Já a tal ameaça iraniana ao mundo que tanto falam EUA e a imprensa não é bem assim. O Irã não é a ameaça, mas sim o ameaçado nessa questão. Se olharmos para o mapa, veremos que o país está cada vez mais cercado por inimigos, pois Afeganistão e Iraque foram invadidos militarmente pelos EUA que estão lá até hoje. Há também o Paquistão, que é aliado militar dos EUA. Aliás, esse país sim é preocupante, pois já possui bomba atômica e não faz parte de nenhum tratado internacional, é inimigo histórico da Índia (que também possui a bomba atômica) e possui várias células de grupos extremistas islâmicos. Sobre isso a imprensa pouco fala. E a verdadeira ameaça não só ao Irã, mas à todo o Oriente Médio é Israel. Esse país possui diversas armas nucleares, químicas e biológicas. Além disso, não faz parte de nenhum tratado internacional sobre armas nucleares, não admite que as tenham e por isso não permite nenhum tipo de inspeção internacional sobre suas instalações militares. Constantemente, o governo israelense se coloca sempre como suposta vítima ou ameaçado pelo Irã, sempre com o apoio incondicional dos EUA. Para isso, a imprensa ocidental é essencial na fabricação de um consenso em torno da figura do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Com certeza suas declarações sobre o holocausto são deploráveis, pois coloca em dúvida a ocorrência deste, mas ao mesmo tempo membros do governo israelense também dão declarações racistas e preconceituosas contra os muçulmanos e árabes que não são repercutidas com a mesma intensidade que fazem com Ahmadinejad. O ministro das relações exteriores de Israel – Avigdor Lieberman - é adepto do projeto higienista e segregacionista chamado Grande Israel, o qual propõe a expulsão de todos os árabes de Israel e da Palestina. Com o Ahmadinejad, a imprensa sempre repete que ele quer “varrer Israel do mapa”, mas não fazem o mesmo quando citam o Lieberman. Aliás, essa declaração de Ahmadinejad é contestada por especialistas em persa de que isso foi traduzido falsamente para tentar dar “razão” á sanha militar israelense. Uma análise sobre isso pode ser lido aqui.
Enfim, a hipocrisia dos EUA e Israel em tentar mostrar o Irã como um possível agressor, não passa de cortina de fumaça para mais uma vez imporem a força a mudança de um governo e regime. Portanto, o Irã tem todo o direito de buscar a auto-defesa diante dessas ameaças e está sendo até benevolente demais devido ao enorme arsenal nuclear de Israel. O Irã deveria condicionar o acordo à uma adesão de Israel à tratados internacionais sobre armas nucleares e eliminação destas para abandonar seu projeto nuclear. Como Israel não admite e não está nem ai, o Irã esta certo em insistir em seu programa nuclear. A diplomacia brasileira busca através desse acordo se colocar como um país que busca o diálogo e ganha projeção internacional reafirmando independência e soberania em relação ao EUA. O PIG aqui tenta alardear que isso fez o Brasil ficar mal-visto pelos norte-americanos e adoraram as declarações da Hillary Clinton. Os alienados aqui até ficaram com medo de irritar os todos poderosos norte-americanos e como o PIG almeja, quer tentar usar isso politicamente para usar contra Lula e sua candidata Dilma Roussef. Isso demonstra que estes ainda são guiados pela ideologia da época da guerra-fria e torcem intensamente para o fracasso do acordo. Agora, o acordo parece que vai mesmo vingar e países como a França e a China que tem poder de veto no conselho de segurança, demonstraram apoio.
Para os que ainda tem dúvidas sobre o assunto, sugiro que vejam o vídeo abaixo com a entrevista na GloboNews do diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa. É uma entrevista didática sobre as questões políticas e técnicas sobre o acordo e o contexto da questão nuclear iraniana. Inclusive, pode-se perceber que o entrevistado frustra os jornalistas da Globo, pois achavam que ele iria bater na mesma tecla em condenar o acordo e o Irã. Confiram: