os “paulistas” e não os nordestinos! Olha só que coisa? O pior é que essas asneiras são levadas a sério por muita gente que se diz “informada”, “consciente” ou "de bem". Boa parte da grande imprensa também pensa assim e o pior de tudo é que muitos ocupantes de cargos públicos colocam em prática políticas higienistas não só contra nordestinos, mas contra pobres em geral. José Serra, seu partido e aliados são exemplos dessa truculência contra pobres, pois ele estava na prefeitura de São Paulo quando implantou as rampas anti-mendigo. Depois seu aliado, Kassab, continuou com essas políticas instalando também bancos seriados em praças públicas para que mendigos não pudessem dormir. Tem mais, o vice do Serra, Índio da Costa, também protocolou projetos higienistas no Rio de Janeiro contra mendigos e ainda queria punição para quem os ajudasse. Por isso que não adianta tentar ridiculamente culpar o Lula pelo preconceito que agora está mais exacerbado. Se querem relacionar os fatos atuais com política, então que percebam que os partidos e políticos que tradicionalmente flertam com essas atitudes rancorosas, racistas e preconceituosas são os da direita, especialmente PSDB e PFL (vulgo DEM).
Reproduzo abaixo um trecho do texto do blogueiro Leonardo Sakamoto, que foi publicado aqui e diz como o poder público e parte da sociedade (a qual é representada pelo humorista no vídeo acima) acham que deveria ser as políticas públicas nas cidades:

“1) Áreas cobertas em viadutos, pontes, túneis ou quaisquer locais públicos que possam receber casas imaginárias do povo de rua devem ser preenchidas com concreto. A face superiora não deve ficar paralela à rua, mas com inclinação suficiente para que um corpo sem-teto nela estendido e prostrado de cansaço e sono role feito um pacote de carne velha até o chão.
1.1) Outra opção, caso seja impossível uma inclinação acentuada, é o uso de floreiras, cacos de vidro ou lanças de metal. É menos discreto, mas tem o mesmo resultado.
2) Prédios novos devem ser construídos sem marquises para impossibilitar o acúmulo de sem-teto em noites chuvosas.
2.1) Caso seja impossível por determinações estéticas do arquiteto, a alternativa é murar o edifício ou cercá-lo. A colocação de seguranças armados é outra possibilidade, caso haja recursos para tanto.
2.2) Em caso de prédios mais antigos, uma saída encontrada por um edifício na região central de São Paulo e que pode ser tomada como modelo é a colocação de uma mangueira furada no texto, emulando a função de sprinklers. Acionada de tempos em tempos, expulsa desocupados e usuários de drogas. Além disso, como deixa o chão da calçada constatemente molhado, espanta também possíveis moradores de rua que queiram tirar uma soneca por lá.
3) Bancos de praça devem receber estruturas que os separem em três assentos independentes. Apesar disso impossibilitar a vida de casais apaixonados ou de reencontros de amigos distantes, fará com que sem-teto não durmam nesses aparelhos públicos.
4) Em regiões com alta incidência de seres indesejáveis, recomenda-se o avanço de grades e muros para além do limite registrado na prefeitura, diminuindo ao máximo o tamanho da calçada. Como é uma questão de segurança, o fiscal pode “se fazer entender” da importância de manter a estrutura como está.
5) Cloro deve ser lançado nos locais de permanência de sem-teto, principalmente nas noites frias, para garantir que eles não façam suas necessidades básicas no local. Caso não seja suficiente, talvez seja necessária a utilização de produtos químicos mais fortes vendidos em lojas do ramo, como vem fazendo algumas lojas no Centro da cidade. A sugestão é o uso de um aspersor conforme o item 2.2, mas instalado no chão.”

Infelizmente, muito do descrito pelo Sakamoto já é praticado em algumas cidades, principalmente em São Paulo. Aliás, é em um bairro nobre de São Paulo que a estupidez se mostrou claramente quando seus moradores fizeram abaixo-assinado para que não houvesse uma estação de metrô por ali.
Aqui em Piracicaba, moradores também de um bairro rico do centro da cidade reclamaram e conseguiram que o Ministério Público pedisse a retirada da delegacia da mulher do bairro. Eles alegam que de vez em quando acontecem algumas brigas e discussões por ali quando os supostos agressores são chamados a depor. Mas e os outros bairros que também possuem delegacias e convivem com os mesmos percalços? Isso que a delegacia da mulher de Piracicaba só funciona em horário comercial. Então todos os bairros de Piracicaba que se sentirem incomodados pelas delegacias instaladas próximas, devem fazer o mesmo, pois o ministério público irá atender prontamente? Será? Deve ser porque alguns moradores desse bairro, que inclusive se chama Europa, se sentem igual ao personagem do vídeo acima.
Para finalizar, deixo um vídeo com a letra de uma música chamada “Lavagem Cerebral” do Gabriel O Pensador. Essa música serve muito bem de recado para o momento atual e para os racistas e preconceituosos.



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